Há 30 anos, Jurassic Park marcava a história do Cinema e a memória de gerações

Cena do filme Jurassic Park. A foto mostra o elenco principal. John Hammond, um idoso com barba e cabelos grisalhos, usa uma camisa branca, óculos de grau e um chápeu. Mais para trás, Ian Malcolm, usa camisa e casaco pretos e óculos escuros. Depois, Alan Grant, de camisa jeans, chapéu e uma bandana vermelha no pescoço e Ellie Satler, de camisa azul, blusa rosa por cima, óculos de grau e cabelo preso, loiro. Todos com uma expressão de surpresa no rosto.
Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros completa 30 anos em 2023 (Foto: Universal Pictures)

Lara Fagundes

Bem vindos ao Jurassic Park!” É com essa frase que o casal de apaixonados por dinossauros, Alan Grant (Sam Neil) e Ellie Satler (Laura Dern), é recebido na Ilha Nublar. Também é dessa forma que Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros foi apresentado ao público nos cinemas em 1993, por Steven Spielberg. O grande cineasta, já conhecido por Tubarão, E.T.: O Extraterrestre e os primeiros Indiana Jones, dirigiu o filme que revolucionou a história do Cinema com uma equipe de efeitos visuais dedicada em levar o telespectador de volta a 66 milhões de anos atrás, quando os dinossauros ainda habitavam o planeta. 

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Avatar: O Caminho da Água oferece um banquete aos olhos, mas não ao coração

Cena do filme Avatar : O Caminho da Água. O mar está rodeado de pedras flutuantes enquanto o sol e seu reflexo brilham no horizonte. Na água estão cinco alienígenas da raça Na’vi do Planeta Pandora. Seus olhos são grandes e amarelos, e uma estrutura corporal que equivale a dois humanos com uma cauda longa e fina. Seu corpo é coberto por uma pele azul brilhante com listras mais escuras, e seu cabelo é longo e preto. A fisionomia do rosto do avatar tem características como testa alta, nariz achatado e bochechas salientes.
O primeiro Avatar ajudou a popularizar produções em 3D estereoscópico de alta definição, sendo um dos pioneiros na utilização (Foto: 20th Century Studios)

Henrique Marinhos

Em Avatar: O Caminho da Água, não há como negar uma qualidade técnica impressionante, que nos leva ainda mais fundo no mundo de Pandora que revolucionou o Cinema com a tecnologia CGI em 2009. O diretor James Cameron e o produtor Jon Landau criaram um marco ao proporcionar um nível de realismo nunca antes visto. A sequência de 2022 é também uma experiência cinematográfica única, com uma meticulosa atenção aos detalhes e uma riqueza de elementos visuais que são aprimorados pelos efeitos em 3D, imergindo o espectador e garantindo indicações ao Oscar 2023 nas categorias de Melhores Efeitos Visuais, Melhor Fotografia e Melhor Design de Produção.

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Top Gun: Maverick prova que ainda queremos voar com Tom Cruise

Cena do filme Top Gun: Maverick. Na imagem, o protagonista Maverick, um homem branco de cabelos e olhos escuros, está pilotando um avião de caça. Ele veste um uniforme militar na cor verde escura e equipamentos de segurança, entre eles, dois cintos, um máscara de oxigênio e um capacete decorado com o seu nome e as cores da bandeira dos Estados Unidos: branco, azul e vermelho. Ao fundo, o cenário é o céu azul em cima das nuvens brancas, onde três outros aviões o perseguem com mísseis.
Dono de uma indicação ao Oscar 2023 de Melhor Filme, Top Gun: Maverick já é a 12ª maior bilheteria da história do Cinema (Foto: Paramount Pictures)

Nathalia Tetzner

36 anos após tirar o fôlego de uma geração inteira com Top Gun: Ases Indomáveis, Tom Cruise está de volta na direção dos aviões de caça, dessa vez, apontando o alvo da trama diretamente para si na pele do protagonista e dono de um dos codinomes mais conhecidos do Cinema, Maverick. A sequência do clássico coloca nas lentes de Joseph Kosinski a missão de dar continuidade ao legado do falecido diretor Tony Scott. Assim, com quase 1,5 bilhão de dólares arrecadados em bilheteria mundial e 6 indicações ao Oscar 2023, Top Gun: Maverick revive os tempos de glória do audiovisual e prova que ainda queremos voar com Cruise.

