A identificação com o caos e o retrato tragicômico da juventude em Shiva Baby

Fotografia do filme Shiva Baby. A imagem é retangular e exibe o rosto da personagem Danielle, interpretada por Rachel Sennott, em plano fechado. Rachel é uma mulher branca, jovem adulta, de cabelos castanhos-claros ondulados. Seus cabelos estão presos em um coque. Ela bebe um gole de uma taça de vinho com sua mão direita. Seu olhar é angustiado e está voltado para a esquerda da personagem. Ela usa uma camisa social branca. O fundo está desfocado, mas é possível ver atrás dela um grande quadro abstrato em azul, amarelo e vermelho.
O longa pode parecer um experimento para entender quais os efeitos psicológicos que uma quantidade extrema de pressão pode exercer em alguém (Foto: MUBI)

Mariana Nicastro e Vitória Vulcano

Um funeral. Familiares fazendo perguntas pessoais. Sobre seu futuro, sua profissão (que eles não levam muito a sério), seus relacionamentos, seus estudos (não tão credibilizados também)… sim, tudo aquilo que você não gostaria de comentar no momento. E se, além disso, uma paixão antiga está presente, e o romance não terminou tão bem? Parece uma situação desconfortável, certo? E se seu ficante, que, na verdade, é o seu sugar daddy, aparece no local? 

Ah, mas tem a cereja do bolo! E se ele leva a esposa e um bebê, que você nem sabia que existiam? E, é claro, que todos os seus parentes querem te apresentar a essa linda e simpática família! Esse é o cenário caótico, curioso, intrigante, sufocante, angustiante e singular representado em Shiva Baby. Um filme ousado, que mescla perfeitamente a comédia e a tragédia social

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Às vezes, tudo que precisamos é seguir No Ritmo do Coração

Cena do Filme No Ritmo do Coração. Imagem estática. Os quatro personagens estão sentados em um sofá abraçados. No lado esquerdo está Leo Rossi, interpretado pelo ator Daniel Durant. Ele é um homem branco de cabelo castanho curto. Veste uma camiseta cinza com uma camisa xadrez cinza e marrom por cima e calça jeans azul médio. Ao lado dele está Jackie Rossi, personagem de Marlee Matlin. Ela é uma mulher branca de cabelo loiro, tamanho médio. Utiliza uma blusa azul petróleo e calça jeans azul. Ao lado dela está Frank Rossi, interpretado por Troy Kotsur. É um homem branco de cabelo grisalho e barba média. Ele veste uma blusa cinza escuro e calça jeans cinza claro. Na direita ao lado dele está Ruby Rossi, personagem de Emilia Jones. Ela é uma mulher branca de cabelo castanho, tamanho médio. Utiliza uma blusa de moletom verde e calça jeans azul médio.
O filme venceu duas categorias no Gotham Awards, e Troy Kotsur garantiu indicações ao Globo de Ouro, ao Critics Choice e ao SAG Awards (Foto: Apple TV+)

Andreza Santos

Uma família de surdos onde há apenas uma única ouvinte, a filha mais nova. Essa é a descrição inicial de CODA, que ganhou no Brasil o título No Ritmo do Coração. Ruby – a protagonista – é vivida pela talentosa Emilia Jones (Locke & Key), ela é a CODA (Child of Deaf Adults,  filha de adultos surdos) da família. Trabalhando durante a manhã na pescaria, ela interpreta e traduz tudo o que seu pai, mãe e irmão querem dizer para as pessoas não-surdas. Tudo muda quando ela decide entrar para o coral da escola.

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Sem Volta para Casa, o Homem-Aranha busca refúgio em si mesmo

Cena do filme Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. A cena mostra o Homem-Aranha, um jovem branco, se jogando para pegar uma bolha laranja e verde. Ele usa o uniforme vermelho, com detalhes em preto e o cenário ao seu redor é de escombros e destruição.
Leia com cautela, pois o texto abaixo contém spoilers graves dos acontecimentos centrais de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Foto: Sony/Marvel)

Vitor Evangelista

O que significa ser um super-herói? O senso de justiça, o dever a ser cumprido e o regozijo em fazer o bem podem estar na ficha técnica de qualquer mascarado que pirueteia pelas vielas escuras de uma cidade recheada de crimes. O Homem-Aranha, mais do que qualquer outro advento quadrinhesco, ganha novas camadas quando analisamos suas características mais específicas: ele é um adolescente passando pela puberdade, alguém efervescendo e encontrando seu lugar no mundo, em adição a picada do aracnídeo e o combo de grandes responsabilidades que chegam junto dos grandes poderes. 

