As Melhores Séries de 2021

Arte retangular na cor laranja escuro. No canto superior direito está escrito em branco “as melhores séries de 2021”. No lado inferior esquerdo, vemos uma foto em preto e branco da personagem Monica Rambeau, da série WandaVision, com borda de cor laranja seguindo a silhueta da imagem. Há também, no canto inferior esquerdo desta foto, um gif em loop com três círculos surgindo um a um. No lado superior esquerdo, vemos uma foto em preto e branco da personagem Angel, da série Pose, com borda de cor laranja pastel seguindo a silhueta da imagem. Há também, no lado esquerdo desta foto, um gif em loop com três linhas se deslocando. Ao centro da imagem, vemos uma foto em preto e branco da personagem Mabel Mora, da série Only Murders in the Building, com borda de cor laranja claro seguindo a silhueta da imagem. Há também, no lado superior direito desta foto, um gif em loop com três pontos de interrogação surgindo um a um. No canto inferior direito há o logo do Persona, um olho com a íris de cor laranja pastel.
Entre o melhor da TV em 2021, tivemos as estreias de WandaVision e Only Murders in the Building e o fim de Pose (GIF: Reprodução/Arte: Ana Clara Abbate/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Não há maneira de iniciar uma lista que compila a nata de 2021 sem antes reconhecer o impacto da pandemia nas produções televisivas. Ainda lidando com os efeitos de atrasos, adiamentos e cancelamentos, a TV mundial se uniu ao redor dos heróis da Marvel no Disney+, das complexas famílias da HBO e, claro, de todo e qualquer original Netflix

Por isso, não se assuste ao ler sobre a expansão dos Vingadores para as telinhas, com a campeã de citações WandaVision, nem com a astúcia de Kate Winslet no papel de uma policial com bastante a resolver, muito menos com as desventuras da puberdade que continuam excitando os personagens de Sex Education. Para esse ano que passou, o Persona aboliu as listas individuais. 

Agora, com base em rankings próprios, a Editoria se organizou a fim de entregar ao leitor a experiência mais personistíca que existe: ler sobre tudo, com opiniões embasadas, informações apuradas e uma curadoria mais afiada que o escudo do Capitão América ou as armas letais de Round 6. Rolando para baixo, estão 90 textos, sobre 90 séries, minisséries, especiais, animações, dramas, comédias, dramédias. Não importa o rótulo, o que importa é a qualidade.

Viajando do Brasil à Tailândia, passando pela Coreia do Sul, Reino Unido e Espanha, As Melhores Séries de 2021 representam a diversidade do nosso público. Como de praxe, o Tudum ficou com o ouro, sendo lembrado por trinta e uma produções diferentes. Seguido do Disney+, que coleciona meia dúzia de mimos, quase todos às custas dos mascarados e dos Beatles. O Amazon Prime Video, em ano de folga de sua Liga da Injustiça e da comediante mais falastrona do pedaço, foi lembrado pela audácia de The Underground Railroad e pela sensibilidade de Manhãs de Setembro.

Na casa da HBO, tanto ela quanto seu primo HBO Max foram ranqueados em quatro ocasiões, com destaque para a sisuda Mare of Easttown, a tempestuosa Succession, a inescrupulosa Hacks e a eloquente genera+ion. Com Selena Gomez retornando aos estúdios ao lado dos Titãs da Comédia Steve Martin e Martin Short, o Hulu foi felizmente arrebatado pelo bom retorno e ótima qualidade de Only Murders in the Building. No FX, Pose acabou, Reservation Dogs começou e What We Do in the Shadows manteve o alto nível. 

Ted Lasso continua sua jornada como um dos únicos sobreviventes do catálogo nada popular da Apple TV+, ao lado da marcante Dickinson. O resto você descobre lendo e se aprofundando no mundo das telinhas, em cada uma das contribuições que fazem desse o post mais democrático que o Persona já realizou. Para 2022, ficam os votos de esperança (e os retornos de tantos queridos rostinhos, dos rappers aos lavadores de dinheiro aos adolescentes eufóricos). Bom proveito! 

Cena da série animada (Des)encanto, na imagem Tibeanie e Elfo correm enquanto são perseguidos por um homem em uma carroça com um burro, e Luci está sentado observando a situação. Elfo tem a pele verde, usa um gorro roxo, blusa vermelha, bermuda azul e sapato pontudo marrom; A princesa Tibeanie tem a pele branca, cabelos lisos e brancos, usa uma camisa medieval azul, cinto cinza, calça marrom alaranjada, usa botas marrons e carrega um saco cheio de diamantes e ouro que caem conforme ela corre. O homem tem a pele branca, cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo e barba ruiva, veste uma camisa medieval azul escura com mangas bufantes, chapéu azul escuro com uma estrela amarela no centro, botas pretas e carrega um cassetete. O burro é cinza, com uma vela que lembra uma cirene na cabeça. Luci é preto com um rabo pontudo.
Uma princesa, um elfo, um demônio e um reino cheio de mistérios: o que mais esperar de (Des)encanto? [Foto: Netflix]
3ª temporada de (Des)encanto (Disenchantment)

O humor ácido de (Des)encanto já é conhecido pelos brasileiros e mais uma vez entrega tudo com a dublagem mais bem feita e divertida do mundo. O fato de implementarem frases conhecidas e memes nacionais faz a diferença na experiência, transformando momentos simples em engraçados da maneira certa. A terceira temporada conseguiu suprir as dúvidas matadoras que a anterior deixou para trás, mas errou em deixar personagens tão importantes como Luci (Eric André) e Elfo (Nat Faxon) em segundo plano.

Mantendo a estética das temporadas anteriores, o seriado animado aposta tudo na personalidade de Bean (Abbi Jacobson), que se mostra mais madura e responsável tendo que lidar com a instabilidade do reino, a loucura do rei Zog (John DiMaggio) e se abrindo para possibilidades no amor, chegando a explorar sua sexualidade. O esperado para a próxima season é desvendar os mistérios e mostrar ainda mais dos protagonistas, exibindo a complexidade do Reino dos Sonhos e seus habitantes. – Thuani Barbosa

Episódios Favoritos: Subterranean Homesick Blues (03×01), Last Splash (03×06) e Hey, Pig Spender (03×08)


Cena da primeira temporada da série A Vida Sexual das Universitárias. A imagem tem formato retangular e mostra as personagens Leighton, Whitney, Kimberly e Bela respectivamente da esquerda para a direita - enquanto elas brindam uma dose de bebida alcoólica dentro do quarto da universidade.
Em meio a tantas produções adolescentes, a trama das quatro calouras e companheiras de quarto tem tudo que uma comédia jovem precisa – com um toque genuíno e espontâneo (Foto: HBO Max)

1ª temporada de A Vida Sexual das Universitárias (The Sex Lives of College Girls)

Não é comum acompanharmos o período universitário de jovens dentro das telas, já que os corredores das escolas são mais representados, mas a nova comédia do HBO Max muda esse cenário e o explora. A Vida Sexual das Universitárias (The Sex Lives of College Girls) é marcada por um diferencial que a torna especial: expor as adversidades dessa etapa da vida sem desviar de questões cotidianas da vida dos jovens. A série acompanha quatro calouras – Kimberly (Pauline Chalamet), Whitney (Alyah Chanelle Scott), Bela (Amrit Kaur) e Leighton (Reneé Rapp) – na importante Essex College, onde elas buscam mudanças para suas vidas.

Apesar de todas elas serem completamente diferentes, a experiência de viverem primeiras vezes de forma compartilhada faz com que sua conexão seja quase instantânea. A trajetória das protagonistas é bonita pela amizade e pela normalidade, ou seja, elas falam sobre sexo, falam mal dos professores e dão conselhos umas as outras – retratando esse período como ele realmente é: confuso, engraçado e assustador. Todas as particularidades da fase da vida universitária estão presentes na obra, mas com um toque particular, a descoberta delas e do mundo ao seu redor com um olhar adolescente e autêntico. – Monique Marquesini

Episódios Favoritos: Welcome to Essex (01×01) e The Truth (01×10)


Cena do programa televisivo Ídolo Americano. Da esquerda para a direita na imagem, Lionel Richie, Katy Perry e Luke Bryan estão sentados nas suas bancadas de jurados enquanto assistem um candidato se apresentar. Lionel é um homem negro de olhos e cabelo escuros, ele veste um casaco marrom por cima de uma peça preta. Katy é uma mulher branca de olhos e cabelo claros, ela veste um casaco laranja por cima de uma peça floral. Luke é um homem branco de olhos e cabelo escuros, ele veste um casaco marrom. O cenário do programa se divide em tons azuis claros e escuros.
Juntos pela quarta temporada seguida, Lionel Richie, Katy Perry e Luke Bryan comandaram o programa com química e carisma (Foto: ABC)

19ª temporada de American Idol

A 19ª temporada de American Idol estreou com algumas mudanças no formato: as novas dinâmicas em grupo filtraram os candidatos de maneira muito mais justa e ainda tivemos a ‘volta dos que não foram’. O público votou no retorno de Arthur Gunn, o escolhido entre os participantes da edição passada para concluir os dez finalistas da nova temporada. A decisão fez jus a pelo menos um talento que não pôde se apresentar no palco em 2020, quando as primeiras medidas sanitárias contra a covid-19 foram implantadas nos Estados Unidos.

Com as clássicas histórias de vida comoventes que não podem faltar, 2021 foi o ano em que American Idol garantiu personalidades fortes na disputa pelo tão sonhado ingresso dourado para Hollywood. A irreverência de Erika Perry estremeceu os jurados e a mentoria do músico Finneas se destacou. Em uma das finais mais disputadas da história, Chayce Beckham foi coroado campeão pelo público, enquanto as vozes potentes de Willie Spence e Grace Kinstler completaram o pódio. O comando do programa pelo apresentador Ryan Seacrest e os jurados Lionel Richie, Katy Perry e Luke Bryan novamente foi feito com maestria. Estendendo a parceria, a 20ª temporada já tem data de estreia: 27 de fevereiro de 2022. – Nathalia Tetzner

Episódios Favoritos: Hollywood Week: Genre Challenge (19×06), Disney Night (19×16) e Coldplay Songbook & Mother’s Day Dedication (19×17)


Uma imagem retangular exibindo dois homens conversando em um ambiente de bar. Os dois personagens presentes na foto estão de lado para o observador, ambos são brancos, o da esquerda veste uma roupa azul, possui um cabelo ruivo curto e levemente ondulado. Já o outro está trajando uma jaqueta marrom, possui cabelo escuro e penteado para o lado, uma barba curta e óculos quadrados. Ao fundo da imagem, do lado dos personagens, estão um balcão de bar com três homens em pé sobre ele,dos quais só são visíveis suas pernas e cuecas coloridas, e atrás deles encontram-se as prateleiras do bar repletas de bebidas e luzes coloridas, que formam uma paleta de cores azul, vermelha e roxa.
Nada melhor do que aceitar sua essência interior em um bar (Foto: Netflix)

2ª temporada de Amizade Dolorida (Bonding)

Além do título sugestivo, a estadunidense Amizade Dolorida continua trazendo reflexões aos espectadores, mostrando que nem só de sexo vive a humanidade – ou talvez viva. Nessa segunda temporada, o que chama a atenção é o drama pessoal de Tiff (Zoe Levin), que se mistura com seu trabalho paralelo de dominadora. Surgem momentos de turbulência com seu namorado por negligenciar seus sentimentos e questões internas; toda a postura rígida que mantém com os clientes se desfaz quando o assunto é aceitar sua felicidade e relacionamento. Essa situação acaba entrando em conflito em cenas onde a superação dos medos dos amigos é tão incentivada enquanto seus próprios a impedem de arriscar. 

A série também ajuda a enxergar o BDSM como uma comunidade que ultrapassa o senso comum e instiga os curiosos, através de dinâmicas que ajudam na vida pessoal, como se colocar no lugar do subordinado (no contexto de dominação e submissão), fazendo o dominador sentir mais empatia com a situação alheia até mesmo fora das cenas. Também tem destaque o consentimento, ponto chave desse estilo de vida e que permeia todos os 8 episódios, mostrando que definir limites em todos os momentos é parte do processo de evolução e cuidado pessoal. Amizade Dolorida surpreende quem procura a produção só pelas saliências, mas não tolera transformar a própria vida em piadas sem limites ou consequências. Beijos Pete. – Maria Vitória Bertotti 

Episódios Favoritos: Dog Days (02×02), Threesomes (02×04) e Permission (02×08)


Cena da primeira temporada de Arcane. Jinx (Ella Purnell) segura um lança-foguetes e aponta-o para cima. A arma tem um aspecto futurista, emitindo uma luz azul de sua boca, estilizada como se tivesse dentes, ocupando a maior parte da tela, desfocada. Em foco, na parte direita da tela, Jinx chora lágrimas roxas enquanto dispara a arma, com uma expressão de angústia. Ela é uma mulher caucasiana, magra, de olhos roxos e cabelos azuis, amarrados em duas tranças, com uma mecha caindo por cima de seu olho direito. Além da luz azul do lança-foguetes, a cena é banhada por uma luz vermelha.
“Vamos mostrar pra todos eles” (Foto: Netflix)

1ª temporada de Arcane (Arcane: League of Legends)

Enquanto Hollywood ainda tenta emplacar adaptações de videogames para o formato live-action, a Netflix fez uma das apostas derradeiras de 2021 e lançou Arcane, a prequel animada do jogo League of Legends, que rapidamente subiu no ranking da plataforma durante suas três semanas de exibição e é hoje a série mais bem-avaliada dela no IMDb. Mostrando a formação de vários personagens icônicos do game, a primeira temporada mergulha de cabeça na ação dramática e na tensão política entre opressores e oprimidos, focando na trágica história de Vi (Hailee Steinfeld) e Jinx (Ella Purnell) e criando uma das maratonas mais engajantes do ano.

Indicada a nove estatuetas no 49º Annie Awards (premiação que celebra a excelência em Animação no Cinema e na Televisão), Arcane não é nada menos do que uma experiência sensorial e estética, em todos os sentidos. Combinando técnicas 2D e 3D para criar seu mundo steampunk dilapidado pela desigualdade, a obra do estúdio francês Fortiche floresce no fio da navalha entre seus visuais psicodélicos e suas trama assustadoramente atual, levando suas personagens ao limite do desconhecido e recheando sua narrativa de escolhas cruéis e definitivas, se consagrando em seu último episódio como uma visão artística sem precedentes. – Gabriel Oliveira F. Arruda

Episódios Favoritos: The Base Violence Necessary for Change (01×03), Oil and Water (01×08) e The Monster You Created (01×09)


 Cena da série As Five. Na imagem, vemos as cinco protagonistas, mulheres aparentando cerca de 20 anos, do tronco para cima. Do lado esquerdo , vemos Benê e Lica sorrindo. Ao centro, vemos Keyla e Tina, que tem seu braço esquerdo levantando em uma comemoração. Do lado direito, vemos Ellen. As cinco estão em frente a um fundo iluminado de rosa, aparentando ser uma festa.
Em um dos episódios mais tocantes e nostálgicos, as protagonistas relembram como se conheceram e viraram amigas, ainda em Malhação (Foto: Globoplay)

1ª temporada de As Five

Uma pérola no catálogo do Globoplay, As Five soube aproveitar o amadurecimento de quem acompanhava Malhação. A série original da Globo é um spin-off da temporada Viva a Diferença, uma das muitas da novelinha (antes) recorrente nas tardes da programação, e foi lançada no streaming da emissora. Cinco anos depois dos eventos que encerraram a exibição na TV aberta, Benê, Lica, Ellen, Tina e Keyla se distanciaram e cada uma passa por um momento de vida diferente. Quando se reencontram em um evento em comum, logo no piloto, as cinco são novamente confrontadas com suas diferenças, agora maiores do que as da época do Ensino Médio: enquanto uma lida com a maternidade, outra está se formando na faculdade e outra nem sequer descobriu com o que quer trabalhar.

Se Malhação era destinada ao público juvenil, As Five cresceu junto de suas protagonistas e mirou na audiência jovem adulta. Assimilando as diferenças entre elas, a série discute temas como mercado de trabalho, questões sociais e os desafios e inseguranças da mudança de faixa etária, um dos pontos mais atrativos e próximos à audiência. Além disso, a produção atualiza os personagens principais e coadjuvantes para o novo recorte temporal, aproveitando disso para explorar, neles, tópicos como sexualidade, relacionamentos românticos, saúde mental e abuso de drogas, tudo de uma forma descontraída. Sem um moralismo nada apelativo, As Five promete continuar nos conectando às Cinco e aos seus problemas de jovens-adultas em uma segunda e terceira temporada. – Vitória Lopes Gomez

Episódios Favoritos: As Five, Quem Deu Esse Nome Mesmo? (01×01) e Surpresa! (01×05)


Cena da quarta temporada da série Atypical. A imagem tem formato retangular e mostra os personagens Sam, Casey, Elsa e Doug juntos observando uma fotografia. Ao fundo, está a escada da casa e alguns quadros.
A família Gardner é um elo essencial para mostrar as nossas diferenças como indivíduos, destacando que nossas particularidades são motivo de acolhimento (Foto: Netflix)

4ª temporada de Atypical

Buscamos sempre uma vida sem nada de atípico nas nossas decisões, relacionamentos e até em nós mesmos. A série Atypical, uma produção original da Netflix, mostra que caminhos singulares podem ser transformadores. Com dez episódios, a quarta e última temporada acontece assim como as outras: abordando o dia a dia e as mudanças enfrentadas pela família Gardner. O protagonista Sam (Keir Gilchrist) é autista, e neste ano busca enfrentar o desafio de morar sozinho com Zahid (Nik Dodani) e realizar seu sonho de ir à Antártida. Sua irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) tenta se adaptar à nova escola, enquanto lida com questionamentos sobre sua sexualidade. E ainda, seus pais Elsa (Jennifer Jason Leigh) e Doug (Michael Rapaport), tentam resolver o problema de seu casamento. 

Mesmo com a insatisfação do público com o fim da série, depois de assistir aos episódios finais, é possível encontrar um acalento nessa despedida. Lidar com si mesmo e com seus relacionamentos de forma humana é especialidade dos personagens de Atypical. A última temporada conta com o amadurecimento de todos, e mostra o porquê de ser tão especial por sua beleza e sensibilidade ao mostrar o mundo. A obra faz algo incrível, mostrar como o cotidiano e a jornada de cada um é humana, especial e atípica. – Monique Marquesini

Episódios Favoritos:  You Say You Want a Revolution (04×03) e Dessert at Olive Garden (04×10)


Cena da série de animação Big Mouth. Imagem retangular e colorida. No centro, vemos Nick, um garoto branco, de cabelos lisos, curtos e castanhos, vestindo uma camisa de manga curta branca e, por baixo dela, uma camiseta azul, sentado em uma mesa de jantar, com um prato de salada na sua frente. Ele tem um semblante raivoso, rangendo os dentes e com os dois punhos batendo na mesa. Seus olhos semicerrados estão esverdeados, simbolizando seu ódio. Atrás dele, vêem-se outras duas figuras em pé. Do lado direito está Walter, um besouro humanóide amarelo e vermelho. Ele usa um par de óculos no rosto e seu semblante é zangado, com seus olhos semicerrados e os dois braços cruzados. Já do lado esquerdo está Rick, um monstro verde e peludo, com um único chifre saindo por sua testa. Ele usa um colar com um apito no pescoço, segura uma bengala pelo cotovelo e é extremamente velho, com a pele enrugada, as costas curvadas e sem um olho. Assim como os outros dois, ele parece bravo, fechando os punhos e gritando.
O amor vira do avesso e se traduz em ódio e toxicidade na emblemática 5ª temporada de Big Mouth (Foto: Netflix)

5ª temporada de Big Mouth

Big Mouth não é original. A série lançou em 2017 junto a uma leva de animações em formato de sitcom, destinadas ao público adulto, que copiavam produções aclamadas como Family Guy e South Park. Todas seguiam as mesmas convenções de uma típica comédia do Adult Swim – o mesmo estilo de animação colorida e cartunesca, a mesma dublagem de pretensão duvidosa, o mesmo humor besteirol e metalinguístico – e na maior parte as reproduzia de maneira vazia e acrítica. Big Mouth utiliza-se dos mesmos elementos, porém, em meio a esse mar de seriados, consegue se destacar. Não só porque Nick Roll e Andrew Goldberg, os criadores da série, se apropriam desses vícios com muita sagacidade, mas também porque inserem, entre a camada superficial de piadas escatológicas, um tratamento de personagem realmente sensível – principalmente nas últimas temporadas.

A 5ª temporada da série vencedora do Emmy, que apresenta um grupo de pré-adolescentes entrando na puberdade a partir do lúdico e do esdrúxulo, pode dar a impressão errada ao introduzir os besouros-do-amor, mas que logo é despontada quando, em sua segunda metade, esse amor se transforma em raiva, ressentimento e rancor. A escolha por atrelar, nos seus últimos episódios, a imagem do besouro com a do verme do ódio é bastante autoexplicativa. A animação da Netflix discute o amor e suas possíveis faces abusivas com a irreverência e sacanagem comuns das produções que deriva, porém o faz enquanto empatiza e se preocupa com as ansiedades e angústias de seus personagens. Big Mouth mantém o nível de qualidade alto em seu quinto ano e prova, mais uma vez, que não é preciso seriedade para ser maduro. – Enrico Souto

Episódios Favoritos: The Green-Eyed Monster (5×03), I F**king Hate You (5×07) e Re-New Year’s Eve (5×10)


Cena da série Salva-Vidas. Na imagem, dois salva-vidas estão de costas para a câmera enquanto se posicionam ao lado de uma placa. Eles vestem um uniforme de tons azuis claros e escuros. Ao fundo da cena e na frente dos salva-vidas estão as ondas da praia e os poucos visitantes.
A reabertura da praia australiana causou inveja na audiência estrangeira que ainda não podia sair de casa (Foto: Network 10)

16ª temporada de Bondi Rescue

Em 2020, a pandemia de covid-19 fechou a praia de Bondi pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. Em 2021, graças às medidas sanitárias eficientes da Austrália, a 16ª temporada de Bondi Rescue contou com a reabertura da orla. Os turistas, vítimas mais recorrentes por não serem acostumados com a força das ondas australianas, não preencheram toda a beira da orla como anteriormente, mas isso não impediu que os afogamentos não acontecessem. Os salva-vidas mais famosos do país realizaram incontáveis resgates e também se depararam com as tradicionais cenas inusitadas.

Foi também durante a quarentena que o programa televisivo viralizou e tomou proporção mundial na internet. Exibido na Austrália pela emissora Network 10, o canal oficial no YouTube passou a fazer transmissões ao vivo com os heróis dos mares e a postar grande parte dos seus episódios na íntegra. O futuro de Bondi Rescue ainda é incerto, porém, a sua 16ª temporada provou que enquanto houver banhistas que escolhem ignorar as bandeiras vermelhas e amarelas, ainda haverá muito enredo para explorar. – Nathalia Tetzner

Episódios Favoritos: Episode 1 (16×01), Episode 5 (16×05) e Episode 7 (16×07)


Cena da oitava temporada da série Brooklyn Nine-Nine. A foto mostra o Capitão Holt, Jake Peralta e Amy Santiago, olhando para baixo dentro da delegacia, com luzes de natal ao fundo. Holt é um homem idoso, negro e careca. Ele usa camisa branca e gravata preta, com o distintivo no peito e a mão na cintura. Jake é adulto, branco, tem cabelos castanhos e sorri. Ele usa camiseta cinza, com uma camisa de botão aberta xadrez por cima e uma corrente com o distintivo pendurado no peito. Amy é uma mulher adulta, latina e de cabelos escuros e compridos. Ela usa camisa clara e calças jeans, e também sorri.
Ninguém está pronto para se despedir de Brooklyn Nine-Nine (Foto: NBC)

8ª temporada de Brooklyn Nine-Nine

Minha mãe chorou quando eu nasci porque soube que nunca seria melhor do que eu…. disse Gina (Chelsea Peretti), e agora, o mundo inteiro chora porque sabe que não existirá uma outra série que se compare à Brooklyn Nine-Nine. A trama ganhou sua oitava e última temporada em 2021. Ambientada na “fórmula Michael Schur de sitcom contemporânea” (The Office e Parks and Recreation), B99 se tornou a encarnação mais essencial dessa receita. Desde sua estreia em 2013, ela definiu melhor que nenhuma outra o humor bem-intencionado, superficialmente bobo, com uma construção de personagem bem detalhada e que consegue, mesmo com o tom engraçado, se destacar quando passeia pelas águas do drama e da seriedade. 

