This is Us: a ternura e a sutileza da família Pearson

(Fonte: Reprodução/NBC)

Rayanne Candido

This is Us”, série da NBC criada por Dan Fogelman carrega o toque familiar, misturando drama e comédia, sorrisos e lágrimas; e sutilmente conquista o coração do público. Ela agrada ao falar sobre temas cotidianos e vem acompanhada de grandes nomes, como Milo Ventimiglia (Heroes), Mandy Moore (Jamie – Um Amor Para Recordar) e Sterling K. Brown (vencedor do Emmy por American Crime Story). E, ainda, teve 90% de aprovação no Rotten Tomatoes, agregador de críticas de filmes e séries.

Na abertura da série, o telespectador acompanha um casal que, ao final de uma gestação de trigêmeos, está à espera do grande momento. Simultaneamente, mostra pessoas que fazem aniversário no mesmo dia completando 36 anos. De princípio, não aparenta existir conexão alguma entre todas elas, mas aos poucos a narrativa do casal vai se misturando com a dos outros personagens e fica perceptível que essas pessoas estão interligadas de alguma forma.

A trama do casal Jack (Milo Ventimiglia) e Rebecca (Mandy Moore) se encontra com a dos irmãos, Kate (Chrissy Metz), Kevin (Justin Hartley) e Randall (Sterling K. Brown), nascidos no mesmo dia, porém em contextos distintos. O que parecia acontecer no presente, na realidade aconteceu há 36 anos atrás, já que os irmãos nasceram no mesmo dia que o 36º aniversário do pai. E a partir daí o retrato da família Pearson começa a ser moldado.

Isso tudo foi uma jogada para deixar bem aparente que a série não se desenvolverá em ordem cronológica. A trama é construída grande parte pelo uso de flashbacks. Ao variar entre entre momentos do passado e do presente a narrativa se aprofunda na trajetória dos Pearson, transitando pela infância, adolescência e a fase adulta. Assim, a cada episódio as peças do que aconteceu nesse meio tempo (do nascimento dos irmãos até o aniversário de 36 anos) vão se encaixando.

“This is real, this is love, this is life, this is us”

Ao descobrir a gravidez, Jack e Rebecca têm que abdicar de seus almejos profissionais: ele do sonho de ter sua própria construtora e ela de obter ascensão como cantora para focarem totalmente no “Big Three”. Muitas famílias vão se identificar com esse casal, pois se já é delicado criar um filho, imagina o quão deve ser criar três de uma vez. A aproximação do público com as situações vivenciadas pelos personagens é um dos motivos que torna a série envolvente, quem assiste, se enxerga de alguma forma no desenrolar das crônicas apresentadas e consequentemente cria um laço afetivo com toda a trama. Se trata de uma série que toca as pessoas, uma série humana.

“The Big Three” é o nome dado carinhosamente as crianças pelos seus pais. (Fonte: Reprodução/ NBC)

Kevin Pearson (Hartley) é o mais velho do grande trio, é famoso por interpretar um homem que trabalha como babá, se encaixa no estereótipo de “ator bonitão”, porém ele se decepciona por não ser considerado um artista de verdade e apenas ser lembrado pelas futilezas de seu personagem no programa de televisão. Na infância, Kevin sempre se sentiu deixado de lado por considerar que os irmãos recebiam mais atenção dos pais.

Kate Pearson (Metz) que assim como o seu irmão Kevin, é fruto da gestação dos trigêmeos, enfrenta uma luta interminável contra a obesidade, e sofre cada vez que fracassa em uma de suas dietas. Desde pequena, mantêm um relacionamento difícil com sua mãe, que ao perceber que a filha estava desenvolvendo sintomas de obesidade tentava a manter em uma dieta restrita, criando para Kate um ideal de mulher perfeita em sua própria mãe.

E finalmente, Randall Pearson (Sterling K. Brown), coincidentemente nasceu e foi abandonado no mesmo dia do nascimento dos trigêmeos. Como o terceiro filho de Jack e Rebecca veio a falecer, eles viram nele a oportunidade certa e o adotaram. É um homem negro bem sucedido com esposa e filhas, apresentado desde o início como o mais carinhoso dos irmãos, porém não chegou a conhecer seus pais biológicos – fato que o assombra desde criança – então tenta encontrar essa parte de sua vida que falta.

A ideia principal era chamar a série de 36 por conta da grande importância deste número para o enredo, mas a produção achou o nome um tanto quanto impessoal e não chamativo. Na imagem, Rebecca e Jack, os pais do “Big Three”. Fonte: Reprodução/ NBC.

Na sutileza dos detalhes é que todo o arco narrativo da família se constrói. Um elemento muito importante é a trilha sonora que foi bem selecionada e aplicada, reforça todo o sentimentalismo de cada cena e principalmente, dá o toque final da carga dramática.

Com simplicidade, “This is Us” ressalta a importância dos laços familiares e incita uma reflexão sobre o cotidiano de uma forma especial.

Deixe uma resposta