Não há maneira de iniciar uma lista que compila a nata de 2021 sem antes reconhecer o impacto da pandemia nas produções televisivas. Ainda lidando com os efeitos de atrasos, adiamentos e cancelamentos, a TV mundial se uniu ao redor dos heróis da Marvel no Disney+, das complexas famílias da HBO e, claro, de todo e qualquer original Netflix.
Por isso, não se assuste ao ler sobre a expansão dos Vingadores para as telinhas, com a campeã de citações WandaVision, nem com a astúcia de Kate Winslet no papel de uma policial com bastante a resolver, muito menos com as desventuras da puberdade que continuam excitando os personagens de Sex Education. Para esse ano que passou, o Persona aboliu as listas individuais.
Agora, com base em rankings próprios, a Editoria se organizou a fim de entregar ao leitor a experiência mais personistíca que existe: ler sobre tudo, com opiniões embasadas, informações apuradas e uma curadoria mais afiada que o escudo do Capitão América ou as armas letais de Round 6. Rolando para baixo, estão 90 textos, sobre 90 séries, minisséries, especiais, animações, dramas, comédias, dramédias. Não importa o rótulo, o que importa é a qualidade.
Viajando do Brasil à Tailândia, passando pela Coreia do Sul, Reino Unido e Espanha, As Melhores Séries de 2021 representam a diversidade do nosso público. Como de praxe, o Tudum ficou com o ouro, sendo lembrado por trinta e uma produções diferentes. Seguido do Disney+, que coleciona meia dúzia de mimos, quase todos às custas dos mascarados e dos Beatles. O Amazon Prime Video, em ano de folga de sua Liga da Injustiça e da comediante mais falastrona do pedaço, foi lembrado pela audácia de The Underground Railroad e pela sensibilidade de Manhãs de Setembro.
Na casa da HBO, tanto ela quanto seu primo HBO Max foram ranqueados em quatro ocasiões, com destaque para a sisuda Mare of Easttown, a tempestuosa Succession, a inescrupulosa Hacks e a eloquente genera+ion. Com Selena Gomez retornando aos estúdios ao lado dos Titãs da Comédia Steve Martin e Martin Short, o Hulu foi felizmente arrebatado pelo bom retorno e ótima qualidade de Only Murders in the Building. No FX, Pose acabou, Reservation Dogs começou e What We Do in the Shadows manteve o alto nível.
Ted Lasso continua sua jornada como um dos únicos sobreviventes do catálogo nada popular da Apple TV+, ao lado da marcante Dickinson. O resto você descobre lendo e se aprofundando no mundo das telinhas, em cada uma das contribuições que fazem desse o post mais democrático que o Persona já realizou. Para 2022, ficam os votos de esperança (e os retornos de tantos queridos rostinhos, dos rappers aos lavadores de dinheiro aos adolescentes eufóricos). Bom proveito!
3ª temporada de (Des)encanto (Disenchantment)
O humor ácido de (Des)encanto já é conhecido pelos brasileiros e mais uma vez entrega tudo com a dublagem mais bem feita e divertida do mundo. O fato de implementarem frases conhecidas e memes nacionais faz a diferença na experiência, transformando momentos simples em engraçados da maneira certa. A terceira temporada conseguiu suprir as dúvidas matadoras que a anterior deixou para trás, mas errou em deixar personagens tão importantes como Luci (Eric André) e Elfo (Nat Faxon) em segundo plano.
Mantendo a estética das temporadas anteriores, o seriado animado aposta tudo na personalidade de Bean (Abbi Jacobson), que se mostra mais madura e responsável tendo que lidar com a instabilidade do reino, a loucura do rei Zog (John DiMaggio) e se abrindo para possibilidades no amor, chegando a explorar sua sexualidade. O esperado para a próxima season é desvendar os mistérios e mostrar ainda mais dos protagonistas, exibindo a complexidade do Reino dos Sonhos e seus habitantes. – Thuani Barbosa
Episódios Favoritos: Subterranean Homesick Blues (03×01), Last Splash (03×06) e Hey, Pig Spender (03×08)
1ª temporada de A Vida Sexual das Universitárias (The Sex Lives of College Girls)
Não é comum acompanharmos o período universitário de jovens dentro das telas, já que os corredores das escolas são mais representados, mas a nova comédia do HBO Max muda esse cenário e o explora. A Vida Sexual das Universitárias (The Sex Lives of College Girls) é marcada por um diferencial que a torna especial: expor as adversidades dessa etapa da vida sem desviar de questões cotidianas da vida dos jovens. A série acompanha quatro calouras – Kimberly (Pauline Chalamet), Whitney (Alyah Chanelle Scott), Bela (Amrit Kaur) e Leighton (Reneé Rapp) – na importante Essex College, onde elas buscam mudanças para suas vidas.
Apesar de todas elas serem completamente diferentes, a experiência de viverem primeiras vezes de forma compartilhada faz com que sua conexão seja quase instantânea. A trajetória das protagonistas é bonita pela amizade e pela normalidade, ou seja, elas falam sobre sexo, falam mal dos professores e dão conselhos umas as outras – retratando esse período como ele realmente é: confuso, engraçado e assustador. Todas as particularidades da fase da vida universitária estão presentes na obra, mas com um toque particular, a descoberta delas e do mundo ao seu redor com um olhar adolescente e autêntico. – Monique Marquesini
Episódios Favoritos: Welcome to Essex (01×01) e The Truth (01×10)
19ª temporada de American Idol
A 19ª temporada de American Idol estreou com algumas mudanças no formato: as novas dinâmicas em grupo filtraram os candidatos de maneira muito mais justa e ainda tivemos a ‘volta dos que não foram’. O público votou no retorno de Arthur Gunn, o escolhido entre os participantes da edição passada para concluir os dez finalistas da nova temporada. A decisão fez jus a pelo menos um talento que não pôde se apresentar no palco em 2020, quando as primeiras medidas sanitárias contra a covid-19 foram implantadas nos Estados Unidos.
Com as clássicas histórias de vida comoventes que não podem faltar, 2021 foi o ano em que American Idol garantiu personalidades fortes na disputa pelo tão sonhado ingresso dourado para Hollywood. A irreverência de Erika Perry estremeceu os jurados e a mentoria do músico Finneas se destacou. Em uma das finais mais disputadas da história, Chayce Beckham foi coroado campeão pelo público, enquanto as vozes potentes de Willie Spence e Grace Kinstler completaram o pódio. O comando do programa pelo apresentador Ryan Seacrest e os jurados Lionel Richie, Katy Perry e Luke Bryan novamente foi feito com maestria. Estendendo a parceria, a 20ª temporada já tem data de estreia: 27 de fevereiro de 2022. – Nathalia Tetzner
Episódios Favoritos: Hollywood Week: Genre Challenge (19×06), Disney Night (19×16) e Coldplay Songbook & Mother’s Day Dedication (19×17)
2ª temporada de Amizade Dolorida (Bonding)
Além do título sugestivo, a estadunidense Amizade Dolorida continua trazendo reflexões aos espectadores, mostrando que nem só de sexo vive a humanidade – ou talvez viva. Nessa segunda temporada, o que chama a atenção é o drama pessoal de Tiff (Zoe Levin), que se mistura com seu trabalho paralelo de dominadora. Surgem momentos de turbulência com seu namorado por negligenciar seus sentimentos e questões internas; toda a postura rígida que mantém com os clientes se desfaz quando o assunto é aceitar sua felicidade e relacionamento. Essa situação acaba entrando em conflito em cenas onde a superação dos medos dos amigos é tão incentivada enquanto seus próprios a impedem de arriscar.