Em 2018, Homem-Aranha no Aranhaverso soube destacar as particularidades do personagem-título com astúcia, deixando claro que, além do trauma de perder alguém, ser o Cabeça de Teia está muito ligado a ideia de sacrificar seu próprio espaço pessoal em prol de um parente, um amigo ou mesmo uma metrópole. Em 2021, chegou a vez do Peter Parker de carne e osso (Tom Holland) perder o chão e se firmar como o Amigão da Vizinhança que tanto lhe cobraram de ser desde que assumiu o manto em um aeroporto alemão

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Cineclube Persona – Dezembro de 2021

Arte retangular na cor verde pastel. No centro há o logo do Persona, um olho com a íris de cor dourada. No canto superior esquerdo está escrito “cineclube” em branco e embaixo “persona” em branco com texto vazado. No canto inferior direito está escrito “dezembro de 2021” com letras pretas. Ao longo da imagem vemos quatro quadros de moldura dourada com fotos do personagem Morpheus, do filme Matrix Ressurections, as personagens Kimberly, Bela, Leighton e Whitney, da série The Sex Lives of College Girls, os personagens Greg, Connor, Tom, Kendall e Logan, da série Succession e os personagens Jack Bremmer e Brie Evantee, do filme Don’t Look Up.
Destaques de Dezembro de 2021: The Sex Lives of College Girls, Não Olhe para Cima, Matrix Resurrections e a 3ª temporada de Succession (Foto: Reprodução/Arte: Vitor Tenca/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Que soem os sinos natalinos, pois dezembro bateu à porta e já se retirou. No saudoso mês que finaliza um conturbado 2021, o Cineclube se reúne pela última vez no formato atual para debater cada um dos lançamentos audiovisuais dos tempos de Papai Noel. Entre a seleção frutificada do Persona, você encontra candidatos ao careca dourado, séries de prestígio e uma porção de dicas imperdíveis.

Mas, antes de dar início aos trabalhos, é hora de lamentar a morte de Betty White, uma das damas da TV, a Garota de Ouro que, aos 99 anos, se despediu do mundo, deixando-o menos feliz. A menos de vinte dias de seu centenário, a vencedora de 5 Emmys partiu em trinta e um de dezembro. Conhecida pelo humor sagaz e por papéis em Golden Girls, The Mary Tyler Moore Show e A Proposta, Betty viverá para sempre no céu das estrelas.

Como virou costume, dezembro é sinônimo de enxurrada de lançamentos da Netflix. Lá, pudemos conferir a força de Ataque dos Cães, o retorno de Jane Campion ao Cinema e um dos queridinhos do ano. Com chance de brilhar no Oscar, o filme coloca Benedict Cumberbatch, Kodi Smit-McPhee, Kirsten Dunst e Jesse Plemons em papéis desafiadores e muito distintos do comum da indústria. 

Ainda no Tudum, quem estourou foi Adam McKay e seu recheado Não Olhe para Cima. Com Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence liderando um elenco grande demais para esse texto de abertura, a comédia satírica caiu na graça da audiência, alavancando números de exibição e escalando o pódio de mais vistos do catálogo vermelhinho.

Na mesma moeda, A Filha Perdida transformou as palavras de Elena Ferrante em um visual pitoresco e nada convidativo, iluminado pela visão da diretora estreante Maggie Gyllenhaal e pela performance raivosa de Olivia Colman. O italiano Paolo Sorrentino também foi prestigiado com A Mão de Deus, um longa de amadurecimento com toques biográficos que já havia ganhado destaque no Festival de Veneza. 

