Nós damos valor demais ao Globo de Ouro. Esse ano, o grupo votante lamenta a morte de seu antigo presidente, Lorenzo Soria, ao mesmo tempo que enfrenta acusações de fraude e uma investigação que revelou o óbvio: a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA) não tem diversidade alguma. Reportagens no Los Angeles Times e no The New York Times estouraram poucos dias antes da 78ª edição do prêmio. Além de descobrirem que a HFPA não tem membros negros, foi escancarado um lobby poderosíssimo ao redor de Emily em Paris, uma das questionáveis indicadas ao Globo de Série de Comédia ou Musical.
É de suma importância relembrar que o GG não é prévia do Oscar de maneira nenhuma. Em questões de marketing e campanha, uma vitória no Globo alavanca sua visibilidade, mas o corpo votante da Academia é composto por mais de 7 mil membros, todos trabalhadores da indústria. A HFPA, por outro lado, é formada por 87 jornalistas, residentes de Los Angeles e que não têm ligação com o Oscar.
Todavia, o que acontece é o Globo de Ouro tentando ditar tendências na temporada. Às vezes, as coisas dão ‘certo’: Green Book e Bohemian Rhapsody começaram ganhando aqui e percorreram solenes seu caminho até as estatuetas douradas e carecas. Ano passado, o amor por 1917 e por Sam Mendes caiu por terra quando Parasita e Bong Joon-ho saíram com os louros.
Ano após ano, o Globo de Ouro é feito de chacota, mas a audiência não para de subir. É a festa da indústria, como comumente é definido. O aspecto open bar é um fervoroso atrativo, tanto para quem frequenta e se senta às amarrotadas mesas, quanto para quem sintoniza todo começo de ano na TNT para conferir os discursos felizes que crescem ao passo que as garrafas de champanhe esvaziam.
Mas 2021 não é um ano comum. A pandemia atrasou um bocado o início da temporada de premiações, e o Globo de Ouro, normalmente alocado na primeira semana de janeiro, dessa vez aconteceu na última de fevereiro. Amy Poehler e Tina Fey retornam ao papel de apresentadoras, mas cada uma estava numa costa diferente dos Estados Unidos. Adotando o formato híbrido semelhante ao bem sucedido Emmy, que rolou em setembro, o Globo de Ouro apostou na tecnologia como aliada nesse período de distanciamento.
Quanto aos vencedores, o grupo foi diverso. Na TV, The Crown fez a rapa, ganhando 4 prêmios. Em Comédia, Schitt’s Creek deu espaço para Ted Lasso brilhar um pouco em Ator, mas clamou para si Atriz e Série. Na parte das Limitadas, Small Axe coroou John Boyega e Anya Taylor-Joy botou pra ferver, garantindo sua vitória solo e também a do conjunto por O Gambito da Rainha. Mark Ruffalo repetiu o feito do Emmy e venceu Ator em Minissérie pelo trabalho visceral que fez protagonizando I Know This Much Is True em dobro.
Na parte de Cinema, Borat 2 fez bonito, ganhando Filme e Ator, dois prêmios que Sacha Baron Cohen já havia recebido pelo filme original. Rosamund Pike passou a perna na vencedora moral Maria Bakalova, mas compensou no discurso. Minari venceu Filme em Língua Estrangeira. O maior indicado da noite, Mank, saiu vazado (ainda bem). Daniel Kaluuya começou sua jornada ao Oscar por Judas e o Messias Negro, e Jodie Foster surpreendeu ganhando por um filme apagado. Em Roteiro, perseverou o texto de Aaron Sorkin, e em Direção, Chloé Zhao se tornou a segunda diretora premiada na história. Melhor Ator ficou como prêmio póstumo ao genial Chadwick Boseman e Andra Day venceu Atriz, mesmo sendo a indicada menos hypada da noite. Nomadland foi consagrado Melhor Filme de Drama e nós dormimos felizes.
A Editoria do Persona se reúne num Cineclube Especial, comentando os méritos, deméritos, prós e contras dos indicados e vencedores do Globo de Ouro 2021. Dessa vez, falamos não dos filmes indicados, mas das categorias da premiação, chances de vencer, campanhas na imprensa e, no caso de injustiças, quem merecia ter ganho. Fique por dentro do início de temporada de premiações e, junto do Persona, se prepare para o Oscar.
Filmes
Melhor Filme – Drama: Nomadland
A aposta garantida para a noite foi o longa Nomadland, grande vencedor da categoria principal. Baseado na obra homônima escrita por Jessica Bruder, que além de possuir um bom elenco encabeçado pela talentosa Frances McDormand e direção da brilhante Chloé Zhao, encanta como um retrato da solidão envolta nas belas paisagens descobertas na estrada, acabando como a escolha sensata e justa para levar o prêmio.