A série também ajuda a enxergar o BDSM como uma comunidade que ultrapassa o senso comum e instiga os curiosos, através de dinâmicas que ajudam na vida pessoal, como se colocar no lugar do subordinado (no contexto de dominação e submissão), fazendo o dominador sentir mais empatia com a situação alheia até mesmo fora das cenas. Também tem destaque o consentimento, ponto chave desse estilo de vida e que permeia todos os 8 episódios, mostrando que definir limites em todos os momentos é parte do processo de evolução e cuidado pessoal. Amizade Dolorida surpreende quem procura a produção só pelas saliências, mas não tolera transformar a própria vida em piadas sem limites ou consequências. Beijos Pete. – Maria Vitória Bertotti
Episódios Favoritos: Dog Days (02×02), Threesomes (02×04) e Permission (02×08)
1ª temporada de Arcane (Arcane: League of Legends)
Enquanto Hollywood ainda tenta emplacar adaptações de videogames para o formato live-action, a Netflix fez uma das apostas derradeiras de 2021 e lançou Arcane, a prequel animada do jogo League of Legends, que rapidamente subiu no ranking da plataforma durante suas três semanas de exibição e é hoje a série mais bem-avaliada dela no IMDb. Mostrando a formação de vários personagens icônicos do game, a primeira temporada mergulha de cabeça na ação dramática e na tensão política entre opressores e oprimidos, focando na trágica história de Vi (Hailee Steinfeld) e Jinx (Ella Purnell) e criando uma das maratonas mais engajantes do ano.
Indicada a nove estatuetas no 49º Annie Awards (premiação que celebra a excelência em Animação no Cinema e na Televisão), Arcane não é nada menos do que uma experiência sensorial e estética, em todos os sentidos. Combinando técnicas 2D e 3D para criar seu mundo steampunk dilapidado pela desigualdade, a obra do estúdio francês Fortiche floresce no fio da navalha entre seus visuais psicodélicos e suas trama assustadoramente atual, levando suas personagens ao limite do desconhecido e recheando sua narrativa de escolhas cruéis e definitivas, se consagrando em seu último episódio como uma visão artística sem precedentes. – Gabriel Oliveira F. Arruda
Episódios Favoritos: The Base Violence Necessary for Change (01×03), Oil and Water (01×08) e The Monster You Created (01×09)
1ª temporada de As Five
Uma pérola no catálogo do Globoplay, As Five soube aproveitar o amadurecimento de quem acompanhava Malhação. A série original da Globo é um spin-off da temporada Viva a Diferença, uma das muitas da novelinha (antes) recorrente nas tardes da programação, e foi lançada no streaming da emissora. Cinco anos depois dos eventos que encerraram a exibição na TV aberta, Benê, Lica, Ellen, Tina e Keyla se distanciaram e cada uma passa por um momento de vida diferente. Quando se reencontram em um evento em comum, logo no piloto, as cinco são novamente confrontadas com suas diferenças, agora maiores do que as da época do Ensino Médio: enquanto uma lida com a maternidade, outra está se formando na faculdade e outra nem sequer descobriu com o que quer trabalhar.
Se Malhação era destinada ao público juvenil, As Five cresceu junto de suas protagonistas e mirou na audiência jovem adulta. Assimilando as diferenças entre elas, a série discute temas como mercado de trabalho, questões sociais e os desafios e inseguranças da mudança de faixa etária, um dos pontos mais atrativos e próximos à audiência. Além disso, a produção atualiza os personagens principais e coadjuvantes para o novo recorte temporal, aproveitando disso para explorar, neles, tópicos como sexualidade, relacionamentos românticos, saúde mental e abuso de drogas, tudo de uma forma descontraída. Sem um moralismo nada apelativo, As Five promete continuar nos conectando às Cinco e aos seus problemas de jovens-adultas em uma segunda e terceira temporada. – Vitória Lopes Gomez
Episódios Favoritos: As Five, Quem Deu Esse Nome Mesmo? (01×01) e Surpresa! (01×05)
4ª temporada de Atypical
Buscamos sempre uma vida sem nada de atípico nas nossas decisões, relacionamentos e até em nós mesmos. A série Atypical, uma produção original da Netflix, mostra que caminhos singulares podem ser transformadores. Com dez episódios, a quarta e última temporada acontece assim como as outras: abordando o dia a dia e as mudanças enfrentadas pela família Gardner. O protagonista Sam (Keir Gilchrist) é autista, e neste ano busca enfrentar o desafio de morar sozinho com Zahid (Nik Dodani) e realizar seu sonho de ir à Antártida. Sua irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) tenta se adaptar à nova escola, enquanto lida com questionamentos sobre sua sexualidade. E ainda, seus pais Elsa (Jennifer Jason Leigh) e Doug (Michael Rapaport), tentam resolver o problema de seu casamento.
Mesmo com a insatisfação do público com o fim da série, depois de assistir aos episódios finais, é possível encontrar um acalento nessa despedida. Lidar com si mesmo e com seus relacionamentos de forma humana é especialidade dos personagens de Atypical. A última temporada conta com o amadurecimento de todos, e mostra o porquê de ser tão especial por sua beleza e sensibilidade ao mostrar o mundo. A obra faz algo incrível, mostrar como o cotidiano e a jornada de cada um é humana, especial e atípica. – Monique Marquesini
Episódios Favoritos: You Say You Want a Revolution (04×03) e Dessert at Olive Garden (04×10)
5ª temporada de Big Mouth
Big Mouth não é original. A série lançou em 2017 junto a uma leva de animações em formato de sitcom, destinadas ao público adulto, que copiavam produções aclamadas como Family Guy e South Park. Todas seguiam as mesmas convenções de uma típica comédia do Adult Swim – o mesmo estilo de animação colorida e cartunesca, a mesma dublagem de pretensão duvidosa, o mesmo humor besteirol e metalinguístico – e na maior parte as reproduzia de maneira vazia e acrítica. Big Mouth utiliza-se dos mesmos elementos, porém, em meio a esse mar de seriados, consegue se destacar. Não só porque Nick Roll e Andrew Goldberg, os criadores da série, se apropriam desses vícios com muita sagacidade, mas também porque inserem, entre a camada superficial de piadas escatológicas, um tratamento de personagem realmente sensível – principalmente nas últimas temporadas.
A 5ª temporada da série vencedora do Emmy, que apresenta um grupo de pré-adolescentes entrando na puberdade a partir do lúdico e do esdrúxulo, pode dar a impressão errada ao introduzir os besouros-do-amor, mas que logo é despontada quando, em sua segunda metade, esse amor se transforma em raiva, ressentimento e rancor. A escolha por atrelar, nos seus últimos episódios, a imagem do besouro com a do verme do ódio é bastante autoexplicativa. A animação da Netflix discute o amor e suas possíveis faces abusivas com a irreverência e sacanagem comuns das produções que deriva, porém o faz enquanto empatiza e se preocupa com as ansiedades e angústias de seus personagens. Big Mouth mantém o nível de qualidade alto em seu quinto ano e prova, mais uma vez, que não é preciso seriedade para ser maduro. – Enrico Souto
Episódios Favoritos: The Green-Eyed Monster (5×03), I F**king Hate You (5×07) e Re-New Year’s Eve (5×10)
16ª temporada de Bondi Rescue
Em 2020, a pandemia de covid-19 fechou a praia de Bondi pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. Em 2021, graças às medidas sanitárias eficientes da Austrália, a 16ª temporada de Bondi Rescue contou com a reabertura da orla. Os turistas, vítimas mais recorrentes por não serem acostumados com a força das ondas australianas, não preencheram toda a beira da orla como anteriormente, mas isso não impediu que os afogamentos não acontecessem. Os salva-vidas mais famosos do país realizaram incontáveis resgates e também se depararam com as tradicionais cenas inusitadas.
