Você pagaria o preço para ter A Substância?

Cena do filme A Substância. Na imagem vemos Elizabeth, mulher branca com cabelos pretos, falando ao telefone. Ela veste um vestido na cor preta e usa brincos de prata. Com sua mão direita, segura um telefone vermelho e sua expressão parece preocupada. Ela está sentada em uma cama com lençol rosado. Ao fundo é possível ver uma parede na cor vermelha.
Demi Moore volta às telas do Cinema após 30 anos (Foto: MUBI)

Vitória Borges

Você já imaginou uma versão melhor de si? E se você soubesse que existe um produto que pode te mostrar uma parte mais jovem, bonita e perfeita? A Substância (The Substance, no original) pode te dar isso e um pouco mais. A produção, que promete revirar o estômago, é uma diversão exageradamente nojenta e bizarra sobre o espetáculo visual do Cinema e o gênero de horror corporal.

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40 anos de Paris, Texas: a obra-prima de Wim Wenders que desconstruiu o sonho americano

Imagem do filme Paris, Texas. Tem uma pessoa na imagem aparecendo da cintura para cima. No centro está Jane, uma mulher jovem e branca. Ela tem cabelo loiro na altura do pescoço, tem olhos castanhos e veste um suéter rosa felpudo. No fundo tem uma parede com uma porta e uma janela, o fundo também é rosa.
Lançado em 1984, Paris, Texas é uma das obras-primas dirigidas Wim Wenders (Foto: Argo Films)

Nathan Sampaio

Um dos conceitos mais famosos do século XX é o American Way of Life. Criada pelo mercado publicitário no pós-guerra e propagada durante a Guerra Fria, essa expressão prega o estilo de vida estadunidense, marcado pelo trabalho árduo, conquista de bens materiais e construção de uma família feliz. O propósito era vender um imaginário de como seria a vida nos Estados Unidos para os outros países. Porém, essa fantasia se distancia – e muito – da realidade. Diversos filmes expõem isso, um dos mais belos e profundos é Paris, Texas, que completa 40 anos em 2024. 

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A vitória e a derrota, a vida e a guerra, Akira Kurosawa e os 70 anos de Os Sete Samurais

Mais próximo da câmera está Kikuchiyo segurando uma espada sobre o ombro e olhando para algo fora do plano. Ao fundo estão os outros seis samurais olhando na mesma direção.
“Aquele que se empenha a resolver as dificuldades resolve-as antes que elas surjam. Aquele que se ultrapassa a vencer os inimigos triunfa antes que as suas ameaças se concretizem” (Foto: Toho films)

Guilherme Moraes

Existem diretores que não precisam de muito para extrair algo interessante, fazem do simples algo profundo, seja por um movimento de câmera, pela maneira como enquadra uma cena ou até como posiciona seus atores. Esse é o caso de Akira Kurosawa, diretor japonês que, há 70 anos, lançava Os Sete Samurais, um dos seus melhores e mais influentes filmes. Na trama, lavradores descobrem que bandidos vão saquear a sua vila e decidem contratar samurais para protegê-la. No entanto, apesar da sua aparente simplicidade, Kurosawa traz profundidade ao analisar os conflitos históricos entre camponeses e guerreiros japoneses, além de meditar sobre a vida e a guerra.

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O Exorcismo se perde em várias ideias

Anthony, interpretado por Kurt Russell está sozinho no quadro. Ele está com as bochechas cortadas e veste uma roupa toda preta de padre. A tela é iluminada por uma cor esverdeada.
“Este é um drama psicológico envolto na pele de um filme de terror” (Foto: Imagem Filmes)

Guilherme Moraes

Em 1973, William Friedkin lançava O Exorcista, uma película de terror que logo se tornaria um clássico e mudaria o modo de se fazer filmes de demônio. No início da década de 2010, longas de terror psicológico começaram a fazer sucesso no Cinema pelas metáforas de medos sociais reais, como o racismo, a misoginia e a depressão, os transformando em algo concreto, como um ser místico ou, até mesmo, assassinos. Esse é o caso de filmes como A Bruxa (2015), Corra! (2017) e O Babadook (2014). Nesse sentido, O Exorcismo, de Joshua John Miller, tenta emplacar uma narrativa sobre depressão, alcoolismo, abuso e paternidade, ao mesmo tempo que faz uma referência ao clássico, porém, a obra acaba se tornando enxuta em seu conteúdo e rasa em sua forma.