Inclusive, esse é um dos vários motivos que consolidam a série nos Melhores do Ano de 2021. Com artifícios como este,  Brooklyn Nine-Nine consegue conduzir muito bem alguns assuntos sérios dentro de um espaço eufórico como a comédia.  E isso se mostrou fundamental para B99 ter uma despedida digna. No intervalo entre a sétima e a oitava temporadas da sitcom, e com a data de estreia já anunciada, o elenco abordou a dificuldade em fazerem uma série sobre a polícia durante os tempos que se vivem na América, como o assassinato de George Floyd e os protestos ao redor do mundo. Os eventos levaram a uma reestruturação do ano final, dando destaque à possibilidade da reforma policial e às fundamentais falhas da polícia como autoridade. Assim eles nos deixaram, mas se não fosse dessa maneira, não seriam Brooklyn Nine-Nine. – Vinícius Santos

Episódios Favoritos: The Last Day – Part 1 (08×09) e The Last Day – Part 2 (08×10)


Cena da série Casamento às Cegas: Brasil. A cena mostra um casamento e há três pessoas na imagem. Da esquerda para a direita temos, Luana, uma mulher branca, de cabelos loiros grandes e olhos castanhos, ela está vestindo um vestido de noiva branco. No centro da imagem aparece o oficial de justiça, um homem branco, de cabelo curto e castanho, olhos castanhos e ele veste um terno cinza com uma gravata vermelha. À direita aparece Lisio, um homem branco, de cabelos curto e castanho, barba rala e olhos castanhos, ele está vestindo um terno preto. Luana e Lísio estão se olhando. O fundo da imagem são três janelas cobertas com cortinas brancas, há uma mesa na frente do oficial de justiça e vasos de flores nos cantos inferiores da imagem.
A premissa surreal do reality Casamento às Cegas: Brasil gerou muitos comentários nas redes sociais, se tornando uma das produções mais faladas do ano passado (Foto: Netflix)

1ª temporada de Casamentos às Cegas: Brasil 

A premissa insana do reality show Casamento às Cegas: Brasil fez com que ele se tornasse uma das produções mais comentadas no Twitter brasileiro em 2021.  A ideia de colocar pessoas desesperadas para casar em interações que não se tem o contato visual cria um experimento social único e curioso. Inicialmente, é comum o espectador se chocar com as atitudes dos participantes e o absurdo da situação, mas logo essas reações iniciais abrem espaço para uma curiosidade e um interesse genuíno no futuro dos casais, e é nesse momento que o seriado prende a audiência e mostra o quão divertido pode ser.

Cada participante tem uma personalidade diferente, logo, criam-se dinâmicas de casais muito diversas, as quais nem sempre são amigáveis. Os conflitos e as discussões entre as pessoas do seriado demonstram tanto o estressante do experimento social quanto como as aparências podem enganar numa relação, seja ela física ou psicológica, já que muitas vezes essa fica mascarada através de uma persona agradável. A mistura de emoções e o desejo de saber o fim dessa história fazem desse reality show uma das experiências instigantes e singulares dos seriados de 2021. – Nathan Sampaio

Episódios Favoritos: Expectativa vs. Realidade (01×05), Morando juntos (01×06) e A Hora da verdade (01×10)


Cena da quarta temporada de Castlevania. Os três heróis da série se reúnem para enfrentar o inimigo. Da esquerda para a direita, Trevor, Sypha e Alucard estão colados um ao outro, com Sypha acima dos outros dois fazendo um sinal com as mãos num gesto protetor. Trevor é um homem caucasiano musculoso de cabelos castanhos, olhos azuis, usando uma veste preta com detalhes dourados nos ombros e segurando uma arma circular com quatro facas nas pontas na mão esquerda. Alucard é um homem caucasiano muito pálido de olhos amarelos e cabelos loiros e longos, usando um casaco preto e uma roupa ocultada por um enorme escudo vermelho com detalhes prateados e pretos. Sypha é uma mulher caucasiana de olhos azuis e cabelos ruivos e curtos, usando um lenço azul-bebê por cima de uma camiseta preta de mangas longas. Atrás deles, a arquitetura gótica de um castelo é iluminada por lâmpadas brancas.
Em seu último capítulo, Castlevania faz as pazes consigo mesma (Foto: Netflix)

4ª temporada de Castlevania

Por mais que Arcane tenha feito seu marco em 2021 como uma excelente adaptação de videogames para o formato de animação, neste ano também vimos uma das primeiras chegar ao fim. Com Castlevania, a Powerhouse Animation (responsável por O Sangue de Zeus e Mestres do Universo: Salvando Eternia, além da futura adaptação de Tomb Raider) se consagrou como um dos grandes nomes em ascensão na indústria, com lutas sangrentas e fluídas, tramas emocionais e surpreendentes e momentos de partir o coração. A quarta temporada da animação segue as pontas soltas do ano anterior e, num último esforço para impedir a ressurreição de Drácula (Graham McTavish), entrega algumas de suas mais esperadas conclusões.

Com a expectativa de reunir o trio de protagonistas que havia sido separado ao final da segunda temporada, a série como sempre segura suas melhores cartas para serem usadas no momento de maior impacto, reunindo seus personagens em embates icônicos, visualmente inventivos e quase sempre trágicos. Mas talvez a maior força de Castlevania sempre tenha sido a habilidade de seu roteiro para enfrentar as verdadeiras forças por trás dessas tragédias, seja com Isaac (Adetokumboh M’Cormack) encontrando sua perspectiva de futuro na luta contra a cruel Carmilla (Jaime Murray) ou no final inesperado reservado para o grande vampirão que deu início à esse delicioso banho de sangue. – Gabriel Oliveira F. Arruda

Episódios Favoritos: You Don’t Deserve My Blood (04×06), The Endings (04×09) e It’s Been a Strange Ride (04×10)


Cena da série Scenes from a Marriage. Na imagem, vemos um casal de um homem e uma mulher. Ela tem cabelos vermelhos, compridos e pele branca. Ele tem pele branca; cabelos escuros, um pouco grisalhos e barba, também grisalha. Está vestindo uma camisa de cor branca. Ambos estão abraçados, sentados em uma cama de madeira bege, com cobertas e travesseiros, também de cor bege. Eles estão em um ambiente interno.
Scenes from a Marriage busca desviar o olhar do espectador, dada a imensa invasão de privacidade (Foto: HBO)

Cenas de um Casamento (Scenes from a Marriage)

Devido a admiração pelos filmes de Ingmar Bergman (O Sétimo Selo, Persona) veio a desconfiança, e até receio em assistir a essa releitura do clássico de 1973, pois havia o risco de se tratar de mais uma “americanização” de obras cinematográficas europeias, cheia de clichês, e dificilmente fiel à obra original. No entanto, optar por assistir a minissérie Scenes from a Marriage, escrita e dirigida por Hagai Levi (da série Em Terapia), acabou se tornando algo surpreendente, em especial pelos diálogos muito bem elaborados, e os personagens, com suas peculiaridades que nada deixam a desejar para o obra de Bergman.

Nesta versão atualizada de cinco episódios, a aparente união bem sucedida de Mira (Jessica Chastain) e Jonathan (Oscar Isaac), veem aos poucos as máscaras caírem por consequência de um estudo do qual eles viram alvo, e que tem como tema um assunto peculiar e vivido já vivido secretamente por ambos, que é a monogamia. As respostas dadas à pesquisadora, apesar de tentar usar da naturalidade, são sentidas pelo espectador, que percebe a profundidade de sentimentos no casal protagonista, e sente como se pudesse ler os pensamentos deles. Algo ali não está certo, e cabe a nós descobrirmos, gradualmente, o que está acontecendo. A minissérie foi indicada ao Globo de Ouro 2022 de Melhor Atriz para Jessica Chastain, e de Melhor Ator, para Oscar Isaac. – Sabrina G. Ferreira

Episódios Favoritos: Poli (01×02) e The Illiterates (01×04)


Cena da série Chucky. A imagem apresenta à direita o boneco Chucky sentado com um controle de videogame nas mãos e ao seu lado também segurando um controle uma garotinha, a personagem Caroline. Eles estão sentados no chão feito de um carpete estampado. Ao fundo há uma escadaria. Caroline está vestida com uma roupa de urso e tênis escuro e Chucky com um macacão jeans e blusa com listras em tons de azul e vermelho.
A franquia Brinquedo Assassino busca as origens de Charles Lee Ray, o Chucky (Foto: Syfy)

1ª temporada de Chucky

Chucky é uma grata surpresa aos fãs da franquia Brinquedo Assassino. A série retoma as origens de Charles Lee Ray, mostrando os caminhos pelos quais a vida do assassino passou até se tornar o Chucky. Por meio de cenas de flashbacks, entendemos mais sobre a saga original de Don Mancini até às narrativas dos filmes atuais quando a direção criativa já não estava sob suas mãos. Conhecemos maravilhosos novos personagens que trazem importantes discussões, como o protagonista Jake (Zachary Arthur) e seu o processo de aceitação social, conexões familiares e mesmo descoberta do amor.

Apresenta o terror de uma maneira cômica, revivendo a proposta dos primeiros filmes, e consegue ser nostálgico (incorporando personagens toda a saga na narrativa) e ao mesmo tempo muito atual (com discussões sobre o universo queer e sobre famílias desestruturadas). O seriado consegue tecer uma boa crítica a sociedade como um todo, as suas grandes hipocrisias. As mortes de Chucky, além de debochadas, servem de sátira a aqueles que socialmente atrapalham a vida de ser leve (os dissimulados, enganadores, julgadores). Agora nos resta esperar a segunda temporada para ver quais os próximos planos do nosso brinquedo assassino favorito e como continuará sua luta contra Andy Barclay (Alex Vicent). Ma Ferreira

Episódios Favoritos: Give Me Something Good to Eat (01×02) e An Affair to Dismember (01×08)


Cena da série Cidade Invisível que mostra uma mulher parada diante de uma mesa de necropsia. Ela é branca, com cabelos castanhos compridos, está de olhos fechados, e veste um vestido preto de mangas compridas bordadas. À sua volta, muitas borboletas azuis estão voando. O fundo é uma parede branca com vidros.
A cultura indígena brasileira está às margens da sociedade assim como os personagens folclóricos de Cidade Invisível estão na cidade carioca (Foto: Netflix)

1ª temporada de Cidade Invisível

Apesar de Cidade Invisível ter gerado debates sobre o folclore brasileiro ser uma apropriação das crenças indígenas, e não ter representatividade nenhuma daquilo que parecem querer mostrar, a série da Netflix foi um dos lançamentos de maior importância e sucesso em 2021. Mesmo assim, a composição com o suspense, pautando a destruição de ecossistemas brasileiros e  de populações ribeirinhas, junto à atuação incrível de Marco Pigossi, Alessandra Negrini, Fabio Lago e Wesley Guimarães, criou um espetáculo.

Cidade Invisível transformou a visão que a sociedade possui sobre o folclore: a discussão agora é séria, dramática, mais próxima da realidade do que histórias escolares de criança. A perspectiva precisa urgentemente ser melhorada para a sua continuação já confirmada, mas a produção tem tudo para conseguir quadruplicar seu desempenho, já que o final de sua 1ª temporada termina com, justamente, os seres folclóricos que estavam nas florestas de Mata Atlântica do Rio de Janeiro, deixando o lugar em direção à sua verdadeira casa. – Nathália Mendes

Episódios Favoritos: Você não vai acreditar em mim (01×05), Coisa de criança (01×06) e É muito maior do que a gente (01×07)


Cena da série Clickbait. Na imagem se encontra uma moça loira, de cabelos curtos, com a mão tapando a boca. Ela veste uma blusa escura e jaqueta de couro. Ao seu lado um homem de terno acinzentado, cabelos pretos e barba. Ao fundo uma parede de azulejos brancos e uma divisória de vidro. A sala está mal iluminada
Clickbait traz um thriller que faz jus ao nome (Foto: Netflix)

1ª temporada de Clickbait

A Netflix tem um imenso catálogo de thrillers, mas Clickbait se destacou dentre essas produções por ter um final instigante ao telespectador. A narrativa não se propõe a formar uma crítica profunda, buscando mostrar como as relações humanas com o mundo virtual podem ter graves consequências. A todo momento a história nos leva a falsos caminhos, e o nome da série já diz a que veio, para que o fim se revele não só surpreendente, mas também catastrófico. Ele serve como uma ferramenta de reflexão de como as dependências emocionais somadas a tentativas de viver uma vida perfeita (virtual) podem ser degradantes.

A série se inicia com o desaparecimento de Nick Brewer (Adrian Grenier), poucas horas depois um vídeo em que ele admite que abusa de mulheres aparece na internet. As imagens geraram grande comoção por ele apresentar placas que afirmam: “Chegando em 5 milhões de visualizações, eu morro”. A partir deste momento, a vida de sua família se modifica; a cada descoberta um novo julgamento interno e em público, fazendo com que contradições, especulações e reviravoltas norteiam a trama. Clickbait tem seu desfecho justo e apesar da crítica rasa às questões sociais consegue levantar discussões interessantes além do ótimo entretenimento. A Netflix ainda não confirmou a sua renovação, apesar de ser intenção do criador Tony Ayers. Ma Ferreira

Episódios Favoritos: The Sister (01×01), The Reporter (01×05) e The Answer (01×08)


Cena da quarta temporada de Cobra Kai. Ralph Macchio, que interpreta o personagem Daniel Larusso, um homem branco com cabelo preto, vestido com uma jaqueta e uma calça em tons de azul escuro e azul claro, além de utilizar sobre a cabeça, uma bandana branca com detalhes em azul escuro. Ele está ensinando técnicas de karatê para Miguel Diaz, interpretado por Xolo Maridueña. Miguel é um jovem latino americano, com cabelos ondulados e pele bronzeada, usando uma jaqueta moletom cinza e preta e uma calça preta com detalhes em vermelho. Os dois estão na frente de um lago e é possível visualizar outros alunos de karatê atrás deles e está de dia.
Após anos de espera, 4ª temporada de Cobra Kai traz a união entre rivais (Foto: Netflix)

4ª temporada de Cobra Kai

Para a felicidade dos admiradores de artes marciais, 2021 foi abençoado não apenas com uma, mas sim duas temporadas da série Cobra Kai. Após três anos repletos de reviravoltas e muito karatê, o protagonista Johnny Lawrence (William Zabka) passa por um momento de deixar o passado no passado e se tornar aliado do seu rival, Daniel Larusso (Ralph Macchio), para derrotar um mal em comum, mais conhecido como o seu antigo sensei, John Kreese (Martin Kove). Diferente das duas primeiras temporadas, originalmente produzidas pelo YouTube, a continuação da série se encontra nas mãos da Netflix e está longe de ter um fim.

Embora o primeiro filme de Karatê Kid tenha tido seu lançamento na década de 80, a série contribuiu para que uma nova geração de pessoas começasse a se interessar pelos longas e também pelas artes marciais. Além do mais, esse encontro de gerações não é resumido apenas entre admiradores de Cobra Kai, mas também no próprio elenco. A relação de amizade entre o elenco adulto e o elenco jovem, também é presente em todos os momentos, assim como na sequência de filmes originais. Com um toque de humor e nostalgia, a série foi renovada para mais duas temporadas e apareceu na lista do SAG Awards na categoria de Melhor Elenco de Dublês em TV. – Ludmila Henrique

Episódios Favoritos: First Learn Stand (04×02) e Party Time (04×08)


Foto da minissérie Colin em Preto e Branco, na imagem Colin Kaepernick está sentado em um banco cinza, ele tem o cabelo preto e afro, tem a pele negra clara, barba aparada, veste terno preto com uma camisa de gola alta preta e tem o rosto focado olhando em frente. Ao fundo, em uma parede é refletida fotos de Tupac Shakur, Biggie Smalls e outros artistas negros.
A minissérie de Colin Kaepernick mostra a realidade de forma dura, mas mantém uma narrativa divertida e educativa (Foto: Netflix)

Colin em Preto e Branco (Colin in Black & White)

Trazendo referências históricas e artísticas, Colin em Preto e Branco dá um show, criando uma minissérie realista e divertida; A participação de Colin Kaepernick narrando a história de maneira pessoal mas ainda assim mantendo certa distância, é um elemento criativo e sentimental necessário para deixar cada episódio ainda mais apaixonante. O jovem ator Jaden Michael impressiona com a convincente atuação e é uma possível estrela em ascensão, colecionando trabalhos com Jaden Smith e Justice Smith, fenômenos teen da Geração Z.

A produção é dirigida pela fenomenal Ava DuVernay, também responsável pela premiada minissérie Olhos que Condenam. Ava costuma trazer um olhar voltado para as desigualdades raciais, somados à história de Colin, se conseguiu uma fusão perfeita entre a história de uma adolescente e os micro racismos que sofreu no decorrer da vida. Adicionando fatores externos como as misses negras, estudos e estrelas do rap, construiu-se a narrativa de forma didática e maravilhosamente confortável. Thuani Barbosa

Episódios Favoritos: Cornrows (01×01) e Road Trip (01×03)


Cena da segunda temporada da série Love, Victor. A cena mostra um beijo entre dois adolescentes. O primeiro é branco, tem cabelos escuros e as unhas pintadas de preto, e segura o rosto do segundo, que tem pele morena e está de costas para a câmera.
Parece que nem mesmo Love, Victor conseguiu escapar dos triângulos amorosos (Foto: Hulu)

2ª temporada de Com Amor, Victor (Love, Victor)

Para quem estava ansioso em saber o desfecho da tão esperada “saída do armário” de Victor (Michael Cimino), a segunda temporada de Com Amor, Victor foi um deleite e tanto. Provando que a decisão da mudança da série do Disney+ para o Hulu foi um grande acerto, a nova temporada mostrou que não precisava do inconsistente filtro de family friendly da emissora do camundongo e abriu caminho para explorar ainda mais seus personagens. Inclusive, o enredo conseguiu brincar bastante com o background cultural de cada um deles e em como este poderia afetar em suas relações amorosas e familiares, sem esquecer, claro, que eles são jovens com desafios e problemas cotidianos. 

É visível, inclusive, que tanto o personagem principal quanto o ator parecem estar mais à vontade com a atuação, resultando em um desenvolvimento afetuoso do conflito com sua mãe preconceituosa. Essa “humanização” leva o enredo a um retrato mais justo da comunidade LGBTQIA+ que deixam a desejar em algumas outras séries, como Sex Education e Elite. Recheada de representatividade e personagens carismáticos, a trama ganhou mais uma vez o carinho do público e conseguiu sua renovação para uma terceira temporada, prevista para chegar nas terras brasileiras em junho de 2022. – Vinícius Santos

Episódios Favoritos: There’s No Gay in Team (02×03) e The Morning After (02×08)


Fotografia da série Cruel Summer. A foto retrata dois planos quadrados, lado a lado, no qual estão representados os bustos das duas protagonistas. À esquerda está a personagem Kate, interpretada por Olivia Holt. Olivia é uma mulher jovem, branca, de cabelos loiros escuros, que vão até os ombros.Ela usa um cardigan cor de rosa e um colar de pérolas. À direita está a personagem Jeanette, papel de Chiara Aurelia. Ela é uma mulher jovem, branca, de cabelos castanhos, curtos, acima das orelhas. Ela usa uma camiseta preta e, por cima, um cardigan cinza. Ambas estão com expressões sérias nos rostos. O fundo das duas está escuro e desfocado.
Mais do que um drama adolescente comum, Cruel Summer é uma narrativa criativa e original sobre como, muitas vezes, tudo depende do ponto de vista (Foto: Freeform)

1ª temporada de Cruel Summer

Uma história, duas perspectivas e a desconstrução da verdade, quando confrontada com distintos ângulos, concepções e valores. Em Cruel Summer, duas vidas sofrem mudanças drásticas a partir do desaparecimento da jovem Kate (Olivia Holt), enquanto Jeanette (Chiara Aurelia) é acusada de ser a responsável pelo acontecido. Além de ser contada alternando episódios entre os pontos de vista das duas protagonistas, a série intercala entre três épocas, revelando antecedentes e consequências das decisões das personagens, que por sua vez, são complexas e interessantes. 

Entre mentiras, segredos e revelações surpreendentes, a temporada de 10 episódios é cativante em cada segundo de sua duração. A série se destaca com seus notáveis detalhes técnicos, que lhe garantem identidade e personalidade. Ela fornece atuações impactantes e uma fotografia impecável, que determina planos e a coloração da imagem, de acordo com a dramatização requerida em determinada linha temporal representada. A inteligente maneira como o suspense em Cruel Summer é construído, garante uma experiência única, colocando a série entre os melhores lançamentos de 2021. Não à toa, ela foi logo renovada para uma segunda temporada, cujo lançamento está previsto para o segundo semestre de 2022. – Mariana Nicastro

Episódios Favoritos: Happy Birthday, Kate Wallis (01×07), A Secret of My Own (01×09) e Hostile Witness (01×10)


Cena da minissérie Demi Lovato: Dançando com o Diabo. Na imagem, Demi Lovato olha para cima enquanto esboça um leve sorriso. Demi é uma pessoa branca e seus olhos e cabelo são escuros. A sua vestimenta possui uma estampa floral verde e rosa. Ao fundo, há uma estufa de plantas.
Demi Lovato abriu sua intimidade e mostrou que domina a arte de recomeçar (Foto: Youtube Originals)

Demi Lovato: Dancing with the Devil

Demi Lovato: Dancing with the Devil pode se resumir em uma palavra: honestidade. Honestidade para com os seus fãs e para com si mesmo. Em apenas quatro episódios que acumulam quase 40 milhões de visualizações no YouTube, a minissérie de Demi Lovato conseguiu explicar com sinceridade as razões por trás dos eventos preocupantes da sua vida pessoal que viraram manchetes em todo o mundo. A vulnerabilidade de Demi e a veracidade dos seus relatos foram viscerais, é muito difícil não se emocionar ou se sensibilizar com cada revelação feita. 

Dos motivos que levaram Demi Lovato a sofrer uma overdose até o seu quase encontro com a morte, a direção de Michael D. Ratner trouxe a sensação de uma conversa íntima para a tela. Como dizem os versos da trilha sonora de mesmo nome Dancing With The Devil: “É difícil dizer não quando você está dançando com o diabo”. Demi sobreviveu e apostou na honestidade para conscientizar sobre as consequências do abuso de substâncias, além de mostrar que recomeçar é uma arte e não uma vergonha. – Nathalia Tetzner

Episódios Favoritos: Losing Control (01×01) e 5 Minutes from Death (01×02)


Cena da segunda temporada de Dickinson. À esquerda, Sue (Ella Hunt) encara Emily (Hailee Steinfeld), à direita, na frente de uma escrivaninha com um espelho e alguns papéis na parede atrás de si. Sue é uma mulher caucasiana magra de cabelos pretos amarrados num coque, usando um vestido azul claro com detalhes florais vermelhos e amarelos. Emily é uma mulher caucasiana magra de cabelos pretos amarrados num coque, usando um vestido azul marinho. Atrás delas, há uma cômoda de madeira com um espelho e alguns papéis espalhados na frente, e atrás dele, uma parede com papel de parede branco com detalhes de flores. Atrás do espelho, grudado na parede, uma ilustração de uma cobra contorcida com a cabeça ocultada pelo espelho. As cortinas amarelas estão abertas, deixando que a luz entre.
Separando suas melhores personagens, Dickinson às encontra (Foto: Apple TV+)

2ª temporada de Dickinson

Mais de um ano após a primeira temporada, as expectativas estavam altas para o segundo ano de Dickinson, a releitura anacrônica dos anos formativos da heroína-poeta titular, mais uma vez interpretada ferozmente por Hailee Steinfeld. Separada de Sue (Ella Hunt) pelo casamento dela com seu irmão Austin (Adrian Enscoe), Emily agora tem de redefinir sua própria relação com seus poemas e a razão pela qual os escreve, uma vez que a oportunidade de fama bate à sua porta na forma do misterioso Sam Bowles (Finn Jones). Em sua segunda vinda, a série criada por Alena Smith mergulha de cabeça nas coisas que definem Emily Dickinson não só como poeta, mas como pessoa.

