Capa do álbum Elis (Remastered), conhecido como “o álbum da cadeira” (Foto: Reprodução)
Guilherme Teixeira
No dia 17 de março, a nossa saudosa Elis Regina (1945-1982) completaria 76 anos. Em homenagem, seu primogênito João Marcelo Bôscoli – fruto de seu primeiro casamento, com Ronaldo Bôscoli –, em parceria com a Universal Music do Brasil, nos presenteou com a remasterização e nova mixagem do álbum Elis (1972). Disco produzido por Roberto Menescal que marcou o início da parceria musical entre a cantora e César Camargo Mariano (a quem posteriormente se tornaria seu marido e pai de seus outros dois filhos), e mostrou a verdadeira e mais humana face dela.
“Pra mim, felicidade é ter você” (Foto: Reprodução)
Júlia Paes de Arruda
Consagrado como um dos gêneros mais ouvidos do Brasil, o sertanejo não poderia deixar de referenciar Jorge & Mateus como umas de suas bases sólidas para a disseminação do estilo pelo país. Seria até injusto deixá-los de lado, já que consagram 15 anos de carreira no meio musical. Depois de muito sucesso, Como Sempre Feito Nunca chegou em fevereiro de 2016 como um exemplo de transição, amadurecimento e mudança para os goianos que, após 5 anos, ainda perpetuam nessa nova era de sertanejo universitário.
Capa do álbum Dolores Dala Guardião do Alívio, lançamento mais recente do artista (Foto: Reprodução)
Enrico Souto
Rico Dalasam foi o primeiro rapper gay a ganhar grande projeção na cena do hip-hop nacional, e um dos principais expoentes do gênero queer rap no Brasil, que contudo hoje se mostra um termo limitado demais para o que ele representa. Em suas palavras, “depois que você lança uma música e vai existindo, as coisas tomam caminhos que uma tag não suporta”. E acredite, nenhuma tag suporta Dalasam. E caso ainda houvesse dúvidas, Dolores Dala Guardião do Alívio vem para cravar o artista como um dos nomes mais relevantes da música brasileira atual.
Destaques do mês de março: Elza Soares, Lana Del Rey, Rico Dalasam e Silk Sonic (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Ana Laura Ferreira)
Março foi recheado de comebacks e performances de tirar o fôlego. Não é para menos, afinal estamos falando sobre o mês em que o maior evento da música ocidental ocorreu, trazendo para nós o Santo Graal das composições – ou pelo menos é isso que eles dizem. Contudo, após uma noite de esnobados e merecidos, o bafafá se perpetuou mesmo através de nomes como Megan Thee Stallion e Cardi B, que trouxeram a brasilidade do funk para o palco do Grammy.
Voltando à questão dos comebacks, foram tantos que é difícil enumerar. Bruno Mars retomou sua carreira, parada desde 24K Magic de 2016, com a parceria ao lado de Anderson .Paak. Outro nome que volta a entregar canções inéditas – para o delírio dos fãs – é Lana Del Rey, que traz toda a estética dos country clubs, tipicamente americanos, para sua atmosfera sóbria e melodramática, pela qual todos a conhecem. Sem deixar de lado o pop mainstream, Nick Jonas também reinicia seu trabalho solo com Spaceman.
Na música nacional, o rap foi destaque com a voz de Rico Dalasam e Djonga, que trouxeram suas vivências da forma mais crua possível. Elza Soares foi outra estrela que nos presenteou com a canção Nós, dedicada especialmente ao Dia Internacional da Mulher, que é comemorado no dia 8 de março. E foram realmente as mulheres que reinaram neste mês, ao sermos presenteados com a remasterização do álbum Elis, de Elis Regina, e em uma mesma tomada, com o rearranjo de dois singles de sua filha, Maria Rita, ao lado de Quintal de Prettos. Trazendo o saudosismo das memórias jamais desfrutadas do carnaval de 2021, a união dos vocais de Rita e do grupo paulista nos lembram da esperança de dias melhores.
Não poderíamos nos esquecer, ainda, da preciosidade em forma de EP que Selena Gomez entregou ao colocar em pauta toda a sonoridade latina em músicas na língua espanhola. Bem como é bom ficar de olho no mais novo compilado de Joshua Bassett, que com seu pop frenético trouxe a íntegra de sua versão da conturbada história com Olivia Rodrigo e Sabrina Carpenter. E é em meio a uma polêmica indicação ao gramofone de ouro – merecidamente perdido – que Justin Bieber lança seu sexto álbum, intitulado Justice.
Assim, em um mês de altos e baixos, no qual completamos um ano presos em casa, a Música conseguiu transparecer todos os sentimentos que gritamos entre quatro paredes. Da campanha #fuckthegrammys à realidade distorcida confidenciada por Demi Lovato, Março de 2021 conseguiu ser alvo de altos e baixos intensos que serão lembrados por muito tempo. Por isso, a Editoria do Persona, ao lado de seus colaboradores, comenta tudo isso e ainda mais sobre o que aconteceu no mundo da Música entre os CDs, EPs, singles, clipes e performances que mais marcaram os últimos 31 dias.
