O Cinema sul-coreano fez barulho ao ganhar o prêmio máximo de Cannes alguns meses atrás. Parasita, obra prima do diretor Bong Joon-Ho, quebra a barreira da língua e orquestra um espetáculo de tirar o fôlego. As nuances violentas de uma família pobre e sua simbiose à classe rica são idealizadas num longa que não se cansa de passar a perna em seu espectador.
Era uma vez um diretor consagrado e com promessa de aposentadoria. Em seu nono filme, esse mesmo diretor decide voltar ao fim da década de 60. O auge do movimento hippie e o declínio da Era de Ouro do cinema norte-americano. Quentin Tarantino não brinca em serviço e chega aqui em seu trabalho mais otimista, quase um sonho distante, de alguém que é apaixonado pela arte que produz.
O Rei Leão original, lá de 1994, talvez seja a animação mais importante da Disney. O filme relê Shakespeare, evoca um senso do épico e é completo dentro de si. A grandiosa jornada de Simba, Nala e Scar agora retorna aos cinemas num longa que, munido do fotorrealismo de Jon Favreau, falha em rememorar o principal fator do desenho: emocionar seu público.
O segundo capítulo da saga do Homem-Aranha veio cedo demais. Menos de três meses depois da avalanche Vingadores: Ultimato, a Marvel trazer de volta o Cabeça de Teia é uma jogada arriscada. Sim, podemos combinar que não dependia só deles, a parceria com a Sony exigia um filme do Teioso no catálogo neste verão americano.
É amargo o gosto que fica na boca depois de assistir o épico contra Thanos e absorver suas consequências para a franquia, lembrando que logo menos Peter Parker e cia iam voltar a se balançar por teias na Europa. Com isso estabelecido, Longe de Casa aceita a posição de epílogo da Saga do Infinito e semeia pistas para as futuras estações da Marvel nos cinemas.
Mesmo com cortes na cultura, educação, nossa agência do audiovisual parada, o Brasil saiu vitorioso no mês passado. Bom, ao menos lá fora. O festival mais importante do cinema, a 79ª edição de Cannes, homenageou Agnés Varda na capa e ocorreu entre os dias 14 e 25 e premiou e muito o cinema nacional.
Todo mundo esperava por um protesto (e até teve!) à altura do de 2016, quando o elenco de Aquarius levantou cartazes denunciando a situação de impeachment que acontecia no Brasil, com a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Esse ano, Kléber já anunciava: Bacurau é o protesto e fala sobre o Brasil. Surpreendeu e agradou, levando o prêmio do Júri e dividindo a honraria com o francês “Les Miserables”. Fazendo companhia, A Vida Invísivel de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz levou venceu a Mostra Um Certo Olhar, paralela à oficial, com filmes mais experimentais.
Nos bastidores, a RT Features, importante produtora brasileira, lançou 3 títulos, entre eles o já mencionado de Aïnouz, o psicóligoco thriller estrelado por Robert Pattison e Willem Dafoe, The Lighthouse e Port Authority, drama queer da nova iorquina Danielle Lessovitz.
Enquanto o caos aqui ainda reina, podemos afirmar: nosso cinema ainda vive! Sem mais delongas, seguimos com nossa tradicional seleção de destaques do mês na sétima arte, dessa vez com adição de duas séries de TV que se despediram em maio, confiram!
Produzir um live action não é uma tarefa simples, como muitos casos que não terminaram tão bem. Embora aconchegante, Cinderela (2015) é imemorável, Dumbo (2019) é um fracasso e Christopher Robin (2018) não atinge seu verdadeiro potencial. Mesmo que imperfeito, Aladdin (2019) reinventa a animação original e mostra um mundo ideal a ser seguido.
Ultimato é o apogeu do cinema de heróis. Saúda o americanismo e reverencia tudo que a Marvel lançou as telonas nos últimos onze anos. O quarto capítulo dos Vingadores, aliás, pode (e deve) ser avaliado em duas correntezas: em primeiro lugar, o arco final dos mascarados, a finalização da Saga do Infinito; e, num segundo olhar, o filme é um grande manicômio criativo vomitado dos gibis. E nada poderia ser melhor.
A sétima arte entrou de luto no fim de março. A cineasta Agnès Varda morreu na noite do dia 28, em consequência de um câncer, aos 90 anos. Fotógrafa, cineasta, documentarista, e formada em psicologia e literatura, ela é hoje o principal nome a lembrar quando se fala em cinema autoral francês de qualidade, a novelle vague – precursora do movimento e uma das raras figuras femininas a compô-lo.
A diretora de clássicos como Cléo das 5 às 7 (1962) e Os Catadores e eu (1999, um dos seus muitos filmes-ensaios documentários) foi assunto da última edição da nossa newsletter (se não assinou, assine já) e não poderíamos deixar de fora na retomada do cineclube, com os destaques do cinemas brasileiros no último mês.
A família está no centro de tudo. Shazam! é um filme sobre o coração dos bons e destemidos. Aqueles que, mesmo falhos, se tornam heróis. Billy Batson (Asher Angel) é um jovem que recebe poderes do Mago Shazam e, ao dizer seu nome em voz alta, assume a forma do homem perfeito. Na nova safra da DC Comics no cinema, o diretor David F. Sandberg adiciona sua visão elegante do terror a uma clássica história de origem.
Hollywood é carente de ideias originais. Na era dos remakes e revivals, produtos recém-nascidos (quando bem feitos) enchem os olhos. Sob o astuto comando de Tim Miller (Deadpool), a Netflix disponibiliza 18 curtas animados, cada um mais inovador que o anterior e que acendem a chama da esperança de renovações lá na América do Norte. Chega Love Death + Robots.