Os dramas então ficam cada vez mais intensos (e engraçados), com todos os membros da família recebendo seu momento para brilhar ou se atrapalhar, aproximando-os mais do espectador do que praticamente qualquer outro drama de época atual, utilizando uma lente moderna e uma estética surreal para reexaminar o passado com efeitos tão hilários quanto trágicos. Seguindo os passos de sua poeta, a série foi quase que invisível nessa temporada de premiações, mas a jornada de Emily nos faz entender que isso não é o fim, afinal – a fama é uma abelha. – Gabriel Oliveira F. Arruda

Episódios Favoritos: Split the Lark (02×06), I’m Nobody! Who Are You? (02×08) e You Cannot Put a Fire Out (02×10)


Foto do elenco de Dimension 20: The Seven. Reunidos no Domo, estão o GM (Brennan Lee Mulligan), no centro e, ao seu redor, as jogadoras da edição (da esquerda para a direita, Erika Ishii, Persephone Valentine, Aabria Iyengar, Isabella Roland, Becca Scott e Rekha Shankar). Na frente deles, uma mesa com uma maquete de uma escola no meio de um campo verde com um letreiro branco em uma fachada vermelha que lê “Aguefort Adventuring Academy”. Brennan é um homem caucasiano, magro, de cabelos curtos e ruivos, usando uma camisa com as vermelho-clara de mangas dobradas, apoiando seu rosto com o punho direito. Erika é uma pessoa asiática, magra, de cabelos pretos longos penteados para a direita, usando uma camiseta de algodão com padrões vermelhos e azuis no pescoço e jeans curtas, sorrindo para a câmera com a mão direita no quadril. Persephone é uma mulher negra, magra e alta, se inclinando para a frente, usando uma peruca verde longa e uma boina branca, com uma blusa de seda e saia também branca, sorrindo para a câmera com as mãos juntas na frente das pernas. Aabria é uma mulher negra, alta, com dreadlocks puxados para a esquerda, usando óculos e uma blusa branca por cima da roupa ocultada por Brennan e Isabella, sorrindo para a câmera. Isabella, uma mulher caucasiana de óculos e cabelos loiros e curtos, está com o rosto apoiado no ombro direito de Brennan. Becca é uma mulher caucasiana, magra, de cabelos loiros longos penteados para a esquerda, usando uma blusa de renda bege por cima de uma roupa preta, com os braços estendidos abraçando Aabria e Rekha e sorrindo para a câmera. Rekha é uma mulher asiática magra, de pele marrom, cabelos pretos longos, usando uma camiseta listrada preta e branca e uma pulseira amarela no braço esquerdo, se inclinando para a frente e apoiando seu rosto com ambos os punhos e sorrindo para a câmera. Atrás deles, painéis hexagonais formados por triângulos azuis e roxos compõem o padrão do Domo.
Assim como em todas as temporadas, é o elenco que define a aventura de Dimension 20 (Foto: Dropout)

10ª temporada de Dimension 20

Qualquer um que já jogou um RPG de mesa vai poder te confirmar que o sucesso de qualquer jogo depende de duas coisas: a habilidade da pessoa que mestra ao tecer histórias que incorporem interatividade e envolvimento emocional, e a daqueles que a jogam de transformar falhas em risadas e sucessos tênues em motivo de festa. Brennan Lee Mulligan e o elenco de The Seven, a décima temporada da websérie de actual play do CollegeHumor, tem tudo isso de sobra. Reunindo na mesma mesa um grupo de comediantes de talento titânico, a nova produção do universo de Fantasy High traz o melhor de temporadas anteriores e adiciona o caos único que um grupo de garotas adolescentes é capaz de oferecer.

O novo ano de Dimension 20 é marcado pela volta ao Domo, o espaço físico que havia ficado em desuso durante 2020. Lá, Erika Ishii, Rekha Shankar, Persephone Valentine, Becca Scott, Isabella Roland e Aabria Iyengar encarnam a party das Sete Donzelas, na busca por terminar o ano escolar e talvez salvar o multiverso no caminho (depois de talvez tê-lo colocado em perigo). A química entre as seis jogadores e o Mestre é pulsante do início ao fim da temporada, propiciando alguns dos momentos mais hilários e emocionantes de qualquer temporada e tirando nada mais, nada menos do que um 20 natural. – Gabriel Oliveira F. Arruda

Episódios Favoritos: In or Out (10×02), Belles of the Baronies (10×06) e I Fucking Love You (10×10)


Cena da minissérie Dopesick. Ela mostra o personagem de Michael Keaton, Dr. Samuel Finnix depondo em um tribunal. Finnix é um homem branco, da terceira idade e careca no topo da cabeça. Ele usa uma camisa branca com listras pretas que formam pequenos quadrados, uma gravata azul marinho com losangos brancos, verde escuro e azul e uma jaqueta bege. Ele está sentado próximo a uma mesa de madeira, onde um copo com água pela metade e um microfone aparecem desfocados.
O misto de ficção e realidade te indigna por infelizmente ser real (Foto: Hulu)

Dopesick 

Histórias do imaginário americano e mundial tem cada vez mais saído do ramo documental e migrado para o ficcional, como nos casos de The Act, American Crime Story e Chernobyl. Dopesick estabelece de vez o segmento no streaming, e, assim como as outras, conquista o espectador. O título é um termo em inglês usado para quando alguém está em uma situação específica da abstinência, e a minissérie, contando sobre a fraude farmacêutica que culminou em uma crise de opióide nos EUA, sabe muito bem provocar esse sentimento em quem a assiste.

A minissérie indicada em 3 categorias Globos de Ouro tem um roteiro muito inteligente e organizado que preza pela máxima do mostre, não conte” e aborda o flagelo do vício em suas diferentes vertentes de forma não convencional. Por isso, ela chamou atenção de um elenco muito estrelado incluindo Will Poulter, Rosario Dawson, Peter Sarsgaard e Michael Keaton conseguindo tirar atuações impecáveis de cada ator. Dopesick acerta ao distribuir formatos já vistos em outros produtos dramáticos na TV ao longo dos últimos anos entre seus núcleos e os condensar através de uma trama extremamente coesa, avassaladora e viciante. – Guilherme Veiga

Episódios Favoritos: The 5th Vital Sign (01×03), Pseudo-Addiction (01×04) e The People vs. Purdue Pharma (01×08)


Cena do reality show Drag Race España. A imagem mostra a competidora Pupi Poisson, uma drag queen branca. Ela está no palco do reality, e veste um maiô dourado metalizado, penas nas costas em formato de asas de anjo, e cabelos castanhos. Há detalhes dourados também em seus punhos e em sua cabeça. Há um texto na imagem que se lê “Pupi Poisson”.
Na bancada, Supremme de Luxe e o casal de Javiers transbordam carisma e leveza; Ana Locking ainda tem que comer arroz e feijão (Foto: ATRESplayer)

1ª temporada de Drag Race España

A franquia Drag Race já coleciona diversas versões estrangeiras de seu programa original, cada uma diferente da outra pelo fator principal: regionalidade. Com Drag Race España, essa história não muda, por motivos bons e ruins. A falta de refinamento técnico é compensada pela narrativa espontânea e diversão bagaceira, cada vez mais rara no reality estadunidense. Na casa de RuPaul, a coleção de Emmys veio por meio de uma produção extremamente calculada, que já começa toda nova temporada consciente de quem serão as primeiras eliminadas, o miolo e as finalistas, e qualquer passo fora da linha pontilhada será ajustado pela edição. No livro de regras da corrida espanhola, tudo isso ficou de fora, felizmente.

A competidora Pupi Poisson é o melhor exemplo do que Drag Race España é: ela pode não ser polida em seus visuais e na técnica, mas ela representa o que a arte drag é em sua essência, o potencial de entreter, encantar e divertir quem assiste. Inti, também, por sua veia artística influenciada pela riqueza da cultura quechua; Hugáceo Crujiente por sua estética original; e claro, Carmen Farala, que reinventa o pageant e se mostra boa o suficiente para sentar ao lado de outras queens lendárias das primeiras temporadas de Drag Race. No fim do dia o España é uma bagunça e uma zona, mas é também entretenimento puro, acontecimentos espontâneos e diversão. E para isso não existe fórmula técnica garantida. – Jho Brunhara

Episódios Favoritos: Mocatriz (01×03) e Snatch Game (01×04) 


Cena da segunda temporada da série Eu Nunca. Maitreyi Ramakrishnan, que interpreta a personagem Devi Vishwakumar, uma jovem indiana, com cabelos pretos ondulados e pele morena, vestindo uma saia jeans azul, uma blusa rosa e uma chemise xadrez em tons de verde musgo. Está apontando para uma tabela dividida entre prós e contras marrom, enfeitada com estrelas coloridas, para se decidir entre suas duas opções amorosas. Ela está dentro de um quarto, com paredes pintadas de azul celeste e a porta e os armários na cor branca.
“Está dizendo que eu devo ter dois namorados?” (Foto: Netflix)

2ª temporada de Eu Nunca… (Never Have I Ever)

Não muito diferente do ano inicial, a segunda temporada da série Eu Nunca, produzida pela plataforma de streaming Netflix, segue narrando a vida nada simples da jovem Devi Vishwakumar (Maitreyi Ramakrishnan) e seus altos e baixos entre questões amorosas, diferenças familiares, religião e a perda recente de seu pai. Com uma grande dose de humor e uma abordagem mais séria para assuntos sensíveis, a série superou as expectativas já aguardadas pelo público e conquistou um espaço entre as melhores de 2021. Apesar de não haver grandes diferenças entre as temporadas, a segunda teve um aprofundamento no enredo de todas as figuras principais, se tornando um diferencial frente às outras séries do mesmo gênero.

Embora o foco aqui seja o humor, em vários momentos os personagens tiveram que lidar com situações difíceis como relacionamentos tóxicos, transtornos alimentares e machismo dentro de instituições de ensino. Além disso, Eu Nunca… se destaca entre outras produções teens pela preocupação de realmente trazer uma protagonista adolescente, com problemas recorrentes da adolescência e com atitudes e escolhas muitas vezes consideradas infantis por parte do público. Essa união entre brigas, risadas e amor, contribuíram para que já fosse renovada para a terceira temporada. – Ludmila Henrique

Episódios Favoritos: … opened a textbook (02×03) e … been a perfect girl (02×10)


Cena da série Falcão e o Soldado Invernal. A imagem mostra, da esquerda para direita, um homem negro de cabelos curtos e um homem branco, também de cabelos curtos. O primeiro usa camiseta marrom sobreposta por um moletom cinza, além de calça jeans. Ele também carrega um escudo representante da bandeira dos Estados Unidos na mão direita. O segundo veste camiseta azul e calça jeans. Ele também carrega uma mochila preta no ombro direito. Ao fundo, uma paisagem semelhante a uma floresta.
Entregando visões e recursos potentes para os horizontes dos heróis, Falcão e o Soldado Invernal é significativa principalmente para o presente (Foto: Disney+)

1ª temporada de Falcão e o Soldado Invernal (The Falcon and the Winter Soldier)

A quarta fase do legado Marvel – apesar dos pesares – tem se projetado do passado e desenvolvido o futuro por arcos interessantes e astutos. Sem abandonar os trejeitos característicos do universo de Kevin Feige, Falcão e o Soldado Invernal integra a jornada apresentando a algazarra mundial pós-Ultimato, com lentes quase sempre cuidadosas e veias críticas pioneiramente precisas. Escancarando o lado vil do memorável escudo outrora detido por Steve Rogers, a trama captura a essência odisseica da dupla que participou na construção da herança de Cap. Finalmente, os holofotes passam a seguir quem precisa deixar de ser segundo plano nessa história.

Se Bucky Barnes (Sebastian Stan) desenlaça seus vínculos retroativos em digna humanização, Sam Wilson (Anthony Mackie) percorre uma jornada de identidade à sua altura – se consagrando Capitão América com maestria. Não há como negar o elo magnético que paira sobre ambos em cena, nem a ambição certeira da narrativa. Entre rostos conhecidos e estreantes, caminhando na psique dos personagens, toda a ação também anseia pela ultrapassagem da superfície de lutas e simbologias. O retrato, ainda que débil, de racismo e imperialismo estadunidense é muito bem-vindo ao MCU. E, mesmo esnobada no Emmy 2021 e sem continuação confirmada, Falcão e o Soldado Invernal faz o amanhã dos estúdios Marvel reluzir. – Vitória Vulcano

Episódios Favoritos: Power Broker (01×03) e Truth (01×05)


Cena do seriado Fargo. Na foto, Chris Rock está sentado ao centro, cercado de homens com chapéus, boinas e ternos. Todos, inclusive Chris Rock, são homens negros. Ele está vestindo um terno azul claro, sapatos pretos e gravata preta.
Em uma temporada mais política que as anteriores, Fargo entregou uma história concisa sobre a segregação nos Estados Unidos (Foto: FX)

4ª temporada de Fargo

Três anos depois da 3ª temporada, a adaptação do clássico filme de 1996 chegou ao público em uma nova abordagem. Embora o 4º ano de Fargo não tenha entregue tudo o que se espera do seriado, ainda foi melhor do que a maioria dos lançamentos do gênero. Protagonizada por Chris Rock, a temporada traçou paralelos entre a história da criminalidade e a história da segregação racial nos Estados Unidos, apontando para uma formação cultural que sustentou-se, durante muito tempo, no preconceito. Quando o seriado decidiu dar voz a Loy Cannon (Rock), mostrou que, embora certas coisas sejam apenas coincidências, outras simplesmente não são – como a história do racismo e xenofobia nos EUA. 

Essa temporada também teve um caráter mais político em comparação às demais, mas, ao que parece, não poderia ser diferente. Tanto pela situação em que foi concebida – pós-manifestações antirracistas, decorrentes do assassinato de George Floyd –, quanto pela sua temática de reconstrução de um momento histórico do país. Sem deixar nada estereotipado ou como evidência vazia, a 4ª temporada de Fargo teve bastante êxito ao fazer com que o telespectador desvendasse pequenas referências e ainda se mantivesse preso à história do roteiro. Uma das melhores séries de todos os tempos, e um dos melhores lançamentos do ano passado. – Bruno Andrade

Episódios Favoritos: The Nadir (04×08) e East/West (04×09)


Cena da segunda temporada da série Feel Good. A imagem tem formato retangular e apresenta as personagens Mae e George, deitadas em uma cama e se abraçando. George está à esquerda e Mae à direita. As duas são pessoas brancas, Mae com cabelos curtos e loiros, e George com cabelo castanho abaixo dos ombros.
Mesmo com todos os desafios, Mae e George são um respiro de intimidade e cuidado, estabelecendo o seu melhor quando estão uma ao lado da outra (Foto: Netflix)

2ª temporada de Feel Good

Diferente de outras produções da Netflix, a série Feel Good não se trata apenas de um romance fofo. Misturando o humor com assuntos delicados, o roteiro entrega histórias de relacionamentos complexos e vícios. A trama conta a história da comediante lésbica Mae (Mae Martin) – inspirada em partes de sua própria vida, já que os traumas e as drogas estão presentes em sua jornada. A série desenvolve as angústias de cada personagem de forma honesta e até dolorosa, na qual o humor e a personalidade deles faz a narrativa ser mais leve. Durante uma de suas apresentações, Mae conhece George (Charlotte Ritchie), elas se conectam mesmo no meio de todas suas inseguranças e lutam para manter uma relação saudável junto ao caos de suas vidas.

As reflexões e questionamentos da série são sempre agridoces, e a segunda e última temporada conta com seis episódios bem distribuídos. As duas – Mae e George – começam o ano separadas e tentando se auto conhecer. A história da dupla é retratada de forma muito realista, mostrando que apenas amar não é suficiente. Feel Good consegue expor sentimentos e dores sem exceder-se. Todas as nuances e fragilidades das protagonistas atingem em cheio todas as tramas da história – o vício às drogas, orientação sexual, identidade de gênero e problemas psicológicos – conseguem explorar a doçura e amargor de uma história real e dolorosa, e que nem sempre faz você se sentir bem. Monique Marquesini

Episódios Favoritos: Episode 3 (02×03) e Episode 6 (02×06)


Cena da série Fórmula 1: Dirigir para Viver. Na imagem, Lewis Hamilton está com os braços para trás enquanto olha para cima. O piloto negro e de olhos e cabelo escuros veste uma camisa preta com a frase “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam) esrita em branco. Ele também usa máscara e óculos escuros
Os movimentos sociais ganharam destaque em um ano incomum para a Fórmula 1 (Foto: Netflix)

3ª temporada de Fórmula 1: Dirigir para Viver (Formula 1: Drive to Survive)

Com o avanço da pandemia de covid-19 e o consequente comprometimento do calendário de 2020 da Fórmula 1, a 3ª temporada da sua série documental na Netflix se aprofundou ainda mais nas emoções dos bastidores. Ao focar nos aspectos que ultrapassam o esporte, Fórmula 1: Dirigir para Viver conseguiu construir a sua própria audiência. Para os episódios, o excesso de dramatização se tornou um ponto positivo e as disputas internas entre as equipes colocaram gasolina para fazer a série andar.

No ano em que o automobilismo quase não acelerou, o elenco cheio de personalidades fortes ainda teve história para contar. Se o carisma de Daniel Ricciardo continuou a arrebatar corações, o acidente de Romain Grosjean e a redenção de Pierre Gasly foram responsáveis pelos momentos mais tocantes. Em um esporte ainda elitizado, Lewis Hamilton não teve medo de se posicionar e foi protagonista dentro e fora das pistas. A 3ª temporada provou que a série veio para ficar e mudar a relação do torcedor com a Fórmula 1: a sequência já foi confirmada pela Netflix. – Nathalia Tetzner

Episódios Favoritos: Cash Is King (03×01), The Comeback Kid (03×06) e Down To The Wire (03×10)


Cena da série Gavião Arqueiro. Na imagem, sentados na calçada em frente a uma porta fechada, vemos, à esquerda, Clint Barton, o personagem interpretado por Jeremy Renner, e, à direita, Kate Bishop, interpretada por Hailee Steinfeld. À frente dela, vemos um cachorro Golden Retriever com o pelo amarelado claro. Jeremy Renner é um homem branco, de cabelo castanho curto em um topete, aparentando cerca de 40 anos, vestindo um casaco marrom, calça e sapatos pretos. Hailee Steinfeld é uma mulher branca, de cabelos pretos longos e lisos, aparentando cerca de 25 anos, vestindo um sobretudo cinza, camiseta branca, calça jeans clara e botas pretas.
Os episódios de Gavião Arqueiro unem a ação ao aprofundamento dos personagens, e abordam também as consequências físicas e emocionais de ser um herói (Foto: Disney+)

1ª temporada de Gavião Arqueiro (Hawkeye)

Em 2021, boa parte da Marvel se ocupou com grandes aventuras. Entre realidades paralelas, vizinhanças alternativas, alter egos convivendo (isso em mais de uma produção), equipes de heróis imortais e missões internacionais super-secretas, o Gavião Arqueiro passou o ano em em casa, descansando. A paz do ex-Vingador é interrompida justo na semana natalina, quando a arqueira juvenil e sua fã número 1, Kate Bishop, veste o uniforme de Ronin e passa a ser perseguida pelos antigos inimigos da persona vilanesca de Clint Barton. Talvez por ‘uma vez um herói, sempre um herói’, talvez pela culpa por seus atos, o personagem deixa a decoração da árvore de Natal de lado para livrá-la da encrenca. E é com essa simples premissa (e em uma só linha do tempo!) que Gavião Arqueiro entretém, e justamente por manter os pés no chão. 

Além de iniciar a tão esperada introdução de Kate Bishop às telas da Marvel, a primeira temporada da série aproveita para redimir o Gavião Arqueiro, que, sem destaque desde o seu início nos Cinemas, estava ainda mais desgastado com os recentes eventos do MCU. Os seis episódios flertam com os quadrinhos, referenciam outras produções da empresa, e apresentam novos personagens, mas, mesmo com tudo isso, já triunfam logo em sua dupla de protagonistas: um carrancudo Clint servindo como mentor a uma simpática Kate faz da crescente relação e parceria dos dois a parte mais divertida e envolvente de Gavião Arqueiro. Na pele da arqueira, a carismática Hailee Steinfeld torna até o herói de Jeremy Renner mais aceitável. – Vitória Lopes Gomez

Episódios Favoritos: Never Meet Your Heroes (01×01), Partners, Am I Right? (01×04) e Ronin (01×05)


Cena da série genera+ion. A imagem mostra as personagens Nathan, Chester e Riley sentados em uma mesa na praça de um colégio. Chester está ao centro abraçando Nathan e Riley, que estão à sua esquerda e direita, respectivamente. Nathan é um homem branco jovem e veste uma camiseta azul. Chester é um homem negro de pele clara jovem e veste uma regata de listras coloridas, na cor azul, lilás, rosa e branco. Chester veste também uma calça xadrez vermelha e um óculos de sol pequeno e vermelho. Riley é uma mulher jovem de cabelos compridos e usa uma calça preta.
Lacre atrás de lacre (Foto: HBO Max)

1ª temporada de genera+ion

É incrível pensar que Zelda Barnz tinha 16 anos quando começou a escrever genera+ion. Ao mesmo tempo que esse fato impressiona, faz muito sentido ao analisar o resultado final da obra. A série, que retrata a adolescência LGBTQIA+, faz questão de passar por quase todas as representatividades da sigla. O conjunto de personagens carrega com si muitas camadas e traços que os caracterizam como jovens queer complexos e multifacetados, adolescentes que fazem boas e más escolhas, às vezes inconsequentes mas também muito carismáticos e amorosos.

Entre seus tantos personagens, a comédia dramática tem como destaques a mística Arianna (Nathanya Alexander), Nathan (Uly Schlesinger), o bissexual pateta, e também Ana (Nava Mau), uma tia carinhosa e devota à criação da sua sobrinha Greta (Haley Sanchez). Infelizmente, genera+ion foi cancelada de forma criminosa, depois de sua primeira e única temporada, comprovando que narrativas adolescentes que possuem como maior foco as representatividades LGBTQIA+ não caem nas graças do grande público. Para a História, a série ficará como uma obra que contemplou muitos queers que se identificaram com as personagens ou desejaram ter tido uma juventude igual a deles. – João Favaro

Episódios Favoritos: Desert Island (01×07) e The High Priestess (01×12)


Cena da série Ghosts. A imagem mostra as personagens da série Ghosts correndo em uma estrada numa área rural, durante o dia. Na parte da frente, da esquerda para a direita, vemos Captain, Kitty, Pat, Thomas e Robin. Atrás, vemos Fanny e Julian. A câmera está na frente deles. Captain é um homem branco e veste roupas militares; Kitty é uma mulher negra e veste roupa de época de 1800; Pat é um homem branco e veste roupa de escoteiro; Thomas é um homem branco e veste roupa de época de 1700; Robin é um homem branco e veste roupa de homem das cavernas. Fanny é uma mulher idosa branca e veste roupa de época de 1900; Julian é um homem branco e veste roupa dos anos 1990.
O squad perfeito (Foto: BBC One)

3ª temporada de Ghosts

Se você gostou do humor britânico de Fleabag, Ghosts está apenas te esperando para ser descoberta. A série de 2019 da BBC One – não confundir com o remake estadunidense da CBS de 2021 – é genial em todas as suas camadas. A partir de uma premissa simples e já vista antes, a produção não reinventa a roda, mas traz uma versão polida, astuta e dinâmica. Alison (Charlotte Ritchie) se muda para o recém-herdado Casarão Button com seu marido Mike (Kiell Smith-Bynoe), e após uma experiência de quase-morte, ela passa a conseguir enxergar fantasmas. E é aí que entram as nove figuras principais de Ghosts: Kitty, Thomas, Julian, Fanny, Pat, Robin, Captain, Mary e Humphrey.

