Boneca Russa: série ‘original’ da Netflix não traz nada novo

O nome Boneca Russa faz referência às Matrioskas, bonecas de tamanhos variados, colocadas uma dentro das outras (Foto: Reprodução

Jaqueline Neves

Uma pessoa com hábitos autodestrutivos se vê numa situação em que a vida a obriga reconhecer seus erros – e consertá-los – ao reviver o mesmo dia várias vezes. Parece familiar, não? Isso porque, assim como qualquer série ou filme original da Netflix, “Boneca Russa” também se encontra dentro do clichê da indústria do audiovisual em que todas as produções, no fundo, giram em torno da mesma história.

(GIF: Reprodução)

A série de comédia dramática criada por Natasha Lyonne, Amy Poehler e Leslye Headland estreou em fevereiro de 2019. Além da direção, Natasha interpreta a personagem principal Nadia Vulvokov, que morre na noite de seu aniversário de 36 anos, e retorna em looping para a festa que suas amigas prepararam. Mas não é por acaso que uma das plataformas de streaming mais utilizadas traga histórias repetidas e com rostos famosos. Querendo ou não, a Netflix foi inteligente ao produzir conteúdos que tivessem sucesso garantido, justamente por trazer essa noção de familiaridade aos espectadores.

Inclusive, é possível traçar paralelos entre outras produções, como o clássico “Feitiço do Tempo”. O filme, do início da década de 90, mostra a história de um repórter, vivido por Bill Murray, que estava frustrado com o rumo que sua profissão tomou. Por conta de suas atitudes egoístas, ele revive o “Dia da Marmota” incontáveis vezes acordando ao som de I Got You Babe de Sony & Cher, até reconhecer a importância de melhorar como pessoa. Da mesma forma, Nadia também possui uma música tema, Gotta Get Up de Harry Nilson, que toca toda vez que ela ressurge no banheiro da sua festa de aniversário.

Outra referência é o filme “A morte te dá parabéns”, que possui basicamente a mesma base do roteiro de “Boneca Russa”, só que sem a pegada cômica que a série apresenta. E por falar em comédia, é nítida a presença do humor cínico característico de Natasha Lyonne, que também interpreta Nicky, personagem icônica de outra série original da Netflix, “Orange Is The New Black”. Pra quem acompanhou as duas produções, é possível reconhecer características de personalidade idênticas em ambas as personagens, o que, apesar de poder ser considerado um ponto negativo, também foi uma das propostas que prenderam grande parte do público. Até porque, quem não gosta de personagens femininas com personalidade forte?

Momento em que o mesmo dia recomeça para ambas as personagens (Foto: Reprodução)

A série também tem também uma temática científica, trazendo referências de teorias como a dos Multiversos, Teoria do Caos e viagens no tempo, que também são utilizadas em diversas produções, como na animação Rick and Morty. Geralmente esse tipo de referência tem a intenção de despertar a imaginação de quem assiste, trazendo reflexões sobre a vida, mas na verdade a série acaba se explicando em excesso no decorrer dos episódios.

Apesar de tudo isso, e em decorrência da grande aceitação do público, a série foi indicada para concorrer a 71ª edição do Emmy Awards, evento de premiação para as melhores séries de TV do ano. As categorias que “Boneca Russa” concorreu foram de Melhor Série Cômica, Melhor Elenco de Série de Comédia e Melhor Atriz, com Natasha Lyonne indicada. A cerimônia aconteceu no dia 22 de setembro. 

Na parte técnica e criativa do Emmy, o seriado levou para casa as estatuetas de Fotografia de Câmera Única para Série de Meia Hora, Design de Produção para Programa de Meia Hora e Melhor Figurino em série contemporânea. Boneca Russa foi renovada no dia 11 de julho, mas há preocupações do fãs em relação a força que ela terá para aguentar uma continuação, já que o final da primeira temporada não dá gancho para uma nova narrativa.

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