Larissa Manoela virou médica em Lulli, Sandra Bullock e Viola Davis encararam um drama carregado em Imperdoável e o período de festas finalmente sorriu para a comunidade LGBTQIA+ em Um Crush para o Natal. Na casa do vizinho, Nicole Kidman saiu vitoriosa no papel de Lucille Ball, estrelando Apresentando os Ricardos, o grande candidato do Amazon Prime Video para o Oscar

Quando o assunto é a temporada de premiações, dezembro esquentou as disputas. O contido (mas insuperável) Mass chegou às plataformas de aluguel, debatendo temas sensíveis e com um quarteto principal digno de todas as honrarias da Arte. É sério, os protagonistas exprimem emoções dificílimas e merecem mais destaque do que vem recebendo: se Reed Birney, Jason Isaacs, Martha Plimpton ou Ann Dowd estiverem lendo este Cineclube, saibam que aqui no Persona o prêmio é de vocês.

Wes Anderson continua sua saga de simetria e paz com A Crônica Francesa, enquanto o Disney+ oferece o absoluto The Rescue, documentário realizado pelos responsáveis por Free Solo. Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City saciou a sede dos fãs da franquia, mas não foi além do básico, e Zoey’s Extraordinary Christmas deu fim a jornada da ruiva.

Dezembro também mostrou ao mundo Belfast, projeto do coração de Kenneth Branagh que é um dos favoritos da temporada. Entretanto, o visual arrojado e o elenco alinhado não são o bastante para justificar o amor prematuro pelo filme. No fim, o diretor emula emoções da infância, mas não as ordena para que o público sequer se interesse pelas reviravoltas. 

Quem conquistou o carinho do espectador foi Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. Com a expectativa de finalizar a primeira trilogia de Tom Holland na Marvel, o longa dirigido por Jon Watts brinca com as chances do destino mas acerta na loteria ao jogar todas suas fichas na nostalgia e no apreço pelo ontem. O saldo é positivo, por mais que a dominação do aracnídeo no mercado sinalize mais uma das mazelas de um monopólio como a Disney.

A situação ficou tão pesada que o lançamento do Cabeça de Teia acabou com a distribuição de Amor, Sublime Amor, o remake de West Side Story que Steven Spielberg aguardou muitos anos para finalmente rodar. A clássica história, vencedora de dez Oscars nos anos sessenta, foi repaginada e se justifica. Podem anotar: Ariana DeBose, a nova Anita, tem tudo para seguir os passos de Rita Moreno e colocar uma estatueta de Atriz Coadjuvante em sua estante no fim de março.

Quando o assunto é repeteco, Matrix Resurrections dribla qualquer sinal de desgaste. O retorno da franquia, 18 anos depois do terceiro capítulo, conta apenas com a direção de Lana Wachowski, mas não deve nada às sequências de 2003. Claro que o filme de 1999 continua insuperável, afinal, depois de revolucionar a linguagem do Cinema, as Irmãs mais talentosas da ficção científica não operam milagres. Dessa vez, Neo e Trinity retornam em um ambiente familiar, mas distorcido. Resta a eles despertar e botar para quebrar

Na TV, o mês foi menos turbulento. A segunda temporada de Canada’s Drag Race remendou os buracos de 2020 e brilhou, coroando uma das vencedoras mais completas da franquia. O novato Queen of the Universe inovou ao unir drag e Música, dando o prêmio, o prestígio e um cheque de 250 mil dólares para a brasileira Grag Queen. Na Netflix, os Fab 5 se reuniram na sexta temporada de Queer Eye, curando o mundo de todos seus males.

Hailee Steinfeld trabalhou bastante, encerrando a terceira e última temporada da preciosa Dickinson na Apple TV+. Além de trampar como poetisa, a artista viveu Kate Bishop em Gavião Arqueiro, produção do Disney+ que dá continuidade a Fase 4 da Marvel e finalmente injeta personalidade no carrancudo Vingador vivido por Jeremy Renner. Perdidos no Espaço deu adeus, assim como a longeva e lucrativa La Casa de Papel (agora nos resta um spin-off do Berlim e um remake sul-coreano).