Por terem morrido em épocas diferentes, a série utiliza dos estereótipos das personagens e seus costumes individuais para dar o tom cômico, mas nunca reduzindo eles a apenas isso. De um homem das cavernas até um político dos anos 90, a obra sabe bem como explorar essa distância de anos e personalidades a seu favor. A terceira temporada introduz uma nova personagem (viva) para a trama, Lucy (Jessica Knappett), que diz ser uma irmã perdida de Alison. Porém, as estrelas ainda são os fantasmas, e claro, Mike. Uma das maiores vantagens de Ghosts talvez seja o fato de que seus atores são os próprios roteiristas da série – e vieram juntos de Horrible Histories, um clássico da TV britânica –, o que possibilita que eles coloquem na telinha apenas o que sabem que funciona e o que é engraçado. E eles sabem mesmo. – Jho Brunhara

Episódios Favoritos: The Woodworm Men (03×03) e Something to Share? (03×05)


Cena da série Gossip Girl A cena mostra Max e Akeno se olhando de frente. Max é branco, tem cabelos pretos e usa uma camisa florida clara. Akeno tem traços asiáticos, cabelos rosas bem rentes à cabeça e usa camisa branca. Eles tem as mãos próximas em uma mesa, com um celular no centro.
Arcos de Akeno, Audrey e Max triunfam em temporada com mais desculpas do que qualidades, mas recheada de senso de esperança para o futuro (Foto: HBO Max)

1ª temporada de Gossip Girl

Existe certo grau de humor e ironia nas entrelinhas da nova Gossip Girl. É uma pena, todavia, que seus roteiristas e diretores insistam em ignorá-lo, dando voltagem a um drama melodramático e pouco convincente. Fato também de conhecimento geral é que os episódios iniciais, meia dúzia de filhotes de Riverdale com senso de grandeza, apequenaram as expectativas para o futuro. A leva final do ano de estreia engrossa o caldo e sabe focar em um problema central, fazendo com que seu carismático elenco dance conforme a música.

Muito mais um voto de confiança e um agradecimento por bons momentos isolados ao longo de uma extensa temporada, a mera inserção de Gossip Girl nas Melhores de 2021 denota o ar camp e despojado que está na atmosfera do Upper East Side. Ficam os sinais: queremos mais do romance entre Akeno (Evan Mock), Max (Thomas Doherty) e Audrey (Emily Alyn Lind), menos das intrigas de Zoya (Whitney Peak) e Julien (Jordan Alexander), quase nada do núcleo adulto e, mais do que qualquer coisa, necessitamos de uma abundância de Luna (Zión Moreno). XOXO. – Vitor Evangelista

Episódios Favoritos: Parentsite (01×06), Blackberry Narcissus (01×09) e You Can’t Take It with Jules (01×11)


Cena da série Grey’s Anatomy. Uma imagem retangular contendo quatro personagens da série, todos sentados e alinhados. Da esquerda para a direita encontram-se um homem negro e careca com um pequeno cavanhaque já esbranquiçado, vestindo uma camisa cinza. À sua esquerda uma mulher branca, de cabelos loiros, um leve sorriso no rosto, vestindo uma camisa branca com uma camiseta da mesma cor por baixo. Seguindo a sequência, ao seu lado encontra-se um homem branco, de cabelo escuro e curto, vestindo uma camiseta polo branca e um sorriso no rosto. Por fim, uma mulher negra de cabelos castanhos lisos e vestindo uma camisa de tom rosa bem claro. Todos eles contemplam algum ponto no horizonte sem olhar para a câmera. O fundo é todo composto por pedras arredondadas, trazendo um tom mais acinzentado para a imagem.
Nem nos sonhos mais distantes era esperado um reencontro assim (Foto: ABC)

17ª temporada de Grey’s Anatomy

Como em uma prova de resistência, Grey’s Anatomy lança sua 17ª temporada em meio ao caos da pandemia, e nada melhor do que uma série médica para contar isso. Adicionando a covid-19 no contexto do Hospital Grey Sloan, o resultado acaba sendo a realidade de hospitais do mundo todo que entraram em colapso por tantas mortes, graças ao negacionismo que também se faz presente na série. A representatividade, como sempre, é um ponto fundamental do desenvolvimento da trama, trazendo problemas como o tráfico de pessoas e o sofrimento da população negra americana (e global) com o vírus. Esses e outros temas continuarão a ser abordados, já que a trama foi confirmada até a 19ª temporada.  

Apesar da situação terrível, os médicos vão levando suas vidas como podem: alguns lidando com o nascimento de seus bebês e formando casais fofíssimos, e outros em sua confusão eterna como Teddy e Owen. Com sua brilhante criatividade, Shonda Rhimes conseguiu entregar para os fãs mais um episódio produzido na loucura, igual àquele em que Callie faz um musical enquanto está morrendo. O que não pode ficar de fora são os episódios na praia – muito milagrosa e que consegue ressuscitar defunto, onde Meredith (que estava em coma) encontra Derek, Lexie, George e outros que já partiram. Depois dessa temporada, é notável que sempre irão matar quem não merece morrer. – Maria Vitória Bertotti 

Episódios Favoritos: All Tomorrow’s Parties (17×01), You’ll Never Walk Alone (17×04) e I’m Still Standing (17×16)


Cena da série Hacks. A imagem mostra as personagens Ava e Deborah em um corredor cheio de porta-retratos. Elas estão no meio desse corredor, olhando para a parede da esquerda, e a câmera as filma de lado. Ava é um mulher adulta branca de cabelos loiros na altura do ombro, e usa uma camiseta de manga comprida vermelha. Ela está de braços cruzados. Deborah é uma mulher idosa branca de cabelos loiros presos, e usa um casaco bege. Ela segura uma bolsa bege e está com as mãos próximas ao meio do peito.
Eu ainda vou te dar muito orgulho velha (Foto: HBO Max)

1ª temporada de Hacks

As 15 indicações ao Emmy 2021 e a vitória de Jean Smart, que interpreta a protagonista Deborah Vance, não são suficientes para expressar a potencialidade de Hacks. A série de Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky conta a história de uma comediante veterana de 70 anos de idade e uma jovem roteirista com um cancelamento na conta que são obrigadas a trabalharem juntas. O conflito de gerações e a indisposição de uma para com a outra levam a trama para uma competição de duas pessoas que deveriam estar se ajudando, elevando a comédia de 10 episódios para uma experiência cômica muito emocionante e recompensadora.

Hacks carrega questões importantes e expõe as dificuldades das mulheres na comédia, retratando como o machismo afeta Deborah e molda a personalidade dessa mulher arrebatadora, que precisou transpassar todas as condições delimitadoras e se tornou icônica. O cenário de Las Vegas e os contrapontos de Ava (Hannah Einbinder), uma menina soberba de Los Angeles, é instigante, e retifica a atmosfera de competitividade da série. Hacks foi renovada para uma segunda temporada pelo HBO Max e ainda não possui data de estreia. – João Favaro

Episódios Favoritos: Falling (01×05) e New Eyes (01×06)


Cena da 2ª temporada de High School Musical: A Série: O Musical. Nela, os alunos do grupo de teatro estão no corredor da escola, todos com um olhar de espanto/surpresa. Na ponta esquerda, está Ashlyn, interpretada por Julia Lester; ela é uma jovem branca, de cabelos ruivos e longos, presos em um semi rabo de cavalo; e veste um moletom branco com detalhes rosas, calça legging preta e um par de tênis prateado. Ao seu lado, está Big Red, interpretado por Larry Saperstein; ele é um jovem branco, de cabelos ruivos e lisos; e veste um casaco xadrez, calças marrons e um par de tênis colorido. Ao seu lado, está Ricky, interpretado por Joshua Bassett; ele é um jovem branco, de cabelos castanhos e encaracolados; e veste um moletom com listras coloridas, calça jeans e um par de tênis azul. Ao seu lado, está Carlos, interpretado por Frankie A. Rodriguez; ele é um jovem com traços latinos, cabelos pretos e lisos; e veste um moletom branco, com um casaco com estampa dourada, e calça preta; ele também segura um candelabro na mão direita. Mais ao fundo, ao lado direito de Carlos, está Seb, interpretado por Joe Serafini; ele é um jovem branco com cabelos loiros e lisos; ele veste uma camisa branca estampada, casaco bege, calça jeans e um par de tênis marrom. Ao seu lado, está Kourtney, interpretada por Dara Reneé; ela é uma jovem negra, com cabelo castanho-claro e crespo; ela veste uma camiseta laranja, um casaco e calça estampados, e um par de tênis rosa. Ao seu lado, na ponta direita, está Gina, interpretada por Sofia Wylie; ela é uma jovem negra, com cabelo castanho-escuro preso em um coque alto; ela veste um cropped preto, uma jaqueta preta, calça preta estampada e um par de tênis branco.
As gravações da 3ª temporada já começaram, e vão contar com o retorno de Corbin Bleu, que interpretou Chad na trilogia de filmes (Foto: Disney+)

2ª temporada de High School Musical: A Série: O Musical (High School Musical: The Musical: The Series)

Que High School Musical: A Série: O Musical é uma das maiores séries teens dos últimos tempos todo mundo já sabe. Sua 1ª temporada foi uma sucessão de acertos, além de ser fortalecida pelo poder da nostalgia e trazer uma releitura necessária sobre a trilogia musical de sucesso, a produção também revelou para o mundo o rosto de uma das maiores artistas pop da atualidade (antes mesmo dela receber esse posto): Olivia Rodrigo. Diante desse cenário, as expectativas para o segundo ano da série não eram pequenas, mas não chegaram muito perto de serem cumpridas. Tentando se desvencilhar cada vez mais da obra original, o grupo de teatro do East High adapta um outro clássico, A Bela e a Fera, mas acaba seguindo os mesmo passos, e cometendo novos erros, ao voltar os holofotes para o dramalhão cansativo do casal principal.

No entanto, a condução geral da narrativa não tira o mérito dos triunfos da 2ª temporada da produção do Disney+. Em paralelo aos problemas entre Nini (Olivia Rodrigo) e Ricky (Joshua Bassett), High School Musical: A Série: O Musical trilha seu próprio caminho ao apresentar personagens secundários com narrativas bem mais interessantes e maduras – pelo menos para o que se espera de um grupo de adolescentes -, mesmo que ainda pouco desenvolvidas. Gina (Sofia Wylie) é a grande estrela desse novo ano, ao ser totalmente desvinculada do papel de vilã (justiça por Sharpay Evans!) e almejar suas próprias conquistas pessoais. O mesmo vale para Carlos (Frankie A. Rodriguez), Seb (Joe Serafini) e Ashlyn (Julia Lester), que protagonizam importantes discussões que poderiam render até episódios individuais sobre suas histórias. Em meio a tantas oportunidades, a renovação da série era mais do que necessária, para se ter uma outra chance de fazer jus à tentativa de não criar um novo Troy e uma nova Gabriela. – Vitória Silva

Episódios Favoritos: The Quinceañero (02×05), Spring Break (02×09) e Showtime (02×11)


Cena da minissérie Adventure Time: Distant Lands. A imagem mostra as personagens Finn e Jake. O fundo é dourado e pode-se ver pedras flutuando. Eles estão em cima de um pedaço de chão que também está flutuando. Eles estão de lado. Finn é um menino branco que veste um chapéu branco com orelhinhas, uma camiseta azul, um shorts azul, sapato preto e mochila verde. Jake é um cachorro amarelo. Ele usa um casaco dourado. Finn está com as mãos nos ombros de Jake.
Antes de criar Steven Universe, Rebecca Sugar era uma das mentes geniais de Hora de Aventura (Foto: HBO Max)

Hora de Aventura: Terras Distantes (Adventure Time: Distant Lands)

Hora de Aventura iniciou sua trajetória em 2010 como um dos desenhos que definiram a década ao lado de outros títulos da Cartoon Network, mas encerrou sua história em 2018 de forma agridoce, com uma décima temporada reduzida por ordens do canal e as mesmas restrições em relação ao conteúdo já conhecidas de temporadas anteriores. O beijo entre Princesa Jujuba e Marceline no último episódio, Come Along With Me, foi uma mera migalha da CN do que o casal poderia ter sido. Em Hora de Aventura: Terras Distantes, a justiça criativa finalmente chegou, e vimos que o desenho tinha o potencial de ser ainda melhor do que foi. Embaixo das piadas de peido e a narrativa colorida do desenho, a trama que se construía era uma mitologia complexa de sobreviventes em um mundo pós apocalíptico e todas as consequências morais e psicológicas do evento nos habitantes daquele novo planeta.

Terras Distantes revisita o universo original de Hora de Aventura e o expande, mostrando eventos de antes e depois da cronologia original do desenho. Os maiores destaques estão nos três primeiros episódios: BMO nos relembra quão apaixonante o robôzinho é em uma aventura espacial; Obsidian finalmente trata com a devida importância e representatividade LGBTQIA+ o relacionamento entre Jujuba e Marceline, e mostra mais sobre a história de ambas que não pudemos ver antes; e Together Again debate sobre morte e eternidade e dá o fim perfeito para Finn e Jake, imortalizando o companheirismo da dupla. Com cada episódio tendo quase uma hora, Terras Distantes mostra que os 10 minutos originais de cada capítulo do desenho nunca foram suficientes para a magnitude do universo de Ooo. – Jho Brunhara

Episódios Favoritos: Obsidian (01×02) e Together Again (01×03)


Cena do anime Horimiya. Hori e Miyamura estão andando por uma rua no fim da tarde, com a luz amarela do sol iluminando a cena. Hori é uma garota asiática de cabelos castanhos longos presos numa presilha verde-clara e uma camisa rosa. Miyamura é um garoto asiático de cabelos longos e pretos, presos num coque, com diversos piercings e correntes no rosto, usando uma camisa preta. Os dois passam um pelo outro sem se perceber, na frente da porta de vidro de um edifício com a parede branca cheia de avisos.
Através de um amor cotidiano, Horimiya conquista todos nós (Foto: Clover Works)

1ª temporada de Horimiya (ホリミヤ)

Mesmo cortando boa parte do mangá original, a adaptação de Horimiya para anime entrega mais clichês de comédias românticas em um único episódio do que Hollywood entregou em uma década. O que mais surpreende é o quanto sua trama doce e simples consegue se diversificar e explorar grande parte do elenco secundário sem perder o charme e a despretensão, com a animação do estúdio Clover Works sendo gigantesca em seu minimalismo e enchendo a tela com personagens bem formados e engajantes e um roteiro sem medo de introduzir elementos disruptivos e até mesmo surpreendentes.

Dentro desse minimalismo, funciona um complexo sistema de relações entre personagens que vão de paixão a amizade, reforçados em todas as suas interações, impedindo que até mesmo as tramas mais afastadas de Hori (Haruka Tomatsu) e Miyamura (Koki Uchiyama) se afastem dos temas e ideias centrais da série, mas que são sintetizados com profundidade avassaladora no relacionamento entre os dois protagonistas: um garoto quieto e sombrio que esconde piercings e tatuagens e uma garota popular que vira dona de casa pela tarde. Horimiya é um exemplo holístico de como a causalidade da vida cotidiana é talvez a melhor trama que existe. – Gabriel Oliveira F. Arruda

Episódios favoritos: I Can’t Say It Out Loud (01×05), It’s Hard, but Not Impossible (01×09) e I Would Gift You the Sky (01×13)


Cena da série I Told Sunset About You 2. É uma foto retangular contendo uma cena de beijo entre o casal da série, ambos homens tailandeses. No centro da imagem, de lado para o observador, encontram-se os dois membros do casal se beijando, com um deles, à direita, vestindo um terno de cor azul esverdeado e o outro, à esquerda, trajando um terno preto padrão. Entre os dois há um arranjo de rosas brancas, e, ao fundo, apenas o céu repleto de nuvens levemente rosadas que indicam fim de tarde.
Esse casal lindo também sofre como a gente (Foto: Nadao Bangkok)

2ª temporada de I Told Sunset About You

A segunda temporada da série tailandesa I Told Sunset About You veio em 2021 para mostrar o que é uma produção detalhada e sem defeitos. Sob o nome I Promised You the Moon, a produtora Nadao Bangkok, em parceria com a emissora LINE TV, manteve o nível da primeira parte, pecando apenas em incluir uma traição no roteiro. Como na maioria das séries do gênero BL (Boys Love), o envolvimento entre os protagonistas Teh (Billkin) e Oh Aew (PP Krit) continuou cercado de dramas, causados, desta vez, pela rotina da universidade e vida adulta e desenvolvimento pessoal de cada um, o que aproximou significativamente o público, já que são fases comuns que surgem na vida real.  

Dona de uma fotografia impecável, IPYTM (abreviação do nome) encantou novamente todos os fãs ao trazer os cenários noturnos de Bangkok, capital da Tailândia, e mergulhar na intimidade de OhTeh (ship do casal), surpreendendo a todos pela cena de sexo, que era aguardada desde a primeira temporada para a praia de Phuket mas só foi exposta durante essa parte mais madura deles. A trilha sonora complementa a crise de choro que acompanha os 5 episódios, e é importante dizer que todas as músicas foram interpretadas por Billkin e PP, mostrando que possuem outros talentos além da atuação. – Maria Vitória Bertotti 

Episódios Favoritos: Memory Recall (02×03) e Turning Point (02×05) 


Cena da série iCarly. A cena mostra os irmãos Carly e Spencer, parados em sua sala, olhando para a frente. Carly é uma mulher adulta, branca e de cabelos castanhos com as pontas mais claras. Ela veste um suéter marrom. Spencer é um homem adulto, branco e de cabelos na altura dos ombros, escuros. Ele é mais alto que Carly, veste uma camisa preta de mangas curtas e estampa laranja e segura uma taça de champanhe na mão esquerda.
Em 5, 4, 3, 2 e… Eu sou Carly e sejam bem-vindos ao novo iCarly (Foto: Paramount+)

1ª temporada de iCarly

Bem vindos ao novo iCarly… Isso mesmo, com um bordão repaginado, Miranda Cosgrove voltou às telinhas com sua mais popular personagem. Adulta e mais experiente, Carly Shay retornou como uma grande amiga de infância que não vemos há anos, mais especificamente, há 9 anos. Porém nossa colega não veio sozinha, além de Nathan Kress e Jerry Trainor retornando aos papéis originais, novos atores entraram para o elenco como Lacy Mosley (Harper), a nova melhor amiga de Carly, e Jaidyn Triplett (Milicent), enteada de Freddie. Aliás, as duas artistas foram ótimas adições à trama. Millicent conseguiu trazer uma vibe “chatinha”, além de representar muito bem a Geração Z, reclamando e zombando de tudo, enquanto Harper esbanja simpatia e ironia. 

As duas parecem ter suprido a ausência de Sam Puckett (Jennette McCurdy). Em outras palavras, os produtores conseguiram muito bem manter a essência de iCarly e trazer uma nostalgia para uma fanbase que ansiava pelo retorno desses personagens queridos. Além, claro, da escolha certa dos cenários inéditos e histórias que combinam com a geração atual. A personalidade e o carisma de Carly continuam lá, mas agora com uma pitada de amadurecimento. E parece que a inserção dessas personagens frescas e a dosagem perfeita de piadas adequadas ao novo enredo conquistou o público e os produtores, que já anunciaram a renovação da trama para uma nova temporada. – Vinícius Santos

Episódios Favoritos: iStart Over (01×01), iGot Your Back (01×04) e i’M Cursed (01×06)


Cena da série em animação Invencível. No lado esquerdo da imagem aparece Mark, um adolescente branco e ásio-americano, ele está voando e usa uma roupa colada com as cores: preto, amarelo e azul, uma máscara cobre seus olhos e sua testa, deixando à mostra apenas o nariz, a boca e o cabelo, o qual é preto, curto e penteado para trás. No lado direito, aparece Samantha, ela é uma adolescente branca, de cabelos ruivos e olhos verdes, ela usa um collant rosa e de suas mãos saem dois raios rosados. Ela está voando ao lado de Mark e olhando para ele. O fundo mostra o céu azul.
A adaptação das histórias em quadrinhos de Robert Kirkman, Invencível, ganhou seu espaço na cultura pop em 2021 (Foto: Amazon Prime Video)

1ª temporada de Invencível (Invincible)

A mistura de referências ao universo de super-heróis com uma forte violência gráfica e um texto afiado que discute poder e responsabilidade fazem de Invencível uma das séries mais cativantes de 2021. A adaptação das HQs de Robert Kirkman mostram um herói em formação ao mesmo tempo que busca discutir os poderes e as consequências dos atos provocados pelos super seres. As altas doses de sangue presente na projeção, além de darem um tom adulto à história, auxiliam a narrativa a construir uma história recheada de perigos e repercussões que irão resvalar no protagonista e naqueles à sua volta. 

O seriado não é perfeito, tendo problemas em seu roteiro e na longa duração de seus episódios, porém os últimos dois capítulos mostram ao público os temas e a história que os realizadores desejam contar. O trecho final é tão impactante que gerou uma grande repercussão nas redes sociais e foi o que alçou a série ao posto de queridinha” do público. Invencível se provou uma produção muito interessante e cativante, e que com certeza merece o posto que recebeu na cultura pop. – Nathan Sampaio

Episódios Favoritos: That Actually Hurt (01×05), We Need to Talk (01×07) e Where I Really Came From (01×08)   


Cena da minissérie It’s a Sin. Na imagem, vemos um homem jovem no centro, trajando uma camisa de mangas compridas arregaçadas até os cotovelos, e uma calça jeans escura, com um cinto marrom. Ele é magro, tem cabelos castanhos, curtos e encaracolados, e sua pele é branca. Ele está em pé, com os braços cruzados, e segurando uma garrafa de vidro, que está apoiada em seu queixo. Do lado direito dele tem uma moça. Ela está usando uma camisa vinho, de mangas curtas, listrada de preto. Tem a pele morena, cabelos encaracolados e amarrados, está sentada, e está com a boquiaberta, com expressão de espanto. Ao lado dela tem mais duas pessoas, mas se tem poucos detalhes sobre elas. Do lado esquerdo do rapaz está um homem. Ele está usando uma camisa xadrez em vinho e branco aberta, e uma camiseta branca por baixo. Ele é careca, tem um bigode castanho, e está olhando para a frente. Em uma das suas mãos tem uma latinha de bebida. Na frente deles há uma mesa de madeira com algumas latinhas de bebidas. Atrás deles tem algumas pessoas conversando entre si. Eles estão em ambiente fechado, e tem uma lamparina com duas luzes acesas atrás.
It’s a Sin impressiona ao falar com destreza e sensibilidade dos efeitos da AIDS nos anos 80 (Foto: Channel 4)

It’s a Sin 

Em meio a tantas produções mais famosas disponíveis no HBO Max,  a minissérie It’s a Sin estava escondida, sem muito destaque, e logo no primeiro episódio se mostra apaixonante. São cinco episódios no total, muito bem escritos por Russell T. Davies (Queer as Folk, A Very English Scandal) . De princípio chegamos até a pensar que se trata de mais uma história comum de um grupo de adolescentes gays, reforçando estereótipos. Na verdade, It’s a Sin está muito longe disso! Os personagens são singulares, e fogem totalmente dos padrões. O protagonista Ritchie (interpretado pelo vocalista da banda Years & Years, Olly Alexander), por exemplo, é conservador e promíscuo ao mesmo tempo, bem como egoísta, despertando julgamentos e compaixão, simultaneamente.

É impossível não pensar o quanto a juventude atual sofreu em 2020 com o aumento dos casos de covid-19, e o medo do que ainda estava por vir, do desconhecido, e comparar com a juventude dos anos 80 e 90 em meio ao recém descoberto vírus do HIV, que na época vitimou pessoas de diversas idades, na maioria jovens. Em suma, se o que você quer é uma série curta, com episódios que te fazem esquecer do tempo, e desperta um turbilhão de emoções, sendo engraçada, chocante e emocionante (se prepare para chorar com ela!) ao mesmo tempo, então It’s a Sin é o que você procura. Dentre inúmeras nomeações, ganhou o prêmio de Programa do Ano no BANFF World Media Festival / Rockie Awards 2021. – Sabrina G. Ferreira

Episódios Favoritos: Episode 3 (01×03) e Episode 5 (01×05)


Cena da série Kevin Can F**k Himself, mostra Alison, uma mulher branca, loira e adulta. Ela usa suéter verde e camiseta cinza, e olha para a frente, segurando um cesto branco de roupas e uma das mãos e uma taça vazia de cerveja na outra. Ela tem expressão apática e de cansaço.
Depois de nos matar de rir em Schitt’s Creek, a vencedora do Emmy Annie Murphy abraça o drama na produção que leva um palavrão no título (Foto: AMC)

1ª temporada de Kevin Can F**k Himself

Quando anunciada, a mera premissa de Kevin Can F**k Himself já despertava curiosidade nos mais aficionados pelos gêneros múltiplos da TV. Criada por Valerie Armstrong, a mistura de comédia e drama está tanto no texto quanto na abordagem, sabiamente dirigida pelas lentes de Anna Dozoka e Oz Rodriguez. Na trama, Allison (Murphy) vive refém de uma relacionamento abusivo com o marido titular, papel de Eric Petersen. O que muda é a atmosfera da série, que na presença de Kevin é capturada no estilo sitcom, e quando se distancia dele, é filmada com câmera única.