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Nada de Novo no Front: um filme de guerra humanista em que falta humanidade

Cena do filme Nada de Novo no Front. No lado direito da imagem, temos um homem branco não identificado, vestindo blusa preta, touca cinza e uma máscara facial branca. Ele está abraçando o ator Felix Kammerer, um homem branco de expressão triste, vestindo um casaco cinza e um capacete preto. Ao fundo, temos algumas estacas e o resto do cenário está desfocado. A cena acontece durante o dia, mas a foto está tratada em preto e branco.
Na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a nova versão de Nada de Novo no Front, exibida na seção Perspectiva Internacional, mantém a mensagem anti-guerra do material original (Foto: Netflix)

Nathan Nunes 

Nada de Novo no Front é um livro escrito por Erich Maria Remarque, baseado nas suas próprias experiências como veterano alemão na Primeira Guerra Mundial. Publicado em 1929, o texto não demorou a ser transposto para o Cinema, com a adaptação Sem Novidade no Front sendo lançada um ano depois. Dirigido por Lewis Milestone, o longa fez tanto sucesso que venceu o Oscar de Melhor Filme em 1931, consagrando-se como a primeira adaptação literária a conquistar essa honraria, bem como a primeira vitória conjunta da categoria principal com o prêmio de Melhor Diretor. Agora, 91 anos depois, o diretor Edward Berger (Patrick Melrose e Your Honor), em parceria com a Netflix, traz uma nova versão de mesmo nome do material base para o streaming, exibida na programação da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo na seção Perspectiva Internacional. 

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Free Guy: Assumindo o Controle inicia a revolução dos personagens secundários

cena do filme Free Guy: Assumindo o Controle. Focalizado no centro e ocupando quase toda a imagem está Guy, um homem branco com cabelos e olhos castanhos; está deitado no chão de frente para a câmera, só é possível ver seu rosto (numa expressão melancólica), seus ombros e seus braços – sobrepostos embaixo de seu queixo, apoiando-o. Guy veste uma camisa social azul e um relógio preto no pulso esquerdo. Em desfoque, é possível ver duas janelas e uma luminária atrás de si, e muitos cacos de vidro ao seu redor.
Depois de viver o mesmo dia por tanto tempo, Guy decide abraçar a imprevisibilidade do seu mundo e ainda ser indicado ao Oscar 2022 (Foto: Disney)

Gabrielli Natividade da Silva 

Lançado em 2021 não somente nos cinemas, mas também na plataforma de streaming Star+, Free Guy: Assumindo o Controle chega e se mostra ser mais do que apenas um filme de videogame. Escrito por Matt Lieberman e Zak Penn, e dirigido e produzido por ninguém menos que Shawn Levy – responsável por um dos maiores sucessos da Netflix, Stranger Things –, o longa possui um roteiro interessante, um ritmo envolvente, um balanço perfeito entre comédia e ação, e, claro, efeitos visuais impressionantes que fazem qualquer um ter vontade de jogar o famoso Free City

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007 – Sem Tempo Para Morrer entrega uma missão impossível para próximo James Bond