Com dois nomes emplacados, a Netflix até poderia ter levado a melhor com o emocionante Os 7 de Chicago, filme histórico que conta a jornada de um emblemático julgamento político em meio a comentários sagazes de personalidades cativantes. No lado oposto, estava o tediante e pretensioso Mank, apesar do agradável estilo preto e branco, continua se limitando a agradar exclusivamente o público fã de cinema.
Já o pop Bela Vingança (Promising Young Woman), que estrela a maravilhosa Carey Mulligan muito confortável no papel, leva a cultura do estupro com doses certas de drama, humor e violência, terminando com chave de ouro em um final decepionantemente bom. Mas, vale ressaltar que apesar de ser a melhor indicação, o longa acaba perdendo força perante os outros. Meu Pai (The Father), baseado na peça homônima de Florian Zeller, não possuía grandes chances de vencer, apesar da performance incrível do veterano Anthony Hopkins junto à já querida da premiação, Olivia Colman, ambos indicados também individualmente pela atuação na obra. – I.S.
Melhor Atriz em Filme – Drama: Andra Day (Estados Unidos Vs Billie Holiday)
À exceção de Viola Davis, que brilhantemente divide o estrelato do filme A Voz Suprema do Blues com Chadwick Boseman, tínhamos mulheres praticamente donas de seus respectivos trabalhos concorrendo a categoria de Melhor Atriz em Drama. Contando histórias densas de maneira única, nenhuma indicada passa despercebida ao telespectador que dificilmente consegue escolher sua favorita ao prêmio
Para surpresa de muitos, o Globo de Ouro foi para a estante da cantora Andra Day, que protagonizou Estados Unidos Vs Billie Holiday. Andra, que já havia emocionado o público com a performance de abertura do festival One World: Together At Home, comoveu os espectadores entregando excelente atuação em cenas pesadas que exigiam um profundo mergulho sentimental da protagonista. A artista mostrou ter presença de personagem diante das câmeras que foi muito além das cenas musicais.
Outras grandes atuações merecem menção honrosa, como a visceral Vanessa Kirby que entrega todas as dores e sentimentos do luto em Pieces of a Woman. Vencedora do Coppa Volpi de Melhor Atriz em Veneza, a ex-The Crown não surpreenderia a todos se levasse o prêmio pra casa. A veterana de premiações Frances McDormand, que precisou de apenas olhares para entregar cenas profundas. Uma das minhas favoritas, certamente levará Nomadland ao Oscar. E Carey Mulligan que foi minha grande aposta da noite pelo marcante papel de Cassandra Thomas – A.J.T.
Melhor Ator em Filme – Drama: Chadwick Boseman (A Voz Suprema do Blues)
Um dos maiores prêmios de atuação da noite não poderia ter ido para outra pessoa senão Chadwick Boseman. O falecimento do ator em agosto do ano passado tomou o mundo por um choque, pela perda de um dos maiores rostos em ascensão no meio cinematográfico. Boseman deixou um legado não só como o rei de Wakanda mas com outras grandes produções, entre elas, A Voz Suprema do Blues. Sua performance conseguiu tirar todo o protagonismo de Viola Davis, tarefa nem um pouco fácil, e deixou cravada a preciosidade de seu talento.
Outro nome que poderia ter surpreendido seria o do veterano Anthony Hopkins, que, com seus gloriosos anos no ramo, ainda não foi consagrado com um Globo por atuação, e teve, mais uma vez, um trabalho excelente no melancólico Meu Pai. O queridinho Riz Ahmed também teria justamente subido ao palco para receber sua estatueta por seu trabalho em O Som do Silêncio, que narra a história de um baterista que descobre estar perdendo a audição.
Desta vez, o camaleão Gary Oldman e vencedor de um Globo por O Destino de Uma Nação acabou ficando para trás na corrida pelo controverso Mank, uma das grandes apostas da Netflix. O ofuscamento da divulgação de The Mauritanian também não conseguiu garantir a estatueta da primeira indicação de Tahar Rahim. – V.S.
Melhor Atriz Coadjuvante em Filme: Jodie Foster (The Mauritanian)
Jodie Foster ganhou o Globo de Ouro por Atriz Coadjuvante em Filme. De fato, sua interpretação no apagado The Mauritanian foi a grande surpresa entre as indicações, tomando a vaga de Ellen Burstyn ou de Yuh-Jung Youn. Importante apontar que Maria Bakalova, umas das mais badaladas coadjuvantes da temporada, foi movida para Melhor Atriz em Comédia ou Musical, onde perdeu, mesmo sendo a melhor da seleção de indicadas.
