Conhecida por sua habilidade bowiana de se metamorfosear, St. Vincent retorna em seu sexto álbum solo como nunca, anunciando: o Papai chegou. Da “assexual Pollyanna” a “líder de culto de um futuro próximo” a “dominatrix em instituição psiquiátrica”, Annie Clark assume em Daddy’s Home uma nova persona a quem chama de Papai. De peruca loira, plumas extravagantes e plataformas altas – claramente inspirados em Candy Darling, musa de Andy Warhol e ícone trans –, Clark se entrega inteiramente à temática e sonoridade setentista, mesclando ficção à autobiografia.
Uma década desde que um dos maiores álbuns pop do milênio foi lançado, Born This Way se tornou um sucesso de vendas e um grito de liberdade. Como comemoração, Lady Gaga lançou uma edição especial intitulada Born This Way The Tenth Anniversary, dividida em um disco com as canções originais e outro com seis novas versões do CD, interpretadas por artistas que representam e defendem a comunidade LGBTQIA+.
Também conhecida na internet como Clapivara, a cantora Clarissa Müller percorreu diversos caminhos para chegar ao seu encontro com a Música. A partir de pequenos trabalhos como modelo, surgiram as primeiras oportunidades de sua carreira como atriz. A carioca ganhou grande visibilidade com seus primeiros covers postados no Instagram, Twitter e YouTube, mas a grande virada veio com sua atuação como Cecília, no filme Ana e Vitória em 2018. No longa ela contracenou com Ana Caetano e cedeu sua voz a três canções do álbum O Tempo É Agora, cantando os altos e baixos da relação das personagens na história.
O sucesso foi grande e com o incentivo do público, Clarissa continuou investindo em sua carreira musical iniciando em 2019 o desenvolvimento de seu EP homônimo, com o selo Olga Music. Composto por cinco faixas autorais repletas de sentimentos, a artista conseguiu de forma genuína tocar corações e levar suas canções a mais 600 mil streamings em apenas três semanas.
O segundo semestre do ano finalmente chegou. No meio dos dias dolorosamente frios de Julho, o que faltou de calor teve de lançamentos – alguns ótimos, e outros nem tanto. As músicas e álbuns lançados no último mês já marcaram 2021, e com certeza vão entrar nas listas de playlists de quarentena. Então, para não deixar nada passar batido, o Persona lhes presenteia com mais um Nota Musical.
Se em Junho Doja Cat fugiu para seu próprio planeta, em Julho, foi a vez de Coldplay dar o fora da Terra em Coloratura. A música mais longa da banda, com 10 minutos de duração, já anima os ouvintes para sua próxima era que promete correr longe dos problemas mundanos. Outro fandom presenteado com um ótimo single foi o de Lorde. Com a melancólica faixa Stoned at the Nail Salon, a ex-sumidanos deixa cada vez mais ansiosos para Solar Power, seu novo disco a ser lançado no fim de agosto.
E entre os admiradores da neozelandesa está Conan Gray, que depois de anos cantando sobre a mesma pessoa, diz nunca ter se apaixonado em People Watching. Sério, Conan? Por outro lado, quem não esconde se sentir sufocada por um amor tão nocivo quantos seus vícios é Letrux. A artista bilíngue conta do ano mais difícil da sua vida no single I’m Trying To Quit. Ambos os cantores parecem concordar com a sueca Lykke Li quando ela diz que às vezes tudo que a gente precisa é chorar de noite em Wounded Rhymes (Anniversary Edition).
Enquanto isso, Jack Antonoff manda a tristeza embora em Take the Sadness Out of Saturday Night, o terceiro disco de seu projeto solo como líder do Bleachers. Fora do mainstream, o produtor queridinho do mundo indie pop libera toda a sua criatividade musical em álbuns ricos em referências, camadas, sentimentos e energia. Agora, para os que querem gritar no quarto às 3 da manhã, o álbum da WILLOW promete te fazer sentir tudo. O rock alternativo de lately i feel EVERYTHING é honesto em todas as suas faixas, que viajam entre seu coração partido e amadurecimento.
Além da filha do icônico Will Smith, Billie Eilish é outra jovem que liberta suas emoções para quem quiser ouvir. O impecável Happier Than Ever expressa mais sinceridade do que a cantora já fez em toda sua carreira, em um dos discos mais esperados de 2021. A queridinha do Grammy bem que merece um segundo Álbum do Ano, não é mesmo?
Já aqui no Brasil, que está mais unido do que nunca para assistir aos angustiantes jogos das Olimpíadas, nada como boa Música para celebrar o nosso país ganhando – ou perdendo. Luísa Souza comemorou seu aniversário lançando DOCE 22, tão bem recebido pelo público que entrou na lista dos Top 10 Debuts de sua semana de lançamento no Spotify Global. Mas entre acertos e bastante erros na internet, quem merece o seu título de mulher do ano é a inovadora e talentosa Linn da Quebrada. O quem soul eu? é perfeito para quem precisa viajar dentro de si mesmo, assim como todas as faixas intrigantes de Trava Línguas.
O radar de novidades nacionais do Persona também entrou na vibração do jazz de Amaro Freitas em Sankofa, curtiu o rock do novo EP de Ovedrive Saravá, e sentiu o Drama de Rodrigo Amarante. O destaque maior da música brasileira em julho, no entantanto, foi para Marisa Monte, que retorna abrindo as Portas do seu talento para que possamos entrar em seus universos e sermos abraçados por um pouco de otimismo em um ano tão infernal.