Cena do filme 007 - Sem Tempo para Morrer. Nela, James Bond, personagem de Daniel Craig, aparece em um baile de gala. Centralizado na imagem e aparecendo do tronco para cima, Bond, um homem loiro, olhos claros e meia idade, veste um smoking preto, uma camisa branca e uma gravata borboleta preta. Atrás de Bond, seis pessoas o rodeiam, quatro homens e duas mulheres, todos também vestidos para um evento de gala. Na cena, um holofote está voltado para Bond, onde seu lado direito está iluminado e o lado esquerdo não, de forma a criar um contraste.
Com quase 60 anos de franquia e depois de 25 filmes, o Bond de Craig é o único que tem uma despedida oficial, com direito a cerimônia de despedida graças as suas indicações ao Oscar 2022 (Foto: Universal Pictures)

Guilherme Veiga

Sem tempo para morrer, e com menos tempo ainda para estrear. Inicialmente planejado para vir ao mundo no longínquo último ano normal da terra, 2019, pelas mãos de Danny Boyle (Trainspotting, Quem Quer Ser um Milionário?), o último capítulo da era Craig sofreu de inúmeros adiamentos. Primeiro, Boyle abandonou o projeto por diferenças criativas e Cary Joji Fukunaga (Beasts of No Nation, True Detective) assumiu o longa, fazendo com que ele fosse jogado para 2020, e azaradamente fosse o primeiro a puxar a fila de adiamentos por conta da pandemia de covid-19. Isso fez com que o filme só conhecesse as salas de cinema em setembro de 2021, 6 anos depois do capítulo anterior, maior intervalo de tempo entre filmes do agente desde 007 contra GoldenEye.

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Dois mundos se chocam em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Cena do filme Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. No centro da imagem está Shang Chi, interpretado por Simu Liu. Ele aparece da cintura para cima. Ele é um homem asiático, de cabelo curto e preto, ele tem olhos castanhos. Ele está vestindo uma camiseta vermelha com desenhos em preto. Ele olha para a câmera. O fundo é preto e nublado. Há anéis brilhando em dourado ao redor de Shang Chi.
Indicado ao Oscar 2022, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis se tornou um sucesso de público e de crítica (Foto: Marvel Studios)

Nathan Sampaio

É muito comum que os filmes com maior notoriedade no Oscar sejam aqueles que concorrem nas principais categorias, como Melhor Filme, Direção, Ator e Atriz. Ainda assim, há ótimos longas que ficam escondidos, pois são lembrados em apenas em uma ou duas disputas técnicas. Na premiação de 2022, temos um excelente exemplo desse caso: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, o longa-metragem indicado na categoria de Melhores Efeitos Visuais. 

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Sem Volta para Casa, o Homem-Aranha busca refúgio em si mesmo

Cena do filme Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. A cena mostra o Homem-Aranha, um jovem branco, se jogando para pegar uma bolha laranja e verde. Ele usa o uniforme vermelho, com detalhes em preto e o cenário ao seu redor é de escombros e destruição.
Leia com cautela, pois o texto abaixo contém spoilers graves dos acontecimentos centrais de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Foto: Sony/Marvel)

Vitor Evangelista

O que significa ser um super-herói? O senso de justiça, o dever a ser cumprido e o regozijo em fazer o bem podem estar na ficha técnica de qualquer mascarado que pirueteia pelas vielas escuras de uma cidade recheada de crimes. O Homem-Aranha, mais do que qualquer outro advento quadrinhesco, ganha novas camadas quando analisamos suas características mais específicas: ele é um adolescente passando pela puberdade, alguém efervescendo e encontrando seu lugar no mundo, em adição a picada do aracnídeo e o combo de grandes responsabilidades que chegam junto dos grandes poderes. 