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O Mal Não Existe coloca a natureza como uma presença que pode ser destrutiva para aqueles que a profanam

Aviso: o texto contém spoilers.

Texto alternativo: Ao fundo há um rio congelado. No centro da foto há uma parte descongelada desse rio que reflete a imagem de algumas árvores. Mais próximo da câmera está o personagem Takumi, agachado, de costas para a câmera e olhando o rio.
Em 2022, Ryusuke Hamaguchi levou o Oscar de Melhor Filme Internacional por Drive My Car (Foto: NEOPA)

Guilherme Moraes

Depois de lançar duas obras-primas, Roda do Destino (2021) e Drive My Car (2021), Ryusuke Hamaguchi retorna com O Mal Não Existe, ou melhor, Aku Wa Sonzai Shina, no original. O filme conta a história de um vilarejo que vive em harmonia com a natureza até a chegada de uma empresa, que pretende fazer um camping em meio a floresta, o que ocasionaria em alguns problemas ambientais e afetaria a vida de todas as pessoas locais.

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Há 5 anos, Era Uma Vez em… Hollywood nos envolvia em um sonho californiano

Cena de Era Uma Vez em… Hollywood. Brad Pitt segue Leonardo DiCaprio por sua garagem com dois carros ao fundo enquanto o personagem de DiCaprio gesticula com os braços abertos.
Segundo Brad Pitt, Tarantino é “tão purista que não há imagens computadorizadas em suas obras” (Foto: Sony Pictures)

Bianca Costa

Era Uma Vez em… Hollywood, a nona e mais recente obra de Quentin Tarantino, está completando cinco anos de estreia. Com dez indicações ao Oscar 2020, o longa ganhou as estatuetas douradas de Melhor Direção de Arte, assinada por Barbara Ling, e de Melhor Ator Coadjuvante para Brad Pitt. O filme é uma envolvente viagem no tempo para uma idealizada e ensolarada Califórnia na década de 1960, onde o diretor utiliza calmamente o cotidiano para expressar seu amor pela Sétima Arte, retratando um cenário que respira Cinema.

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Depois de 20 anos, Homem-Aranha 2 continua um novelão melodramático

Cena do filme Homem-Aranha 2Na imagem, estão penduradas com cabides em uma barra de aço, o uniforme do Homem-Aranha e um terno com gravata, no meio dos dois há um cabide vazio. O uniforme está do lado esquerdo, ele é vermelho, mas possui detalhes em azul na parte inferior do braço e antebraço e também nas costelas. Ele possui uma aranha prateada no peito e teias em alto relevo por toda roupa. O terno é na cor azul. O armário é todo branco e tem aspecto de velho, no canto direito há uma luminária acesa apontada para cima
Homem-Aranha 2 teve uma versão estendida lançada para DVD em 2007, chamada de Homem-Aranha 2.1, com oito minutos a mais que a versão de cinema (Foto: Sony Pictures)

Davi Marcelgo

É muito difícil falar algo novo de Homem-Aranha 2 (2004) vinte anos depois de seu lançamento. Todo mundo já teceu algum comentário: sobre ele ser a adaptação definitiva de um quadrinho de super-herói, sobre suas cenas de ação de tirar o fôlego ou do enredo espetacular. De tudo já dito a respeito, pouco se fala – principalmente no meio nerd, que foca apenas em fidelidade para com a obra original – do melodrama. Para comemorar as duas décadas do filme que marcou e ainda marca gerações, ligue a Televisão e lembre-se do horário das nove, porque a sequência de Sam Raimi é um ‘novelão’.

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O amor, a fé e a cultura em Planeta dos Macacos: O Reinado

Aviso: o texto contém spoilers.

