Madvillainy: o rap pode (e deve) ser divertido

Gabriel Leite Ferreira

Madvillainy, o primeiro e único álbum da dupla MF Doom e Madlib, completou 15 anos na última semana e poderia muito bem ter saído ontem. Especialmente em 2018, sua influência ressoou em alto e bom som no hip hop com o some rap songs de Earl Sweatshirt. A produção lo-fi, as canções sem refrão, as letras enigmáticas e o fluxo contínuo entre as faixas: um filho direto da obra-prima de 2004. Os vilões mais daora do pedaço nunca foram tão relevantes.

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Fabricio FBC e S. C. A., siglas decorativas, significados grandes

Gangsta lust!!!!!!!!!!!!!

Gabriel Leite Ferreira

“S. C. A.”, novo disco do rapper FBC, saiu no fim de outubro. Esbarrei com ele por acaso no Spotify, 30 minutos em poucas faixas, tava indo dormir, mas por que não? Vários dos discos do ano tiveram essa mesma duração, afinal…

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The Get Down parte 2: do Bronx ao mundo

Imagem The Get Down

Matheus Rodrigo

Atualmente, o enfoque da indústria de entretenimento é atingir todos e todas. O plano é incluir, mas, às vezes, não necessariamente incluir representatividade. No momento da produção de conteúdo, procura-se atingir todos os nichos, ter demanda, falar com o público sobre assuntos complexos de forma simples. The Get Down é uma das séries da Netflix que aposta nisso. Continue lendo “The Get Down parte 2: do Bronx ao mundo”

DAMN: a era de Kendrick Lamar continua

 

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Nilo Vieira

Em uma análise acerca de diferentes carreiras musicais elogiadas por crítica e público, algumas características em comum são encontradas. Reinvenção, consistência, alcance fora de seu nicho de origem, capacidade de extrapolar seu trabalho além do som. Poder de performances ao vivo, o modo como personas públicas se traduzem (ou se fragmentam) na arte, importância social e, claro, qualidade – um aspecto que é tão subjetivo como não é. Continue lendo “DAMN: a era de Kendrick Lamar continua”

Moonlight: gay kid, m.A.A.d city

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Nilo Vieira

Artistas negros sempre estiveram entre os mais importantes e inovadores em todos os segmentos, ainda que o reconhecimento fosse tardio ou quase inexistente. Na década atual, porém, este cenário vem mudando, dado que as lutas sociais da população negra são cada vez mais constantes e visualizadas: mais do que nunca, exigem ser vistos, ouvidos e representados dignamente, especialmente na arte. Continue lendo “Moonlight: gay kid, m.A.A.d city”

Os melhores álbuns de 2016

melhores álbuns 2016

Que ano foi 2016 para a música! Tivemos grandes perdas, é claro, mas também lançamentos impactantes. Aliás, os que se foram deixaram obras fundamentais. A lista dos cinco melhores discos do ano do Persona exalta as inovações dos artistas mais jovens, assim como põe abaixo o horrível clichê de que os veteranos da música popular não têm mais nada a dizer.

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Após 20 anos, o que há ainda para compreender em Endtroducing…?

Endtroducing… é o disco que redefiniu gêneros músicas na década de 90 e ainda hoje tem muito a mostrar para os nascidos pós música digital.

Uma ode ao culto do LP e gatos: capa completa do álbum
Uma ode ao culto do LP e gatos: capa completa do álbum

Adriano Arrigo

Houve uma época em que se falava de boca cheia a quantidade de gigabytes que se possuía em uma mídia digital. Hoje, o brado do materialismo digital foi suprido por uma conta premium no Spotify. Há algo a se pensar nesse processo; porém, antes é de saber que a experiência proporcionada pela música independe dos meios pelos quais ecoa.

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A Tribe Called Quest e Metallica: os dois lados da nostalgia

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João Pedro Fávero e Nilo Vieira

Este mês foi marcado por dois lançamentos muito aguardados de artistas seminais em suas áreas: o álbum final do grupo de rap A Tribe Called Quest, We Got It From Here… Thank You 4 Your Service e Hardwired… To Self-Destruct, nova empreitada do Metallica. Além de serem discos duplos com títulos enormes, possuem o apelo nostálgico como semelhança notável e são exemplos distintos de como construir o futuro se utilizando das raízes do passado. Continue lendo “A Tribe Called Quest e Metallica: os dois lados da nostalgia”

As Marias do hip hop

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As mulheres sempre presentes nos eventos, mostrando que o protagonismo é delas também (Foto: Bruno Figueiredo)

Bárbara Alcântara (com colaborações de Giovana Moraes, Daiane Tadeu e Ingrid Watanabe)

É pedrada atrás de pedrada: desde as duas séries da Netflix, “The Get Down” e “Luke Cage”, até a recente notícia do disco póstumo do Sabotage, que já está disponível no Spotify. O ano de 2016 está marcado por uma porção de lançamentos, referências e homenagens ao hip hop. Se, por um lado, toda essa repercussão colabora para a difusão dessa cultura de resistência e contestação social, os projetos de grande impacto também retratam o evidente protagonismo masculino na cena. Por essa perspectiva, infelizmente ainda não há nada novo sob o sol.

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The Get Down: uma homenagem às origens do hip-hop

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Os Get Down Brothers

Matheus Fernandes

Na década de 70, Nova Iorque era o inferno na terra. A divida impagável crescia na medida em que o arrecadamento caia e a classe média abandonava a cidade pelos recém criados Suburbs. A situação econômica motivou uma série de cortes na máquina pública, principalmente nos mecanismos de bem-estar social, gerando as condições perfeitas para picos históricos de criminalidade. Filmes da época como The Warriors e Escape From New York retratam bem a impressão que se tinha, de uma violência epidêmica que dominava tudo. Mesmo Taxi Driver, clássico de Martin Scorcese, exibe a cidade como epicentro da degeneração humana.

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