Documentário mostra o crescimento da carreira de Eilish de forma impressionante (Foto: Reprodução)
Laís David
Foi impossível sair de 2019 sem escutar sobre Billie Eilish. A jovem dominou todas as paradas com seu álbum de estreia e conquistou uma legião de fãs em todo o mundo. Sua personalidade misteriosa, letras obscuras e energia magnética a colocaram como uma das maiores artistas dos últimos anos. Como um glorioso coming of age de Greta Gerwig, o documentário The World’s A Little Blurry detalha a ascensão de Billie Eilish de forma minuciosa e emocionante.
Amarelo, azul e branco está na trilha sonora do especial Falas Femininas da Globo (Foto: Reprodução)
Ana Beatriz Rodrigues
Quando o relógio bateu meia-noite do dia primeiro de janeiro, todos estávamos com esperança para esse ano. Depois de um 2020 turbulento, a única coisa que pedíamos era paz nesses meses que nos esperam. Só que o duo ANAVITÓRIA conseguiu nos conceder um ótimo discurso para 2021 e, nos primeiros minutos de janeiro, fomos agraciados com COR. De surpresa, as cantoras lançaram ânimo e felicidade para começarmos o ano do melhor jeito possível.
Mergulhada em clichês, Zara Larsson lança seu terceiro álbum de estúdio (Foto: Reprodução)
Laís David
Após dominar 2016 com a refrescante Lush Life e a elétrica Never Forget You, Zara Larsson se encontrou entre uma gravadora ineficiente e uma gama de músicas sem o êxito esperado. Lançando diversos singles na tentativa de engatar um disco e também paralisada pela pandemia, parecia cada vez mais difícil enxergar um lançamento completo para a carreira da sueca. No entanto, em 2021, ela finalmente conseguiu se desvencilhar dos adiamentos com Poster Girl, seu terceiro álbum de estúdio.
Totalmente oposta ao Rare, a estética do Revelación está impecável (Foto: Reprodução)
Giovana Guarizo
O nome Selena, além de significar brilho e luz, remete à uma forte influência latina. Quintanilla ou Gomez, duas gerações não tão distantes, mas que representaram e representam toda uma origem. Ambas texanas, nunca deixaram de lado as raízes mexicanas da família. Apesar de uma carreira majoritariamente cantada em inglês, Selena Gomez sempre exaltou sua ascendência mexicana paterna e dessa vez concretizou ainda mais um dos maiores orgulhos de sua vida. Dez anos depois da promessa do disco em espanhol, Revelación finalmente nasceu e está incrível.
“Rebelde, chegou a minha vez/O que sou ninguém vai mudar/É sempre assim que deve ser/Meu coração vai ser/Rebelde para sempre” (Foto: Reprodução)
Mauê Salina Duarte
Em 21 de março de 2011, a Rede Record de televisão exibiu o primeiro capítulo da adaptação da tão aclamadaRebelde mexicana, que marcou a vida de muitos e chegou a ter sucesso a nível mundial. Muitos dizem que a versão de Anahí e companhia é insubstituível e que o remake fracassou, porém a adaptação brasileira também teve seu sucesso e merece ser melhor lembrada, mas antes de tudo, é preciso algumas contextualizações. Em 2008 a Record TV e a emissora mexicana Televisa anunciaram a parceria, envolvendo a exibição de tramas produzidas no México, além da regravação dessas tramas com roteiro e atores brasileiros. O primeiro reboot feito pela emissora brasileira foi Bela, a Feia, protagonizado por Giselle Itié e Bruno Ferrari, sendo exibida entre 2009 e 2010. Já o segundo é nosso assunto da vez, a queridinha e polêmica Rebelde, escrita por Margareth Boury e dirigida por Ivan Zettel.
O disco que nasceu do espetáculo sobre a vida de Elis Regina é considerado um dos mais importantes da música brasileira e da carreira da artista (Foto: Reprodução)
Raquel Dutra
O legado na música brasileira não é o suficiente para eu me conformar. Vez ou outra, ainda me pergunto como é que alguém conseguiu convencer o sofrido povo brasileiro de que “viver é melhor que sonhar”. O sentido ensaia desenhar-se segundos depois, quando eu me lembro que quem cantou isso foi a sonhadora que é a concretização da ideia mais pura e completa do que pode vir a ser a vida. Mas mesmo assim, ainda é instigante, já que ela, em toda sua grandiosidade e relevância, ainda acrescenta que “qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa”.
Quer profundidade mais condizente com a maior artista do Brasil do que a que ela mesma cria na obra que conta a sua história de vida, realiza seus maiores sonhos e desmistifica sua própria arte? Muito significado, muita intensidade e muita pulsão de vida: assim foi Elis Regina, e assim foi Falso Brilhante, cuja riqueza era autoexplicativa em 1976 e assim permanece até os dias de hoje – e muito provavelmente, assim será por todo o resto da nossa história.