Em 2018, Homem-Aranha no Aranhaverso soube destacar as particularidades do personagem-título com astúcia, deixando claro que, além do trauma de perder alguém, ser o Cabeça de Teia está muito ligado a ideia de sacrificar seu próprio espaço pessoal em prol de um parente, um amigo ou mesmo uma metrópole. Em 2021, chegou a vez do Peter Parker de carne e osso (Tom Holland) perder o chão e se firmar como o Amigão da Vizinhança que tanto lhe cobraram de ser desde que assumiu o manto em um aeroporto alemão

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O Duna de Villeneuve reanima a ficção científica com suas próprias raízes

Cena do filme Duna de 2021. Nela vemos Paul em destaque no centro, cabisbaixo, enquanto está cercado por soldados Atreides. Ao seu lado e um pouco mais a frente, uma figura dá contraste à imagem devido as cores de suas vestes esvoaçantes.
Duna chega finalmente às telonas com nomes de peso envolvidos na produção (Foto: Warner Bros.)

Ernesto Rangel

A mais nova adaptação da obra-prima Duna, escrita por Frank Herbert, chegou aos cinemas com uma grande responsabilidade em suas mãos: agradar aos fãs do livro, de 1965; corrigir os erros da primeira adaptação cinematográfica, de 1984; e ainda conquistar um novo público que nunca ouviu falar da saga em 2021, apesar de sua contribuição massiva para a ficção científica. Uma avaliação do filme deve se estender por esses três aspectos, nos quais o longa se apresenta: como adaptação de uma obra literária renomada; como remake de um filme falho; e como uma nova produção, lutando por espaço na cultura atual. É necessário ainda dedicar algumas passagens às qualidades necessárias para todo bom longa-metragem.

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Cineclube Persona – Os Vencedores do Oscar 2021

Arte retangular. Quatro imagens estão distribuídas pelo fundo azul claro: fotos de Chloé Zhao, Daniel Kaluuya, Yuh-Jung Youn e Frances McDormand. Todas estão com uma borda colorida ao redor, e possuem o fundo azul. No canto superior esquerdo, está escrito “cineclube persona” de branco. No centro, há o logo do persona. E no canto inferior direito, o logo o oscar com “os vencedores do oscar 2021” escrito em preto.
Os destaques do Oscar 2021: a histórica vitória de Yuh-Jung Youn; o recorde de Chloé Zhao, que lidera a trupe de Nomadland junto de Frances McDormand; e a genialidade e brilhantismo de Daniel Kaluuya (Foto: The Academy/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Perante à situação de uma celebração do Oscar na pandemia, a equipe de produtores de 2021 prometeu que transformaria a experiência em um filme. Eles não mentiram. Começando pela triunfal entrada de Regina King, brilhante como os deuses e confiante como só ela pode ser, caminhando sem pressa pela Union Station, arejada, aberta, com raios solares implorando invadir essa quebra de padrões em formato de cerimônia.

Mas algo soava estranho. Não tinha orquestra, não tinha o filtro plastificado que abraçava as telas dos televisores sintonizados na TNT (ou no Globoplay, ou onde quer que seja) e as bordas pretas, clássicas das telonas, esgueiravam a imagem de uma King lendo no teleprompter um verdadeiro roteiro na hora de premiar, bem, as categorias de Roteiro. Colocando as tradições no bolso do paletó, o Oscar 2021 não nos agraciou com a presença de um de seus atuais Atores Coadjuvantes para premiar sua contraparte deste ano logo de cara.

Ao invés disso, inaugurando essa leva mais moderninha da Academia, subiu ao palco uma bufante e estonteante Emerald Fennell, feliz que sua dita Bela Vingança foi coroada com o prêmio de Roteiro Original. Ela não preparou um discurso, já adiantou a intérprete de Camilla Parker Bowles, previamente se desculpando com Soderbergh (Steven, diretor responsável pela produção de 2021, aquele que prometeu que essa seria uma experiência de Cinema, e não apenas simples TV).

