Ryan Murphy é uma fábrica de fazer séries. Apenas listando as produções que ele idealizou nos últimos meses, a lista é extensa. Seja com Pose, drama sobre a comunidade trans nos anos oitenta, onde ele toca em pontos sensíveis e brutos de uma realidade humana, ou na sátira engravatada de The Politician, que não fede nem cheira, em American Horror Story, o produtor brinca com elementos de terror e medo para contar fábulas táteis a quem assiste.
‘Quando se tem olhos, é impossível olhar para o nada. Você sempre está perante alguma coisa, baleias, o mar.’ Quando Barb (Jane Morris) diz isso antes de morrer no trágico acidente que enviuvou Ellen (Meryl Streep), A Lavanderia cria uma inusitada e pessimista dicotomia dentro da estranha narrativa que quer contar. Passados os créditos do longa de Steven Soderbergh, é possível afirmar que sim, mesmo tendo olhos, acabamos de olhar para 96 minutos de nada.
A Série Napolitana, escrita pela autora italiana que atende pelo pseudônimo de Elena Ferrante, é a história de uma amizade entre duas mulheres durante toda a vida. A autora que permanece em segredo conseguiu apresentar uma relação tão complexa quanto as próprias protagonistas. Os quatro livros que compõe a série são: A Amiga Genial (2011), História do Novo Sobrenome (2012), História de Quem Foge e de Quem Fica (2013), e História da Menina Perdida (2014). Eles narram a intensa amizade entre Lenu e Lila da infância até a velhice.
A peça Quem é Quem, protagonizada por Eri Johnson e Viviane Araújo e encenada no dia 22 de setembro no Teatro Municipal de Bauru, representa bem as comédias de relacionamento que vemos frequentemente nos palcos brasileiros.
“Nós somos feitos um pro outro de encomenda/ Como a chave e a fenda, como a luva e a mão/ O nosso amor é kama sutra, é juventude/ É demais, parece um grude/ Corpo, alma e coração”. Esse trecho faz parte de Mais Feliz, composição de Toninho Geraes regravada por Zeca e usado na abertura de seu novo álbum. Um lançamento de uma das maiores figuras do Brasil é muito mais do que somente uma coleção de canções, é um convite a relembrar toda a trajetória que marcou o país. É sinônimo da genuína brasilidade.
Aviso de Gatilho: Elena pode conter elementos prejudiciais àqueles sofrendo com depressão ou pensamentos suicidas.
Raquel Dutra
O segundo longa-metragem de Petra Costa leva o nome de sua irmã mais velha, a atriz Elena Andrade. Sob a premissa de retratar a história da jovem e os sentimentos que a família conserva por sua memória, Elena toca em debates ultra sensíveis acerca de suicídio e depressão, ao mesmo tempo em que carrega o valor de ser considerada como uma obra marcante da documentarista. No filme, tudo tem um único fim: construir um retrato íntimo e profundo da vida de Elena, que aos vinte anos, tratando de doenças psicológicas e tentado se reerguer de desilusões profissionais, findou a sua própria vida.
Não, Dor e Glória (Dolor y Gloria, no original) não é um filme autobiográfico. Seu realizador, o notório Pedro Almodóvar, prefere o termo autoficção. Caminhando em território poético, o cineasta conta uma história íntima sobre amores, perdas e sobre o passado de um diretor de cinema, brilhantemente vivido por Antonio Banderas.
O Coringa é um dos vilões mais importantes das histórias em quadrinhos, o caos e a loucura que envolvem a psique do personagem o tornam curiosamente cativante. Ele foi eternizado por interpretações memoráveis, principalmente a de Heath Ledger que no cultuado “Batman: Cavaleiro das Trevas” (2008), cuja performance pareceu ser o rosto definitivo do palhaço do crime. Coube agora a Joaquin Phoenix deixar sua marca, mas dessa vez o vilão protagoniza um filme solo. Dirigido e co-roteirizado por Todd Phillips, “Coringa” é um profundo estudo de personagem. O filme adentra a insanidade do palhaço na forma de um thriller psicológico, e é mais um que se afasta do falido universo da DC nos cinemas.
Uma pessoa com hábitos autodestrutivos se vê numa situação em que a vida a obriga reconhecer seus erros – e consertá-los – ao reviver o mesmo dia várias vezes. Parece familiar, não? Isso porque, assim como qualquer série ou filme original da Netflix, “Boneca Russa” também se encontra dentro do clichê da indústria do audiovisual em que todas as produções, no fundo, giram em torno da mesma história.
Admiro muito os artistas que se propõem a realizar obras autobiográficas, sejam elas na literatura ou no cinema, já que a minha péssima memória não me permitiria escrever algo do tipo. No entanto, me lembro distintamente da primeira vez que ouvi Born to Run, do Bruce Springsteen. Eu devia ter 13 ou 14 anos, e lia Battle Royale, do japonês Koushun Takami, uma obra que faz inúmeras referências a lendária música de Springsteen. Me lembro do impacto que ouvir aquela canção, naquela idade, me causou. A Música da Minha Vida (Blinded by the Light) fala exatamente sobre esse sentimento.
Baseado no livro autobiográfico do jornalista Sarfraz Manzoor, Greetings from Bury Park, é dirigido por Gurinder Chadha (Driblando o Destino), o filme conta a história de Javed Khan (Viveik Kalra). Um jovem paquistanês vivendo nos subúrbios de Luton, Inglaterra, durante os turbulentos anos do governo de Margaret Thatcher, e como a descoberta da música de Springsteen mudou a sua vida e sua percepção do mundo e de sua família.