Cineclube Persona – Outubro/2017

Dentre hypes de horror cinematográfico de 2017 a filmes que são um terror… de se assistir (era melhor ter ido ver o filme do Pelé), a edição de outubro do Cineclube Persona traz três títulos de destaque. Confira:

A Morte te Dá Parabéns

O enredo é bem simples. A protagonista é assassinada repetidamente, e cada morte a transporta de volta ao início do fatídico dia – seu aniversário. Some aí a produtora do ótimo Corra! (2017) e a premissa da banger “In Da Club” como tema.

Nada novo, é verdade. Se Groundhog Day (1993) lhe veio à mente, não é por menos: o clássico estrelado por Bill Murray é citado em um diálogo deste filme. Nas mãos certas, porém, isso bastaria para a construção de um longa-metragem divertido.

Não chega a ser o caso aqui. Ainda que o começo entretenha (muito por saber mesclar os clichês jumpscare com doses de comédia pastelão), o roteiro não demora a dar sinais de desgaste. Entre pontas soltas, repetição de ideias e uma @crítica social bem mal resolvida, o final da sessão tende a ser amargo. Pra piorar, o icônico hit de 50 Cent só é mesmo utilizado nos trailers. – Nilo Vieira


Blade Runner 2049

Pouco estava sendo falado sobre a sequência de Blade Runner até o nome do diretor canadense Denis Villeneuve ser confirmado para o longa. Denis se enrolou em seu penúltimo longa para mostrar, via metáforas, a falta da aptidão humana para com seus sentimentos, mas Blade Runner 2049 não tropeça em excessos do diretor e consegue ser objetivo e claro.

Na continuação da história imaginada pelo escritor Phillip K. Dick em 1968, a essência dos replicantes são expandidas, novos personagens são adicionados e outros, tão importante no primeiro filme, são colocados somente no plano de fundo do roteiro.

Tática muito efetiva do canadense, que, alinhadas a sua marcante assepsia visual e uma trilha sonora condizente com seu universo, conseguiram limpar o retro futurismo proposto por Ridley Scott em um filme novo e revigorante  completamente integrados aos sci-fi contemporâneos. – Adriano Arrigo


Kingsman: O Círculo Dourado

Continuação de Kingsman: O serviço secreto (2015), o filme começa com uma cena eletrizante entre o protagonista Gary (Taron Egerton) e um ex-espião ressentido da agência homônima ao título do filme. Falando assim, o longa parece até ser promissor. De fato, Kingsman tem boas sacadas como a morte dos espiões presentes no primeiro filme, a sagacidade dos personagens principais, bons efeitos visuais e a crítica interessante à questão da Guerra às drogas, representada pela vilã Poppy (Julianne Moore), na qual questiona-se aqueles que creem que o problema está no usuário e não no tráfico.

Porém, o filme derrapa em um desenvolvimento narrativo relativamente lento e confuso, em vista que acontecimentos do primeiro longa são resgatados sem muita explicação, além de um tratamento misógino a personagens femininas – na versão dublada, há uma piadinha de duplo sentido que não dá pra mencionar aqui…

Enfim, ao sair do cinema, fica a sensação de que Kingsman poderia ser memorável se melhor desenvolvido. Porém, o máximo que ele consegue ser é um daqueles longas em que você procura para sair do tédio em um sábado à noite qualquer, missão na qual ele cumpre muito bem.  – Guilherme Hansen


Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe (Histórias Novas e Selecionadas)

No festival de Cannes desse ano nenhum outro filme ganhou tantas manchetes quanto Meyerowitz Stories, todas elas falando sobre a inesperada aclamação de um longa estrelado por ninguém menos que Adam Sandler, ator conhecido pela qualidade questionável de seus papéis, ainda que já tenha tido seus destaques no passado, como em Embriagado de Amor.

Produzido pela gigante da indústria cultural Netflix, o filme de Noah Baumbach chegou a plataforma nesse mês. O ponto forte é o elenco, com nomes como o citado Sandler, Dustin Hoffman, Elizabeth Marvel e Ben Stiller, colaborador frequente de Baumbach, aparecendo anteriormente em Greenberg e Enquanto Somos Jovens.

Em Meyerowitz, Baumbach foge do estereótipo mumblecore de jovens descolados perdidos na vida que definiu sua carreira recente e aposta nos conflitos familiares e dialógos bem escritos, como em seu primeiro filme de destaque, A Lula e a Baleia, mas com personagens já na casa dos 50 anos, lidando com as falhas do passado e o relacionamento com o pai artista a beira da morte. Se não é melhor que Frances Ha e os outros filmes sob a influência de Greta Gerwig, é no mínimo interessante ver o Netflix eventualmente investir em algo de qualidade. – Matheus Fernandes

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