A Morte do Demônio: A Ascensão é mais um sangrento acerto para a franquia de Evil Dead

Cena de abertura do filme A Morte do Demônio: A Ascensão. Na imagem, a silhueta de uma mulher, iluminada por trás pelo sol, flutua acima de um rio, os dedos dos pés arrastando sobre a superfície d'água avermelhada. Ao fundo, vê-se uma densa floresta e o céu também avermelhado, com o título do filme preenchendo o horizonte: Evil Dead Rise.
A Morte do Demônio: A Ascensão é o filme mais bem avaliado da franquia (Foto: Warner Bros.)

Larissa Mateus

Não há fenômeno mais comum na história do Cinema, principalmente no gênero do terror, do que a maldição da franquia não planejada. Basta um filme fazer sucesso suficiente na bilheteria que mais da mesma trama entrará em cartaz nos próximos anos, até que o público esteja exausto. A situação se torna cada vez mais exacerbada com a tendência de remakes da última década, recheando o cenário slasher atual com produtos repetitivos e franquias desnecessariamente revitalizadas anos após seus dias de ouro iniciais, como aconteceu com Halloween, O Massacre da Serra Elétrica e Pânico.

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Se se sentir sozinho, Fale Comigo

Fale Comigo estreou no Festival de Sundance de 2023, onde foi adquirido pela A24 para ser distribuído nos Estados Unidos, e passou pelo Festival de Berlim (Foto: Diamond Films)

Vitória Gomez

Vivendo na linha tênue entre mainstream e marginal, o Cinema de Horror encontrou terreno fértil no público nos últimos anos. A A24 é um dos exemplos de produtora e distribuidora independente que, dando liberdade criativa para seus realizadores, lançou sucessos instigantes à audiência e à crítica, e pareceu reacender uma chama que sempre existiu no gênero, geralmente renegada ao lado B. Assim, a produtora assumiu um papel relevante em catapultar ao estrelato obras discretas sob o seu merecido selo de qualidade. Foi o caso de Fale Comigo: chegando aos cinemas mundiais já sob o título de “melhor terror de 2023”, o longa de estreia dos irmãos RackaRacka saiu da Austrália para ganhar o mundo mostrando tudo que o Horror sempre teve a oferecer.

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Entre sustos e risos, M3GAN brinca com a reinvenção do ‘terrir’

Cena do filme M3GAN. Na cena, do lado direito, de perfil, há a atriz Violet Mcgraw, branca e com cabelos longos castanhos escuros. Ela veste uma blusa com estampa de flores. No centro esquerda, está sentada a boneca M3GAN. Branca e com cabelos loiros, ela veste um vestido sobretudo bege com um laço azul, amarelo e vermelho na gola. O sobretudo tem mangas curtas. A robô usa camisa de manga longa listrada cinza e bege abaixo do sobretudo. Na direita, de perfil, está a atriz Allison Williams, uma mulher branca com cabelos longos castanhos e que veste uma blusa de manga longa cinza. O fundo da foto é iluminado, com cortinas e almofadas variadas
Mais de 300 mil pessoas foram rir e se assustar nos cinemas nacionais com M3GAN, filme da Blumhouse que mistura diversos gêneros cinematográficos (Foto: Universal Pictures)

Felipe Nunes

Quem nunca teve medo de uma boneca durante a infância que atire a primeira pedra. Por meio de lendas, séries e filmes, a vertente do terror associada aos brinquedos ficou enraizada no imaginário coletivo popular cultural. O fruto disso foram as célebres sequências envolvendo bonecos sobrenaturais, como a franquia de Chucky e a de Annabelle. Se, no passado, estas obras foram as responsáveis por aterrorizar as crianças, agora, o brinquedo da vez – robô, na verdade – é M3GAN – uma boneca androide que é tão maldosa quanto seus antecessores, mas que, pela primeira vez, não é alvo da possessão de nenhum espírito maligno e sim da própria tecnologia da qual foi criada.

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Desnecessário, Pânico 6 decepciona e mostra problemas estruturais da franquia

Cena do filme Pânico 6. Nela, observa-se uma pessoa vestida com a fantasia do vilão Ghostface. Sua roupa consiste em um manto preto e uma máscara branca com olhos, nariz e boca deformados.
Retornando para a sua sexta aventura, o famoso personagem Ghostface agora aterroriza a cidade de Nova York (Foto: Paramount Pictures)

Guilherme Machado Leal

A pergunta “Qual é o seu filme de terror favorito?” feita pelo vilão Ghostface da franquia de filmes slasher Pânico talvez seja a mais conhecida pelo público geral. A questão exemplifica certamente o conceito do universo criado pelo célebre diretor Wes Craven: na franquia, o cerne da história é a abordagem da metalinguagem, ou seja, brincar com os estereótipos de filmes de terror na própria obra. Com a genial combinação do horror com humor, as sequências estreladas pela final girl Sidney Prescott (Neve Campbell) se destacam justamente por não se levar a sério, e é por isso que Pânico possui uma legião de fãs, os quais são extremamente aficionados pela narrativa instigante de tentar adivinhar quem está por trás dos assassinatos por parte do mascarado. Com a estreia do sexto longa-metragem, a história não seria diferente.