Foi também durante a quarentena que o programa televisivo viralizou e tomou proporção mundial na internet. Exibido na Austrália pela emissora Network 10, o canal oficial no YouTube passou a fazer transmissões ao vivo com os heróis dos mares e a postar grande parte dos seus episódios na íntegra. O futuro de Bondi Rescue ainda é incerto, porém, a sua 16ª temporada provou que enquanto houver banhistas que escolhem ignorar as bandeiras vermelhas e amarelas, ainda haverá muito enredo para explorar. – Nathalia Tetzner
Episódios Favoritos: Episode 1 (16×01), Episode 5 (16×05) e Episode 7 (16×07)
8ª temporada de Brooklyn Nine-Nine
Minha mãe chorou quando eu nasci porque soube que nunca seria melhor do que eu…. disse Gina (Chelsea Peretti), e agora, o mundo inteiro chora porque sabe que não existirá uma outra série que se compare à Brooklyn Nine-Nine. A trama ganhou sua oitava e última temporada em 2021. Ambientada na “fórmula Michael Schur de sitcom contemporânea” (The Office e Parks and Recreation), B99 se tornou a encarnação mais essencial dessa receita. Desde sua estreia em 2013, ela definiu melhor que nenhuma outra o humor bem-intencionado, superficialmente bobo, com uma construção de personagem bem detalhada e que consegue, mesmo com o tom engraçado, se destacar quando passeia pelas águas do drama e da seriedade.
Inclusive, esse é um dos vários motivos que consolidam a série nos Melhores do Ano de 2021. Com artifícios como este, Brooklyn Nine-Nine consegue conduzir muito bem alguns assuntos sérios dentro de um espaço eufórico como a comédia. E isso se mostrou fundamental para B99 ter uma despedida digna. No intervalo entre a sétima e a oitava temporadas da sitcom, e com a data de estreia já anunciada, o elenco abordou a dificuldade em fazerem uma série sobre a polícia durante os tempos que se vivem na América, como o assassinato de George Floyd e os protestos ao redor do mundo. Os eventos levaram a uma reestruturação do ano final, dando destaque à possibilidade da reforma policial e às fundamentais falhas da polícia como autoridade. Assim eles nos deixaram, mas se não fosse dessa maneira, não seriam Brooklyn Nine-Nine. – Vinícius Santos
Episódios Favoritos: The Last Day – Part 1 (08×09) e The Last Day – Part 2 (08×10)
1ª temporada de Casamentos às Cegas: Brasil
A premissa insana do reality show Casamento às Cegas: Brasil fez com que ele se tornasse uma das produções mais comentadas no Twitter brasileiro em 2021. A ideia de colocar pessoas desesperadas para casar em interações que não se tem o contato visual cria um experimento social único e curioso. Inicialmente, é comum o espectador se chocar com as atitudes dos participantes e o absurdo da situação, mas logo essas reações iniciais abrem espaço para uma curiosidade e um interesse genuíno no futuro dos casais, e é nesse momento que o seriado prende a audiência e mostra o quão divertido pode ser.
Cada participante tem uma personalidade diferente, logo, criam-se dinâmicas de casais muito diversas, as quais nem sempre são amigáveis. Os conflitos e as discussões entre as pessoas do seriado demonstram tanto o estressante do experimento social quanto como as aparências podem enganar numa relação, seja ela física ou psicológica, já que muitas vezes essa fica mascarada através de uma persona agradável. A mistura de emoções e o desejo de saber o fim dessa história fazem desse reality show uma das experiências instigantes e singulares dos seriados de 2021. – Nathan Sampaio
Episódios Favoritos: Expectativa vs. Realidade (01×05), Morando juntos (01×06) e A Hora da verdade (01×10)
4ª temporada de Castlevania
Por mais que Arcane tenha feito seu marco em 2021 como uma excelente adaptação de videogames para o formato de animação, neste ano também vimos uma das primeiras chegar ao fim. Com Castlevania, a Powerhouse Animation (responsável por O Sangue de Zeus e Mestres do Universo: Salvando Eternia, além da futura adaptação de Tomb Raider) se consagrou como um dos grandes nomes em ascensão na indústria, com lutas sangrentas e fluídas, tramas emocionais e surpreendentes e momentos de partir o coração. A quarta temporada da animação segue as pontas soltas do ano anterior e, num último esforço para impedir a ressurreição de Drácula (Graham McTavish), entrega algumas de suas mais esperadas conclusões.
Com a expectativa de reunir o trio de protagonistas que havia sido separado ao final da segunda temporada, a série como sempre segura suas melhores cartas para serem usadas no momento de maior impacto, reunindo seus personagens em embates icônicos, visualmente inventivos e quase sempre trágicos. Mas talvez a maior força de Castlevania sempre tenha sido a habilidade de seu roteiro para enfrentar as verdadeiras forças por trás dessas tragédias, seja com Isaac (Adetokumboh M’Cormack) encontrando sua perspectiva de futuro na luta contra a cruel Carmilla (Jaime Murray) ou no final inesperado reservado para o grande vampirão que deu início à esse delicioso banho de sangue. – Gabriel Oliveira F. Arruda
Episódios Favoritos: You Don’t Deserve My Blood (04×06), The Endings (04×09) e It’s Been a Strange Ride (04×10)
Cenas de um Casamento (Scenes from a Marriage)
Devido a admiração pelos filmes de Ingmar Bergman (O Sétimo Selo, Persona) veio a desconfiança, e até receio em assistir a essa releitura do clássico de 1973, pois havia o risco de se tratar de mais uma “americanização” de obras cinematográficas europeias, cheia de clichês, e dificilmente fiel à obra original. No entanto, optar por assistir a minissérie Scenes from a Marriage, escrita e dirigida por Hagai Levi (da série Em Terapia), acabou se tornando algo surpreendente, em especial pelos diálogos muito bem elaborados, e os personagens, com suas peculiaridades que nada deixam a desejar para o obra de Bergman.
Nesta versão atualizada de cinco episódios, a aparente união bem sucedida de Mira (Jessica Chastain) e Jonathan (Oscar Isaac), veem aos poucos as máscaras caírem por consequência de um estudo do qual eles viram alvo, e que tem como tema um assunto peculiar e vivido já vivido secretamente por ambos, que é a monogamia. As respostas dadas à pesquisadora, apesar de tentar usar da naturalidade, são sentidas pelo espectador, que percebe a profundidade de sentimentos no casal protagonista, e sente como se pudesse ler os pensamentos deles. Algo ali não está certo, e cabe a nós descobrirmos, gradualmente, o que está acontecendo. A minissérie foi indicada ao Globo de Ouro 2022 de Melhor Atriz para Jessica Chastain, e de Melhor Ator, para Oscar Isaac. – Sabrina G. Ferreira
Episódios Favoritos: Poli (01×02) e The Illiterates (01×04)
1ª temporada de Chucky
Chucky é uma grata surpresa aos fãs da franquia Brinquedo Assassino. A série retoma as origens de Charles Lee Ray, mostrando os caminhos pelos quais a vida do assassino passou até se tornar o Chucky. Por meio de cenas de flashbacks, entendemos mais sobre a saga original de Don Mancini até às narrativas dos filmes atuais quando a direção criativa já não estava sob suas mãos. Conhecemos maravilhosos novos personagens que trazem importantes discussões, como o protagonista Jake (Zachary Arthur) e seu o processo de aceitação social, conexões familiares e mesmo descoberta do amor.
