O som do rugido da onça torna o asfalto em rio e naufraga navios

O primeiro livro de Micheliny Verunschk pela Companhia das Letras foi mais uma das leituras escolhidas para o Clube do Livro do Persona (Foto: Companhia das Letras)

Enzo Caramori

“Arre!” 

Mesmo que em um deserto, morro ou tomada de construções e blocos de concreto, toda cidade já foi uma floresta. Uma floresta que não se classifica em biomas, espécies de animais e plantas, mas sim em um espírito. A floresta é um nome próprio: um ser gigante e elegante que não apenas oferece minérios, inhames e corpos de rios – além do seu próprio. É um espaço de conhecimento, visão e mundo, que invade até mesmo, no livro O som do rugido da onça, a Literatura. 

Continue lendo “O som do rugido da onça torna o asfalto em rio e naufraga navios”

Estante do Persona – Agosto de 2023

 

Apoiado em sentimentalismo, O som do rugido da onça foi a leitura escolhida para o Clube do Livro de Agosto (Foto: Companhia das Letras/ Arte: Raíra Tieng0/ Texto de abertura: Jamily Rigonatto)

Voltando a rotina depois de uma pausa merecida, os integrantes do Clube do Livro do Persona repousaram os olhares para o vencedor do Prêmio Jabuti de Romance Literário em 2022, O som do rugido da onça, de Micheliny Verunschk. Adentrado em uma narrativa que devolve o protagonismo às verdadeiras vítimas da colonização, o texto caminha através da histórias das crianças indígenas Iñe-e e Juri. 

A escritora e historiadora já é figurinha marcada no universo literário nacional, e conquistou o Prêmio São Paulo de Literatura em 2015, com Nossa Teresa: vida e morte de uma santa suicida. Micheliny também foi duas vezes finalista do Prêmio Rio de Literatura e no último ano, com O som do rugido da onça, representou o Brasil no Prêmio Oceanos – uma das premiações literárias mais importantes dos países de língua portuguesa. 

Na obra escolhida da vez, somos levados de forma poética, mas avassaladora, a trágica história das crianças raptadas pelos exploradores Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius. Em um misto de medo, separação, saudade e vidas interrompidas, o foco se entrega completamente às faces da dor, enquanto as entrelinhas se envolvem com os mistérios da espiritualidade

A leitura das 168 páginas se desfaz em uma densidade quase versada e resta nos que a acompanham as milhares de incertezas sobre a construção de um país que se revela tão bem na ficção quanto o faria nos pedaços ocultados pela versão dos opressores. E para não perder o costume, o Estante do Persona de Agosto de 2022 deixa suas indicações dedicadas a todos os que optam por ver o mundo entre os múltiplos pontos de vista. 

Continue lendo “Estante do Persona – Agosto de 2023”