Glenn Close concorria pelo massacrado Era uma Vez um Sonho, Olivia Colman estava no páreo por Meu Pai, Amanda Seyfried foi indicada por seu papel em Mank e a jovem prodígio Helena Zengel, estrela de Relatos do Mundo. É improvável que Jodie Foster sustente sua campanha até a eventual noite do Oscar, mas sua vitória aqui, sem dúvidas, remexe e bagunça a ordem de apostas na categoria. Interessante pontuar que, antes da noite de 28 de fevereiro de 2021, Colman tinha 3 indicações e 3 vitórias no Globo de Ouro e, mesmo nomeada duplamente esse ano, a britânica saiu chupando o dedo. – V.E.
Melhor Ator Coadjuvante em Filme: Daniel Kaluuya (Judas e o Messias Negro)
Sacha Baron Cohen, o Borat, é a prova viva de que um ator excelente em comédia nem sempre é inferior em papéis dramáticos. Em Os 7 de Chicago (Netflix), o outro lado da moeda da atuação floresce e Sacha mostra precisão em transmitir as emoções de um réu revolucionário. Porém, não foi o suficiente para lhe render um Globo de Ouro: Daniel Kaluuya é o vencedor da categoria de Melhor Ator Coadjuvante em Filme. O britânico nos mostrou excelência em Judas e o Messias Negro (Warner) ao apresentar outro revolucionário, Fredrick Allen Hampton.
Leslie Odom, Jr. também brilhou ao interpretar um ícone negro em Uma Noite em Miami… (Amazon). Seu maravilhoso Sam Cooke passeou por uma gama de expressões e sentimentos facilmente captados pelo espectador, e sua voz nos encantou com o cover de A Change is Gonna Come e a original Speak Now, cotada para Melhor Canção no Oscar. Quem tinha pouquíssimas chances mesmo era Bill Murray em On The Rocks (Apple) e o terrível Jared Leto em Os Pequenos Vestígios (Warner). – J.B.
Melhor Direção em Filme: Chloé Zhao (Nomadland)
Atenção, mulheres. Hollywood está mudando! Tínhamos um total de 3 diretoras concorrendo nessa categoria. Três! Acreditem se quiser. E, mesmo assim, a disputa estava fechada nas mãos dos dois outros homens. Afinal, a diversidade tem seus limites. Agora a HFPA estará com a consciência tranquila para passar os próximos quatro anos sem indicar mulher alguma. Obrigada aos envolvidos.
No entanto, os louros vieram. Chloé Zhao, diretora de Nomadland, o filme mais sensível, completo e avassalador da temporada, venceu Melhor Direção. Até então, Barbra Streisand havia sido a única mulher a ganhar na categoria, pelo filme Yentl em 1984 – categoria essa que foi criada em 1944 e só contou com oito mulheres indicadas em sua história. A escolha era óbvia: Chloé Zhao merece todas as estatuetas que concorrer. A chinesa não era a única mulher extraordinária concorrendo. Regina King, com seu único Uma Noite em Miami…, e Emerald Fennell, com o delicioso Bela Vingança, foram escolhas sensacionais para disputar o globinho com Zhao.
David Fincher concorria por Mank, um filme restrito e pretensioso, e Aaron Sorkin com o inflado Os 7 de Chicago, uma obra de homens brancos estadunidenses para homens brancos estadunidenses. Ambos fizeram um bom trabalho, com todos os seus méritos. Mas ninguém conseguiu fazer o que Chloé Zhao fez. Quem sabe não podemos sonhar com a segunda mulher vencendo a categoria de Melhor Direção no Oscar? – C.C.
Melhor Roteiro em Filme: Aaron Sorkin (Os 7 de Chicago)
Favorito entre as principais categorias, Nomadland não era o mais forte aqui. Sem divisão entre os roteiros originais e os adaptados, o filme baseado no livro homônimo de Jessica Bruder foi ofuscado pelos textos inéditos indicados a Melhor Roteiro em Filme, como o magistral Bela Vingança. Estreando no cinema, Emerald Fennell roteirizou e dirigiu um drama marcado por pontas de humor ácido que era uma aposta forte e o mais justo para ser premiado dentre as indicações.
As apostas, contudo, iam para a vitória do afrontoso Os 7 de Chicago. E quem marcou o trabalho de Aaron Sorkin no bolão, acertou. Escrito pelo roteirista que é considerado um dos melhores da atualidade – e que e venceu da mesma categoria do Globo de Ouro em 2011 (por A Rede Social) e 2015 (com Steve Jobs) -, o roteiro vencedor tem seus aspectos questionáveis, como a falta de conclusão para o arco de alguns personagens, mas ainda é mais digno, preciso, bem acabado e melhor situado do que a terceira opção, Mank, na indicação mais questionável da categoria.