Apresenta o terror de uma maneira cômica, revivendo a proposta dos primeiros filmes, e consegue ser nostálgico (incorporando personagens toda a saga na narrativa) e ao mesmo tempo muito atual (com discussões sobre o universo queer e sobre famílias desestruturadas). O seriado consegue tecer uma boa crítica a sociedade como um todo, as suas grandes hipocrisias. As mortes de Chucky, além de debochadas, servem de sátira a aqueles que socialmente atrapalham a vida de ser leve (os dissimulados, enganadores, julgadores). Agora nos resta esperar a segunda temporada para ver quais os próximos planos do nosso brinquedo assassino favorito e como continuará sua luta contra Andy Barclay (Alex Vicent). – Ma Ferreira
Episódios Favoritos: Give Me Something Good to Eat (01×02) e An Affair to Dismember (01×08)
1ª temporada de Cidade Invisível
Apesar de Cidade Invisível ter gerado debates sobre o folclore brasileiro ser uma apropriação das crenças indígenas, e não ter representatividade nenhuma daquilo que parecem querer mostrar, a série da Netflix foi um dos lançamentos de maior importância e sucesso em 2021. Mesmo assim, a composição com o suspense, pautando a destruição de ecossistemas brasileiros e de populações ribeirinhas, junto à atuação incrível de Marco Pigossi, Alessandra Negrini, Fabio Lago e Wesley Guimarães, criou um espetáculo.
Cidade Invisível transformou a visão que a sociedade possui sobre o folclore: a discussão agora é séria, dramática, mais próxima da realidade do que histórias escolares de criança. A perspectiva precisa urgentemente ser melhorada para a sua continuação já confirmada, mas a produção tem tudo para conseguir quadruplicar seu desempenho, já que o final de sua 1ª temporada termina com, justamente, os seres folclóricos que estavam nas florestas de Mata Atlântica do Rio de Janeiro, deixando o lugar em direção à sua verdadeira casa. – Nathália Mendes
Episódios Favoritos: Você não vai acreditar em mim (01×05), Coisa de criança (01×06) e É muito maior do que a gente (01×07)
1ª temporada de Clickbait
A Netflix tem um imenso catálogo de thrillers, mas Clickbait se destacou dentre essas produções por ter um final instigante ao telespectador. A narrativa não se propõe a formar uma crítica profunda, buscando mostrar como as relações humanas com o mundo virtual podem ter graves consequências. A todo momento a história nos leva a falsos caminhos, e o nome da série já diz a que veio, para que o fim se revele não só surpreendente, mas também catastrófico. Ele serve como uma ferramenta de reflexão de como as dependências emocionais somadas a tentativas de viver uma vida perfeita (virtual) podem ser degradantes.
A série se inicia com o desaparecimento de Nick Brewer (Adrian Grenier), poucas horas depois um vídeo em que ele admite que abusa de mulheres aparece na internet. As imagens geraram grande comoção por ele apresentar placas que afirmam: “Chegando em 5 milhões de visualizações, eu morro”. A partir deste momento, a vida de sua família se modifica; a cada descoberta um novo julgamento interno e em público, fazendo com que contradições, especulações e reviravoltas norteiam a trama. Clickbait tem seu desfecho justo e apesar da crítica rasa às questões sociais consegue levantar discussões interessantes além do ótimo entretenimento. A Netflix ainda não confirmou a sua renovação, apesar de ser intenção do criador Tony Ayers. – Ma Ferreira
Episódios Favoritos: The Sister (01×01), The Reporter (01×05) e The Answer (01×08)
4ª temporada de Cobra Kai
Para a felicidade dos admiradores de artes marciais, 2021 foi abençoado não apenas com uma, mas sim duas temporadas da série Cobra Kai. Após três anos repletos de reviravoltas e muito karatê, o protagonista Johnny Lawrence (William Zabka) passa por um momento de deixar o passado no passado e se tornar aliado do seu rival, Daniel Larusso (Ralph Macchio), para derrotar um mal em comum, mais conhecido como o seu antigo sensei, John Kreese (Martin Kove). Diferente das duas primeiras temporadas, originalmente produzidas pelo YouTube, a continuação da série se encontra nas mãos da Netflix e está longe de ter um fim.
Embora o primeiro filme de Karatê Kid tenha tido seu lançamento na década de 80, a série contribuiu para que uma nova geração de pessoas começasse a se interessar pelos longas e também pelas artes marciais. Além do mais, esse encontro de gerações não é resumido apenas entre admiradores de Cobra Kai, mas também no próprio elenco. A relação de amizade entre o elenco adulto e o elenco jovem, também é presente em todos os momentos, assim como na sequência de filmes originais. Com um toque de humor e nostalgia, a série foi renovada para mais duas temporadas e apareceu na lista do SAG Awards na categoria de Melhor Elenco de Dublês em TV. – Ludmila Henrique
Episódios Favoritos: First Learn Stand (04×02) e Party Time (04×08)
Colin em Preto e Branco (Colin in Black & White)
Trazendo referências históricas e artísticas, Colin em Preto e Branco dá um show, criando uma minissérie realista e divertida; A participação de Colin Kaepernick narrando a história de maneira pessoal mas ainda assim mantendo certa distância, é um elemento criativo e sentimental necessário para deixar cada episódio ainda mais apaixonante. O jovem ator Jaden Michael impressiona com a convincente atuação e é uma possível estrela em ascensão, colecionando trabalhos com Jaden Smith e Justice Smith, fenômenos teen da Geração Z.
A produção é dirigida pela fenomenal Ava DuVernay, também responsável pela premiada minissérie Olhos que Condenam. Ava costuma trazer um olhar voltado para as desigualdades raciais, somados à história de Colin, se conseguiu uma fusão perfeita entre a história de uma adolescente e os micro racismos que sofreu no decorrer da vida. Adicionando fatores externos como as misses negras, estudos e estrelas do rap, construiu-se a narrativa de forma didática e maravilhosamente confortável. – Thuani Barbosa
Episódios Favoritos: Cornrows (01×01) e Road Trip (01×03)
2ª temporada de Com Amor, Victor (Love, Victor)
Para quem estava ansioso em saber o desfecho da tão esperada “saída do armário” de Victor (Michael Cimino), a segunda temporada de Com Amor, Victor foi um deleite e tanto. Provando que a decisão da mudança da série do Disney+ para o Hulu foi um grande acerto, a nova temporada mostrou que não precisava do inconsistente filtro de family friendly da emissora do camundongo e abriu caminho para explorar ainda mais seus personagens. Inclusive, o enredo conseguiu brincar bastante com o background cultural de cada um deles e em como este poderia afetar em suas relações amorosas e familiares, sem esquecer, claro, que eles são jovens com desafios e problemas cotidianos.
É visível, inclusive, que tanto o personagem principal quanto o ator parecem estar mais à vontade com a atuação, resultando em um desenvolvimento afetuoso do conflito com sua mãe preconceituosa. Essa “humanização” leva o enredo a um retrato mais justo da comunidade LGBTQIA+ que deixam a desejar em algumas outras séries, como Sex Education e Elite. Recheada de representatividade e personagens carismáticos, a trama ganhou mais uma vez o carinho do público e conseguiu sua renovação para uma terceira temporada, prevista para chegar nas terras brasileiras em junho de 2022. – Vinícius Santos
Episódios Favoritos: There’s No Gay in Team (02×03) e The Morning After (02×08)
1ª temporada de Cruel Summer
Uma história, duas perspectivas e a desconstrução da verdade, quando confrontada com distintos ângulos, concepções e valores. Em Cruel Summer, duas vidas sofrem mudanças drásticas a partir do desaparecimento da jovem Kate (Olivia Holt), enquanto Jeanette (Chiara Aurelia) é acusada de ser a responsável pelo acontecido. Além de ser contada alternando episódios entre os pontos de vista das duas protagonistas, a série intercala entre três épocas, revelando antecedentes e consequências das decisões das personagens, que por sua vez, são complexas e interessantes.