A paleta de cores e a trilha sonora passam de ensolaradas para tempestuosas ao passo que os problemas psicológicos da protagonista afloram e são explorados em tela. Arduamente, Kevin Can F**k Himself foge das repetições ao mergulhar em terrenos cinzentos e narrativas secundárias atraentes até demais. Com a segunda e última temporada já encomendada, a esperança é que o subtexto queer seja trazido à superfície (e que Allison finalmente encha a boca e mande o Kevin se foder). – Vitor Evangelista

Episódios Favoritos: Living the Dream (01×01), The Grand Victorian (01×06) e Broken (01×07)


Cena da série La casa de papel. Estão abraçados os personagens Rio, Estocolmo e Denver (respectivamente, da esquerda para a direita). Estocolmo é uma mulher branca, com cabelos loiros e cacheados - os quais estão presos em um rabo de cavalo - e ela está no centro da imagem. Tanto Denver quanto Rio são homens brancos, com cabelos castanhos e ondulados. Denver está de perfil, com a cabeça apoiada no ombro de Estocolmo, enquanto Rio está de costas para o espectador, também apoiado nela. Denver e Estocolmo têm expressões neutras.
Netflix se despede de um de seus maiores sucessos com uma temporada de tirar o fôlego (Foto: Netflix)

5ª temporada de La Casa de Papel 

La Casa de Papel, uma das maiores queridinhas da Netflix, se despediu em 2021 com sua quinta e última temporada. A série teve sua estreia em 2017 e desde então só adquiriu mais complexidade em sua trama e reconhecimento da crítica e do público, em toda a sua jornada, La Casa de Papel bateu recordes de audiência e conseguiu diversos prêmios – o maior deles sendo o Emmy Internacional de Melhor Série de Drama, em 2018. Como dito antes nesse mesmo site, a série pretendia ser mais do que apenas uma história espanhola que gira em torno de um assalto e, no quinto ano, isso ficou mais claro do que nunca. 

A última temporada dá fim ao assalto ao Banco da Espanha e foi dividida em duas partes, uma lançada em setembro e a outra em dezembro. O que tornou essa jornada uma das melhores do ano e o fechamento ideal para a série foi o ato de explorar o novo – especialmente a guerra contra o poder militar, que se iniciou no episódio Bem-vindos ao show da vida, e a revelação da história de Tóquio (Úrsula Corberó) em Muitas vidas para viver – sem deixar para trás a essência inicial que fez com que todos se apaixonassem pelos mascarados de Dalí, trazer de volta a famosa música Bella Ciao no episódio A teoria da elegância com certeza trouxe o tom nostálgico que o encerramento de La Casa de Papel precisava. – Gabrielli Natividade da Silva 

Episódios Favoritos: Vivir muchas vidas (05×05) e Una tradición familiar (05×10) 


Cena de Loki. Loki e Sylvie conversam em uma locomotiva alienígena. Loki, à esquerda, caucasiano de cabelos que vão até os ombros, usando um uniforme azul futurista de gola alta, sorri para ela. Sylvie, à direita, caucasiana de cabelos loiros até os ombros, usa um uniforme de couro de combate preto com poucos adereços dourados, por baixo de um sobretudo negro. Em sua testa, uma tiara de chifres dourados e curvos (o chifre esquerdo está partido). Olha seriamente para Loki, com o esboço de um sorriso nos lábios. Atrás deles, o outro lado da locomotiva, com janelas em formato de losango dos dois lados e um bar no centro do vagão, com dois outros passageiros conversando de pé, fora de foco. A cena é iluminada por um tom púrpura, com a parede oposta aos personagens iluminada por lâmpadas verdes que revelam padrões geométricos nela.
Interpretando Loki há uma década, Tom Hiddleston também colabora como produtor executivo da produção (Foto: Disney+)

1ª temporada de Loki

Se tem algo de 2021 que merece ser agraciado e gritado em plenos pulmões aos quatros cantos é que: o multiverso é real. Após os treze anos do Universo Cinematográfico tomar forma e criar sua narrativa ao redor dos Vingadores, a Marvel precisou de apenas uma temporada sobre o Deus da Trapaça para mandar para longe tudo que já havia sido criado. O dinamismo une roteiro e fotografia que prendem a atenção do espectador enquanto ramificam a linha do tempo e os universos da MCU. Tudo isso ainda com a preocupação de contextualizar os menos atualizados e trazer uma jacaré para as telinhas. 

Terceira produção do estúdio a ser lançada no Disney+, Loki é a melhor organizada e, de fato, a primeira série da Marvel. Enquanto as antecessoras se encaixam no conceito de minisséries, apresentando começo, meio e fim, em Loki houve um final aberto, um gancho para uma próxima temporada. E já está confirmado que as respostas para esses ganchos virão no futuro, afinal seu último episódio trouxe a garantia da segunda temporada. Com as variantes menos temidas de 2021, a produção foi indicada ao WGA Awards, sendo assim um bom termômetro das indicações futuras. – Ana Júlia Trevisan

Episódios Favoritos: Lamentis (01×03), Journey Into Mystery (01×05) e For All Time. Always. (01×06)


Fotografia da série Lupin. A imagem é retangular e retrata o personagem Assane Diop em um plano aproximado de seu busto. Ele é interpretado por Omar Sy, um homem negro, na casa dos 40 anos, alto, de cabeça raspada. Ele usa um terno azul marinho e luvas brancas. Omar está no canto direito da imagem e segura um colar de pérolas com ambas as mãos. Sua expressão é terna e serena. Atrás de si, ao fundo, é possível ver um corredor, ainda que esteja desfocado.
Omar Sy entrega um Lupin cativante, que rouba a cena por onde passa, com seu magnetismo, estilo e carisma (Foto: Netflix)

1ª temporada de Lupin

Inspirada pela história de um dos ladrões mais famosos do mundo, Arsène Lupin, a série é contada sob a perspectiva de Assane Diop (Omar Sy). Influenciado pelo pai quando criança, ele se torna fã dos contos do criminoso cavalheiresco e é levado a seguir os mesmos passos do seu personagem fictício favorito. A trama é envolvente, repleta de ação, e desenvolve os planos mirabolantes e elaborados de Diop de forma divertida e enigmática. Simultaneamente à narrativa principal, Lupin ainda discute relevantes questões sociais, como o racismo enfrentado pela família do protagonista.

Assane tem uma presença marcante e fascinante. Sua personalidade é agradável, seu sarcasmo lhe dá um ar espirituoso e a facilidade com a qual ele coloca seus planos em prática evidencia sua experiência e sagacidade. É extremamente divertido vê-lo em ação, quando ele tem uma estratégia minuciosa, mas também quando não tem, e precisa improvisar com sua mente ágil e brilhante, para solucionar seus problemas. Lupin é uma adaptação atual e agradável de um clássico da literatura. Sua aura inventiva, inteligente e reinventa a figura do mestre dos disfarces, colocando a série entre as melhores de 2021. Composta por uma única temporada, dividida em três partes, as duas primeiras se encontram disponíveis no catálogo da Netflix, enquanto a terceira está sendo produzida pelo streaming. – Mariana Nicastro

Episódios Favoritos: Chapter 2 – L’Illusion (01×02) e Chapter 10 (01×10)


Cena da Minissérie Maid, na imagem Alex olha distraidamente para sua frente. Alex tem a pele branca, seus cabelos estão amarrados e são ondulados e de tons castanho escuro, veste blusa cinza e moleton azul escuro e brinco pequeno azul. Ao fundo, uma estante com vários produtos de limpeza e um aspirador de pó.
Maid faz de Margaret Qualley uma estrela em ascensão (Foto: Netflix)

Maid

Maid fez um sucesso estrondoso no Brasil, rendendo vídeos e entrevistas com Stephanie Land no canal da Netflix brasileira, mas o ponto alto da minissérie é a atuação de Margaret Qualley. A emoção transmitida acerta o público de maneira sentimental e calorosa, rendendo na identificação de muitas mulheres, algumas que superaram, outras que estão em seus processos. Tornando-se um momento divisor de águas na carreira de Margaret, a modelo que está engatando na carreira de atriz não havia tirado a sorte grande até agora.

A maneira que os diretores escolheram abordar temas tão complicados é admirável, uma vez que a delicadeza ao tratar dos fatos não modifica a realidade e dureza das situações, mostrando a sociedade uma versão menos hollywoodiana de superação feminina. Para o Netflix Channel do YouTube, a autora Stephanie Land falou sobre sua inspiração e como a escrita é algo poderoso que não pode ser retirado de você. A produção ganhou o prêmio AFI TV Program of the Year 2021 e foi indicada a 17 premiações, como o SAG Awards e o Globo de Ouro. – Thuani Barbosa

Episódios Favoritos: Dollar Store (01×01), Bear Hunt (01×08) e Snaps (01×10)


Cena da série Manhãs de Setembro. Imagem retangular e colorida. Nela, está Cassandra, uma mulher negra, com cabelos ondulados, longos e escuros, usando um par de óculos, brincos e colares pratas. Ela veste uma jaqueta verde e roxa, e olha para frente, com um semblante sério. Ao seu lado, está Gersinho, um garoto negro, de cabelos crespos, curtos e escuros, que veste uma blusa vermelha e uma camiseta branca. Ele encara a mulher com um olhar de dúvida. A cena se passa dentro de um ônibus durante o dia, e os dois estão sentados em bancos do veículo.
Tanto Liniker quanto Gustavo Coelho estreiam em Manhãs de Setembro, já renovada para sua 2ª temporada, e carregam a série nas costas com interpretações irretocáveis (Foto: Amazon Prime Video)

1ª temporada de Manhãs de Setembro

2021 definitivamente foi o ano de Liniker. A cantora, conhecida pelos seus trabalhos com a banda Caramelows, não somente lançou seu primeiro álbum solo, como também estreou como atriz, já protagonizando uma produção de grande porte. Manhãs de Setembro conta sobre a rotina corriqueira de Cassandra (Liniker) – uma mulher negra e trans – que é interrompida pelo reaparecimento de uma infame ex-namorada, Leide (Karina Teles). Levando o tributo à cantora Vanusa tanto no título quanto na história, a série decide não exibir um recorte abrangente de violências contra mulheres transgênero e travestis, e sim um enfoque íntimo na pacata vida de uma delas, e em como ela reage aos dilemas que lhe aparecem. E então, entre pancadas e regalos, o drama do Amazon Prime Video aborda a questão da disforia de gênero de um jeito inusitado: com Gersinho (Gustavo Coelho), filho que ela descobriu ter tido com Leide antes de sua transição.

A presença do garoto de 12 anos poderia muito bem ser um tiro no pé, porém se torna o verdadeiro trunfo da narrativa. Desde o início dessa 1ª temporada, a relação de Gersinho e Cassandra é caracterizada por hostilidades. Enquanto por um lado, Gersinho tem dificuldades em desatrelar a imagem feminina da recém-descoberta mãe com o fato dela ter o sido apresentada como pai, por outro a Cassandra, que é ríspida com o menino, vê nele um fantasma do seu árduo passado. Porém, apesar disso, é na sutileza de um sorriso tímido de Gersinho, quando Cassandra finalmente o chama por seu nome, que o vínculo entre os dois começa a se fortalecer. Indo muito além dos clichês relacionados aos sofrimentos de sua protagonista, Manhãs de Setembro cria um retrato cheio de nuances e encontra, em meio a angústias e dores, suas pequenas felicidades. – Enrico Souto

Episódios Favoritos: É Só Por Hoje (1×01), Gersinho (1×03), É Isso Mesmo, Baby, Enjoy! (1×05)


Cena de Mare of Easttown. A imagem mostra a personagem Mare, interpretada por Kate Winslet, abraçando Siobhan, sua filha, interpretada por Angourie Rice. Ela é uma mulher de meia idade, branca e de cabelos loiros, e aparece levemente de lado, olhando para a frente. Ela usa uma camisa branca e seus olhos estão lacrimejando. Em seus braços, de costas para a câmera, está Siobhan, também uma jovem branca de cabelos loiros que usa uma blusa de frio grossa e preta. Ao fundo, existe uma rua residencial em desfoque, e a luz da imagem é de um fim de dia.
No Emmy 2021, Mare of Easttown entrou com 7 indicações e saiu como a grande vencedora das atuações de seu gênero, premiando o protagonismo imbatível de Kate Winslet, e os coadjuvantes do encantador Evan Peters e da surpreendente Julianne Nicholson (Foto: HBO)

Mare of Easttown

Há quem diga que estamos diante da série do ano. É que Mare of Easttown sabe usar magistralmente todos os encantos que evoca a partir de sua sinopse, apresentando uma história que usa o gancho irresistível do suspense (1) para aprofundar uma narrativa sobre as mais comuns experiências humanas (2) protagonizada por alguém que compreende muito bem a necessidade de entrega de seu trabalho (3). Para não prolongar a contagem, vamos ao resumo: um dos destaques de 2021 da HBO nos coloca em Easttown, uma cidadezinha no interior da Pensilvânia que está sob os cuidados de Mare Sheehan (exatamente, ela, Kate Winslet), a detetive local e chefe de uma das famílias mais atribuladas do condado. 

Ao contrário das investigações que atravessam o cotidiano da cidade nada pacata e o tremor emocional de sua figura mais inabalável, o clamor por Mare of Easttown é muito fácil de desvendar. A criação de Brad Ingelsby dirigida por Craig Zobel sabe usar todo o apreço que as minisséries tem conquistado nos últimos anos, assim como faz valer o gosto do público pelo gênero do suspense, junto de uma das personagens mais humanas da TV recente. Coloque a genialidade de Kate Winslet para uma história densa com mais um mar de personagens muito bem colocados e relacionados com a trama – e por consequência, com o público – e pronto. Você está no topo da lista de Melhores Séries de 2021. – Raquel Dutra 

Episódios Favoritos: Lady Hawk Herself (01×01), Illusions (01×05) e Sacrament (01×07)


Cena da terceira temporada de Master of None. A cena mostra duas mulheres negras deitadas em uma cama. À esquerda, Denise tem cabelo loiro bem rente à cabeça, usa pijama claro e olha para Alicia, que tem um lenço estampado rosa e preto na cabeça, na mesma cor de seus pijamas. Ao fundo, vemos um vitral azul, amarelo e verde, e o lençol é claro, cor de creme.
O comodismo não é a praia de Aziz Ansari (Foto: Netflix)

3ª temporada de Master of None

Anos afastado dos holofotes depois de sofrer com acusações no auge do movimento #MeToo, Aziz Ansari fez seu retorno para as luzes de maneira tímida. A volta por cima se dá pela retomada de sua galinha dos ovos de ouro, Master of None, quase autobiografia do artista, onde abordava o cotidiano da vida de um imigrante solteirão na badalada Nova Iorque. Apaixonado por inverter as expectativas que a comédia de meia hora, Ansari já havia viajado à Itália no ano 2, encerrando um importante ciclo de seu personagem Dev.

Em 2021, ele afastou a série da figura do homem, focando completamente no relacionamento de Denise (Lena Waithe que participa da produção criativa do show e já venceu o Emmy pelo texto) e Alicia (Naomi Ackie). Com o subtítulo de Moments in Love, os cinco episódios, todos dirigidos por Ansari, são uma sessão de terapia do casal, lidando com a vida em conjunto e suas adversidades, com o refinado olhar já característico da produção. Mesmo diferente e inesperada, a conclusão de Master of None triunfa no desconhecido. – Vitor Evangelista

Episódios Favoritos: Moments in Love, Chapter 1 (03×01), Moments in Love, Chapter 4 (03×04) e Moments in Love, Chapter 5 (03×05)


Cena da minissérie animada Maya e os Três Guerreiros, na imagem estão presentes Picchu, a princesa Maya, Rico e Chimi. Picchu tem a pele negra clara, cabelos pretos curtos e uma expressão de concentração no rosto, veste uma armadura de ouro com ombreiras por cima de um vestido branco, usa um ornamento de ouro na cabeça e segura seus machados mágicos. Maya é negra clara, tem uma expressão de determinação no rosto, veste uma armadura com uma capacete de águia, tem seu rosto pintado e segura uma espada mágica dourada. Rico é negro retinto, tem cabelo crespo trançado em dreads, usa uma calça branca, blusa listrada, carrega nas costas seus bastão chamado “estefan” e das suas mãos saem magia. Chimi é albina, tem o rosto pintado como uma caveira, blusa azul, saia azul e dourada e segura seu arco dourado nas mãos. O céu está nublado ao fundo.
“Se é o meu dever, assim deve ser”: a frase de Maya e os 3 Guerreiros marca com sua bravura e determinação (Foto: Netflix)

Maya e os 3 Guerreiros (Maya and the Three)

Do mesmo diretor de Festa no Céu (Jorge R. Gutierrez), pode-se notar a semelhança entre as produções em seus gráficos e referências à cultura latino-americana. Maya e os 3 Guerreiros é cercada de mitos e simbologias, a animação traz uma mistura das culturas inca, maia e asteca, com uma variedade de deuses e demônios cheios de personalidade que recheiam a história, deixando cada pedacinho dela complexo e interessante. 

A determinação e o senso de girl power de Maya (Zoe Saldana) é admiradora, mas a princesa não é uma heroína perfeita, criando pequenas mentiras e quebrando promessas ela deixa um rastro de imperfeições por onde passa, mas tais defeitos se justificam com o amor pela nação e família. As lições que cada personagem carrega são ótimos exemplos para as crianças mas servem como encorajadores para os adultos, uma vez que auto-amor, coragem e misericórdia nunca saem de moda. – Thuani Barbosa

Episódios Favoritos: The Divine Gate (01×07), The Bat and the Owl (01×08) e The Sun and the Moon (01×09)


Cena da minissérie Missa da Meia-Noite. Na cena está uma criatura careca, com asas grandes sem pelos e olhos brilhantes. Ao fundo está um círculo iluminado, atrás da cabeça da criatura, semelhante a uma auréola. A imagem é escura e é difícil distinguir as variações de cores.
A minissérie criada por Mike Flanagan foi indicada em três categorias do Critics Choice Awards, incluindo Melhor Minissérie, Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante (Foto: Netflix)

Missa da Meia-Noite (Midnight Mass)

Mike Flanagan batiza seu cânone aterrorizante com Missa da Meia-Noite, uma produção da Netflix que dá sequência à produção do cineasta e showrunner na plataforma – incluindo os títulos de A Maldição da Residência Hill e A Maldição da Mansão Bly. E nesta missa, a declaração sacramental de que quem come a carne e bebe o sangue do corpo de Cristo adquire alimento para a vida eterna, ganha nova interpretação com a chegada misteriosa de um padre visitante na pequena ilha de Crockett, inaugurando a ocorrência de milagres inexplicáveis: uma garota paraplégica de repente volta a andar, os idosos rejuvenescem e as doenças deixam de existir.

Com a fé restabelecida na cidade, gradativamente a igreja se torna novamente um pilar da comunidade, dando início, em nome de um Bem maior, a uma agenda mais diabólica que qualquer outro pecado cometido pelos desajustados do enredo. Flanagan é capaz de desenterrar no âmago da existência humana a bondade mais pura, junto da angústia mais amarga de todas. O ritmo, por vezes, é lento, mas é através desse slow burn que a minissérie leva o seu tempo para crescer, recompensando a espera ansiosa com os momentos finais, numa sensação de catarse genuína, de bênção verdadeira. – Ayra Mori

Episódios Favoritos: Book IV: Lamentations (01×04),  Book V: Gospel (01×05) e  Book VI: Acts of the Apostles (01×06)


Cena de Modern Love. À esquerda está uma jovem branca, de cabelos loiros e na altura dos ombros. Ela veste uma camisa branca com um colete nas cores vermelho, azul e bege, e uma calça preta. Ela usa óculos. Ela está sentada na poltrona de um trem. A poltrona é branca com o acolchoado preto. À direita há um homem branco. Ele tem cabelos pretos e curtos e barba também preta. Veste uma blusa de manga longa vinho e calça preta. Ele também está sentado numa poltrona branca com o acolchoado preto. Entre eles há uma mesa cinza com livros em cima. Entre eles também é possível ver uma janela com a paisagem em movimento.
Além das histórias presentes no livro homônimo, a segunda temporada de Modern Love também abordou a pandemia (Foto: Amazon Prime Video)

2ª temporada de Modern Love

Inspirada nos contos de uma coluna do The New York Times, Modern Love segue o formato procedural para adaptar as histórias primeiramente escritas no jornal. Fazendo um sucesso em 2019, a série voltou em 2021 para sua segunda temporada, repetindo a próspera fórmula. O que mantém a qualidade também é trazer nomes conhecidos pelo grande público. Se no primeiro ano Anne Hathaway elevou a produção, agora foi vez de Kit Harington ser o reconfortante e grandioso rosto da temporada. Além dele, Anna Paquin, Minnie Driver, Lucy Boynton, Dominique Fishback, Gbenga Akinnagbe e Tobias Menzies, agregaram nos acontecimentos únicos da narrativa.

O maior destaque para os novos ares de Modern Love vai para a diversidade de seu roteiro e atuação, personagens LGBTQIA+ e negros aparecem mais como protagonistas. O frescor do segundo ano também vem da fuga da bolha nova iorquina, cenas em Dublin e em Londres ajudam as histórias se desenvolvem de maneira isolada, sendo esse o grande diferencial da temporada. Com oito episódios tão emocionantes quanto os iniciais, Modern Love explora as várias óticas do amor e prova que ainda tem conteúdo para mais fases. – Ana Júlia Trevisan

Episódios Favoritos: On a Serpentine Road, with the Top Down (02×01), Strangers on a Train (02×03) e Am I…? Maybe This Quiz Will Tell Me (02×05)


Cena da minissérie My Name. Jiwoo (Han So-hee) está agachada sobre um corpo, erguendo seu punho direito e se preparando para um soco. Ela é asiática, magra, tem cabelos pretos soltos na frente do rosto suado e usa um uniforme verde-escuro com listras brancas nas calças e luvas brancas. Atrás dela, dois outros lutadores se enfrentam. Um deles usa uma regata preta e um calção vermelho com detalhes brancos e possui cabelos pretos curtos. O outro está ocultado por correntes penduradas na frente de Jiwoo, que está na parte direita da tela. No teto, duas lâmpadas quentes iluminam o espaço, que é rodeado por grades onde pessoas se apoiam para torcer pelos lutadores.
Em My Name, a violência se transforma em diálogo (Foto: Netflix)

1ª temporada My Name (이 네마임)

O mundo está recheado de séries de ação com coreografias estonteantes, mas é raro encontrar uma em que a violência dialoga tão bem com seus temas e conflitos do que a sul-coreana My Name. Seguindo os passos sangrentos da vingança de Jiwoo (Han So-hee) em busca do assassino de seu pai, a produção da Netflix encontra seu ímpeto narrativo junto de cada soco e chute dado e recebido por sua protagonista, numa dança arriscada e precisa de causa e consequência que ajuda seus personagens a se expressarem além de meras palavras.

Mas a minissérie de Kim Jin-min não estaria aqui se não fosse também por seu excelente senso de ternura e ritmo, dando espaço para que o cansaço também se torne um elemento palpável da trama, deixando que seus atores se aprofundem belíssimamente sob a psique instável dos policiais e criminosos que formam a base da dualidade do mundo de Jiwoo. Como toda boa história de retribuição, a conclusão trágica e inevitável de toda essa pancadaria nos atinge como um soco no estômago e um chute na cara, levando-nos ao chão com a reiteração do adágio daqueles que buscam vingança: cave duas covas. – Gabriel Oliveira F. Arruda

Episódios Favoritos: Episode 1 (01×01), Episode 6 (01×06) e Episode 8 (01×08)


Cena do Reality The Future Diary, na imagem o casal Maai e Takuto andam de mãos dadas e sorriem, ao fundo a um arbusto de folhas verdes e um prédio desfocado. Maai tem a pele clara, cabelo castanho alaranjado, brincos pequenos e veste um macacão jeans escuro com uma camisa marrom por cima e um suporte para celular branco e em seu rosto tem um sorriso largo e demonstra felicidade. Takuto tem o cabelo preto liso e curto, barba no queixo, veste uma blusa preta com letras brancas e uma camisa azul aberta por cima, seu rosto está abaixado com uma expressão tranquila e sorriso leve.
A lentidão do romance coreano surpreende brasileiros, mas a fofura do casal vale a pena! (Netflix)

1ª temporada de Não Estava no Script (The Future Diary)

Lançado em dezembro de 2021, o reality Não Estava no Script conquistou o coração do público ao redor do mundo, já garantindo a renovação para segunda temporada. A primeira, porém, conta com dois jovens, Maai e Takuto, que com seu jeito singelo e tranquilo, conseguem trazer aquela sensação de borboletas no estômago o tempo todo. A química que o casal desenvolve é palpável desde o primeiro episódio, criando uma atmosfera acolhedora e extremamente fofa, mas a lentidão dos acontecimentos deixa os fãs ocidentais inquietos pela necessidade de toque físico. 