O roteiro do filme de David Fincher foi escrito pelo seu pai, o jornalista Jack Fincher, na década de 90 e só vingou agora, 18 anos depois de sua morte. Nascido das mãos de um amante do cinema que desvalidava a importância de Orson Welles na obra-prima Cidadão Kane, as intenções de Mank são perigosas e até mesmo desonestas. Assim, o peso maior do filme acaba por ser o elenco de alto calibre, seu tema principal – o favorito da comunidade cinematográfica, que é a própria Hollywood -, além da questão emocional e familiar do filme, onde o aclamado diretor dá vida à um roteiro – cheio de problemas – que seu pai fez sobre a paixão de sua vida. – R.D.
Melhor Animação: Soul
Infelizmente, Wolfwalkers e toda sua história emocionante não levou o Globo de Ouro. Mesmo com uma animação 2D impecável e uma trama um pouco diferente, o grande sucesso desse ano é Soul. Não que isso seja ruim, pois o filme é excelente em vários sentidos, inclusive sua trilha sonora. Com um toque de Divertida Mente e reflexões que nos deixaram extasiados, o novo filme da Pixar foi o premiado esse ano.
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica também seria uma ótima opção como Melhor Animação. Porém o seu lançamento no início de 2020 e o grande hype de Soul fizeram com que a produção da Disney ficasse um pouco esquecida.
A Caminho da Lua é um ótimo filme e uma bela homenagem a sua roteirista Audrey Wells, mas não tão bom para ganhar um prêmio como melhor do ano. A continuação de Croods sofre com esse mesmo problema. A Nova Era da família das cavernas não é tão cativante como a primeira parte e poderia ser facilmente deixada de lado. – A.B.R.
Melhor Filme em Língua Estrangeira: Minari
Melhor Filme em Língua Estrangeira foi a categoria mais polêmica do prêmio que já é polêmico por si só. Minari, o favorito dentre os indicados e uma grande aposta para o Oscar, foi alocado aqui pela justificativa de ter mais de 50% dos diálogos em língua estrangeira, mesmo com uma produção 100% estadunidense. De forma prática, tudo estava nos conformes, mas o problema é que esses não foram os mesmos critérios aplicados, por exemplo, em Bastardos Inglórios, que fez Quentin Tarantino ser indicado em 2010 nas categorias principais mesmo que a produção tivesse a mesma questão das línguas faladas no filme e com uma coprodução entre Estados Unidos e Alemanha.
O desdém racista do Globo de Ouro criou ainda mais atenção em cima da produção, já que sua direção, roteiro e elenco são completamente dignos de figurarem entre as categorias principais, com muitas performances que, se não no mesmo nível, chegam a ser superiores às de alguns indicados. Se as coisas com Minari tivessem sido justas, o favoritismo iria para a segunda opção, Druk, que traz Mads Mikkelsen (o Hannibal da NBC) numa atuação fantástica, e quem sabe, a produção latinoamericana La Llorona teria encontrado um espacinho. Ambos são fortes na corrida para a categoria de Filme Internacional do Oscar 2021. – R.D.
Melhor Trilha Sonora em Filme: Soul
Os filmes O Céu da Meia Noite, Tenet, Relatos do Mundo, Mank e Soul disputaram a categoria de Melhor Trilha Sonora. Composta pelo ganhador do Oscar, Alexandre Desplat, a trilha de O Céu da Meia Noite contou músicas dramáticas e lentas que combinaram com o ambiente espacial e trágico da obra. Em contraste, as faixas que deram vida a Tenet contêm um tom agitado e até mesmo confuso. Usando elementos do longa de Christopher Nolan, como o som de armas e a ventania, as composições barulhentas foram criadas por Ludwig Göransson, ganhador do Oscar de Melhor Trilha Sonora por Pantera Negra, e do Emmy por The Mandalorian.
Em Mank, o objetivo dos compositores Trent Reznor e Atticus Ross era criar a composição mais autêntica possível. Eles conseguiram alcançar tal meta com músicas que possuem um tom divertido e diferente, casando perfeitamente com a época em que o filme se passa. Já em Relatos do Mundo, as faixas compostas pelo indicado ao Oscar James Newton Howard possuem a vibe mais tranquila entre os indicados. A trilha sonora é bonita e envolvente, assim como o filme de Tom Hanks.
Mas quem levou o prêmio para casa foi Soul, a única animação que estava concorrendo na categoria. Também composta por Trent Reznor e Atticus Ross, junto ao pianista Jon Batiste, a trilha se destacou por ser tão tocante e bela quanto o filme, que também ganhou como Melhor Animação da noite. Em uma história sobre música, a obra dos compositores fez justiça ao enredo. – M.C.
Melhor Canção em Filme: Io Sì (Rosa e Momo)
A música é responsável por dar o tom de um longa e a categoria Melhor Canção em Filme diz muito sobre cada uma das cinco histórias concorrentes. Começando pela que era a maior aposta da crítica, Speak Now, interpretada por Leslie Odom, Jr., embala Uma Noite em Miami… com sua força em contraste com a suavidade da melodia. A oração entoada por Odom, Jr. ganha ainda mais destaque com a atuação do cantor no filme, que poderia fazer dela a queridinha para o prêmio por unir sinceridade, inflamação e significados que perpassam toda sua narrativa.