Entre mentiras, segredos e revelações surpreendentes, a temporada de 10 episódios é cativante em cada segundo de sua duração. A série se destaca com seus notáveis detalhes técnicos, que lhe garantem identidade e personalidade. Ela fornece atuações impactantes e uma fotografia impecável, que determina planos e a coloração da imagem, de acordo com a dramatização requerida em determinada linha temporal representada. A inteligente maneira como o suspense em Cruel Summer é construído, garante uma experiência única, colocando a série entre os melhores lançamentos de 2021. Não à toa, ela foi logo renovada para uma segunda temporada, cujo lançamento está previsto para o segundo semestre de 2022. – Mariana Nicastro
Episódios Favoritos: Happy Birthday, Kate Wallis (01×07), A Secret of My Own (01×09) e Hostile Witness (01×10)
Demi Lovato: Dancing with the Devil
Demi Lovato: Dancing with the Devil pode se resumir em uma palavra: honestidade. Honestidade para com os seus fãs e para com si mesmo. Em apenas quatro episódios que acumulam quase 40 milhões de visualizações no YouTube, a minissérie de Demi Lovato conseguiu explicar com sinceridade as razões por trás dos eventos preocupantes da sua vida pessoal que viraram manchetes em todo o mundo. A vulnerabilidade de Demi e a veracidade dos seus relatos foram viscerais, é muito difícil não se emocionar ou se sensibilizar com cada revelação feita.
Dos motivos que levaram Demi Lovato a sofrer uma overdose até o seu quase encontro com a morte, a direção de Michael D. Ratner trouxe a sensação de uma conversa íntima para a tela. Como dizem os versos da trilha sonora de mesmo nome Dancing With The Devil: “É difícil dizer não quando você está dançando com o diabo”. Demi sobreviveu e apostou na honestidade para conscientizar sobre as consequências do abuso de substâncias, além de mostrar que recomeçar é uma arte e não uma vergonha. – Nathalia Tetzner
Episódios Favoritos: Losing Control (01×01) e 5 Minutes from Death (01×02)
2ª temporada de Dickinson
Mais de um ano após a primeira temporada, as expectativas estavam altas para o segundo ano de Dickinson, a releitura anacrônica dos anos formativos da heroína-poeta titular, mais uma vez interpretada ferozmente por Hailee Steinfeld. Separada de Sue (Ella Hunt) pelo casamento dela com seu irmão Austin (Adrian Enscoe), Emily agora tem de redefinir sua própria relação com seus poemas e a razão pela qual os escreve, uma vez que a oportunidade de fama bate à sua porta na forma do misterioso Sam Bowles (Finn Jones). Em sua segunda vinda, a série criada por Alena Smith mergulha de cabeça nas coisas que definem Emily Dickinson não só como poeta, mas como pessoa.
Os dramas então ficam cada vez mais intensos (e engraçados), com todos os membros da família recebendo seu momento para brilhar ou se atrapalhar, aproximando-os mais do espectador do que praticamente qualquer outro drama de época atual, utilizando uma lente moderna e uma estética surreal para reexaminar o passado com efeitos tão hilários quanto trágicos. Seguindo os passos de sua poeta, a série foi quase que invisível nessa temporada de premiações, mas a jornada de Emily nos faz entender que isso não é o fim, afinal – a fama é uma abelha. – Gabriel Oliveira F. Arruda
Episódios Favoritos: Split the Lark (02×06), I’m Nobody! Who Are You? (02×08) e You Cannot Put a Fire Out (02×10)
10ª temporada de Dimension 20
Qualquer um que já jogou um RPG de mesa vai poder te confirmar que o sucesso de qualquer jogo depende de duas coisas: a habilidade da pessoa que mestra ao tecer histórias que incorporem interatividade e envolvimento emocional, e a daqueles que a jogam de transformar falhas em risadas e sucessos tênues em motivo de festa. Brennan Lee Mulligan e o elenco de The Seven, a décima temporada da websérie de actual play do CollegeHumor, tem tudo isso de sobra. Reunindo na mesma mesa um grupo de comediantes de talento titânico, a nova produção do universo de Fantasy High traz o melhor de temporadas anteriores e adiciona o caos único que um grupo de garotas adolescentes é capaz de oferecer.
O novo ano de Dimension 20 é marcado pela volta ao Domo, o espaço físico que havia ficado em desuso durante 2020. Lá, Erika Ishii, Rekha Shankar, Persephone Valentine, Becca Scott, Isabella Roland e Aabria Iyengar encarnam a party das Sete Donzelas, na busca por terminar o ano escolar e talvez salvar o multiverso no caminho (depois de talvez tê-lo colocado em perigo). A química entre as seis jogadores e o Mestre é pulsante do início ao fim da temporada, propiciando alguns dos momentos mais hilários e emocionantes de qualquer temporada e tirando nada mais, nada menos do que um 20 natural. – Gabriel Oliveira F. Arruda
Episódios Favoritos: In or Out (10×02), Belles of the Baronies (10×06) e I Fucking Love You (10×10)
Dopesick
Histórias do imaginário americano e mundial tem cada vez mais saído do ramo documental e migrado para o ficcional, como nos casos de The Act, American Crime Story e Chernobyl. Dopesick estabelece de vez o segmento no streaming, e, assim como as outras, conquista o espectador. O título é um termo em inglês usado para quando alguém está em uma situação específica da abstinência, e a minissérie, contando sobre a fraude farmacêutica que culminou em uma crise de opióide nos EUA, sabe muito bem provocar esse sentimento em quem a assiste.
A minissérie indicada em 3 categorias Globos de Ouro tem um roteiro muito inteligente e organizado que preza pela máxima do “mostre, não conte” e aborda o flagelo do vício em suas diferentes vertentes de forma não convencional. Por isso, ela chamou atenção de um elenco muito estrelado incluindo Will Poulter, Rosario Dawson, Peter Sarsgaard e Michael Keaton conseguindo tirar atuações impecáveis de cada ator. Dopesick acerta ao distribuir formatos já vistos em outros produtos dramáticos na TV ao longo dos últimos anos entre seus núcleos e os condensar através de uma trama extremamente coesa, avassaladora e viciante. – Guilherme Veiga
Episódios Favoritos: The 5th Vital Sign (01×03), Pseudo-Addiction (01×04) e The People vs. Purdue Pharma (01×08)
1ª temporada de Drag Race España
A franquia Drag Race já coleciona diversas versões estrangeiras de seu programa original, cada uma diferente da outra pelo fator principal: regionalidade. Com Drag Race España, essa história não muda, por motivos bons e ruins. A falta de refinamento técnico é compensada pela narrativa espontânea e diversão bagaceira, cada vez mais rara no reality estadunidense. Na casa de RuPaul, a coleção de Emmys veio por meio de uma produção extremamente calculada, que já começa toda nova temporada consciente de quem serão as primeiras eliminadas, o miolo e as finalistas, e qualquer passo fora da linha pontilhada será ajustado pela edição. No livro de regras da corrida espanhola, tudo isso ficou de fora, felizmente.