Emicida é outro que nos ilumina com sua versão ao vivo de AmarElo. Ouvir as faixas que foram gravadas em um São Paulo de 2019 nos deixa nostálgicos e ansiosos para poder logo voltar a cantar e dançar na companhia de uma multidão. Quando isso for possível, por favor, toquem Borogodó nas festas, pois todos precisamos rebolar ao som de MC Carol novamente.
Falando em festas, o Ander de Elite provou que como cantor é um ótimo ator. Torcemos para que Aron Piper perceba logo que deveria ficar apenas atrás das câmeras, e não do microfone. Ao lado do alemão na lista de decepções do mês, estão Camila Cabello e John Mayer, que pelos méritos de seus novos trabalhos, mostram que já podemos deixar seus lançamentos caírem no esquecimento.
Mas o que não dá e nem se deve esquecer é que ainda vivemos uma pandemia. E em um dos períodos mais dolorosos da humanidade, mais de 4 milhões de vidas foram perdidas. Vidas de parentes, de amigos e de pessoas amadas por outras pessoas. O sentimento tão solitário está, para o bem ou para o mal, juntando cantores e seus ouvintes em faixas que tentam explicar como é tenebroso passar pelo luto.
Em julho, Imagine Dragons e Eliza Shaddad mergulharam em letras que confortam os corações de quem perdeu alguém. A banda estadunidense faz isso através de Wrecked, prenunciando seu novo álbum, enquanto a artista indie sente o luto em In the Morning (Grandmother Song), parte importante de The Woman You Want, disco que é uma das melhores descobertas do ano.
Completando o sétimo mês de Nota Musical, a Editoria do Persona e nossos Colaboradores se uniram, ao lado dos recém-chegados na equipe de Redação, para entregar o apanhado de tudo que rolou em Julho. Para começar bem o segundo tempo desse jogo estressante que está sendo 2021 – não dava para não ter referências de esporte, sabe? -, pegue o lápis e o papel e se prepare para anotar muitas indicações musicais incríveis.
Parece ser comum vislumbrar nos artistas momentos em que avaliam seus projetos fracassados. Esse costuma ser o enredo de filmes B, geralmente cômicos, sobre musicistas falidos que criam projetos para superar a si mesmos. Não é o caso do The Black Keys, que chega ao seu 10º álbum de estúdio olhando para o passado, sem motivos para se envergonhar. Como homenagem aos artistas que influenciaram a banda, Delta Kream (2021) traz covers de grandes nomes do blues como Junior Kimbrough e R.L. Burnside, adaptando a essência do duo composto por Dan Auerbach e Patrick Carney em canções clássicas na história do gênero.
Em 7 de maio de 2021, a funkeira MC Dricka fortaleceu mais uma vez o cenário musical brasileiro ao lançar sua produção artística mais recente, o EPAcompanha. Embora a artista já seja referência para ofunk feminino e independente desde 2019, o lançamento do EP se revelou como uma importante ferramenta para consagrar o potencial artístico da cantora, que alcançou destaque até mesmo na cena internacional.
Planet Her é o terceiro álbum da carreira de Doja Cat e sucede o aclamado Hot Pink, disco que alavancou o nome da rapper norte-americana nos últimos tempos. Pelas suas redes sociais, a cantora anunciou o lançamento do disco que estreou em grande estilo no cenário pop, atingindo a 2ª posição no ranking das paradas da Billboard. E em menos de uma semana, o crescente número de streams no Spotify garantiu a Doja Cat o título de rapper feminina com maior número de reproduções em um debut, além das faixas Kiss Me More e Need To Know terem proporcionado a artista emplacar mais dois hits no Top 100 Mundial da plataforma.
Nós apenas nos despedimos com palavras, quando naquela tarde de 23 de julho de 2011, o mundo soube da morte de Amy Winehouse. A vida de uma das maiores vozes do jazz contemporâneo foi uma das mais difíceis dentre as existências artísticas que o mundo teve a dor e a delícia de acompanhar, chegando ao limite extremo da luta pela sobrevivência em meio ao vício em drogas, transtornos alimentares e doenças psicológicas. O fim veio triste, com aquele gosto amargo de algo que consome cada vestígio de vida e genialidade até não sobrar mais nada, por meio de uma overdose na cidade de Camden, em Londres, quando a jovem artista tinha apenas 27 anos.
A geração emo dos anos 2000 envelheceu e hoje é responsável por dar as novas rédeas do que influencia o mundo. Não é à toa que o sample de Misery Business do Paramore se tornou um sucesso nas mãos de Olivia Rodrigo em seu single good 4 u, conquistando os ouvintes de todas as idades. Entretanto, quando pensamos em uma evolução um pouco mais madura dessas influências de alguns anos atrás, somos levados até bandas como Catfish and the Bottlemen. Com sua originalidade pautada nas boas memórias da era de ouro do rock feito no início do século, The Ride chegava aos nossos ouvidos há 5 anos, marcando sua presença com hinos que ficarão para sempre.
No dia 8 de julho de 2011, chegava ao mundo o álbum Regional at Best, do duo Twenty One Pilots. Considerado também o primeiro trabalho da banda, pelo menos na formação que conhecemos hoje, com Tyler Joseph e Josh Dun. O disco lançado anteriormente, em 2009, que carrega o mesmo nome do grupo, ainda tinha Chris Salih como baterista e Nick Thomas no baixo. A entrada de Josh assumindo as baquetas se deu quase que juntamente à saída do baixista, iniciando, assim, a dupla imbatível entre ele e Tyler.