Entretanto, se formos falar de força, quem poderia superar a estrela em plena ascensão nas premiações, seria H.E.R., e seu grito de guerra Fight For You. A música de Judas e o Messias Negro fala por si só com a estética sonora da black music dos anos 1960, trazendo a batida para a contemporaniedade perfeitamente. Na sequência, Os 7 de Chicago apostou na novata Celeste para cantar seu tema, Hear My Voice. A canção é suave e ainda marcante, com uma letra de resistência que combina perfeitamente com o tema de seu filme e com a situação política americana na época de seu lançamento.
Andra Day aparece em sua primeira vez como atriz e também como cantora do tema principal de Estados Unidos Vs Billie Holiday com Tigress & Tweed. A canção que usa de batidas datadas em união a uma letra envolvente e ritmos modernos poderia ser a surpresa da noite por ostentar a fascinante voz de Day além de sua atuação. Dentre todas indicações, a canção vencedora surpreendeu. A única estrangeira na categoria, Io Sì é entregue por Laura Pausini para embalar Rosa e Momo, que também concorreu a Melhor Filme em Língua Estrangeira. O tom aveludado da melodia nos conduz para a imensidão emocional da história que o acompanha. – A.L.F.
Melhor Filme – Comédia ou Musical: Borat: Fita de Cinema Seguinte
A distinção entre “drama” e “comédia ou musical” é exclusiva do Globo de Ouro para indicar uma maior quantidade de filmes e premiar longas que a Academia do Oscar talvez não leve tão a sério. Em 2020, as 5 obras concorrentes mantinham um nível elevado de prestígio e, críticas à parte, Era Uma Vez em… Hollywood foi o grande vencedor. Esse ano, no entanto, podemos discordar em relação ao prestígio.
Para falar dessa categoria, é extremamente necessário ressaltar que 4 filmes tão interessantes e diversos concorriam com Music, uma obra de mau caráter, desconexa, ofensiva e pavorosa. A indicação do filme dirigido pela cantora Sia é um desrespeito com a comunidade neurodivergente e uma afronta de mau gosto a todas as outras obras na categoria. Não era falta de musicais – A Festa de Formatura e Hamilton faziam parte dos escolhidos. Chamar Music de “comédia” também infere que em algum momento o filme é engraçado ou atrai o menor dos risos; não para ambas as situações. Palm Springs é engraçado, Borat: Fita de Cinema Seguinte é hilário. Music, além de ser ruim, é nocivo.
Pelo menos, nosso vencedor foi outro. A continuação de Borat levou o globinho dourado merecidamente pelo seu humor ácido e pela genialidade absurda de Sacha Baron Cohen reprisando o jornalista cazaque. A vitória de Borat: Fita de Cinema Seguinte constitui o primeiro filme sequência a ganhar a categoria desde Toy Story 2 e o primeiro filme de uma plataforma de streaming a também vencer. Afinal, seu maior concorrente era Hamilton, e apesar da peça filmada por Thomas Kail ser magnífica, não possui chances de chegar ao Oscar por ter estreado exclusivamente no Disney+. Chenquieh! – C.C.
Melhor Atriz em Filme – Comédia ou Musical: Rosamund Pike (Eu Me Importo)
Anya Taylor-Joy não foi indicada somente pelas suas produções televisivas. A atriz também concorreu ao seu primeiro Globo de Ouro com sua atuação em Emma. Apesar do excelente talento de Anya para interpretar a personagem infame de Jane Austen, ela não é o destaque da temporada. Com a sequência de Borat após 14 anos, conhecemos Maria Bakalova. A atriz búlgara é uma das melhores partes da continuação do pseudodocumentário de Sacha Baron Cohen e seria uma honra o prêmio pertencer a ela. Mas o sonho não se realizou desse jeito.
Com mais uma indicação para conta da Netflix, Rosamund Pike ganhou nessa categoria com o filme I Care a Lot (Eu Me Importo). Roubando idosos e vivendo um romance, Pike possuía grandes chances de ganhar esse prêmio. Infelizmente não foi nenhuma surpresa já que ela é sempre indicada em papéis avulsos, como por A Private War em 2019, e a HFPA possui um certo favoritismo pela Rosamund.
Em French Exit, Michelle Pfeiffer é uma ex-milionária em Paris que possui um gato falante, porém não possui um prêmio para chamar de seu. Já a última indicação dessa categoria é um grande erro. Com a atuação de Kate Hudson, o péssimo filme com a direção da Sia, Music acumulou mais uma nomeação ao Globo de Ouro. – A.B.R.