A competidora Pupi Poisson é o melhor exemplo do que Drag Race España é: ela pode não ser polida em seus visuais e na técnica, mas ela representa o que a arte drag é em sua essência, o potencial de entreter, encantar e divertir quem assiste. Inti, também, por sua veia artística influenciada pela riqueza da cultura quechua; Hugáceo Crujiente por sua estética original; e claro, Carmen Farala, que reinventa o pageant e se mostra boa o suficiente para sentar ao lado de outras queens lendárias das primeiras temporadas de Drag Race. No fim do dia o España é uma bagunça e uma zona, mas é também entretenimento puro, acontecimentos espontâneos e diversão. E para isso não existe fórmula técnica garantida. – Jho Brunhara
Episódios Favoritos: Mocatriz (01×03) e Snatch Game (01×04)
2ª temporada de Eu Nunca… (Never Have I Ever)
Não muito diferente do ano inicial, a segunda temporada da série Eu Nunca…, produzida pela plataforma de streaming Netflix, segue narrando a vida nada simples da jovem Devi Vishwakumar (Maitreyi Ramakrishnan) e seus altos e baixos entre questões amorosas, diferenças familiares, religião e a perda recente de seu pai. Com uma grande dose de humor e uma abordagem mais séria para assuntos sensíveis, a série superou as expectativas já aguardadas pelo público e conquistou um espaço entre as melhores de 2021. Apesar de não haver grandes diferenças entre as temporadas, a segunda teve um aprofundamento no enredo de todas as figuras principais, se tornando um diferencial frente às outras séries do mesmo gênero.
Embora o foco aqui seja o humor, em vários momentos os personagens tiveram que lidar com situações difíceis como relacionamentos tóxicos, transtornos alimentares e machismo dentro de instituições de ensino. Além disso, Eu Nunca… se destaca entre outras produções teens pela preocupação de realmente trazer uma protagonista adolescente, com problemas recorrentes da adolescência e com atitudes e escolhas muitas vezes consideradas infantis por parte do público. Essa união entre brigas, risadas e amor, contribuíram para que já fosse renovada para a terceira temporada. – Ludmila Henrique
Episódios Favoritos: … opened a textbook (02×03) e … been a perfect girl (02×10)
1ª temporada de Falcão e o Soldado Invernal (The Falcon and the Winter Soldier)
A quarta fase do legado Marvel – apesar dos pesares – tem se projetado do passado e desenvolvido o futuro por arcos interessantes e astutos. Sem abandonar os trejeitos característicos do universo de Kevin Feige, Falcão e o Soldado Invernal integra a jornada apresentando a algazarra mundial pós-Ultimato, com lentes quase sempre cuidadosas e veias críticas pioneiramente precisas. Escancarando o lado vil do memorável escudo outrora detido por Steve Rogers, a trama captura a essência odisseica da dupla que participou na construção da herança de Cap. Finalmente, os holofotes passam a seguir quem precisa deixar de ser segundo plano nessa história.
Se Bucky Barnes (Sebastian Stan) desenlaça seus vínculos retroativos em digna humanização, Sam Wilson (Anthony Mackie) percorre uma jornada de identidade à sua altura – se consagrando Capitão América com maestria. Não há como negar o elo magnético que paira sobre ambos em cena, nem a ambição certeira da narrativa. Entre rostos conhecidos e estreantes, caminhando na psique dos personagens, toda a ação também anseia pela ultrapassagem da superfície de lutas e simbologias. O retrato, ainda que débil, de racismo e imperialismo estadunidense é muito bem-vindo ao MCU. E, mesmo esnobada no Emmy 2021 e sem continuação confirmada, Falcão e o Soldado Invernal faz o amanhã dos estúdios Marvel reluzir. – Vitória Vulcano
Episódios Favoritos: Power Broker (01×03) e Truth (01×05)
4ª temporada de Fargo
Três anos depois da 3ª temporada, a adaptação do clássico filme de 1996 chegou ao público em uma nova abordagem. Embora o 4º ano de Fargo não tenha entregue tudo o que se espera do seriado, ainda foi melhor do que a maioria dos lançamentos do gênero. Protagonizada por Chris Rock, a temporada traçou paralelos entre a história da criminalidade e a história da segregação racial nos Estados Unidos, apontando para uma formação cultural que sustentou-se, durante muito tempo, no preconceito. Quando o seriado decidiu dar voz a Loy Cannon (Rock), mostrou que, embora certas coisas sejam apenas coincidências, outras simplesmente não são – como a história do racismo e xenofobia nos EUA.
Essa temporada também teve um caráter mais político em comparação às demais, mas, ao que parece, não poderia ser diferente. Tanto pela situação em que foi concebida – pós-manifestações antirracistas, decorrentes do assassinato de George Floyd –, quanto pela sua temática de reconstrução de um momento histórico do país. Sem deixar nada estereotipado ou como evidência vazia, a 4ª temporada de Fargo teve bastante êxito ao fazer com que o telespectador desvendasse pequenas referências e ainda se mantivesse preso à história do roteiro. Uma das melhores séries de todos os tempos, e um dos melhores lançamentos do ano passado. – Bruno Andrade
Episódios Favoritos: The Nadir (04×08) e East/West (04×09)
2ª temporada de Feel Good
Diferente de outras produções da Netflix, a série Feel Good não se trata apenas de um romance fofo. Misturando o humor com assuntos delicados, o roteiro entrega histórias de relacionamentos complexos e vícios. A trama conta a história da comediante lésbica Mae (Mae Martin) – inspirada em partes de sua própria vida, já que os traumas e as drogas estão presentes em sua jornada. A série desenvolve as angústias de cada personagem de forma honesta e até dolorosa, na qual o humor e a personalidade deles faz a narrativa ser mais leve. Durante uma de suas apresentações, Mae conhece George (Charlotte Ritchie), elas se conectam mesmo no meio de todas suas inseguranças e lutam para manter uma relação saudável junto ao caos de suas vidas.
As reflexões e questionamentos da série são sempre agridoces, e a segunda e última temporada conta com seis episódios bem distribuídos. As duas – Mae e George – começam o ano separadas e tentando se auto conhecer. A história da dupla é retratada de forma muito realista, mostrando que apenas amar não é suficiente. Feel Good consegue expor sentimentos e dores sem exceder-se. Todas as nuances e fragilidades das protagonistas atingem em cheio todas as tramas da história – o vício às drogas, orientação sexual, identidade de gênero e problemas psicológicos – conseguem explorar a doçura e amargor de uma história real e dolorosa, e que nem sempre faz você se sentir bem. – Monique Marquesini
Episódios Favoritos: Episode 3 (02×03) e Episode 6 (02×06)
3ª temporada de Fórmula 1: Dirigir para Viver (Formula 1: Drive to Survive)
Com o avanço da pandemia de covid-19 e o consequente comprometimento do calendário de 2020 da Fórmula 1, a 3ª temporada da sua série documental na Netflix se aprofundou ainda mais nas emoções dos bastidores. Ao focar nos aspectos que ultrapassam o esporte, Fórmula 1: Dirigir para Viver conseguiu construir a sua própria audiência. Para os episódios, o excesso de dramatização se tornou um ponto positivo e as disputas internas entre as equipes colocaram gasolina para fazer a série andar.
