Bicho Monstro fez parte da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na seção Novos Diretores (Foto: Vitrine Filmes)
Nathalia Tetzner
Representando nas telonas o imaginário popular da região Sul do Brasil, Bicho Monstro fez parte da seleção da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na seção Novos Diretores. O diretor, Germano de Oliveira, coloca em perspectiva uma narrativa sobre o Thiltapes, um animal perigoso que vive nas florestas mais densas dos lugares ocupados por imigrantes alemães no país. Acontece que a ave sanguinária não é, nem de longe, o aspecto mais aterrorizante do filme.
O filme ganhou o prêmio de Melhor Longa-Metragem de Ficção no Festival do Rio 2024 (Foto: Vitrine Filmes)
Davi Marcelgo
No momento em que o diretor Marcelo Caetano filmou ‘Baby’ (João Pedro Mariano) – ainda Wellington naquela cena – na FEBEM, um nome ecoava de dentro da cela: Héctor Babenco, seja nas ideias, estilização em cores, Fotografia ou iluminação. Ainda assim, Baby transpira personalidade e dor. Selecionado para a seção Mostra Brasil, o filme faz parte da programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Zafari também foi exibido no Festival de San Sebastián (Foto: Vitrine Filmes)
Vitória Borges
A produção venezuelana Zafari, presente na seção Perspectiva Internacional da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, conta a história de uma família em situações precárias vivendo em uma Caracas distópica. Produzido por Mariana Rondón, o longa mostra a cidade dividida entre uma sociedade que está à beira de desmoronar e a ânsia pela fuga do país – fazendo uma clara comparação com a situação da Venezuela contemporânea.
Davi Pretto recebeu o prêmio de Melhor Direção na categoria Novos Rumos do Festival do Rio 2024 (Foto: Vitrine Filmes)
Vitória Borges
Exibida nos prestigiados Festival Internacional de Cinema de Munich e Festival do Rio, a produção brasileira Continente faz parte da seção Mostra Brasil na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O longa, que acompanha a história de um simples vilarejo nas planícies do Sul do país, mostra uma narrativa muito distópica que aborda o colonialismo, misturando drama com horror.
Exibido no Festival de Cinema de Animação de Annecy, Perlimps integra a Mostra Brasil e marca o retorno de Alê Abreu à Mostra de SP, em sua 46ª edição (Foto: Vitrine Filmes)
Vitor Evangelista
Na floresta colorida que preenche com entusiasmo a tela de Perlimps, uma das animações mais aguardadas da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, dois agentes secretos duelam por um bem em comum. Do Reino do Sol, Claé (Lorenzo Tarantelli) é uma raposa que insiste em se identificar como lobo, enquanto Bruô (Giulia Benite), nascida no Reino da Lua, representa uma miscelânia selvagem, assumindo a forma de um urso com rabo de leão. À primeira vista inimigos, os bichinhos entendem que apenas com a união será possível derrotar o inimigo invisível.
Em seu ano de lançamento, o filme protagonizado por Sônia Braga não agradou nada os cidadãos de bem (Foto: Victor Jucá)
Gabriela Reimberg
É impossível falar de Aquarius sem mencionar o caótico frenesi que atravessava a política brasileira em seu ano de seu lançamento. A narrativa de aversão à esquerda, predominante na mídia, recebeu mal o filme quando, em maio de 2016, no Festival de Cinema mais importante da Europa, o elenco tomou a iniciativa de protestar contra o impeachment ilegítimo que levou Michel Temer à presidência. “Assim que Aquarius estrear no Brasil, o dever das pessoas de bem é boicotá-lo”, dizia uma matéria da época. Foi no berço desse borbulhante caldeirão de reacionarismo que o segundo longa de Kleber Mendonça Filho veio ao mundo.
Alvorada, o novo filme de Anna Muylaert e Lô Politi, registra o processo de impeachment de Dilma Rousseff de dentro do palácio presidencial (Foto: Vitrine Filmes)
Raquel Dutra
A história da política brasileira é cinematográfica por si só. Quem dera tudo o que assistimos acontecer através dos telejornais diários fossem apenas loucuras roteirizadas por mentes ardilosamente férteis, e não tema de análises profundas e urgentes de diversas produções de não-ficção. Dentre todos os eventos surreais e reviravoltas cabulosas que acontecem na capital do país e em seus centros políticos derivados, algo em específico perturba os corajosos que se dispõem a interpretar essa realidade maluca definitivamente deflagrada em 2016. Afinal, mesmo na terra conhecida por seus mandatos presidenciais inacabados, o angu da queda de Dilma Rousseff ainda tem alguns caroços.
Aos olhos da produção documental brasileira, a análise do processo que tirou a primeira mulher eleita à presidência do Brasil de seu exercício não é resultado de obras isoladas, mas sim o centro de todo um movimento. É o chamado Cinema do Golpe, construído nos últimos anos através de uma série de produções que se propõem a abordar a queda de Dilma Rousseff e toda a crise social e política que a acompanha. Cinco anos e alguns filmes depois, a decadência do nosso ambiente democrático permanece deixando o melhor roteirista de House of Cards boquiaberto e mostrando que ainda existe o que se discutir sobre o início do declínio, desde seus ocasos, até a sua Alvorada.