Melhor Ator em Filme – Comédia ou Musical: Sacha Baron Cohen (Borat: Fita de Cinema Seguinte)
É difícil bater de frente com Sacha Baron Cohen quando se trata de comédia. Até no premiado Os 7 de Chicago, vencedor de Melhor Roteiro nesta edição do Globo de Ouro, Sacha brilha sarcasticamente. E esse brilho foi o responsável por dar o segundo prêmio da noite para o ator, por Borat: Fita de Cinema Seguinte. Seu maior concorrente era Lin-Manuel Miranda, pela performance em Hamilton que, apesar de boa, é indiscutivelmente inferior ao que Cohen faz com seu personagem.
Lin e sua peça, infelizmente, saíram de mãos vazias dessa edição. Dev Patel, figurinha carimbada com suas atuações impecáveis, concorria por The Personal History of David Copperfield; James Corden, odiado por muitos, estava indicado pelo fraco e divertido A Festa de Formatura; Andy Samberg, nosso Jake Peralta, conseguiu a indicação por Palm Springs, uma das boas surpresas do Globo de Ouro. A categoria estava recheada com atores de primeira linha, mas nenhum reproduziu ⅓ do que Sacha Baron Cohen nos ofereceu. – C.C.
Séries
Melhor Série – Drama: The Crown
Não tinha pra ninguém: a Coroa da Inglaterra não deixou espaço para seus concorrentes sequer respirarem na categoria de Melhor Série Dramática. A quarta temporada de The Crown estourou a boca do balão, e o fim de 2020 concentrou nas redes sociais um falatório incessante sobre os dramas da Rainha e o começo da triste ruína da Lady Di. The Crown já havia ganhado esse prêmio em 2017, pelo ano de estreia.
Os coitados que perderam para The Crown também são ótimas aventuras. Bem, pelo menos 3 deles são. Ozark é a joia subestimada da Netflix, carregada do perigo e da tensão do plot de lavagem de dinheiro, o ano 3 da produção de Jason Bateman brilhou com vigor. O mesmo vale para a segunda temporada de The Mandalorian, a garota dos olhos da Disney. Lovecraft Country, representante solo da HBO aqui, perdeu força pela ausência de indicações do elenco. E a quinta vaga ficou com Ratched, “por quê?”, você me pergunta, e eu respondo: eu também não sei. – V.E.
Melhor Atriz em Série – Drama: Emma Corrin (The Crown)
O Globo de Ouro também caiu nos encantos da Princesa Diana, e disso realmente não tinha muito como fugir. Interpretar uma das figuras mais queridas do século XX era um trabalho dificílimo, mas Emma Corrin transcendeu todas as expectativas ao encarnar Lady Di. Fascinante e graciosa à mesma medida em que é genial e profunda, a personagem é uma força da natureza na melhor temporada da superprodução da Netflix – até agora, já que The Crown só surpreende cada vez mais.
O triunfo da Princesa significou a queda da Rainha. Campeã da categoria até então, pela primeira vez, Olivia Colman perdeu um Globo de Ouro. E a situação não poderia ser mais excepcional, já que a vencedora, embora carregasse todo o encanto, repercussão e atenção da temporada, não era a atriz principal da trama.
Jodie Comer, a melhor parte Killing Eve, indicada pela segunda vez consecutiva na categoria, e Sarah Paulson, vivendo Ratched, foram ofuscadas pelas estrelas. No fim das contas, essa situação é favorável para Laura Linney, pois com os grandes nomes de The Crown devidamente reconhecidos e saindo de cena para dar espaço às próximas gerações, a atriz pode, nos próximos anos, finalmente assumir seu posto de favorita e ser premiada pelo trabalho igualmente fantástico que faz no outro fenômeno da Netflix, Ozark. – R.D.
Melhor Ator em Série – Drama: Josh O’Connor (The Crown)
A vitória aqui ficou com Josh O’Connor e sua performance como o melindroso e monstruoso Príncipe Charles em The Crown. A evolução do homem, sua relação com Diana e o lado frio do personagem florescem nas nuances que O’Connor imprime na série de Peter Morgan. Sabemos que o Globo de Ouro não costuma premiar quem merece, mas nesse caso, Josh fez valer a vitória.
Ele não tinha muita competição, para falar a verdade. Jason Bateman brilha muito mais atrás das câmeras de Ozark do que propriamente à frente delas. Matthew Rhys sustentou uma indicação solitária à Perry Mason, o mesmo aconteceu com Al Pacino e seu papel ardente em Hunters, original do Prime Video. Bob Odenkirk foi indicado muito mais pelo prestígio de seu figura e de Better Call Saul do que como alguém com chances de vencer o Globo de Ouro. Quem sabe ano que vem ele ouça seu nome chamado, quando o spin-off de Breaking Bad chegar ao fim. – V.E.