No ano em que o automobilismo quase não acelerou, o elenco cheio de personalidades fortes ainda teve história para contar. Se o carisma de Daniel Ricciardo continuou a arrebatar corações, o acidente de Romain Grosjean e a redenção de Pierre Gasly foram responsáveis pelos momentos mais tocantes. Em um esporte ainda elitizado, Lewis Hamilton não teve medo de se posicionar e foi protagonista dentro e fora das pistas. A 3ª temporada provou que a série veio para ficar e mudar a relação do torcedor com a Fórmula 1: a sequência já foi confirmada pela Netflix. – Nathalia Tetzner
Episódios Favoritos: Cash Is King (03×01), The Comeback Kid (03×06) e Down To The Wire (03×10)
1ª temporada de Gavião Arqueiro (Hawkeye)
Em 2021, boa parte da Marvel se ocupou com grandes aventuras. Entre realidades paralelas, vizinhanças alternativas, alter egos convivendo (isso em mais de uma produção), equipes de heróis imortais e missões internacionais super-secretas, o Gavião Arqueiro passou o ano em em casa, descansando. A paz do ex-Vingador é interrompida justo na semana natalina, quando a arqueira juvenil e sua fã número 1, Kate Bishop, veste o uniforme de Ronin e passa a ser perseguida pelos antigos inimigos da persona vilanesca de Clint Barton. Talvez por ‘uma vez um herói, sempre um herói’, talvez pela culpa por seus atos, o personagem deixa a decoração da árvore de Natal de lado para livrá-la da encrenca. E é com essa simples premissa (e em uma só linha do tempo!) que Gavião Arqueiro entretém, e justamente por manter os pés no chão.
Além de iniciar a tão esperada introdução de Kate Bishop às telas da Marvel, a primeira temporada da série aproveita para redimir o Gavião Arqueiro, que, sem destaque desde o seu início nos Cinemas, estava ainda mais desgastado com os recentes eventos do MCU. Os seis episódios flertam com os quadrinhos, referenciam outras produções da empresa, e apresentam novos personagens, mas, mesmo com tudo isso, já triunfam logo em sua dupla de protagonistas: um carrancudo Clint servindo como mentor a uma simpática Kate faz da crescente relação e parceria dos dois a parte mais divertida e envolvente de Gavião Arqueiro. Na pele da arqueira, a carismática Hailee Steinfeld torna até o herói de Jeremy Renner mais aceitável. – Vitória Lopes Gomez
Episódios Favoritos: Never Meet Your Heroes (01×01), Partners, Am I Right? (01×04) e Ronin (01×05)
1ª temporada de genera+ion
É incrível pensar que Zelda Barnz tinha 16 anos quando começou a escrever genera+ion. Ao mesmo tempo que esse fato impressiona, faz muito sentido ao analisar o resultado final da obra. A série, que retrata a adolescência LGBTQIA+, faz questão de passar por quase todas as representatividades da sigla. O conjunto de personagens carrega com si muitas camadas e traços que os caracterizam como jovens queer complexos e multifacetados, adolescentes que fazem boas e más escolhas, às vezes inconsequentes mas também muito carismáticos e amorosos.
Entre seus tantos personagens, a comédia dramática tem como destaques a mística Arianna (Nathanya Alexander), Nathan (Uly Schlesinger), o bissexual pateta, e também Ana (Nava Mau), uma tia carinhosa e devota à criação da sua sobrinha Greta (Haley Sanchez). Infelizmente, genera+ion foi cancelada de forma criminosa, depois de sua primeira e única temporada, comprovando que narrativas adolescentes que possuem como maior foco as representatividades LGBTQIA+ não caem nas graças do grande público. Para a História, a série ficará como uma obra que contemplou muitos queers que se identificaram com as personagens ou desejaram ter tido uma juventude igual a deles. – João Favaro
Episódios Favoritos: Desert Island (01×07) e The High Priestess (01×12)
3ª temporada de Ghosts
Se você gostou do humor britânico de Fleabag, Ghosts está apenas te esperando para ser descoberta. A série de 2019 da BBC One – não confundir com o remake estadunidense da CBS de 2021 – é genial em todas as suas camadas. A partir de uma premissa simples e já vista antes, a produção não reinventa a roda, mas traz uma versão polida, astuta e dinâmica. Alison (Charlotte Ritchie) se muda para o recém-herdado Casarão Button com seu marido Mike (Kiell Smith-Bynoe), e após uma experiência de quase-morte, ela passa a conseguir enxergar fantasmas. E é aí que entram as nove figuras principais de Ghosts: Kitty, Thomas, Julian, Fanny, Pat, Robin, Captain, Mary e Humphrey.
Por terem morrido em épocas diferentes, a série utiliza dos estereótipos das personagens e seus costumes individuais para dar o tom cômico, mas nunca reduzindo eles a apenas isso. De um homem das cavernas até um político dos anos 90, a obra sabe bem como explorar essa distância de anos e personalidades a seu favor. A terceira temporada introduz uma nova personagem (viva) para a trama, Lucy (Jessica Knappett), que diz ser uma irmã perdida de Alison. Porém, as estrelas ainda são os fantasmas, e claro, Mike. Uma das maiores vantagens de Ghosts talvez seja o fato de que seus atores são os próprios roteiristas da série – e vieram juntos de Horrible Histories, um clássico da TV britânica –, o que possibilita que eles coloquem na telinha apenas o que sabem que funciona e o que é engraçado. E eles sabem mesmo. – Jho Brunhara
Episódios Favoritos: The Woodworm Men (03×03) e Something to Share? (03×05)
1ª temporada de Gossip Girl
Existe certo grau de humor e ironia nas entrelinhas da nova Gossip Girl. É uma pena, todavia, que seus roteiristas e diretores insistam em ignorá-lo, dando voltagem a um drama melodramático e pouco convincente. Fato também de conhecimento geral é que os episódios iniciais, meia dúzia de filhotes de Riverdale com senso de grandeza, apequenaram as expectativas para o futuro. A leva final do ano de estreia engrossa o caldo e sabe focar em um problema central, fazendo com que seu carismático elenco dance conforme a música.
Muito mais um voto de confiança e um agradecimento por bons momentos isolados ao longo de uma extensa temporada, a mera inserção de Gossip Girl nas Melhores de 2021 denota o ar camp e despojado que está na atmosfera do Upper East Side. Ficam os sinais: queremos mais do romance entre Akeno (Evan Mock), Max (Thomas Doherty) e Audrey (Emily Alyn Lind), menos das intrigas de Zoya (Whitney Peak) e Julien (Jordan Alexander), quase nada do núcleo adulto e, mais do que qualquer coisa, necessitamos de uma abundância de Luna (Zión Moreno). XOXO. – Vitor Evangelista
Episódios Favoritos: Parentsite (01×06), Blackberry Narcissus (01×09) e You Can’t Take It with Jules (01×11)
17ª temporada de Grey’s Anatomy
Como em uma prova de resistência, Grey’s Anatomy lança sua 17ª temporada em meio ao caos da pandemia, e nada melhor do que uma série médica para contar isso. Adicionando a covid-19 no contexto do Hospital Grey Sloan, o resultado acaba sendo a realidade de hospitais do mundo todo que entraram em colapso por tantas mortes, graças ao negacionismo que também se faz presente na série. A representatividade, como sempre, é um ponto fundamental do desenvolvimento da trama, trazendo problemas como o tráfico de pessoas e o sofrimento da população negra americana (e global) com o vírus. Esses e outros temas continuarão a ser abordados, já que a trama foi confirmada até a 19ª temporada.