Filmado no Japão e com excelente fotografia, é possível ver a maestria da direção de Kotaro Itani e Masaya Arai ao contemplar as belezas do país e passar a experiência de maneira tão completa. O roteiro do programa é muito bem estruturado, elaborando situações de crises surpreendentes para um texto de romance, deixando a trama ainda mais envolvente, onde você não pode esperar o que o próximo Future Diary reserva para os jovens amantes. Thuani Barbosa

Episódios Favoritos: Page 1: Start of a Secret (01×01) e Page 3: First Snow of Summer (01×03)


Cena da série Nevertheless. Uma imagem retangular retratando um casal no interior de um apartamento. No centro da imagem encontra-se um casal de aparência alegre, ambos vestindo roupas largas e confortáveis para ficar em casa. A menina, à esquerda, veste uma grande camiseta azul clara, tem traços sul-coreanos, cabelo castanho preso em um rabo de cavalo, está sentada em um sofá com ambas as pernas por cima do colo de seu parceiro. O menino, por sua vez, veste uma camiseta preta de manga comprida e uma bermuda da mesma cor, possui cabelo preto e curto, suas pernas estão para fora do sofá, e ele olha no rosto de sua parceira enquanto segura sua mão. O fundo é um ambiente de apartamento, composto majoritariamente por livros, estantes, uma mesa e diversas coisas sobre a bancada decorando-a.
De felizes, eles só tem a aparência (Foto: JTBC Studios)

1ª temporada de Nevertheless (Algoissjiman)

No romance unilateral e aparentemente sem futuro de Nevertheless, uma das únicas coisas boas que se aproveita são as lições de como não ser um babaca como Jae-eon (Song Kang) – que é emocionalmente indisponível e tão atraente quanto manipulador, ou de como não ser influenciável como Na-bi (Han So Hee). Apesar do leve desconforto (causado pelo gaslighting) durante os 10 episódios da série sul-coreana, os casais secundários salvam o que resta do dorama, trazendo muita fofura e representatividade LGBTQIA+ com Sol e Jiwan, e a naturalização de relações casuais como acontece entre Bit Na e KyuHyun, indo contra o conservadorismo da Coreia do Sul.  

Ainda nisto, um dos pontos que pode surpreender é a construção da dinâmica dos protagonistas, mostrando cenas românticas ousadas que pouquíssimos dramas de mesmo segmento fizeram. Predominantemente nos episódios, a fotografia de Nevertheless foca em uma visão intimista dos fatos, com detalhes apurados e feitos para captar a atenção de quem assistir, bem como um desenvolvimento psicológico voltado principalmente para Na-bi e seus traumas interiores. Traumas esses que a impedem de fazer uma escolha decente quando se vê num triângulo amoroso com duas pessoas completamente diferentes no quesito caráter. Um dorama que conseguiu facilmente cutucar as feridas de quem assistia. – Maria Vitória Bertotti 

Episódios Favoritos: There’s No Such Thing as Fate. Nevertheless (01×01), It’s Not Only Me. Nevertheless (01×02) e I Know Nothing Will Change. Nevertheless (01×05)


Cena de Nove Desconhecidos. À esquerda está uma mulher branca de cabelos loiros. Ela está sentada no chão meditando e usa roupas brancas. O restante da imagem é uma sala ampla de piso marrom, poltronas verdes e uma grande janela com vista para a paisagem verde.
A minissérie bateu recorde de audiência no Hulu, sendo a estreia original mais vista da plataforma (Foto: Hulu)

Nove Desconhecidos (Nine Perfect Strangers)

Original Hulu e escondida nos escombros do Amazon Prime Video, Nine Perfect Strangers é um dos maiores destaques entre as minisséries de 2021. Baseada no livro homônimo de Liane Moriarty, a mesma escritora de Big Little Lies, Nove Desconhecidos tem a simples trama de um acampamento isolado que promete transformar a vida dos escolhidos a dedo pela dona do lugar, Masha (Nicole Kidman). Além de Kidman, nomes como Melissa McCarthy, Bobby Cannavale, Michael Shannon e Regina Hall instigam o espectador a dar play em mais e mais um episódio.

E é, sem dúvidas, essa lista de atores que transforma toda psicodelia de Nine Perfect Strangers em algo grandioso. As dimensões de características, tanto de personalidade como de história, transformam os personagens em campos minados. Os arcos se mesclam numa trip alucinógena que dá o tom maior para a minissérie. Nicole Kidman é a cereja no topo do bolo, a atriz é quase uma entidade e seu figurino combinando à atuação flutuante reforçam o conceito. O deleite de Nove Desconhecidos é acompanhar tão de perto o desenvolvimento de tramas afobados porém controlados por uma direção sagaz. – Ana Júlia Trevisan

Episódios Favoritos: Random Acts of Mayhem (01×01), Earth Day (01×03) e Ever After (01×08)


Cena da minissérie O Caso Evandro. Nela, está Celina Abagge, à esquerda, sentada em uma cadeira ao lado de sua filha, Beatriz Abagge, à direita. Elas estão na sala de estar de sua casa. Celina é uma senhora branca, de cabelos curtos, lisos e grisalhos; ela veste uma blusa e um terno verde-água, e usa brincos e um colar de pérolas. Beatriz é uma mulher branca, de cabelos loiros, lisos e curtos; ela veste uma blusa de mangas compridas com estampa.
Minissérie foi inspirada no podcast Projeto Humanos, do jornalista Ivan Mizanzuk, que também participa da produção (Foto: Globoplay)

O Caso Evandro

2021 foi um ano significativo para Aly Muritiba. O improvável diretor de Cinema, que ao longo dos últimos anos vem acumulando prêmios em diversos festivais ao redor do mundo, também recebeu a honraria de ter seu longa escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para tentar uma vaga para o Brasil no Oscar 2022 – que, apesar de não ter sido conquistada, já simboliza um grande feito em sua carreira. Ao mesmo tempo que finalizava a produção de Deserto Particular, o cineasta também dava luz a essa que se tornaria uma das séries originais de maior sucesso do Globoplay: O Caso Evandro

Ao lado de Michelle Chevrand, e com apoio do podcast Projeto Humanos, Aly adapta para o streaming uma das investigações mais controversas já ocorridas em território nacional, e muito esquecida no imaginário brasileiro. Além de nos ambientar devidamente nos diversos cenários que compõem o desaparecimento de Evandro Ramos Caetano na cidade de Guaratuba, no Paraná, também apresenta personagens essenciais para tecer o fio condutor da narrativa, evidenciando as diversas perspectivas sobre o caso. Ao longo dos episódios, o suspense instigante para revelar o desfecho da história dá lugar a uma tristeza profunda em função das diversas vítimas originadas ao longo de anos de investigação. O Caso Evandro é primordial não apenas em seu aspecto cinematográfico, mas também jornalístico, por apresentar a justiça e redenção que nenhum tribunal foi capaz de trazer. – Vitória Silva

Episódios Favoritos: As Torturas (01×04), As Fitas (01×07) e Consequências (01×09)


Cena de Onde Está Meu Coração. A imagem mostra ao fundo algumas janelas de vidro e ao canto uma mesa com cadeiras de madeira. No foco principal há um homem de meia idade, terno preto e calça clara e cabelos grisalhos. Ao meio está uma jovem com cabelo claro amarrado, ela veste uma blusa amarela e segura um arranjo de rosas, ao lado dela está uma mulher de meia idade, cabelo escuro curto, uma calça jeans e blusa branca com um um casaco cinza.
Onde Está Meu Coração mostra que nunca é tarde para recomeçar (Foto: Globoplay)

Onde Está Meu Coração

Em 2021, o Globoplay trouxe ótimas produções nacionais, vide O Caso Evandro, minissérie de grande repercussão do streaming. Uma das ótimas obras é Onde Está Meu Coração, que narra a história de Amanda (Letícia Colin), uma médica que se perde após se viciar em opióides. O casamento da jovem, sua profissão, amizades e a estrutura familiar são remexidas pela problemática. A importância da narrativa ao envolver como os vícios devem ser encarados e dialogados abertamente se faz presente em toda a trama.

No melhor estilo novelão, a minissérie envolve um intenso trabalho de produção, contando até mesmo com a experiência de Fábio Assunção, que atua como o pai de Amanda, representando o seu problema com o vício em falas e atuações intensas. O final da narrativa mostra não só a parte triste e dura de quem não consegue escapar desse mal, mas também de como cada dia é mais uma vitória na vida destas pessoas e como recomeçar pode ser difícil, mas possível. Ainda ao questionar que a dependência química não escolhe classe social, mostra como é importante para estas pessoas terem uma rede de apoio e acima de tudo acreditarem em si mesmas. Ma Ferreira

Episódios Favoritos: Episódio 1 (01×01), Episódio 6 (01×06) e Episódio 8 (01×08)


Cena da série Only Murders in the Building. A imagem mostra, da esquerda para direita, uma mulher branca e jovem de cabelos castanhos e dois homens brancos e idosos de cabelos grisalhos. A mulher usa blusa preta de gola alta e argolas douradas nas orelhas, além de apresentar expressão atenta. O primeiro homem usa óculos, camisa azul marinho e terno quadriculado marrom; enquanto o segundo veste camisa e terno listrados, em diferentes tons de azul. Ambos apresentam expressões semelhantes à mulher. Ao fundo, uma escadaria e paredes brancas, todas desfocadas.
O revival de Selena Gomez como atriz foi sucesso absoluto de crítica e público (Foto: Hulu)

1ª temporada de Only Murders in the Building 

Participar como espectador de investigações de assassinato, mergulhando no sabor das incógnitas e nos calafrios provocados pelos suspeitos (e pelos nem tão suspeitos assim), nunca vai deixar de soar intrigante. E, acompanhando os passos – e o podcast – de três vizinhos em um prédio no Upper West Side, a cartada de mestre de Only Murders in the Building não é tentar revolucionar essa obviedade carregada pelos enredos de mistério. Atualizando a química de um elenco experiente à aderência categórica de humor e drama, a produção se destaca por mesclar o cru true crime ao clássico whodunnit com personalidade e ritmo. Aqui, mesmo sendo força motriz, o suspense atua entre o yin-yang dos protagonistas.

Mabel Mora (Selena Gomez) é de geração e postura opostas a Charles-Haden Savage (Steve Martin) e Oliver Putnam (Martin Short), mas o vínculo dos personagens se enriquece quando suas diferenças confortam lacunas e traumas pessoais. Desvendar a realidade por trás da morte de Tim Kono (Julian Chi) é espiralar nas camadas verossímeis que formam o trio e, embaladas por uma lúdica trilha sonora, sustentam a trama. Ademais, a narração plural (e até sem falas) é só um dos elementos muito bem depositados ao longo dos episódios para postergar a fluidez da história enigmática. Triunfante, Only Murders já despontou nas indicações do Globo de Ouro 2022 e se prepara para sua segunda temporada. Vitória Vulcano

Episódios Favoritos: True Crime (01×01), The Boy From 6B (01×07) e Open and Shut (01×10)


Cena da minissérie Os Filhos de Sam, que mostra um homem apontando para um símbolo satânico gravado em uma parede, à sua direita. Ele é branco de cabelos castanhos e grisalhos, está de costas encarando a parede e veste uma jaqueta azul marinho.
A perspectiva do jornalista Maury Terry conseguiu tornar Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração em algo muito mais misterioso do que uma simples minissérie documental de serial killer (Foto: Netflix)

Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração (The Sons of Sam: A Descent into Darkness)

A Netflix investiu fortemente em conteúdos documentais sobre assassinos em série americanos no último ano, e, mesmo que as histórias sejam aterrorizantes, nada se compara com a visão única que Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração mostra. O diferencial é que a narrativa é construída no trabalho do jornalista Maury Terry, e sua teoria de que o caso de David Berkowitz era muito mais do que aparentava ser – e como a busca por provas de que havia ali uma rede de assassinos de seita satânica o atormentou até a morte. 

A minissérie consegue acompanhar a descida derradeira de Terry em sua investigação. Com linhas temporais e lógicas bem construídas, é um dos melhores trabalhos documentais por fugir da abordagem comum, e mostrar os crimes do Filho do Sam sem que ele seja o personagem principal. Cada episódio traz mais inconsistências nas conclusões policiais de Nova York – e suas motivações para que o caso fosse enterrado. É uma escalada delirante num trabalho jornalístico profundo, misterioso e assustador. Dotado de provas e sentido, as teorias prendem qualquer telespectador, superando as demais produções de 2021 do gênero na Netflix. – Nathália Mendes

Episódios Favoritos: Catch .44 (01×02) e Rabbit Hole (01×04)


Cena da série Outer Banks. Os personagens Cleo, Pope, JJ, John B, Kiara e Sarah estão caminhando em uma praia ao pôr do sol (respectivamente da esquerda para a direita). Cleo e Kiara são mulheres negras com cabelos castanhos, os da primeira, cacheados e presos em uma trança, e os da segunda soltos e ondulados. Sarah e JJ são, respectivamente, uma mulher e um homem brancos e loiros, ambos com cabelos lisos (os de Sarah, longos e soltos). Pope é um homem negro de cabelos crespos e John B é um homem branco de cabelos castanhos e lisos. Todas as garotas usam calça de moletom e top, Kiara e Sarah usam colares e Cleo carrega uma adaga na transversal de seu corpo. Pope e John B usam calça jeans, o primeiro sem camisa e com um colar, e o segundo com uma camisa de botões (apenas dois abotoados) com mangas curtas. JJ usa shorts e uma blusa regata. Atrás deles há o mar, alguns relevos e um bote.
Os pogues chegaram ao fundo do poço e sua única opção agora é subir (Foto: Netflix)

2ª temporada de Outer Banks

Se a primeira temporada de Outer Banks encantou a todos com seu estilo praiano e o doce sabor nostálgico de um grupo de amigos que levam a lealdade e a busca por tesouros perdidos bem a sério, a segunda realmente não deixou a desejar e elevou ainda mais o nível. Com um aprofundamento das consequências resultantes do ano anterior, a segunda parte da série garantiu números impressionantes e algumas premiações, como o People’s Choice Awards de Estrela de Drama de TV de 2021 para Chase Stokes, o queridinho John B. 

Nessa continuação da história, as emoções foram literalmente duplicadas, já que um segundo tesouro foi introduzido oficialmente no episódio A escolha para aumentar a caçada, além da chegada de novos personagens – como Cleo (Carlacia Grant), que chegou em O ouro, uma garota de personalidade forte que adiciona exatamente o que o quinteto e a série precisavam -, um reencontro pogue inesquecível, no capítulo A volta, e a presença de velhos e novos vilões complexos que tornam a narrativa bem mais interessante. Com uma primeira temporada incrível e uma segunda que marcou 2021, só resta esperar o que a terceira, irá trazer. – Gabrielli Natividade da Silva 

Episódios Favoritos: My Druthers (02×06) e The Coastal Venture (02×10)


Cena de Pose. A imagem mostra um grupo de pessoas reunidas ao redor de uma mesa em uma sala. O lugar é sutilmente iluminado por uma luz amarelada. Todas as pessoas estão de costas ou de lado para a câmera, exceto a personagem de Mj Rodriguez, uma mulher negra de cabelos cacheados. Ela sorri, olhando para o brinde que realiza com sua família à mesa.
A família tradicional que defendemos (Foto: FX)

3ª temporada de Pose

Nada marcou a TV em 2021 como o final de Pose. Desde junho de 2018, a série do FX assumiu um compromisso com o maior elenco trans da história da Televisão e o colocou para protagonizar uma história sobre amor e família à margem de uma sociedade especialmente hostil. Ao seu fim, exatos três anos depois, a produção honrou a grandiosidade de tudo o que construiu junto de Blanca Evangelista (Mj Rodriguez) e Pray Tell (Billy Porter), entregando um lindo desfecho para a sua jornada revolucionária, cujo efeito não foi muito além das emoções de seu público fiel e dos milhares de artigos que exaltam a sua importância, representatividade e pioneirismo. 

O terceiro e último ano de Pose também foi marcado pelo seu reconhecimento e clamor formal. No Emmy 2021, a série – já conhecida pelos votantes da Academia de Televisão desde sua primeira temporada – foi mencionada em oito indicações. Lá, criou mais um marco ao emplacar a primeira mulher trans nomeada a uma categoria principal de atuação no prêmio mais importante da TV, e garantir a vitória dela no Globo de Ouro 2022. Mas entre Melhor Série, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Direção, Melhor Roteiro, nenhuma categoria compreende a grandeza de Pose, que reivindica o seu direito a todas elas desde o início: “The category is: Live! Werk! Pose!– Raquel Dutra

Episódios Favoritos: Take Me To The Church (03×04), Something Old, Something New (03×06) e Series Finale (03×07)


Cena da série Queer Eye. Nela, 6 pessoas estão encostadas em uma enorme placa do restaurante El Arroyo no Texas, com o letreiro em inglês.
A 6ª temporada de Queer Eye é a dose de auto amor e esperança que todas as pessoas do planeta Terra precisam após a pandemia de coronavírus (Foto: Netflix)

6ª temporada de Queer Eye

Queer Eye é, por essência, um refresco caloroso ao coração. Em toda a sua trajetória, os 5 Fabulosos Antony, Bobby, Karamo, Tan e Jonathan sempre conquistaram qualquer pessoa, e não relutaram em o fazer no estado conservador do Texas para a 6ª temporada. As gravações foram atravessadas pelo caos da pandemia de coronavírus, por isso, em contrapartida com o seu último, e premiado, volume 5, o desafio do reality em levar amor próprio para pessoas comuns foi imensamente mais difícil. Mais real do que nunca, a fragilidade do elenco evidenciou como a doença havia engolido a todos – e só o mais puro afeto poderia aliviar. 

A Netflix conseguiu gravar um episódio antes que a covid-19 chegasse e levasse milhões de vidas. Mas não rápido o suficiente. Quando retornaram à produção, seus participantes haviam perdido muito, alguns na dor e correria de pertencerem à linha de frente, outros na luta contra a xenofobia e culpabilização por um vírus desconhecido. Com uma dor em comum com seus telespectadores, Queer Eye chegou no dia 31 de dezembro de 2021 à plataforma, como um lembrete colorido de que as pessoas valem a pena, de que a esperança é necessária para continuar – e mesmo assim, segue sem ser renovada para a próxima temporada. – Nathália Mendes

Episódios Favoritos: Craw-Zaddy (06×05), Community Allied (06×06) e Snow White of Central Texas (06×07)


Cena da série Ragnarok que mostra um homem como uma versão nova do Deus Thor. Ele é branco de cabelos loiros na altura dos ombros, olhos azuis brilhantes com expressão desafiadora, usa camisa cinza de mangas compridas, e segura o martelo de Thor na mão esquerda. O fundo é uma rua escura com alguns pontos de iluminação.
O que fascina em Ragnarok é a sua abordagem de colocar a mitologia nórdica à serviço das complexidades humanas (Foto: Netflix)

2ª temporada de Ragnarok

Ragnarok não tem nada parecido com a forma que os deuses mitológicos são retratados nas histórias em quadrinhos. Muito pelo contrário, os conflitos familiares, o drama teen, e as questões ambientais que norteiam o afloramento da mitologia. Em sua 2ª temporada, o maior acerto foi dar à Laurits (Jonas Strand Gravli), irmão de Magne, e, por consequência, Loki, a protagonização que merece. Jonas é um ator muito melhor do que Stakston, e seu personagem é muito mais interessante. O Loki de Ragnarok é perspicaz, audacioso e autêntico, em consonância com seu ser humano compreendendo sexualidade, gênero, e família. 

O não-heroísmo também ficou mais sério, alcançando o conflito do protagonista Magne (David Stakston) sobre até onde é capaz de ir sendo Thor, e trazendo a gigante Saxa (Theresa Frostad) aos holofotes e brigando pelo poder. Efeitos especiais, atuação e trilha sonora, estavam todos bem sincronizados com a continuação, mostrando a ótima evolução desde a temporada de lançamento e deixando um gosto saboroso em 2021. A terceira será a última da série norueguesa, e isso significa que não haverá tempo de desenvolver seus personagens até o ponto que merecem. – Nathália Mendes

Episódios Favoritos: What Happened to the Nice, Old Lady? (02×02) e All You Need Is Love (02×06)


A imagem retangular é uma foto de Reservation Dogs. Da esquerda para a direita vemos 4 pessoas, começando com uma menina de cara fechada, que usa um boné vermelho para trás, uma jaqueta com mangas azuis e um desenho trial no centro e calças verdes, com sapatos e meias altas. Logo após vemos um menino mais centralizado com um topete, uma camisa branca com detalhes vermelhos por cima de uma camiseta de manga longa cinza, com uma calça preta. Mais atrás e para a direita há outra garota com cabelos lisos e pretos, uma blusa florida, calças e botas pretas. Por fim, no canto direito da foto há um garoto de topete preto, que usa uma camiseta preta com um desenho branco no centro, com uma calça bege. Todos eles andam em uma estrada molhada com um fundo com várias árvores.
Sim, ser adolescente é uma tarefa e tanto (Foto: FX)

1ª temporada de Reservation Dogs

Taika Waititi não lançou apenas uma série fascinante em 2021, mas duas – e não há nada páreo para sua Reservation Dogs. A dramédia impressiona, encanta e equilibra perfeitamente o riso descontrolado e o choro sem consolo. Escrita, dirigida e protagonizada por indígenas, a produção do FX consegue percorrer as várias e complicadas nuances universais da adolescência, mas focando nos personagens de uma reserva nativa-americana em Oklahoma e nos embates diários com a exclusão social e o racismo anti-indígena. 

Criada por Waititi e Sterlin Harjo, o destaque absoluto fica por conta do quarteto de ouro de jovens atores: Paulina Alexis, D’Pharaoh Woon-A-Tai, Devery Jacobs e Lane Factor entregam performances sólidas, complexas e primordiais para a construção dessa primeira temporada. Já renovada para mais um ano, Reservation Dogs se automolda em uma narrativa sensível, hilária e que acerta em todos os temas que se propõe a discutir. Agora, cabe ao Emmy Awards reconhecer a joia rara que praticamente caiu em seu colo. – Caroline Campos

Episódios Favoritos: F*ckin’ Rez Dogs (01×01), Hunting (01×06) e California Dreamin’ (01×07)


Cena da série Rick e Morty. Fundo galáctico com cor predominante marrom. A esquerda do desenho está Morty carregando Rick, um menino branco de cabelo marrom, com um olho roxo, veste blusa amarela rasgada, calça jeans e tênis branco. No colo de Morty está Rick, um senhor de cabelos espetados azuis, veste uma blusa azul, um jaleco branco, calça marrom e tênis preto. Rick está sangrando no peitoral e aponta para uma pedra predominantemente roxa ao lado direito da imagem. A pedra reflete a imagem de Morty e Rick segurando uma espada com óculos escuros e vestindo blusa, jaleco e calça pretos.
Com um roteiro recheado de referências externas, a 5ª temporada de Rick e Morty se aprofunda nos sentimentos da família Smith e surpreende quando você menos espera (Foto: Adult Swim)

5ª temporada de Rick e Morty (Rick and Morty)

É o início de uma nova era para o show. A mais recente temporada de Rick e Morty causa estranhamento aos telespectadores de longa data, afinal, os diretores criativos Justin Roiland e Dan Harmon além de realizarem um acolhimento gigante ao nonsense, – que aparentemente, se torna maior a cada ano – também criaram o foco principal em algo um tanto quanto incomum: a evolução de Rick sem precedentes. Diferentemente, do que abordam a grande maioria das outras temporadas, o cientista não está separado da humanidade por ser um intelectual galáctico. A solidão e o desespero constroem o personagem, que não mais pode ser encoberto pelo seu ego de superioridade e muito menos, por quaisquer armas interdimensionais.

