Antes do sucesso nas telas de cinema, o longa-metragem foi aclamado pela crítica especializada no Sundance Film Festival e na 73ª edição do Berlinale (Foto: California Filmes)
Ludmila Henrique
Na cultura sul-coreana, há um conceito conhecido como In-Yun, que pode ser lido como “destino” ou “reencarnação”. Em gênese, In-Yun é o pressentimento que nos arrebata quando entendemos que uma eventualidade estava predestinada em nossos acasos, desenhada em algum no campo cósmico, e que nada e nem ninguém, poderia ser capaz de interferir naquela factualidade. Em Past Lives, longa de estreia da cineasta Celine Song exibido no Brasil durante a 25ª edição do Festival do Rio, vemos o movimento de tempo entre dois melhores amigos e a maneira que seus destinos estão entrelaçados involuntariamente com suas vidas passadas.
Apoiado em sentimentalismo, O som do rugido da onça foi a leitura escolhida para o Clube do Livro de Agosto (Foto: Companhia das Letras/ Arte: Raíra Tieng0/ Texto de abertura: Jamily Rigonatto)
Voltando a rotina depois de uma pausa merecida, os integrantes do Clube do Livro do Persona repousaram os olhares para o vencedor do Prêmio Jabuti de Romance Literário em 2022, O som do rugido da onça, de Micheliny Verunschk. Adentrado em uma narrativa que devolve o protagonismo às verdadeiras vítimas da colonização, o texto caminha através da histórias das crianças indígenas Iñe-e e Juri.
A escritora e historiadora já é figurinha marcada no universo literário nacional, e conquistou o Prêmio São Paulo de Literatura em 2015, com Nossa Teresa: vida e morte de uma santa suicida. Micheliny também foi duas vezes finalista do Prêmio Rio de Literatura e no último ano, com O som do rugido da onça, representou o Brasil no Prêmio Oceanos – uma das premiações literárias mais importantes dos países de língua portuguesa.
Na obra escolhida da vez, somos levados de forma poética, mas avassaladora, a trágica história das crianças raptadas pelos exploradores Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius. Em um misto de medo, separação, saudade e vidas interrompidas, o foco se entrega completamente às faces da dor, enquanto as entrelinhas se envolvem com os mistérios da espiritualidade.
A leitura das 168 páginas se desfaz em uma densidade quase versada e resta nos que a acompanham as milhares de incertezas sobre a construção de um país que se revela tão bem na ficção quanto o faria nos pedaços ocultados pela versão dos opressores. E para não perder o costume, o Estante do Persona de Agosto de 2022 deixa suas indicações dedicadas a todos os que optam por ver o mundo entre os múltiplos pontos de vista.
Lançado em 2008, Sex and the City – O filme motivou inúmeros jovens a seguir seu próprio sonho em Manhattan (Foto: HBO)
Ludmila Henrique
Em 1998, o seriado de Sex and the City regressou às telinhas norte-americanas e, em poucos minutos de exibição, metamorfoseou toda a próxima geração de dramaturgias dos anos 2000. O impacto de quatro mulheres com personalidades opostas, falando abertamente sobre sexo e seus relacionamentos complicados, estava fortemente vinculado com a nova linhagem de jovens adultos que procuravam incessantemente realizar seus propósitos profissionais na atribulada e glamurosa cidade de Nova York. O sucesso na Televisão foi tão grandioso e aceito pelo público que, após o encerramento de suas gravações, o roteiro de um filme sequencial da série havia sido confirmado, este que, há 15 anos, foi eternizado pelo olhar do cineasta Michael Patrick King.
Ovacionado pelo público no Festival de Veneza, Até os Ossos rendeu ao cineasta italiano Luca Guadagnino o prêmio Leão de Prata de Melhor Diretor e a estatueta de Melhor Atriz Revelação para Taylor Russell (Foto: Warner Bros.)
Ludmila Henrique
Existem infinitas histórias no interior da cinematografia, das mais doces e inocentes como o primeiro amor até os temores e a repulsa dos filmes de terror. Luca Guadagnino, cineasta renomado em contabilizar narrativas sobre o amadurecimento e suas vertentes – como abordado no filme Me Chame Pelo Seu Nome (2017) e na série We Are Who We Are (2020) – , retorna às telas com Até os Ossos, longa-metragem que une gêneros clássicos do Cinema, para conduzir o romance entre dois canibais marginalizados pela sociedade em busca de pertencimento.
Adaptando o romance de Camille DeAngelis, Bones And All segue a trajetória de Maren Yearly (Taylor Russell), jovem recém abandonada pelo pai após um incidente em uma festa do pijama. Frank (André Holland), desolado pelo resultado desse acontecimento e perdido sobre o que fazer, decide fugir, deixando a filha apenas com uma fita cassete, compondo gravações pertinentes sobre uma particularidade natural da garota. A jovem, diferente de outros indivíduos, dispõe da incessante necessidade de provar carne humana.
Logo que foi lançada, The Legend of Vox Machina alcançou 100% de aprovação da crítica especializada no Rotten Tomatoes (Foto: Amazon Prime Video)
Ludmila Henrique
O que faz um evento de RPG de mesa ser tão importante nos dias de hoje? Seria a lembrança dos contos de fadas de quando éramos crianças, as histórias criadas e os desafios presentes nos jogos, ou talvez, seja apenas o prazer de passar aquele momento com seu grupo de amigos e aproveitar o máximo daquele tempo? Independente da sua motivação para participar das partidas, A Lenda de Vox Machina (The Legend of Vox Machina), nova animação do Amazon Prime Video, compõe toda magia e reviravoltas existentes nos jogos de tabuleiros.
A união entre Miyagi-Do e Eagle Fang marca o encerramento das brigas entre dojos, ou melhor, abre espaço para novas rivalidades (Foto: Netflix)
Ludmila Henrique
As pessoas definem o passado como um acontecimento deixado para trás, um evento constituído por esquecimentos perdidos e, outras vezes, encarregado de voltas eternas às mesmas memórias. A nostalgia presente nele é recorrente em diálogos sobre o primeiro beijo, desavenças no período escolar, ouvir pela primeira vez um solo de guitarra durante um show de rock, ou talvez, o dia do baile de formatura. Outrora, para certas almas, o passado se encontra incorporado em uma pessoa, e às vezes, em um lugar. Em Cobra Kai, após 32 anos das finais do campeonato All Valley de karatê, os destinos de Johnny Lawrence (William Zabka) e Daniel Larusso (Ralph Macchio) se esbarram novamente nos tatames do torneio. Mas dessa vez, unidos como aliados.
Entre o melhor da TV em 2021, tivemos as estreias de WandaVision e Only Murders in the Building e o fim de Pose (GIF: Reprodução/Arte: Ana Clara Abbate/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)
Não há maneira de iniciar uma lista que compila a nata de 2021 sem antes reconhecer o impacto da pandemia nas produções televisivas. Ainda lidando com os efeitos de atrasos, adiamentos e cancelamentos, a TV mundial se uniu ao redor dos heróis da Marvelno Disney+, das complexas famílias da HBOe, claro, de todo e qualquer original Netflix.
Por isso, não se assuste ao ler sobre a expansão dos Vingadores para as telinhas, com a campeã de citações WandaVision, nem com a astúcia de Kate Winslet no papel de uma policial com bastante a resolver, muito menos com as desventuras da puberdade que continuam excitando os personagens de Sex Education. Para esse ano que passou, o Persona aboliu as listas individuais.