The Witcher trouxe de volta o charme de um Henry Cavill de cabelos prateados, A Roda do Tempo não transformou o carisma de Rosamund Pike em uma história cativante e Gossip Girl deu fecho a um ano inicial promissor. No HBO Max, Landscapers colocou Olivia Colman em pele de assassina, Mindy Kaling criou a envolvente The Sex Lives of College Girls, e Succession acabou com qualquer chance de dormirmos tranquilos depois dos capítulos de domingo à noite.

Dezembro de 2021 ainda nos levou para Paris com a Emily, anunciando que a jornada da estadunidense foi renovada para mais dois ciclos. Doa a quem doer, o mês vermelho, verde e cheio de ho ho ho trouxe conteúdo à beça. Agora, pelo olhar apurado da Editoria, o Persona te convida a navegar pelos comentários individuais do Cineclube pela última vez. 

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Lady Gaga exorciza Casa Gucci

Em nome do Pai, do Filho e da Casa Gucci (Foto: Metro-Goldwyn-Mayer Pictures)

Ana Júlia Trevisan

Uma história de glamour, cobiça, loucura e morte. Esse foi o subtítulo dado ao livro que inspirou Ridley Scott a dirigir uma das adaptações mais aguardadas do ano: Casa Gucci. A grife italiana, fundada em 1921, é um majestoso império da Moda e uma das marcas mais valiosas do mundo, cujo nome carrega um grande escândalo. Em 27 de março de 1995, Maurizio Gucci, herdeiro da empresa, foi assassinado a mando de sua ex-esposa Patrizia Reggiani. 

Legado e família são os fragmentos mais necessários para entender a estrutura maquiavélica do império Gucci, mas o que chegou aos cinemas em 25 de novembro não se ajusta aos dois poderes. Os direitos para a produção do filme foram comprados em 2006, e de lá pra cá, nomes como Angelina Jolie e Leo DiCaprio foram cotados para os papéis principais. O ano de 2021 finalmente trouxe o filme para as telonas, protagonizado por Lady Gaga e Adam Driver. Mas, para lidar com o longa, é necessário fazer o mesmo processo de periciamento de um delito.

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Atenção: Legalmente Loira não é uma comédia romântica

Cena do filme Legalmente Loira. Nela está presente uma mulher branca loira caminhando por uma rua. Ao fundo é possível ver à esquerda pessoas passando, à direita um carro com o porta malas aberto e no chão estão algumas malas e itens de mudança. A mulher usa óculos com lentes rosas e está vestida com saia na altura altura joelho e blusa, ambos rosas. Ela segura com a mão esquerda uma bolsa vermelha com um lenço laranja e rosa pendurado nela. Na mão esquerda ela segura um cachorro da raça chiuaua que usa uma roupinha rosa e roxa. A esquerda dela está um carro conversível preto.
Reese Witherspoon guardou com ela todos os figurinos usados por Elle no filme (Foto: MGM Distribution Co.)

Marcela Zogheib

Nas prateleiras das locadoras, centenas de filmes competiam pela atenção dos clientes que estavam procurando algo para assistir, e ninguém se saía melhor nessa briga que Elle Woods (Reese Witherspoon) com seu vestido rosa, chiwawa de coleira, caneta de plumas e, claro, os livros de Direito. A capa que dizia “Legalmente Loira: pelos direitos das patricinhas” estava sempre no topo da seção de comédia romântica buscando chamar o olhar do público feminino colocando o máximo de itens rosa possíveis em 20 centímetros de capa de DVD. E funcionou.

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35 anos depois, Ferris Bueller permanece Curtindo a Vida Adoidado

Foto retangular de uma cena de Matthew Broderick no filme Curtindo a Vida Adoidado. Ele é branco, de cabelos pretos curtos e lisos. O personagem veste um roupão listrado vermelho e cinza. Ele fala ao telefone sem fio antigo branco, segurando-o com a mão direita. Com a mão direita, ele segura um copo de suco amarelo. Em seu colo, está um jornal. Ele está sentado em uma cadeira inclinável dourada. Ao fundo, há folhagens verdes.
Anos se passam e a gente ainda quer um dia de folga igual ao de Ferris Bueller (Foto: Paramount Pictures)

