Star Wars: Visions conta crônicas da Galáxia distante

Cena da série Star Wars: Visions. A imagem mostra um deserto. Há uma nave espacial afundada na areia. A foto é iluminada por luzes alaranjadas, provenientes do pôr do sol. Há dois sóis na imagem. O céu está em degradê, indo do rosa ao amarelo.
O laranja do céu poente do planeta Tatooine tem um diferencial: dois sóis (Foto: Disney+)

Laura Hirata-Vale

Star Wars: Visions, a fascinante nova aposta da Lucasfilm Ltd., possui nove episódios, nove histórias e nove estilos de animação diferentes. Lançada em setembro de 2021, os desenhos vão de traços fortes em preto e branco a traços suaves em cores vivas e cores pastéis, e de episódios musicais e fofos a outros com vários plot-twists. Feita em parceria com sete estúdios produtores, a antologia conta jornadas de novos personagens do universo de Guerra das Estrelas, ao mesmo tempo em que celebra a essência da saga. A obra é um prato cheio que pode apetecer vários gostos.

Por ser uma série derivada de uma grande produção cinematográfica, entregar uma temporada inteira feita em anime é algo que dá ainda mais força para a popularização desse gênero e de seus estilos. A forma que Star Wars: Visions realiza essa proposta também é genial. Com a participação de estúdios importantes, como a Production I.G, que fez Haikyuu e Ghost in the Shell, e a Trigger, produtora de Little Witch Academia, o Disney+ inova ao trazer histórias tão diferentes, mas que funcionam tão bem em conjunto. 

Cena da série Star Wars: Visions. A imagem mostra uma banda, com cinco integrantes, tocando seus instrumentos, em um palco feito de pedra avermelhada.
Em Balada de Tatooine, uma banda intergalática sonha em atingir todos os cantos do universo (Foto: Disney+)

É impressionante a maneira como Star Wars: Visions propõe um novo olhar sobre o universo. A produção não se importa com o cânone, mas, ao mesmo tempo, mantém elementos marcantes das histórias originais. O episódio Balada de Tatooine nos proporciona um reencontro com os personagens Jabba, o Hutt e Boba Fett. Acompanhado de uma trilha sonora eletrizante, o capítulo traz a crônica de uma pequena banda, que nos mostra como o poder da música é capaz de mudar opiniões que pareciam ser imutáveis. 

Além disso, durante o terceiro episódio da série, Os Gêmeos, podemos novamente assistir o clássico e lindo pôr dos sóis no planeta Tatooine. É nele que conhecemos a história de Karre e Am, criados para ‘levarem ordem à toda galáxia’ – uma releitura dos irmãos Leia Organa e Luke Skywalker-, e também vemos as versões ‘do mal’ dos droids R2-D2 e C-3PO. Para completar a nostalgia, as questões sobre os lados da Força também são revisitadas nos episódios Lop & Ochô, O Nono Jedi e O Ancião.

Cena da série Star Wars: Visions. A imagem mostra a luta entre um trio e uma dupla. O trio utiliza sabres de luz vermelhos, a dupla utiliza um sabre de luz azul e um de luz clara. A foto mostra um piso de pedra cinza escuro.
No quinto episódio, vemos o surgimento de uma nova Jedi (Foto: Disney+)

Porém, apesar de todo o trabalho feito ao longo da série, o grande destaque permanece em seu primeiro episódio, O Duelo. O capítulo, com seus traços e riscos em preto e branco, entrelaçados por alguns toques de cor – principalmente nos sabres de luz -, conta a história de um viajante misterioso que chega em uma vila pouco antes desta ser invadida por perigosos intrusos. No desenrolar da trama, o homem se revela um Sith, luta e derrota os invasores. Dessa forma, ele acaba defendendo a aldeia e levanta dúvidas clássicas do universo de Star Wars: o que é fazer o bem e o que é fazer o mal. 

O episódio piloto foi feito pelo estúdio Kamikaze Douga, produtor das aberturas das três primeiras temporadas de Jojo’s Bizarre Adventure e pelo filme Batman Ninja. Escrito por Mitsuyasu Sakai e dirigido por Takanobu Mizuno, O Duelo recebeu a primeira indicação de Star Wars: Visions ao Emmy, na categoria Melhor Programa Curto de Animação. A produção começa, então, a seguir os passos de sua irmã mais velha, The Mandalorian, que já foi indicada 39 vezes – incluindo como Melhor Série de Drama e Melhor Direção em Drama -, além de já ter levado para casa 14 estatuetas da premiação técnica. Outra produção do mesmo universo que também recebeu indicações esse ano foi a série O Livro de Boba Fett, que concorre em quatro categorias técnicas. 

Cena da série Star Wars: Visions. A imagem mostra um homem e uma mulher, durante um duelo de sabres de luz. A imagem está em preto e branco, e os personagens estão sendo iluminados pela luz avermelhada dos sabres de luz
Em O Duelo, os sabres de luz vermelhos iluminam a cena em preto e branco (Foto: Disney+)

Star Wars: Visions é, em sua essência, o retorno das inspirações de George Lucas. No passado, o produtor e diretor foi influenciado pelos elementos de filmes japoneses sobre samurais para contar a história da saga principal. Agora, estúdios nipônicos se inspiram no trabalho de Lucas para a produção dos curtas. A estrada de influências, a partir desse momento, é de mão dupla, ou seja, vai e volta. Visions é uma série que une o universo intergalático com o dos animes de uma forma linda, tocante, emocionante e reflexiva. A animação apresenta algumas aventuras mais simples e outras mais complexas, sem sair dos eixos filosóficos de Star Wars, como o uso da Força e seus lados. 

A antologia está na espera de sua segunda temporada, que tem data prevista para o primeiro semestre de 2023. Nela, descobriremos novas histórias, novos estilos de animação – já que a proposta da vez será ter mais estilos além do anime -, novas representações e reinterpretações desse universo cheio de raios laser, sabres de luz, droids, naves espaciais, estrelas e, é claro, que nos lembra sempre de que ‘a Força está conosco’.

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