Os episódios correm com a explosão da ficção científica exagerada em conjunto com algumas premissas já encontradas em trabalhos anteriores, como por exemplo, o fracasso pessoal de Jerry em Amortycan Grickfitti. Mas, os últimos três capítulos da temporada são surpreendentemente intrínsecos, pois mergulham em uma atmosfera mais complexa sobre os sentimentos de Rick e Morty. Em Rickternal Friendshine of the Spotless Mort, as abordagens não desgrudam da insanidade e como bônus, se unem ao existencialismo, o cientista se encontra com seu eu do passado, o qual lhe questiona sobre suas memórias “Por que você não as revisita?”, e o atual Rick responde “Eu não sei, talvez por causa do final”. Entre dúvidas e separações, a verdade é que o final da 5ª temporada – além de dar um gancho para a 6ª – traz o início de uma nova forma para entender toda a confusão. – Leticia Stradiotto

Episódios Favoritos: Rickternal Friendshine of the Spotless Mort (05×08) e Forgetting Sarick Mortshall (05×09)


Cena da série Round 6. A imagem mostra um labirinto de escadas e passarelas que se entrelaçam e ficam em alturas diferentes, as escadas e as paredes são coloridas, tendo cores como: rosa, verde, azul e amarelo. O chão é azul. Todas as paredes estão manchadas de sangue. Andando nas escadas e passarelas tem diversas pessoas usando a mesma roupa, um macacão vermelho com capuz, seu rosto é coberto por uma máscara preta que tem um símbolo de um círculo branco.
Round 6 foi a série de maior sucesso de 2021, além de se tornar a produção mais assistida da história da Netflix (Foto: Netflix)

1ª temporada de Round 6 (Ojing-eo Geim)

Tramas que envolvem jogo mortal não são novidade em produções audiovisuais, porém Round 6 consegue trazer um frescor a esse tipo de história. Os maiores méritos do seriado se encontram na mistura da inocência de brincadeiras infantis com a brutalidade da morte e da vida adulta, isso se reflete tanto nos desafios de cada jogo quanto nas temáticas presentes durante a exibição. A utilização de joguetes ligados à infância também é um acerto, pois logo gera uma identificação do espectador que se imagina naquela situação.

Para além dos jogos violentos e da estética magnífica apresentadas na série, o texto de Hwang Dong-hyuk se destaca por trazer metáforas e reflexões sobre o mundo capitalista e a desigualdade social. Cada personagem carrega consigo uma história que demonstra as dificuldades das sociedades atuais, por isso, cada um deles é carismático e interessante à sua maneira. Dessa forma, Round 6 torna-se uma experiência instigante, tensa, divertida e reflexiva, sendo uma das melhores produções já feitas pela Netflix, e espera-se que seu realizador mantenha essa qualidade na vindoura segunda temporada. – Nathan Sampaio

Episódios Favoritos: Mugunghwa kkoch-i pideon nal (01×01), Ji-ok (01×02) e Kkanbu (01×06)


Cena do reality show RuPaul’s Drag Race. Imagem retangular e colorida. Nela, vemos 4 drag queens em cima de um palco com luzes roxas. Primeiro, está Gottmik, uma drag branca, usando uma peruca lisa de mullet vermelha e um grande vestido da mesma cor que se estende até sua cintura. No rosto, ela usa uma maquiagem branca com batom e sombra pretos. Ela sorri timidamente e segura as duas mãos na altura da barriga. Ao seu lado, está Kandy Muse, uma drag negra, usando uma peruca loira e ondulada e um body branco. Seu olhar é de nervosismo, e ela cruza seus dedos na altura de sua barriga. A terceira é Rosé, uma drag branca, que veste uma peruca lisa e loira presa em marias-chiquinha e um blazer rosa e colorido. Seu olhar é sério, e ela segura as duas mãos na altura da barriga. Por fim, ao seu lado, está Symone, uma drag negra, usando uma peruca crespa, longa e escura, que se arma para cima. Ela veste um moletom branco, que estampa seu nome em letras garrafais roxas, e usa o capuz da peça na cabeça. Ela tem um sorriso no rosto, e coloca as duas mãos dentro dos bolsos.
Gottmik, Kandy Muse, Rosé e Symone: não poderia haver um elenco de finalistas melhor do que esse (Foto: World of Wonder)

13ª temporada de RuPaul’s Drag Race

RuPaul’s Drag Race iniciou sua 13ª temporada estremecendo a estrutura convencional do programa. Mama Ru ousou ao colocar as queens para dublarem já no primeiro episódio, dividindo-as em dois grupos logo no começo da edição. Claro que, no fim, o efeito prático disso foi nulo, visto que todas continuaram na competição de qualquer forma – a primeira eliminação, da injustiçada Kahmora Hall, viria somente quatro episódios depois. Porém, foi essa decisão que estabeleceu um dos conflitos mais interessantes da temporada: as vencedoras, que ganharam um excesso de confiança e desdém às outras participantes, contra as perdedoras, que sentiam a necessidade de se unirem e provarem seu valor aos jurados. 

E é aí que está a grande força da série. Depois de 13 anos de exibição, o reality show da maior drag queen do mundo já tem seus rituais e preceitos bem estabelecidos. No entanto, ela torna-se ímpar quando, a cada nova edição, consegue explorá-los de um jeito diferente, inventivo e divertido. RuPaul’s Drag Race encapsula a cultura drag com muita autenticidade, sempre trazendo novidades para fãs de longa data, porém ainda simples de se assimilar para novos públicos, mesmo no caso de quem começou a acompanhá-la pela temporada de 2021. Essa característica se potencializa no ano 13 do programa, no qual Symone é campeã com statements importantíssimos – especialmente seu comovente manifesto contra a violência racial nos EUA – e a queridinha do povo Gottmik se consagra como o primeiro homem trans a competir no programa, cheia de carisma e elegância. Tomada por representatividade e cores pastéis na sua 13ª temporada, RuPaul’s Drag Race comprova-se icônica por si só. – Enrico Souto  

Episódios Favoritos: Social Media: The Unverified Rusical (13×08), The Snatch Game (13×09) e Gettin’ Lucky (13×14)


Cena da terceira temporada de Sex Education. A cena mostra Ruby e Otis dentro do conversível dela, prestes a descerem na escola. Ela é branca, magra e tem longos cabelos castanhos, usa óculos de sol com armação laranja e uma jaqueta jeans escura e está sentada no banco do motorista, olhando para o garoto. Ele é branco e tem cabelos escuros, em forma de topete, usa jaqueta azul claro e camisa de gola alta vermelha e florida. Ao redor do carro, outros jovens olham para os dois.
Sex Education continua a surpreender, dando dimensão a personagens secundários e evoluindo a trama sem medo de chegar ao ponto de pressão (Foto: Netflix)

3ª temporada de Sex Education

Não é fácil sustentar uma série adolescente com controle criativo e qualidade lá no topo, mas Laurie Nunn faz parecer tão simples. Na terceira temporada de Sex Education, os alunos de Moordale sofrem na mão da nova diretora, a carrasca Hope (Jemima Kirke), que tem como missão limpar a imagem suja que o colégio sustentou nos anos anteriores. Para isso, ela coloca todo mundo na linha, não importa o custo. Entre os dramas de Eric (Ncuti Gatwa) e Adam (Connor Swindells), as descobertas de Cal (Dua Saleh) e Jackson (Kedar Williams-Stirling) e a união de Maeve (Emma Mackey) e Aimee (Aimee Lou Wood), Sex Ed ainda tem muito a dizer.

Quem mais brilha sob pressão é o núcleo de Otis (Asa Butterfield) e Ruby (Mimi Keene), casal que nasce da imprevisibilidade e escala para o momento dramático mais catártico do ano 3. Dentro do discurso narrativo, a série desconstrói a figura da patricinha e do nerd, injetando doses de originalidade, humanidade e muita emoção engarrafada neles. Quando o jovem marreta o coração dela, só nos resta apertar o peito, engolir o choro e continuar aproveitando ao máximo o que essa educação sexual (e emocional, e sentimental, e pessoal) tem a oferecer. – Vitor Evangelista

Episódios Favoritos: Episode 2 (03×02), Episode 3 (03×03) e Episode 7 (03×07)


Cena da série Solos com a atriz Anne Hathaway ao centro, uma mulher branca de cabelos castanhos longos na altura do peito, vestindo uma camiseta branca larga e uma blusa verde por baixo. Na imagem a personagem está olhando assustada para o lado enquanto ao seu redor estão vários aparelhos e fios eletrônicos, com um computador de tela fina quadrada prata a sua frente.
Em Solos, Anne Hathaway e outros artistas mostram a tensão que um monólogo pode proporcionar (Foto: Amazon Prime Video)

1ª temporada de Solos

Multifacetada, a primeira temporada de Solos apresenta uma premissa diferente da que o público está acostumado a ver, porém, apesar de trazer diversas histórias isoladas em seus episódios, não deixa de manter uma coerência como um todo. Lançada pelo Amazon Prime Video, e com um elenco de renome, tais como Anne Hathaway (01×01 – Leah), Helen Mirren (01×03 – Peg) e muitos outros, a série traz questões relacionadas a tecnologia, relações humanas e o futuro. Mais do que isso, também mostra a exímia habilidade de cativar o telespectador com uma bela fotografia, histórias emocionantes e diálogos precisos, onde foram necessários apenas capítulos de 20 a 30 minutos.

Como destaque, o episódio 01×04 – Sasha, unicamente protagonizado pela atriz de Orange is the New Black e ganhadora do Emmy Uzo Aduba, encaixa como uma das tramas que mais transmite a essência da série onde, apesar de avulso à nossa realidade com um futuro e aparatos tecnológicos que não veremos por um tempo, lida com o isolamento e a tomada de difíceis decisões em casos extremos, além de toda relação consigo mesma que o personagem demonstra, trazendo à tona o motivo do título da série se apresentar como Solos. Henrique Marinhos

Episódios Favoritos: Leah (01×01) e Sasha (01×04)


Cena da terceira temporada de Succession. Nela, Kendall está com a cabeça e braços apoiados em seus joelhos, enquanto Roman está atrás dele, com o corpo inclinado e as mãos apoiadas em seus ombros, e Shiv está ao seu lado esquerdo, com a mão esquerda em sua cabeça. Roman. Os três estão em uma rua de terra, em meio a casas antigas. Kendall, interpretado por Jeremy Strong, é um homem branco, com cabelos raspados; ele veste uma camisa branca de mangas compridas e não é possível ver seu rosto. Roman, interpretado por Kieran Culkin, é um homem branco, de cabelo castanho-escuro e liso; ele veste uma camisa rosa de mangas compridas, calça social cinza e usa óculos escuros. Shiv, interpretada por Sarah Snook, é uma mulher branca de cabelo ruivo, liso e acima dos ombros; ela usa um chapéu branco, e veste um vestido branco com estampa floral, que vai até seu joelho.
Mais do que esperado, a produção da HBO já obteve a renovação para uma 4ª temporada (Foto: HBO)

3ª temporada de Succession 

É uma tarefa difícil passar por 2021 sem ter ouvido ou lido a palavra Succession pelo menos uma vez. Ao longo dos últimos anos, a criação de Jesse Armstrong vem ganhando cada vez mais espaço no patamar das maiores séries da década, sucesso evidenciado pela coleção de Emmys que já acumula com apenas 3 temporadas lançadas. O enredo da narrativa já é interessante por si só, ao se centrar na disputa e busca incansável por poder dos integrantes da família Roy – quase uma releitura decente da novela Império. Mas a série não se contenta apenas com isso, ganhando também um roteiro instigante que envolve esferas políticas e midiáticas, além de uma direção que já passou pela mão de nomes como Adam McKay (Não Olhe para Cima) e Mark Mylod (Game of Thrones). 

A reviravolta dos minutos finais da 2ª temporada foi motivo suficiente para provocar a ansiedade para o retorno da produção. Agora, centrando-se quase que por completo no combate direto entre Kendall (Jeremy Strong) e Logan (Brian Cox), Succession comprova a evolução de sua narrativa a cada novo ano, ao internalizar de vez a vontade de provocar a queda do poderoso magnata. Entre as controvérsias e puxões de tapete dos quatro irmãos, a união entre eles é o que fala mais alto para vencer uma paternidade abusiva de uma vida inteira, rendendo uma season finale digna de coração acelerado e suspiros emocionantes. Assim, permanece honrando o título que sempre lhe foi destinada. – Vitória Silva

Episódios Favoritos: Retired Janitors of Idaho (03×05), Too Much Birthday (03×07) e All The Bells Say (03×09)


Cena da série Superstore onde ao centro há um sofá azul com uma tigela verde com pipoca ao meio, no sofá há dois funcionários sentados, atrás do sofá estão mais vários funcionários e todos estão usando os uniformes da loja enquanto assistem algo à sua frente. Ao redor, estão diversos produtos separados em prateleiras, pois o ambiente é o de um supermercado.
Em clima nostálgico para todos, acontece o adeus a muitas das risadas que Superstore proporcionou (Foto: NBC)

6ª temporada de Superstore 

Finalizada em 2021, a sexta e última temporada de Superstore inova ao mesmo tempo que consegue ser nostálgica para os fãs. Sem surpresa, a estreia do ano final abordou assuntos como a pandemia, encerramento de ciclos inesperados e tantos outros temas que vem de encontro com a realidade. Porém, com tamanha leveza que utilizaram, a série de comédia acaba passando várias lições sobre a vida. Considerando situações atípicas como o isolamento, o roteiro consegue interpretar a essência do que o  fez em seus outros 5 anos, desde o episódio piloto.

É notável que nessa última temporada, mais do que encerrar uma história, os produtores procuraram ao máximo aproveitar todas as oportunidades que tinham para realizar com louvor esse fechamento, tais como a possibilidade de trazer todos que já fizeram parte relevante de Superstore, agraciar os fãs com aquilo que precisavam mesmo que não soubessem disso, ao mesmo tempo sempre quebrando essa expectativa. Por fim, inegavelmente, os telespectadores podem confirmar a tranquilidade com que as pendências dos outros cinco anos foram fechadas e um agradecimento aos participantes dessa aventura, ainda que tenham sido encerrados aos 45 do segundo tempo em All Sales Final. Henrique Marinhos

Episódios Favoritos: California Part 2 (06×02) e All Sales Final (06×15)


Cena da série Ted Lasso. Nela, Ted está centralizado se apoiando com os braços esticados em uma janela branca. Ted é um homem branco cabelos castanhos e bigode volumoso. Ele veste um moletom azul, calça bege e um gorro de papai noel.
Ao invés de maior e melhor, a produção escolheu somente a segunda opção (Foto: Apple TV+)

2ª temporada de Ted Lasso 

Depois de uma primeira temporada impecável que a consagrou com 7 Emmys e 1 Globo de Ouro, Ted Lasso tinha a difícil tarefa de ser melhor que ela mesma. E como superar seu próprio ápice? Assim como as grandes estrelas do futebol, a comédia da Apple TV+ viu uma oportunidade na mudança de ares. O tom que beirava o pastelão agora é dominado por uma dramédia que pende muito mais para o drama em seu segundo ano. Subvertendo tudo e todos, para aprofundar seus personagens, escancarando quem eles realmente são e o porquê daquilo, que hora ou outra vão se comunicar e atingir o eu interior do espectador que baixou sua guarda para a doçura do primeiro ano.

Em uma temporada mais pés (e bola) no chão, Ted Lasso joga o futebol para escanteio, mesmo tendo um notável avanço na hora de imprimir o esporte no audiovisual, para dar um foco em seus personagens e desmistificá-los. A decisão de colocar saúde mental e relações familiares como condutores do segundo ano mostra que a série, ao invés de seguir o caminho natural e apostar em uma segunda temporada maior, resolveu olhar para si própria e fazer do intimismo e das relações humanas e como elas impactam o mundo a sua volta seu triunfo. Assim como uma sessão de terapia, a segunda temporada de Ted Lasso traz à tona um turbilhão de emoções necessário. – Guilherme Veiga

Episódios Favoritos: Carol of the Bells (02×04), Beard After Hours (02×09) e No Weddings and a Funeral (02×10)


Cena do seriado The Beatles Get Back. Na foto retangular colorida, vemos, da esquerda para a direita, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr e John Lennon. Os quatro estão sentados, e são homens brancos de cabelos lisos, à altura dos ombros. Paul veste um suéter de cor preta, e possui barba e cabelos de cor preta. Ele esta tocando um baixo de cor marrom. George veste uma camisa de cor azul. Ele possui bigode e cabelos de cor castanha. Ringo está sentado em sua bateria de cor amarela, vestindo uma camisa de cor preta e um colete de cor vermelha por cima. Ele possui cabelos e bigode loiros. John Lennon está sentado em um piano de cor marrom, com a cabeça virada para a sua direita, em direção a Paul McCartney. Ele possui cabelos loiros e utiliza um óculos transparente com lentes redondas
Com quase 8 horas de duração, a minissérie The Beatles: Get Back traz uma experiência imersiva, e aponta que o fim do grupo era inevitável (Foto: Disney+)

The Beatles: Get Back

Em 2021, o mundo finalmente teve acesso às mais de 50 horas de filmagens e mais de 150 de gravação em áudio que os Beatles produziram em 1969, compilados em quase 8 de filme. Na ocasião, um especial de TV estava sendo produzido, mas nunca chegou a ser lançado, e o material manteve-se oculto até então. Sob direção de Peter Jackson, a minissérie The Beatles: Get Back trouxe novamente o quarteto ao debate, deixando claro as competências musicais do grupo. Não foi à toa que a beatlemania foi retomada de forma efervescente após seu lançamento na plataforma Disney+

Uma das grandes virtudes da minissérie é a nova visão que ela dá sobre os quatro integrantes. Em uma abordagem revitalizadora, os Beatles são apresentados – antes de sujeitos geniais e quatro indivíduos distantes da humanidade – como uma banda de rock. Eles discutem sobre as notas, erram os acordes, fazem piadas sem graça, treinam à exaustão pequenos trechos de novas canções, saem da banda em pequenos atos de revolta – George Harrison deixa os Beatles no final da primeira parte, e depois retorna –, mas ainda são quatro amigos fazendo música. Por essa razão, The Beatles: Get Back não poderia ficar de fora de uma lista de melhores. – Bruno Andrade

Episódios Favoritos: Part 1: Days 1-7 (01×01), Part 2: Days 8-16 (01×02) e Part 3: Days 17-22 (01×03)


Cena da série The Chair, em que a atriz Sandra Oh, uma mulher asiática de pele clara e cabelos pretos e presos, está vestindo uma camiseta cinza, ao lado de uma criança com cabelos presos e camiseta rosa onde ambas estão sorrindo para o espelho do banheiro.
Com intimidade, The Chair não se limita à sua sinopse, apresentando núcleos de acontecimentos cotidianos (Foto: Netflix)

1ª temporada de The Chair

Íntima, agradável e dosada, a série The Chair da Netflix traz em poucos episódios uma história bem construída e atenta às nuances que apresenta, além da comédia inteligente que propõe em pautas atuais. Estrelando Sandra Oh como a primeira mulher não-branca diretora do departamento de Inglês de uma faculdade estadunidense, a produção vai na contramão ao que as outras em alta mostram com a realidade jovial de universidades, mais aparente no episódio Brilliant Mistake, trazendo também profundidade aos personagens com amostras de suas idas a psicólogos como explicita o breve teaser lançado.

Além disso, também não se limitam a assuntos acadêmicos, as relações e acontecimentos em torno da vida de diversos personagens nos aproximam de toda narrativa trazendo essa intimidade. Um desafio superado foi trazer uma série de acontecimentos sem atropelamentos, tendo todos seu devido tempo e encerramento, o que é destacado no último episódio, The Chair, em que qualquer coisa pode acontecer. Mesmo sendo o final até então, os produtores foram bem sucedidos em criar um paradoxo mostrando um encerramento do enredo e a noção de que a vida continua a partir dali, sempre em mutação, trazendo por fim a confortabilidade em aceitar essas mudanças. – Henrique Marinhos

Episódios Favoritos: Don’t Kill Bill (01×04) e The Chair (01×06)


Cena do reality show The Real Housewives Of Beverly Hills. Na cena está Erika Girardi, de 50 anos, uma mulher branca caucasiana, de olhos azuis e cabelos loiros. Seus cabelos estão amarrados em um rabo de cavalo, com a franja virada para a lateral. É possível ver a gola da camisa branca vestida por ela e seu brinco de diamantes em losango. Ela olha para o lado direito, enquanto chora uma lágrima, que deixa um rastro em sua maquiagem. Seu rosto se mantém imóvel e o restante da maquiagem irretocável. O fundo da imagem é uma cortina na cor palha e a vista desfocada de uma janela durante à noite.
Erika é a grande estrela da 11ª temporada de The Real Housewives of Beverly Hills (Foto: Bravo TV)

11ª temporada de The Real Housewives of Beverly Hills

Para quem acompanha o cotidiano das sete donas de casa mais extravagantes de Beverly Hills, a 11ª temporada de The Real Housewives of Beverly Hills se tornou um verdadeiro tribunal quando uma das estrelas do reality foi acusada de estar envolvida com o ex-marido Tom Girardi, advogado prestigiado pela reputação de “defensor dos oprimidos”, num esquema milionário de desvio de dinheiro de vulneráveis. Na temporada, o telespectador transforma-se em júri da jornada oblíqua de emancipação de Erika – dividida entre Erika Girardi, esposa-troféu obediente do gigante do Direito da Califórnia, até Erika Jayne, alter ego sensual que não deve satisfações à nada nem ninguém.

Rainha de gelo do reality, Erika é a grande estrela da temporada: seu casamento acabou, oportunidades profissionais se fecham e todos questionam sua índole. Ela é inocente? Ela é culpada? São questões que surgem entre as co-protagonistas, cabendo a cada uma, incluindo o telespectador, decidir o que é real. Felizmente, para a nossa diversão, ninguém diz o que todos falam por trás dos jantares glamourosos verdadeiramente infernais. E armada de alta-costura, bolsas de US$95,000, carros luxuosos e jatinhos particulares, Erika constrói uma narrativa deturpada que a põe como mártir de uma tragédia na qual ela não é vítima. – Ayra Mori

Episódios Favoritos: The Good, the Bad and the Ugly Leather Pants (11×08),  Season’s Grillings (11×13) e The Dinner Party from Hell: Part Two (11×15)


Cena de The Underground Railroad. A imagem mostra a personagem Cora, interpretada por Thuso Mbedu, apontando uma arma para a câmera, no meio de um campo. Ela é uma jovem negra, de cabelos crespos presos em um coque baixo, usa uma faixa ao redor da cabeça e um vestido xadrez acinzentado e sujo. Ela tem uma expressão assustada mas decidida.
A maior joia de 2021 é ela: Thuso Mbedu, um talento absoluto encontrado por Barry Jenkins, estrelou algumas produções na África do Sul, seu país natal, mas em The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade, mostrou ser uma atriz à altura de muitas estrelas veteranas (Foto: Amazon Prime Video)

The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade (The Underground Railroad)

Que tarefa difícil é reportar a grandiosidade de The Underground Railroad. Aqui, existe apenas (mais) uma tentativa de realizar isso. Um dos maiores destaques do ano no Amazon Prime Video, a série marca a estreia – nada leviana – do precioso trabalho audiovisual de Barry Jenkins na TV. A história é adaptada do romance homônimo de Colson Whitehead, vencedor do Pulitzer em 2017, e acompanha a jornada realisticamente mágica de Cora (Thuso Mbedu) em busca de sua liberdade e autonomia, tanto no sentido de sua condição de escrava em um Estados Unidos pré-Guerra Civil, quanto em sua experiência como parte de um povo que teve seu direito à humanidade violentamente negado.