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Até os Ossos é a comprovação de que existe amor a primeira vítima

Cena do filme Até os Ossos. Na imagem temos o personagem Lee, interpretado por Timothée Chalamet, um jovem branco, magro e de cabelos castanhos encaracolados com mechas na cor rosa. Vestindo uma camiseta rosa com detalhes brancos e uma bermuda jeans. Ao lado dele temos Maren Yearly, interpretada por Taylor Russell, uma jovem negra de cabelos ondulados na cor preta, vestindo uma blusa branca e uma saia jeans. Ambos estão em pé nas montanhas, enquanto observam o pôr do sol.
Ovacionado pelo público no Festival de Veneza, Até os Ossos rendeu ao cineasta italiano Luca Guadagnino o prêmio Leão de Prata de Melhor Diretor e a estatueta de Melhor Atriz Revelação para Taylor Russell (Foto: Warner Bros.)

Ludmila Henrique 

Existem infinitas histórias no interior da cinematografia, das mais doces e inocentes como o primeiro amor até os temores e a repulsa dos filmes de terror. Luca Guadagnino, cineasta renomado em contabilizar narrativas sobre o amadurecimento e suas vertentes – como abordado no filme Me Chame Pelo Seu Nome (2017)  e na série We Are Who We Are (2020) – , retorna às telas com Até os Ossos, longa-metragem que une gêneros clássicos do Cinema, para conduzir o romance entre dois canibais marginalizados pela sociedade em busca de pertencimento. 

Adaptando o romance de Camille DeAngelis, Bones And All segue a trajetória de Maren Yearly (Taylor Russell), jovem recém abandonada pelo pai após um incidente em uma festa do pijama. Frank (André Holland), desolado pelo resultado desse acontecimento e perdido sobre o que fazer, decide fugir, deixando a filha apenas com uma fita cassete, compondo gravações pertinentes sobre uma particularidade natural da garota. A jovem, diferente de outros indivíduos, dispõe da incessante necessidade de provar carne humana.

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Do vexame à morte, Bodies Bodies Bodies não tem pudor de si mesmo

Imagem do filme Bodies Bodies Bodies. A foto é retangular e bastante escura. Ela mostra, no centro, quatro das cinco protagonistas do filme. As quatro estão mexendo em uma mala sobre uma cama, o ângulo da câmera as captura da cintura para cima. Da esquerda para a direita: A primeira é Bee, personagem de Maria Bakalova. Maria é uma mulher branca, cabelos loiros que estão presos em um rabo de cavalo. Ela é a que menos aparece na imagem, parcialmente escondida pelos corpos das demais, e segura uma lanterna que é uma das poucas fontes de luz da cena. Ao seu lado está Sophie, interpretada por Amandla Stenberg. Ela é uma mulher negra, com cabelos longos em tranças e luzes loiras. A próxima, ao lado, é Jordan, papel de Myha'la Herrold. Ela é uma mulher negra, usa os cabelos escuros presos no alto da cabeça e segura outra lanterna sob um dos braços. A última, no canto direito, é Alice, personagem de Rachel Sennott. Rachel é uma mulher branca, de cabelos castanhos cacheados. Ela segura um copo com uma das mãos e tem vários colares neon, de festa, no pescoço.
Registrando 86% de aprovação no Rotten Tomatoes, o longa é uma das produções de Terror mais bem avaliadas de 2022 (Foto: A24)

Mariana Nicastro e Vitória Vulcano

Morte. Morte. Morte.” É o que você deve gritar se achar um corpo. O slasher do estúdio A24 aborda o reencontro de antigos amigos que decidem confraternizar em uma noite tempestuosa. Porém, o choque do presente estremece o grupo, que sempre se escondeu sob um véu de mistérios e mentiras. Então, o que seria melhor do que juntar álcool e drogas a um intenso jogo de Bodies Bodies Bodies – uma mistura de Cidade Dorme com Among Us da vida real – na companhia de um verdadeiro homicida?

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Entre a cruz e a espada, Carrie performa o retrato sangrento do fanatismo

Capa do livro Carrie. Na imagem há o desenho de uma garota com sangue escorrendo pelo rosto. Toda a composição da capa é roxa e deixa os traços não muito claros. Os olhos ficam em destaque por mostrarem a parte branca e as pupilas. Na porção superior estão as palavras Biblioteca Stephen King. Já na parte inferior o título do livro. O logo da editora aparece na parte superior esquerda. Todos os textos estão grafados em branco.
Em sua nova edição, Carrie faz parte da Coleção Biblioteca Stephen King e ganha conteúdo extra (Foto: Companhia das Letras/Suma/Arte: Ana Clara Abbate) 

Jamily Rigonatto 

Quão longe um lar instável e um vasto universo de microviolências podem levar alguém? Carrie não se dispõe a responder essa pergunta com plenitude, mas estrutura um argumento definitivamente cinético. No clássico de Stephen King, a personagem que se tornou um ícone do terror, dá vida a um misto de acontecimentos hiperbólicos para eventos reconhecíveis na realidade. A edição especial – publicada pela Companhia das Letras este ano sob o selo Suma – torna o relato perturbador da história da garota que fez pedras choverem e sangue jorrar tão sólido quanto uma imagem de Jesus pendurada na parede da sala. 