Melhor Atriz Coadjuvante em Série: Gillian Anderson (The Crown)
A hegemonia de The Crown seguiu até aqui. Quem levou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante foi a favorita Gillian Anderson, que se superou interpretando a peculiar Margareth Thatcher. A concorrência era alta e mesmo com o favoritismo das apostas, o prêmio da Dama de Ferro poderia ter ido para Annie Murphy como forma de expressar reconhecimento pela comédia queridinha da vez, Schitt’s Creek.
Outra possibilidade de vitória para a categoria era a parceira de cena de Anderson, Helena Bonham-Carter, que mais uma vez chegou perto mas não conquistou o Globo de Ouro próprio e perdeu a última chance de ser premiada enquanto Princesa Margaret. Não foi dessa vez também que assistimos a vitória merecida de Julia Garner por Ozark, mas o futuro da atriz, que nessa temporada também estrelou com maestria o drama A Assistente e ainda é um nome em aberto para uma zebra no Oscar, é um dos mais promissores de sua geração. – R.D.
Melhor Ator Coadjuvante em Série: John Boyega (Small Axe – Red, White and Blue)
A corrida de Ator Coadjuvante em TV normalmente recai para produções dramáticas ou limitadas. Em 2021, o Globo de Ouro não fez diferente. John Boyega triunfou na única indicação de Small Axe fora da categoria de Minissérie. O astro de Star Wars protagonizou Red, White and Blue, o terceiro dos cinco longas da antologia de Steve McQueen. Seu papel como um jovem policial, além de fresco na temporada de premiações, recompensa a cultura negra num ano de maioria branca disputando os troféus.
Boyega superou sua maior competição, Daniel Levy, por Schitt’s Creek, que já havia ganhado o Emmy em setembro. As chances estavam contra Levy, já que a última vez que o Globo de Ouro premiou uma performance cômica aqui foi com Glee, muitos anos atrás. Ainda concorriam Jim Parsons pela longínqua Hollywood, Donald Sutherland pela espalhafatosa The Undoing e Domhnall Gleeson pela apagada The Comey Rule. – V.E.
Melhor Série – Comédia ou Musical: Schitt’s Creek
Polêmica desde que anunciou seus indicados, a categoria de Melhor Série de Comédia ou Musical surpreendeu ao ter Emily em Paris no meio das nomeações; o sucesso pop da Netflix apareceu ao lado de grandes nomes como Schitt’s Creek e Ted Lasso, da Apple TV+. O universo parisiense glamoroso da trama fez sucesso na plataforma de streaming, porém não agradou a crítica – muito menos os franceses. O clichê erra nos estereótipos ao trazer o pior lado da cultura parisiense.
Em contraponto, The Great, a trama do império russo do Hulu, conquistou a crítica e o público desde as primeiras cenas, com suas piadas escrachadas e ironia a todo vapor, ao mesmo tempo que acompanha as durezas e dificuldades da vida na corte russa, enriquecida com o show de atuação de Elle Fanning e Nicholas Hoult. A categoria ainda contava com o peso da fascinante última temporada da comédia canadense, Schitt’s Creek, que era a favorita na corrida pelo troféu, e acabou vencendo, após levar sete prêmios para casa no Emmy 2020.
Já a produção da Apple TV+, conta com a tradicional personagem cômica do interior estadunidense; no entanto, os 10 episódios de Ted Lasso desenvolvem camadas que mostram que a comicidade na verdade se baseia nas sensibilidades do ser humano, balanceando na dosagem certa o humor e o drama. The Flight Attendant fechou a seleção de indicados, após a adaptação do livro surpreender não só a crítica mas também agradar o público da HBO Max, tornando a então minissérie, agora uma série renovada para segunda temporada, com a maior audiência do serviço de streaming. – L.V.
Melhor Atriz em Série – Comédia ou Musical: Catherine O’Hara (Schitt’s Creek)
Catherine O’Hara é a força da natureza da temporada de premiações. A protagonista de Schitt’s Creek tem os melhores discursos, o melhor guarda-roupa e, agora, o Globo de Ouro 2021 de Melhor Atriz em Série de Comédia ou Musical. Nesse ano, apenas Lily Collins já havia sido indicada, com o restante da lista sendo formado por novatas. Aliás, por mais que essa sexta temporada tenha sido a última do seriado canadense, essa foi a primeira vez que a HFPA deu atenção à produção.
O’Hara superou Jane Levy, única indicação da TV aberta, por Zoey e Sua Fantástica Playlist. Além dela, também ficaram de mãos vazias a intransigente Elle Fanning (The Great), a inocente Lily Collins (Emily em Paris) e a eletrizante Kaley Cuoco (The Flight Attendant). Mas há algo bom para as perdedoras: O’Hara encerra agora sua temporada de prêmios e, no Emmy, tudo vai mudar. – V.E.