Regina King continuou fazendo graça e esbanjando talento ao apresentar os nomeados em Roteiro Adaptado, prêmio esse que acabou nas mãos de Christopher Hampton e Florian Zeller, escritores de Meu Pai. Vale a menção de que tanto Fennell quanto Zeller acabaram de estrear no Cinema, e já garantiram a honraria que fez Aaron Sorkin sair de casa apenas para anunciar um relacionamento novo, já que seu Os 7 de Chicago foi o único dos grandes indicados da noite a sair sem Oscar nenhum (e olha que a 93ª edição dividiu muito bem seus 23 prêmios).

E foi sendo assim, dois carecas dourados eram entregues por vez, ocasionalmente misturando uma categoria ‘grande’ com uma ‘nem-tão-grande-assim’. O que, a princípio, é muito bem-vindo, considerando que independente da área de atuação, todo e qualquer Oscar distribuído em 25 de abril de 2021 é importante e merece tal reconhecimento. Mas, quando Chloé Zhao subiu ao palco para receber a estatueta de Direção, precedida pela categoria de Melhor Curta-Metragem em Live Action, o efeito não foi o mesmo.

Zhao se tornou a segunda diretora, a primeira não-branca e a primeira chinesa, a vencer a honraria, 11 anos depois de Kathryn Bigelow quebrar o paradigma masculino, por Guerra ao Terror. Mal posso esperar para o Oscar 2032, quando a terceira mulher diretora subir ao palco. Quem leu o envelope com o nome de Zhao foi um socialmente distante Bong Joon-Ho, campeão do ano passado, diretamente de Seul, falando em coreano num segmento que usou da intimidade dos próprios cineastas nomeados para o anúncio.

Os discursos de agradecimento se alongaram mais que o comum, grande acerto da produção de 2021, evitando a terrível orquestra de subir lentamente o tom dos instrumentos para que a pessoa pare de falar o mais rápido possível. Até mesmo o jogo de câmeras, alocadas em lugares não-convencionais, limpou a lente da premiação. Os discursos variaram entre o tocante (Thomas Vinterberg homenageando a jovem filha que morreu pouco antes de estrelar Druk, vencedor de Filme Internacional) e o cômico (Daniel Kaluuya feliz da vida, agradecendo aos pais por terem concebido-no, enquanto ganhava o prêmio de Ator Coadjuvante). 

Yuh-Jung Youn conseguiu fazer os dois. “Eu sou mais sortuda que vocês”, começou a vovó de Minari e a Melhor Atriz Coadjuvante do ano. A atriz, primeira sul-coreana e segunda asiática a vencer por atuação, agradeceu a Brad Pitt (produtor de Minari) e ficou feliz de finalmente tê-lo conhecido pessoalmente. De longe, a temporada de 2021 vai lembrar com carinho das aparições de Youn, desde a surpresa no SAG, o shade no BAFTA e o riso solto no Oscar.

A Netflix saiu com 7 prêmios entre suas 35 indicações, mas mantém a sombra de nunca ter ganhado Melhor Filme. A Voz Suprema do Blues venceu categorias técnicas, assim como Mank, 2 Oscars para cada. Os curtas Dois Estranhos e Se Algo Acontecer… Te Amo saíram com os louros. Nas categorias de Documentário, Colette surpreendeu, e Professor Polvo triunfou, repetindo uma máxima do ano passado: mais uma vez, o pior dos 5 filmes saiu vencedor.

Lembra da promessa dos produtores de fazer o Oscar 2021 ser um filme? Eles cumpriram-na, para o bem e para o mal. O sorrisão de Riz Ahmed não cabia em seu belo rosto quando leu o envelope de Melhor Som, premiando, adivinhem, O Som do Silêncio, protagonizado pelo próprio. Esse que também triunfou em Montagem, colocando a competição para comer poeira. Soul se enquadrou nas expectativas, recebendo Animação e Trilha Sonora Original. H.E.R., um mês depois de vencer o Grammy de Canção do Ano, ganhou o Oscar de Canção Original. E Tenet, mesmo sem o apoio da Warner, levou a melhor em Efeitos Visuais. 