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45 anos atrás, Suspiria ressignificava a arte do medo

Imagem do filme Suspiria. A foto é retangular e bem no centro dela está o rosto de Suzy Bannion, em um plano fechado. Suzy é interpretada por Jessica Harper, uma mulher branca, de cabelos castanhos ondulados que vão até os ombros. Ela tem os olhos pequenos e o rosto fino e delicado. Suzy está com uma expressão de medo e horror, com a boca aberta. Ela está com o braço direito levantado e parece prestes a acertar algo a sua frente. Atrás dela, o fundo está desfocado mas é possível destacar luzes fortes em vermelho e uma janela iluminada com um tom de roxo.
Dario Argento teve Alfred Hitchcock como grande inspiração, tendo até sua versão de Janela Indiscreta denominada Do You Like Hitchcock? (Foto: Seda Spettacoli)

Mariana Nicastro

O quão obscuro o meio artístico pode ser? Se as paredes de uma renomada e elitizada academia de dança pudessem falar, o que diriam? Cores vibrantes, trilha sonora inquieta, fotografia teatral, atuações expressivas e uma referência intensa a sonhos, somada a crimes e mistérios. Todas essas são características de uma história contada há 45 anos, responsável por marcar a trajetória do Terror e inspirar o gênero até os dias atuais. Afinal, se o edifício de Suspiria pudesse falar, ele gritaria em meio a luzes coloridas, rituais antigos e um rock psicodélico.

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Sorria aposta em uma narrativa sensível sobre trauma

Cena do filme Sorria, mostra uma jovem branca parada e olhando para a câmera, sorrindo de maneira assustadora. Ela usa blusa verde e camisa xadrez em tons terrosos.
A princípio, o filme tinha planos de ser despejado diretamente no streaming, mas ótimas reações em sessões teste fizeram a distribuidora mudar sua estratégia e planejar um lançamento nos cinemas (Foto: Paramount)

Vitor Evangelista

É como se a fita amaldiçoada da Samara de O Chamado (2002) sofresse uma transfusão sanguínea da IST mortal que assola Corrente do Mal (It Follows, 2015). Não há maneira simples de descrever o sorriso mortal que intitula a estreia em longas do cineasta Parker Finn. Na simples e direta trama de Sorria (Smile), uma psicóloga testemunha um suicídio e vê a própria vida se tornar um labirinto nefasto, em que só há saída na morte.

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5 anos atrás estávamos flutuando em It – A Coisa

Cena do filme It: A Coisa. A imagem é retangular e mostra as sete crianças protagonistas, olhando para cima. Elas estão em um ambiente fechado, mas iluminado. Em um terceiro plano, ao fundo, da esquerda para a direita: na ponta está Eddie, interpretado por Jack Dylan Grazer. Jack é um menino branco, baixo, de cabelos escuros que tem um rosto pequeno e traços delicados. Ele tem cabelos curtos, usa uma camiseta vermelha molhada e está com um gesso sobre o braço direito. Sua expressão é assustada. Ao seu lado está Bill, com um olhar perdido. Ele é interpretado por Jaeden Martell. Jaeden é um menino branco, de cabelos lisos, curtos e castanhos. Em seguida, está Stanley, personagem de Wyatt Olaff. Wyatt é branco, alto e tem cabelos cacheados. Ele usa uma camiseta polo. Ao lado de Stanley está Ben, personagem de Jeremy Ray Taylor. Jeremy é branco, tem cabelos loiro-escuros e lisos, um rosto redondo e é baixinho. Em segundo plano, no centro, está Beverly, interpretada por Sophia Lillis. Sophia é uma menina branca, ruiva, de cabelos curtos e olhos claros. Ela é mais alta do que a maioria dos meninos. Em primeiro plano está Mike, personagem de Chosen Jacobs. Jacobs é um menino negro, de cabelos escuros e curtos. Ele está usando uma camiseta clara suja. Ao seu lado, à direita, está Richie, papel de Finn Wolfhard. Finn é branco, tem cabelos pretos, uma franjinha e um óculos quadrado enorme, em seu rosto pequeno. Ele também usa uma camisa de manga curta com palmeiras.
A escolha certeira do elenco dá dinamismo ao filme e vida ao tão querido Losers’ Club (Foto: Warner Bros. Pictures)

Mariana Nicastro e Nathan Sampaio

Há cinco anos, nos cinemas, Bill, Beverly, Ben, Eddie, Richie, Stanley e Mike deram as mãos em círculo e selaram a promessa de que voltariam a Derry se Pennywise também retornasse. O tal The Losers Club, Clube dos Perdedores ou Clube dos Otários ensinou valores como amizade, lealdade e coragem, e It – A Coisa marcou a cultura pop com um filme que equilibra medo e encanto com maestria. 

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