Para compreender uma história como essa, só um trabalho rico de linguagem. Mas o potencial da Arte relevante que existe em The Underground Railroad, infelizmente, não foi devidamente apreciado por quem existe apenas em função de reconhecer tais méritos. Pela crítica especializada, a recepção foi boa, mas da entrega magistral de seu elenco, da expressão única nas palavras sábias de seu roteiro, e da identidade e um efeito expressivo vindo de sua direção, apenas o último foi notado em premiações como o Emmy. O mesmo erro não será cometido aqui, e o objetivo é fazer com que você não deixe de notar a produção que sustenta como poucas seu lugar dentre as Melhores de 2021. – Raquel Dutra 

Episódios Favoritos: Georgia (01×01), North Carolina (01×03) e Indiana Autumn (01×08)


Cena da série The White Lotus. Na imagem, vemos duas hóspedes do resort. Ambas são jovens. A moça da esquerda veste um maiô preto, é loira, de pele clara, tem os cabelos soltos na altura dos ombros, usa óculos de grau e está segurando um livro de cor branca nas mãos. A jovem da direita veste um conjunto de verão na cor verde limão, tem pele negra clara, cabelos cacheados soltos, pouco abaixo dos ombros, e está segurando um livro de cor preta nas mãos. Elas estão sentadas em cadeiras de praia de cor marrom, estão ao ar livre e está de dia.
The White Lotus expõe ações muito comuns de serem cometidas no cotidiano (Foto: HBO)

1ª temporada de The White Lotus 

A trama de The White Lotus, da HBO, desperta a curiosidade de qualquer um, com um enredo inusitado e incomum de ser abordado: o privilégio e a exploração de pessoas ricas sobre a classe trabalhadora, que no caso, tem como cenário um resort de luxo em uma ilha paradisíaca. A série criada por Mike White (Enlightened, Escola de Rock), diverte, principalmente, por incomodar o espectador, que pode se ver, sem nem ao menos notarem, cometendo os mesmos erros daquelas pessoas; no entanto, trata os assuntos desconfortáveis de uma forma leve, com humor ácido, fazendo uso de deboche e ironia.

The White Lotus está presente para ensinar sobre as injustiças e diferenças entre as classes, e nos conscientizar a não vivermos na inércia do conformismo. Sem dúvida, se souber captar a mensagem que a série quer transmitir ao longo dos seis episódios, a vontade que nos impulsiona por mudanças virá. E tamanho foi o sucesso, que o que era para inicialmente ser uma minissérie, foi renovada para uma segunda temporada, com história e personagens diferentes, em formato de antologia. Também foi indicada a vários prêmios, dentre as quais venceu como Série de Comédia, e Ator, para  Murray Bartlett, no festival AACTA International Awards. – Sabrina G. Ferreira

Episódios Favoritos: The Lotus-Eaters (01×05) e Departures (01×06)


Cena da série This Is Us. Imagem retangular e colorida. Nela, vemos Randall, um homem negro, de cabelos escuros raspados e com um cavanhaque. Ele usa um par de óculos no rosto e veste uma blusa vinho e uma camiseta azul por baixo. Com sua mão esquerda sobre o ombro de Kevin, um homem branco, de barba feita, cabelos curtos e loiros, que veste uma jaqueta de couro, os dois se encaram reflexivamente. O cenário é a cozinha de uma casa, iluminada pela luz do dia.
A 5ª temporada de This Is Us toma partido e se aprofunda nas mais diversas camadas do relacionamento de Randall com Kate e Kevin (Foto: NBC)

5ª temporada de This Is Us

Após sua estreia em 2016, conforme os anos se passavam, This Is Us se revelava uma série formulaica. Uma fórmula eficaz, é verdade, entretanto que, após 4 temporadas, parecia começar a ficar obsoleta. Os plot-twists de cada temporada progressivamente mais absurdos, e os monólogos motivacionais de algum dos Pearson que sempre finalizam os episódios, são exemplos de atalhos usados à exaustão para gerar atritos entre os personagens. A 5ª temporada chegou cheia de dúvidas, ainda mais pelo momento em que era produzida, em meio a pandemia de covid-19. A solução encontrada pelo drama da NBC, contudo, não poderia ter sido mais excelente. E o seu maior mérito é, não se livrar das ditas fórmulas, mas explorá-las em novas circunstâncias. Dito isso, ao invés de optar pelo caminho do escape, a série escolhe trazer a realidade pandêmica para dentro das telas.

Os dois primeiros episódios introduzem com precisão qual será a abordagem da temporada. Não apenas a pandemia é presente, mas também outras tensões que marcaram 2020, como o terrível assassinato de George Floyd e os decorrentes protestos antirracistas nos EUA e no mundo. Junto a isso, é tomada a melhor das decisões e o protagonismo é totalmente entregue a Randall Pearson (Sterling K. Brown) e em como esse ciclone de eventos resvala nele. A série se aprofunda em definitivo nos seus conflitos de identidade enquanto um homem negro criado dentro de uma família branca e, sobretudo, em sua relação com os outros dois trigêmeos. São feitos que jamais poderiam ser alcançados em uma narrativa mais confortável e, caminhando para seu último ato, visceralidade é o que pauta This Is Us em seu quinto ano: sem medo do incômodo e se consagrando como a melhor temporada da série desde o seu início. – Enrico Souto

Episódios Favoritos: Forty: Part Two (5×02), I’ve Got This (5×10) e Brotherly Love (5×13)


Cena da série Vincenzo. Uma imagem retangular retratando o protagonista da série, um homem sul-coreano, de cabelos escuros penteados para trás, trajando um terno preto, com uma gravata da mesma cor, por cima de uma camisa azulada, olhando para frente. Todo o restante do ambiente que não o personagem está desfocado, mas mesmo assim é perceptível que se trata de um ambiente interno e bem iluminado, repleto de detalhes em madeira.
O irmão que todos gostariam de ter (Foto: Netflix)

1ª temporada de Vincenzo (Binsenjo)

A série sul-coreana Vincenzo, lançada em fevereiro de 2021, foi capaz de unir o clássico romance dos doramas com uma dose extra de ação e vingança. A emissora tvN, em parceria com a Netflix, entregou além do esperado no quesito enredo, misturando culturas e quebrando valores tradicionais ao trazer um protagonista anti-herói. Vincenzo Cassano (Song Joong-ki), advogado coreano e membro da máfia italiana, transforma o que poderia ser um clichê em palco para muito sangue e tiros, mas sempre seguindo seus princípios. Para os fãs do ator e também àqueles que estão cansados da monotonia, a produção é um prato cheio. 

A atuação impecável de todos os atores fortalece o sucesso, passando desde veteranos como Kim Yeo-jin até o cantor Taecyeon (que teve participações menores em dramas), estes interpretando vilões de causar ódio profundo. Em todos os 20 episódios, há sempre muita tensão e ansiedade, e parte disso se dá pelo plot twist no meio do drama. A relação entre o mafioso e a advogada Hong Cha Young chega na medida certa, com muita química e um beijo daqueles guardado para o final. O humor atinge níveis geniais, com toda a confusão de nomes italianos e disputa entre os personagens. Joong-ki merece, inclusive, uma salva de palmas por seu sotaque italiano de dar inveja em qualquer um. – Maria Vitória Bertotti  

Episódios Favoritos: Episódio 1 (01×01), Episódio 8 (01×08) e Episódio 20 (01×20)


Cena da minissérie Vingança Sabor Cereja. A imagem centraliza uma mulher jovem, branca, de cabelos curtos e pretos. Ela está de pé, no meio de uma sala, sendo parcialmente iluminada e usando um vestido curto de alcinhas com listras amarelas, laranjas e vermelhas. Ao redor e fundo da personagem, luzes rosas e amarelas contrastam com a escuridão e as plantas do apartamento.
Baseada no livro homônimo de Todd Grimson, Brand New Cherry Flavor não precisou de mais que uma temporada para atingir seus objetivos (Foto: Netflix)

Vingança Sabor Cereja (Brand New Cherry Flavor)

Podendo simbolizar da inocência à sensualidade, as cerejas transportam seu frescor para além da ambivalência na trama surrealista e instigante de Vingança Sabor Cereja. Protagonizada pela combustão emocional da cineasta iniciante Lisa Nova (Rosa Salazar), a minissérie é gerida pela busca da jovem brasileira em recuperar seu curta-metragem roubado pelo afamado produtor Lou Burke (Eric Lange) e aniquilar o ego do infame representante da indústria hollywoodiana. A guardiã das faces sombrias, irônicas e vulneráveis da história é a despudorada Los Angeles dos anos 90. Contextualizando luzes neon, body horror, paranormalidade e bruxaria à realidade brutal e aliciante da cidade, fotografia e roteiro vivificam o mais potente do universo do terror e o mais obtuso da mente humana.

Apesar de tanger assiduamente sexo, poder e alucinações em geral, a narrativa subverte todo o reducionismo esperado para essa atmosfera – justamente por não se encaixar no apelo mainstream. O suspense sabe injetar humor nos vínculos cênicos e induzir à eterna provocação de valores e intenções, como se um espelho suspenso moldasse a magia e o frenesi, como se o balanço entre sátiro e visceral fosse atingido. Vingança Sabor Cereja regurgita referências e clichês poderosos para eletrizar sua originalidade de ritmo e forma, digna de poucas criações da Netflix. Participando da saga do streaming em tentar emplacar sucessos macabros, a complexidade construída pela minissérie finalmente coroa esse propósito. – Vitória Vulcano

Episódios Favoritos: I Exist (01×01), Tadpole Smoothie (01×04) e Jennifer (01×05)


Cena da série Você que mostra uma mulher sentada à mesa, frente a uma taça de vinho e um frango assado. Ela é uma mulher branca de cabelos castanhos claros compridos, possui uma expressão de desafio, delírio e fixação. O fundo é a sala de estar de uma casa.
Victoria Pedretti em sua atuação gloriosa sob a pele de Love Quinn foi a responsável por fazer a 3ª temporada de Você surpreender (Foto: Netflix)

3ª temporada de Você (You)

Após uma 2ª temporada repetitiva e meia boca, Você entendeu que só conseguiria continuar se o jogo psicológico e doentio fosse protagonizado por outra pessoa. Foi assim que Love (Victoria Pedretti) ganhou espaço, deu sentido para a sua violência impulsiva, e construiu uma das melhores sequências de 2021. A terceira temporada foi inteiramente sustentada por ela e por sua atuação, conseguindo prender o interesse nos questionamentos existenciais de alguém que é tão complexa e contraditória quanto um ser humano pode ser.

Nessa construção nova da narrativa, Você conseguiu colocar Love e Joe (Penn Badgley) mais próximos da realidade, ou melhor, das situações que preenchem o telespectador de raiva. Não por um acaso, o casal deu conta de bater em pessoas anti-vacina, discutir ações ditas “pelo bem da família”, e pintar como cidades de bilionários da tecnologia e influencers de bem-estar vivem num redemoinho de pressão psicológica. O pior – ou melhor – de sua 3ª temporada, é o gostinho amargo de entender dois malucos, e que, provavelmente, não perdurará na 4ª, já renovada pela Netflix. – Nathália Mendes

Episódios Favoritos: Missing White Woman Syndrome (03×03), Red Flag (03×09) e What Is Love (03×10)


A imagem retangular é uma cena da série WandaVision. Ao centro e abaixo há uma família sentada em um sofá esverdeado com travesseiros xadrez. Sentada à esquerda está Wanda, uma mulher ruiva, branca, jovem, de cabelos lisos e longos, com um rosto magro e maquiado. Ela usa um vestido listrado com as cores vermelho, verde e amarelo. À direita está Visão, um robô com feições e corpo humano, que possui a cor vermelha viva e o topo da cabeça metalizado com um cristal amarelo em sua testa. Ele usa um blazer marrom, por cima de um colete azul escuro e calça jeans. Ambos seguram bebês idênticos em seus colos e vemos atrás uma casa com mobílias dos anos 90.
Wanda merece mais (Foto: Disney+)

WandaVision

Depois de pegar uma cambada de super-heróis e supervilões de revistas em quadrinhos e enfiar em um bando de filme de duas horas, a Marvel parece ter percebido que alguns deles tiveram o desenvolvimento de uma uva passa. E bem, às vezes tudo que um personagem mal trabalhado em uma grande franquia precisa é de uma série de nove episódios para se redimir. Maltratada pelo roteiro desde sua primeira participação lá em Vingadores: Era de Ultron, Wanda Maximoff inaugurou as produções televisivas do MCU, trazendo em WandaVision a experiência mais desafiadora e fora da caixinha que o estúdio já havia se arriscado.

Suas sucessoras podem ter movimentado a audiência, mas foi a sagacidade da minissérie da Feiticeira Escarlate em se divertir às custas de sitcoms e remodelar a realidade da personagem que a firmou como uma das mais interessantes e inventivas de 2021. Ao ganhar esse espaço, Elizabeth Olsen abraça sua criatura ferida com carinho e sensibilidade, transparecendo o luto e a confusão que Wanda tanto luta para afastar. Ao seu lado, Paul Bettany tira um pouco a maquiagem vermelha e Kathryn Hahn é introduzida brilhantemente no frutífero Universo Cinematográfico. Que Doutor Estranho fique avisado: Wanda Maximoff não está para brincadeira. – Caroline Campos

Episódios Favoritos: All-New Halloween Spooktacular! (01×06) e Previously On (01×08)


Cena da série We Are Lady Parts. Na imagem, vemos cinco mulheres jovens. A primeira da direita, veste uma burca de cor preta, toda coberta, só com os olhos expostos. Ao lado dela está uma moça com um véu envolvendo a cabeça, de cor vinho. Ela veste uma blusa de mangas longas amarela e cinza, um colete verde escuro por cima, e está segurando uma guitarra nas mãos. Tem pele morena, e está sorrindo. Ao lado dela tem uma moça mais alta, de pele clara, e olhos pintados com delineador. Ela sorri, e veste um véu de cor vinho em volta da cabeça, uma roupa de cor preta, com detalhes em dourado, e brincos dourados de argola. Ao lado dela há outra moça de pele morena e cabelos escuros, amarrados para cima, também sorrindo. Ela veste uma jaqueta xadrez de cores preto e branco, e segura uma guitarra nas mãos. Ao seu lado está uma moça mais alta, negra e também está sorrindo. Ela tem um véu envolvendo a cabeça, também de cor vinho, e se veste com uma jaqueta xadrez de cor rosa e preto. Por baixo, ela usa uma camiseta branca, e segura o que parece ser um contrabaixo nas mãos. Todas elas estão em pé, em um palco, com algumas pessoas na frente as aplaudindo com braços levantados. Estão em ambiente fechado, com paredes pintadas de preto e escrito “The Lady Parts” atrás, na cor branca.
A banda de punk rock feminina The Lady Parts conquistou os palcos de Londres (Foto: Channel 4)

1ª temporada de We Are Lady Parts

A originalidade da temática, muitas vezes incomum de ser abordada em séries, com culturas e religiões totalmente distintas das nossas, foi importante nessa escolha. We Are Lady Parts conta a história da formação de uma banda fictícia de punk rock muçulmana feminina, a Lady Parts, de Londres, em sua busca por uma guitarrista. Como resultado, elas se deparam com Amina (Anjana Vasan), uma garota excessivamente tímida e introvertida, que por trás da aparência comportada, é uma rebelde no estilo Joan Jett, e necessita dessa influência punk em sua vida.

A série tem uma trilha sonora incrível. Dirigida e produzida pela britânica Nida Manzoor (Doctor Who), We Are Lady Parts se divide em seis episódios, e foi super aclamada pela imprensa do Reino Unido. No entanto, ainda é pouco conhecida fora do território britânico, e infelizmente, difícil de encontrar, até mesmo por causa da distribuição limitada pela emissora de origem, a Channel 4. Também foi indicada a várias premiações, vencendo nas categorias de Montagem de Comédia, do Royal Television Society, UK. Foi renovada para uma segunda temporada, ainda sem data prevista para lançamento. – Sabrina G. Ferreira

Episódios Favoritos: Play Something (01×01) e Sparta (01×06)


A imagem retangular é uma cena da série What We Do In The Shadows. Na imagem vemos 5 pessoas formando um semicírculo. Da esquerda para a direita vemos Lazlo, um homem pálido, com cabelos e barba preta e longa, enquanto usa um sobretudo preto com detalhes vermelhos. A sua direita e um pouco atrás está Nadja, uma mulher pálida com cabelos pretos e muito longos, que usa também um sobretudo preto. A direita e ainda mais atrás está Colin Robinson, um homem branco, careca, de óculos e boina, que usa um sobretudo bege sobre um colete marrom. À direita está Nandor, também um homem pálido de cabelos lisos, longos e presos ao centro, com uma barba cheia, enquanto usa uma roupa antiga com botões de cor vermelha e uma calça preta com botas altas. Fechando o semicírculo está Guilhermo, um homem com traços mexicanos, cabelo penteado, óculos e um pouco mais gordo, enquanto usa um sobretudo marrom-avermelhado.
A mitologia dos vampiros ganha mais nuances nessa nova temporada (Foto: FX)

3ª temporada de What We Do in the Shadows

Irreverentes e incomparáveis, os vampiros de Taika Waititi e Jemaine Clement ganharam uma terceira temporada para chamar de sua, e desgrudar os olhos da tela ao longo dos dez episódios se torna uma tarefa tão difícil como beber água benta. What We Do in the Shadows é um fenômeno da comédia televisiva e, ao aterrissar estapafurdiamente em mais um ano, consegue expandir as próprias pretensões e envolver o telespectador em pequenas narrativas de 25 minutos repletas de reflexões sobre a eternidade e sereias-avestruz apaixonadas.

Dando cada vez mais espaço ao seu melhor personagem e único vampiro de energia do quarteto, Colin Robinson (Mark Proksch), a temporada estreita os laços dos protagonistas e não se cansa de satirizar a si mesma. Enquanto Nadja (‎Natasia Demetriou) e Nandor (‎Kayvan Novak) assumem um plot próprio e linear, Lazlo (Matt Berry) e Guillermo (‎Harvey Guillén) vão alternando as suas histórias com o passar dos episódios. Com cada um no seu ritmo e todos perfeitamente perdidos na música, What We Do in the Shadows não se acanha em brincar com novos e velhos personagens a fim de construir uma das melhores comédias da TV atual. – Caroline Campos

Episódios Favoritos: The Escape (03×06) e The Wellness Center (03×08)


Cena da série documental Will Smith: A Melhor Forma da Minha Vida. Na imagem, Will está sentado de frente para a câmera e de costas para uma academia. O ator negro de olhos e cabelo escuros veste uma camisa preta, uma calça de estampa militar no tom verde e um tênis preto com listras e meias brancas. Ao fundo, os equipamentos da academia estão iluminados por luzes azuis e vermelhas.
Will Smith até desistiu, mas a sua série documental conseguiu ganhar vida em meio ao seu caos interno (Foto: YouTube Originals)

1ª temporada de Will Smith: The Best Shape Of My Life

Disposto em terminar de escrever a sua autobiografia Will e perder o peso que ganhou para interpretar o pai das tenistas Venus e Serena Williams em King Richard: Criando Campeãs, Will Smith embarcou em uma série documental com a expectativa de emagrecer 9 quilos em 20 semanas. Na realidade, Will Smith: The Best Shape Of My Life trouxe à tona para o público e para o próprio ator, a instabilidade da sua saúde mental e o fato de que ele teria que trabalhar para além da sua aparência física.

Em 6 episódios, a série destruiu o que Will Smith construiu em três décadas de carreira. Derrubando a aura de ídolo para se mostrar vulnerável, Smith finalmente expôs a sua coragem para desistir. Dono de um dos sorrisos mais conhecidos de Hollywood, ele descobriu que a sua necessidade de entreter as pessoas a todo momento somente o fazia enganar a si mesmo. Nas trincheiras entre a escrita e a academia, batalhou para curar as feridas do passado e se despiu de corpo e alma para o público que passou a o enxergar com outros olhos. The Best Shape Of My Life ultrapassou as expectativas e, por isso, acumula mais de 20 milhões de visualizações no YouTube. – Nathalia Tetzner

Episódios Favoritos: My Secret Shame (01×02), I Quit (01×04) e I’m Sorry Mama (01×05)


Cena da série Yellowjackets. A cena se passa em uma floresta. A paisagem possui muitas árvores verdes. Nela está um grupo de garotas espalhadas pela área. Elas andam, sentam, retocam curativos e choram de bruços, em ordem da esquerda para a direita. O chão é de terra e irregular. No fundo da paisagem está o avião branco caído, com fumaça sobrevoando sobre ele.
Criação de Ashley Lyle e Bart Nickerson, a série, que chegou ao Brasil pelo Paramount+, já foi renovada para uma 2ª temporada (Foto: Showtime)

1ª temporada de Yellowjackets

O inferno é uma garota adolescente e o time de Yellowjackets vai te provar. Transmitida pela Showtime entre novembro de 2021 até o início de janeiro de 2022, a primeira temporada da série conta com um piloto comandado por ninguém menos que Karyn Kusama, diretora do horror cult feminista Garota Infernal, que definiu o tom nostálgico visceral dos 10 episódios desse coming-of-age mórbido regado de comicidade espontânea, ocultismo e canibalismo. Entrando na lista de favoritos do ano com motivo, a trama acompanha um time de futebol feminino, vítima de um acidente de avião, obrigado a encarar os extremos da sobrevivência no vazio de uma floresta desconhecida, pouco a pouco, esvaindo-se completamente da civilidade, mesmo após 25 anos do resgate das sobreviventes.

Privadas de uma experiência saudável da juventude, elas lidam com os traumas da morte, solidão, hormônios, intrigas juvenis e forças paranormais, que ganham dimensão pelo ritmo paciente do suspense, conduzido pela decisão de não entregar uma virada narrativa precipitada. Através do intercalamento de duas linhas temporais, passado e presente se complementam no desenvolvimento das personagens ordinariamente humanas. Mas é o quarteto central do elenco adulto, formado pela escalação acertada de queridinhas dos anos 90 –  Melanie Lynskey, como entediada dona de casa; Juliette Lewis como uma destemida desajustada; Tawny Cypress, como política ambiciosa; e Christina Ricci, com a interpretação primorosa da lunática Misty –, que faz Yellowjackets brilhar, junto com o elenco adolescente que acompanha as veteranas à altura. A série é imperdível. – Ayra Mori

Episódios Favoritos: Pilot (01×01), Flight of the Bumblebee (01×08) e Sic Transit Gloria Mundi (01×10)


Cena da série Young Royals. Os personagens Wilhelm e Simon estão em foco no centro da imagem, estão sentados com os braços entrelaçados e as cabeças encostadas, só é possível vê-los da cintura para cima. Wilhelm é um garoto branco, com cabelos loiros e olhos castanhos, veste um moletom azul. Simon é um garoto negro de cabelos castanhos e ondulados, seus olhos também são castanhos, veste uma camiseta laranja e uma jaqueta mostarda. Atrás deles é possível ver em desfoque paredes azuis, uma porta de madeira, um extintor de incêndio e uma jaqueta preta pendurada em um tipo de gancho.
Entre problemas da realeza e da adolescência, Wilhelm e Simon vivem um romance extraordinário (Foto: Netflix)

1ª temporada de Young Royals 

Young Royals, mesmo sem conseguir um lugar entre as séries mais assistidas da Netflix, conquistou o coração de muitos fãs e trouxe algo que estava em falta no catálogo da plataforma: além do foco em um casal LGBTQIA+ vivendo um romance digno de Shakespeare, é mostrada na série a representação de adolescentes com a cara do mundo real, sem o estereótipo de vidas e corpos perfeitos. Com temas relevantes como uso de drogas, luto, pressão da mídia, preconceitos da sociedade e, claro, problemas da monarquia, Young Royals se mostra ser uma série dramática na medida certa que tem muito a dizer. 

Wilhelm (Edvin Ryding), príncipe da monarquia sueca, e Simon (Omar Rudberg), um aluno de vida bastante simples, se conhecem, e desenvolvem seu belo romance de “príncipe e plebeu”. A história deles é linda e o amor mostrado é puro, e suas reações às complicações externas, que se multiplicam após Wilhelm se tornar o príncipe herdeiro, deixa claro que são, acima de tudo, jovens vulneráveis a tantas emoções e tanta pressão. Young Royals aborda lindamente a importância da força e da lealdade em diversos aspectos, como família, amigos e, principalmente, amores. A segunda temporada, já confirmada, promete trazer mais dessa história tão especial. – Gabrielli Natividade da Silva

Episódios Favoritos: Episode 4 (01×04) e Episode 5 (01×05)

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