Durante a cerimônia, 2 prêmios Humanitários Jean Hersholt foram entregues. O primeiro homenageou a Motion Picture & Television Fund. Enquanto o segundo, apresentado por Viola Davis em sua única aparição no palco do Oscar, foi dado à Tyler Perry. Importante apontar as mudanças estruturais da premiação deste ano, que viu seus convidados sem máscara frente às câmeras, dividiu a galera entre os Estados Unidos, Londres e Paris e esbanjou um ar mais descontraído que a habitual sisuda entrega de prêmios no Dolby Theatre. Sem os habituais pares de artistas entregando os Oscars e com as músicas indicadas sendo performadas antes da cerimônia, essa edição ficará marcada na história. Foi uma senhora mudança de ares, que ainda precisa de melhorias no futuro.

Quando foi anunciado que a categoria de Melhor Filme não seria a última da noite, um gosto estranho já nos subiu à boca. Rita Moreno apareceu majestosa, citou Amor, Sublime Amor e relembrou os velhos tempos, onde ela própria venceu um Oscar pelo filme. Assim como a divina aparição de Jane Fonda ano passado para premiar Parasita, Moreno leu o nome de Nomadland no envelope colorido. Chloé Zhao, recebendo o segundo prêmio da noite, agradeceu aos nômades da vida real, acompanhada de Frances McDormand, vencendo o terceiro Oscar da carreira e o primeiro por produção. A veterana uivou no palco, homenageando Michael Wolf Snyder, editor de som de Nomadland falecido em março.

O comercial que sucedeu Melhor Filme pareceu mais anticlimático que o necessário. Começando pela aparição de Zhao em Melhor Direção no meio do nada, Nomadland saiu sem o triunfo que grandes vencedores do passado, como Moonlight e o próprio Parasita, puderam saborear. Melhor Atriz desempatou bolões, premiando Frances McDormand, em seu terceiro Oscar na categoria, quarto na carreira, se aproximando mais do recorde de Katharine Hepburn. 

Então, chegou a hora de Melhor Ator. Depois de um ‘In Memorian’ de qualidade questionável, batida agitada, ausências notáveis e aparição relâmpago dos homenageados, a categoria para honrar Chadwick Boseman acabou sendo entregue para outra pessoa. É claro que a vitória de Anthony Hopkins, por Meu Pai, é mais que merecida e merece ser aplaudida, benzida e santificada. A questão não é mérito, não é cota ou homenagem. 

O Oscar 2021 se rearranjou por completo para que acabasse em nota de sensibilidade e felicidade, para que a esposa de Boseman, Taylor Simone Ledward, agradecesse da maneira que fez no Globo de Ouro, no Critics Choice e no SAG. Era o momento do Oscar, depois de ter capitalizado em cima da morte do jovem talento, finalmente premiar atores negros nas categorias principais, era a hora de marcar na história aquele que já seria eterno de qualquer modo, mas merecia a honraria do troféu.

Joaquin Phoenix leu o nome de Hopkins, a tela cortou para uma foto do ator, que não estava presente e o Oscar acabou. No susto, sem comemoração, sem homenagem, sem ter valido o rearranjo de categorias. Foi dito que Olivia Colman subiria ao palco em caso de vitória do companheiro de tela, mas nada aconteceu. O temido anticlímax do filme. 29 anos depois de sua vitória por O Silêncio dos Inocentes, Anthony Hopkins se tornou o ator mais velho a vencer o Oscar. Chadwick morreu sem nenhum.

Concluindo a extensa cobertura do Oscar 2021, o Persona prepara o texto final da edição. A Editoria se juntou aos colaboradores para discutir, de uma vez por todas, o que rolou na 93ª edição dos prêmios da Academia, os recordes, as loucuras, a Glenn Close rebolando e as esnobadas que ficarão para a história. Seja bem-vindo ao Cineclube Especial dos Vencedores do Oscar 2021.

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