Melhor Ator em Série – Comédia ou Musical: Jason Sudeikis (Ted Lasso)
Essa era uma corrida de dois cavalos. Eugene Levy tinha nas costas a varredura que sua Schitt’s Creek causou no Emmy, concorrendo com a vivacidade e o otimismo de Jason Sudeikis, que interpreta um técnico esportivo yankee que se muda para Londres a fim de treinar futebol. Ted Lasso, original da Apple TV+, saiu com a vantagem e deixou Creek sem o troféu de Ator.
Fora a dupla, ainda estavam no páreo Don Cheadle, Nicholas Hoult e o vencedor do ano passado, Ramy Youssef. Por mais que a série de Hoult, The Great, estivesse presente na categoria principal, o lançamento do Hulu não juntou forças suficientes. O mesmo vale para Black Monday, esquenta-banco todo ano, e Ramy, outra comédia do Hulu que brilha mais no protagonista do que no quadro completo. – V.E.
Melhor Minissérie ou Filme para TV: O Gambito da Rainha
Com alguns nomes presos à sombra de seus concorrentes, o Globo de Ouro deste ano optou por sucessos consideráveis para compor a lista para Melhor Minissérie ou Filme Feito para TV. A sensível e azarada Normal People, lançada pela Hulu como adaptação do fenômeno de mesmo nome escrito por Sally Rooney, levou duas indicações na premiação, mas infelizmente não chegou forte na disputa.
Small Axe, dirigida por Steve McQueen e concorrendo em duas categorias, era outra boa aposta da noite. A antologia de filmes contando histórias sobre a luta racial em Londres em diferentes décadas é composta por cinco obras, que em ordem de lançamento são: Mangrove; Lovers Rock; Red, White and Blue; Alex Wheatle e Education. Já a queridinha da Netflix e do público e adaptação do romance de Walter Tevis, O Gambito da Rainha, além de ter levado emoção e discutido o machismo no mundo do xadrez, já era praticamente campeã nas apostas e acabou levando a categoria.
Emplacada pela HBO no final do ano passado, e contando com grandes nomes como Nicole Kidman, Hugh Grant e Donald Sutherland, The Undoing provou ir além de ser apenas uma história com clichês típicos de tramas de assassinato e mistério. Por fim, Nada Ortodoxa, segunda concorrente da Netflix indicada na categoria, apesar de comovente passou a ser a segunda favorita com o sucesso da produção estrelada por Taylor-Joy no ano passado. – I.S.
Melhor Atriz – Minissérie ou Filme para TV: Anya Taylor-Joy (O Gambito da Rainha)
2020 foi o ano de Anya Taylor-Joy. Indicada em duas categorias de atuação, a atriz de apenas 24 anos competia pelo seu trabalho em O Gambito da Rainha ao lado de grandes nomes como Cate Blanchett, que conduziu a narrativa poderosa de Mrs. America, e Nicole Kidman, estrelando The Undoing, o mais recente sucesso da HBO. As novatas também mantinham o alto nível das atuações indicadas, sendo Shira Haas com sua personagem surpreendente de Nada Ortodoxa, e a metade do romance encantador de Normal People vivida por Daisy Edgar-Jones.
Das indicadas de alto calibre, Blanchett com sua personagem marcante, e Haas, com sua interpretação de forte apelo emocional, eram os nomes de mais força para levar o prêmio na ausência do favoritismo de Anya, ambas indicadas à mesma categoria do Emmy 2020. Mas nada foi páreo para o xeque-mate da protagonista da série mais assistida do ano da Netflix. – R.D.
Melhor Ator – Minissérie ou Filme para TV: Mark Ruffalo (I Know This Much Is True)
Repetindo figurinhas carimbadas pelo Emmy 2020, Mark Ruffalo levou a estatueta de Melhor Ator em Minissérie ou Filme Para TV. Mais do que justo, pois sua brilhante performance em I Know This Much Is True merece muitas estatuetas para segurar o peso de seu talento. O Hulk dos cinemas conseguiu desbancar o já vencedor Hugh Grant, uma das maiores apostas da noite por sua atuação na aclamada The Undoing, da HBO. Mas o trabalho do britânico não foi total em vão, já que com certeza terá sua presença marcada no Emmy deste ano.
No páreo, estavam outros grandes nomes como Bryan Cranston, já premiado com uma estatueta por seu papel como Walter White, e que concorria pela minissérie Your Honor, do Showtime. Parceiro de emissora e com sua segunda nomeação ao Globo, Ethan Hawke não levou a melhor por sua performance em The Good Lord Bird, drama racial aclamado pela crítica. A curiosa sátira dramática das crises do governo Trump, The Comey Rule, também não foi suficiente para dar a volta por cima e finalmente coroar Jeff Daniels, que coleciona nomeações de longa data na premiação. – V.S.