Cena do filme Planeta dos Macacos: O Reinado Na imagem, o personagem Proximus, criado digitalmente, está olhando para frente, com a cabeça inclinada para a esquerda. Ele está com a expressão tranquila e com a boca aberta mostrando os dentes. Proximus é um chimpanzé com os pelos e face escura. Ele usa uma coroa na cor bronze, com pontas nos cantos e no meio. Ele também usa um colar com ombreiras, feito de couro e metal. Atrás dele há bandeiras vermelhas.
Planeta dos Macacos: O Reinado é o décimo filme da franquia (Foto: 20th Century Studios)

Davi Marcelgo

Em Planeta dos Macacos: A Guerra (2017), Caesar (Andy Serkis) foi inserido numa narrativa inspirada na trajetória de Moisés e a terra prometida; levar seu povo a um lar sem violência. O novo Planeta dos Macacos: O Reinado (2024), persiste na dinâmica religiosa, mas não ficando somente no terreno da referência e, sim, tornando-a temática. Décadas após a morte de Caesar, o jovem Noa (Owen Teague) é a única esperança de salvar sua aldeia da tirania do rei Proximus (Kevin Durand). 

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A Freira 2 é tão aterrorizante que até mesmo encarar a tela se torna um desafio assustador

Imagem escura de uma cena do filme 'A Freira II'. No centro, um homem jovem de pele clara, cabelos escuros e cacheados. Seus olhos estão em um verde brilhante, boca aberta, e um líquido preto escorre por sua face na região da cabeça, olhos e boca. Ao fundo, vê-se a silhueta de uma freira com uma luz azul intensa ao redor. O cenário se passa em um ambiente antigo.
A Freira 2 adiciona mais um item na coleção do universo Invocação do Mal (Foto: Warner Bros. Pictures)

Guilherme Barbosa

Em 2013, James Wan apresentou ao mundo Invocação do Mal, filme que deu início a um universo repleto de histórias que se conectam entre si, criando uma instigação nos espectadores a fim de acompanhar todas as narrativas que compõem esse espaço sombrio. Uma década depois, em 2023, o diretor Michael Chaves, que dirigiu o ‘esquecível’ Invocação do mal 3: A Ordem do Demônio, adiciona um novo capítulo para essa coleção com A Freira 2, continuação da história que se iniciou em 2018, quando não funcionou tão bem. Dessa vez, o longa não apenas manteve o mesmo caminho, mas até mesmo intensificou, o que resultou em uma experiência que, em comparação, pode ser considerada ainda mais decepcionante.

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Menos inteligente, A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets pisoteia em ovos

Aviso: o texto contém spoilers.

Cena do filme A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos NuggetsNa imagem, os personagens do filme estão reunidos comemorando o nascimento do pintinho Molly. Ginger e Rocky seguram Molly no colo. Ginger é uma galinha ruiva, tem olhos verdes, usa boina verde e lenço branco amarrado no pescoço. Rocky é um galo de cores laranja e vermelho escuro, ele tem olhos castanhos escuros e usa um lenço azul com bolinhas brancas amarrado no pescoço. Molly é um pintinho amarelo, com olhos azuis e crista roxa. Ela está sentada em uma casca de ovo. Ao redor deles, tem mais 3 galinhas e um galo. O galo é Fowler, ele é mais velho, tem sobrancelhas grossas e coloração azul e branca. Ele segura um bastão dourado e tem um lenço branco amarrado no pescoço. Na sua direita, está Babs, ela está uma galinha de cor bege, com crista azul penteada para baixo como uma franja. Ela está tricotando crochê vermelho e usa um colar de pérolas rosa. Na esquerda de Rocky, estão Bunty e Mac. Mac é uma galinha branca, usa óculos e lenço xadrez na cor amarela amarrado no pescoço. Bunty é uma galinha na cor vinho e usa um colar de bolinhas azuis. Ao fundo, há uma vila, com árvores, gramas e casas de palha.
O elenco principal tem novos dubladores: Zachary Levi e Thandiwe Newton dão vida a Rocky e Ginger (Foto: Netflix)

Davi Marcelgo  

Depois de uma odisseia que durou 23 anos, o criativo A Fuga das Galinhas (2000) ganhou uma sequência. O longo percurso para a continuação sair do papel foi resultado de muitos fatores: o fim da parceria entre Aardman Animations e Dreamworks em 2006, a pandemia da covid-19, a troca de elenco devido às polêmicas envolvendo racismo por parte de Mel Gibson – dublador do personagem Rocky em 2000 –, além do custo e da necessidade de uma equipe maior para a produção. Sem um grande estúdio por trás, a história das aves ficou sem um novo voo por mais de duas décadas. Em 2020, a Netflix anunciou a continuação, A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets. Mas será que ela mantém a qualidade do primeiro filme? 

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