Ana Laura Ferreira e Júlia Paes de Arruda

Nos últimos anos, pudemos sentir uma enxurrada de influências oitentistas tomar conta de nossas vidas, indo desde o Cinema até a Moda. O estilo saudosista e a visita aos grandes clássicos do passado mostram apenas como a cultura é cíclica, se utilizando do que já foi criado para inspirar a inovação. Dentre as inúmeras referências que poderíamos coletar dessa grande nostalgia, Curtindo a Vida Adoidado (1986) é uma das mais relevantes, afinal o espírito de Ferris Bueller (Matthew Broderick) ainda se faz presente até mesmo em produções da Marvel. Completando 35 anos em 2021, o longa envelhece como vinho, ganhando cada vez mais nossa devoção.

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15 anos de O Diabo Veste Prada e a vilanização de Miranda Priestly

Lançado em 2006, O Diabo Veste Prada continua gerando rixa na internet (Foto: DR)

Ana Júlia Trevisan

O que esperar quando dois grandes nomes da cultura pop como Meryl Streep e Anne Hathaway se juntam em um filme? Nada menos que uma produção tão calorosa quanto o inferno. Dirigido por David Frankel e adaptado de um livro de mesmo nome (esse escrito por Lauren Weisberger), O Diabo Veste Prada é um dos maiores marcos de 2006, eternizando a toda-poderosa Miranda Priestly, a jornalista recém-formada Andrea Sachs e os corredores da revista Runaway.

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Persona Entrevista: Anita Rocha da Silveira

Diretora de Medusa relembra o processo de produção do filme e comenta sobre a experiência no Festival de Cannes

Arte retangular horizontal de fundo vermelho. No lado esquerdo, foi adicionado o texto "PERSONA ENTREVISTA" na vertical, repetidas vezes. No centro, foi adicionada uma foto em preto e branco da diretora Anita Rocha da Silveira. No lado direito, foi adicionada uma imagem do poster de seu filme, Medusa, e acima, foi adicionado seu nome, "anita rocha da silveira".
Finalizando os trabalhos de cobertura da 45ª Mostra de Cinema em São Paulo, o Persona Entrevista recebe Anita Rocha da Silveira, diretora de Medusa (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara)

Caroline Campos e Vitor Evangelista

Em formato híbrido, a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo possibilitou oportunidades de ouro para a equipe do Persona. Entre cabines de imprensa de filmes com sonho de reconhecimento no Oscar e um esperado encontro presencial dos membros da Editoria, tivemos a oportunidade de não apenas conferir a vibração descomunal de Medusa, como também de entrevistar sua realizadora, a majestosa diretora Anita Rocha da Silveira.

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Sou feliz porque sei, com certeza, que ela me ama: 90 anos de Senhoritas em Uniforme

Cena do filme Senhoritas em Uniforme de Leontine Sagan. Nela está Fräulein von Bernburg, interpretada por Dorothea Wieck, e Manuela, interpretada por Hertha Thiele. Ambas são mulheres brancas e se encaram. Fräulein von Bernburg segura o rosto de Manuela com as mãos, inclinando-o para cima. A fotografia é em preto e branco com filtro granulado. Os tons escuros se esfumam junto do branco que parece brilhar. A proporção da tela é de 1.20:1.
Precursor do Cinema queer, Mädchen in Uniform (título original de Senhoritas em Uniforme) foi a estreia da curta filmografia de Leontine Sagan [Foto: Deutsche Film-Gemeinschaft]
Ayra Mori

1931, dentro de um internato, se deu o primeiro beijo lésbico reconhecido pela história da Sétima Arte. O título é honra, não dos tímidos beijos trocados por um casal de mulheres arlequinamente dançantes em Le départ d’Arlequin et de Pierrette (1900), da pioneira mãe do Cinema, Alice Guy-Blaché, ou do sex appeal de um beijo sáfico roubado por uma Marlene Dietrich andrógina em Marrocos (1930), mas sim, por direito, de Senhoritas em Uniforme (1931). Marco do audiovisual LGBTQIA+, a produção alemã determinou os destinos da ficção queer ao longo de seus 90 anos, revelando com sensibilidade o florescer do desejo lésbico. E realizado por uma equipe de mulheres, na desobediência, é alcançada a libertação.

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