Apesar da situação terrível, os médicos vão levando suas vidas como podem: alguns lidando com o nascimento de seus bebês e formando casais fofíssimos, e outros em sua confusão eterna como Teddy e Owen. Com sua brilhante criatividade, Shonda Rhimes conseguiu entregar para os fãs mais um episódio produzido na loucura, igual àquele em que Callie faz um musical enquanto está morrendo. O que não pode ficar de fora são os episódios na praia – muito milagrosa e que consegue ressuscitar defunto, onde Meredith (que estava em coma) encontra Derek, Lexie, George e outros que já partiram. Depois dessa temporada, é notável que sempre irão matar quem não merece morrer. – Maria Vitória Bertotti
Episódios Favoritos: All Tomorrow’s Parties (17×01), You’ll Never Walk Alone (17×04) e I’m Still Standing (17×16)
1ª temporada de Hacks
As 15 indicações ao Emmy 2021 e a vitória de Jean Smart, que interpreta a protagonista Deborah Vance, não são suficientes para expressar a potencialidade de Hacks. A série de Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky conta a história de uma comediante veterana de 70 anos de idade e uma jovem roteirista com um cancelamento na conta que são obrigadas a trabalharem juntas. O conflito de gerações e a indisposição de uma para com a outra levam a trama para uma competição de duas pessoas que deveriam estar se ajudando, elevando a comédia de 10 episódios para uma experiência cômica muito emocionante e recompensadora.
Hacks carrega questões importantes e expõe as dificuldades das mulheres na comédia, retratando como o machismo afeta Deborah e molda a personalidade dessa mulher arrebatadora, que precisou transpassar todas as condições delimitadoras e se tornou icônica. O cenário de Las Vegas e os contrapontos de Ava (Hannah Einbinder), uma menina soberba de Los Angeles, é instigante, e retifica a atmosfera de competitividade da série. Hacks foi renovada para uma segunda temporada pelo HBO Max e ainda não possui data de estreia. – João Favaro
Episódios Favoritos: Falling (01×05) e New Eyes (01×06)
2ª temporada de High School Musical: A Série: O Musical (High School Musical: The Musical: The Series)
Que High School Musical: A Série: O Musical é uma das maiores séries teens dos últimos tempos todo mundo já sabe. Sua 1ª temporada foi uma sucessão de acertos, além de ser fortalecida pelo poder da nostalgia e trazer uma releitura necessária sobre a trilogia musical de sucesso, a produção também revelou para o mundo o rosto de uma das maiores artistas pop da atualidade (antes mesmo dela receber esse posto): Olivia Rodrigo. Diante desse cenário, as expectativas para o segundo ano da série não eram pequenas, mas não chegaram muito perto de serem cumpridas. Tentando se desvencilhar cada vez mais da obra original, o grupo de teatro do East High adapta um outro clássico, A Bela e a Fera, mas acaba seguindo os mesmo passos, e cometendo novos erros, ao voltar os holofotes para o dramalhão cansativo do casal principal.
No entanto, a condução geral da narrativa não tira o mérito dos triunfos da 2ª temporada da produção do Disney+. Em paralelo aos problemas entre Nini (Olivia Rodrigo) e Ricky (Joshua Bassett), High School Musical: A Série: O Musical trilha seu próprio caminho ao apresentar personagens secundários com narrativas bem mais interessantes e maduras – pelo menos para o que se espera de um grupo de adolescentes -, mesmo que ainda pouco desenvolvidas. Gina (Sofia Wylie) é a grande estrela desse novo ano, ao ser totalmente desvinculada do papel de vilã (justiça por Sharpay Evans!) e almejar suas próprias conquistas pessoais. O mesmo vale para Carlos (Frankie A. Rodriguez), Seb (Joe Serafini) e Ashlyn (Julia Lester), que protagonizam importantes discussões que poderiam render até episódios individuais sobre suas histórias. Em meio a tantas oportunidades, a renovação da série era mais do que necessária, para se ter uma outra chance de fazer jus à tentativa de não criar um novo Troy e uma nova Gabriela. – Vitória Silva
Episódios Favoritos: The Quinceañero (02×05), Spring Break (02×09) e Showtime (02×11)
Hora de Aventura: Terras Distantes (Adventure Time: Distant Lands)
Hora de Aventura iniciou sua trajetória em 2010 como um dos desenhos que definiram a década ao lado de outros títulos da Cartoon Network, mas encerrou sua história em 2018 de forma agridoce, com uma décima temporada reduzida por ordens do canal e as mesmas restrições em relação ao conteúdo já conhecidas de temporadas anteriores. O beijo entre Princesa Jujuba e Marceline no último episódio, Come Along With Me, foi uma mera migalha da CN do que o casal poderia ter sido. Em Hora de Aventura: Terras Distantes, a justiça criativa finalmente chegou, e vimos que o desenho tinha o potencial de ser ainda melhor do que foi. Embaixo das piadas de peido e a narrativa colorida do desenho, a trama que se construía era uma mitologia complexa de sobreviventes em um mundo pós apocalíptico e todas as consequências morais e psicológicas do evento nos habitantes daquele novo planeta.
Terras Distantes revisita o universo original de Hora de Aventura e o expande, mostrando eventos de antes e depois da cronologia original do desenho. Os maiores destaques estão nos três primeiros episódios: BMO nos relembra quão apaixonante o robôzinho é em uma aventura espacial; Obsidian finalmente trata com a devida importância e representatividade LGBTQIA+ o relacionamento entre Jujuba e Marceline, e mostra mais sobre a história de ambas que não pudemos ver antes; e Together Again debate sobre morte e eternidade e dá o fim perfeito para Finn e Jake, imortalizando o companheirismo da dupla. Com cada episódio tendo quase uma hora, Terras Distantes mostra que os 10 minutos originais de cada capítulo do desenho nunca foram suficientes para a magnitude do universo de Ooo. – Jho Brunhara
Episódios Favoritos: Obsidian (01×02) e Together Again (01×03)
1ª temporada de Horimiya (ホリミヤ)
Mesmo cortando boa parte do mangá original, a adaptação de Horimiya para anime entrega mais clichês de comédias românticas em um único episódio do que Hollywood entregou em uma década. O que mais surpreende é o quanto sua trama doce e simples consegue se diversificar e explorar grande parte do elenco secundário sem perder o charme e a despretensão, com a animação do estúdio Clover Works sendo gigantesca em seu minimalismo e enchendo a tela com personagens bem formados e engajantes e um roteiro sem medo de introduzir elementos disruptivos e até mesmo surpreendentes.
Dentro desse minimalismo, funciona um complexo sistema de relações entre personagens que vão de paixão a amizade, reforçados em todas as suas interações, impedindo que até mesmo as tramas mais afastadas de Hori (Haruka Tomatsu) e Miyamura (Koki Uchiyama) se afastem dos temas e ideias centrais da série, mas que são sintetizados com profundidade avassaladora no relacionamento entre os dois protagonistas: um garoto quieto e sombrio que esconde piercings e tatuagens e uma garota popular que vira dona de casa pela tarde. Horimiya é um exemplo holístico de como a causalidade da vida cotidiana é talvez a melhor trama que existe. – Gabriel Oliveira F. Arruda
Episódios favoritos: I Can’t Say It Out Loud (01×05), It’s Hard, but Not Impossible (01×09) e I Would Gift You the Sky (01×13)
2ª temporada de I Told Sunset About You
A segunda temporada da série tailandesa I Told Sunset About You veio em 2021 para mostrar o que é uma produção detalhada e sem defeitos. Sob o nome I Promised You the Moon, a produtora Nadao Bangkok, em parceria com a emissora LINE TV, manteve o nível da primeira parte, pecando apenas em incluir uma traição no roteiro. Como na maioria das séries do gênero BL (Boys Love), o envolvimento entre os protagonistas Teh (Billkin) e Oh Aew (PP Krit) continuou cercado de dramas, causados, desta vez, pela rotina da universidade e vida adulta e desenvolvimento pessoal de cada um, o que aproximou significativamente o público, já que são fases comuns que surgem na vida real.
Dona de uma fotografia impecável, IPYTM (abreviação do nome) encantou novamente todos os fãs ao trazer os cenários noturnos de Bangkok, capital da Tailândia, e mergulhar na intimidade de OhTeh (ship do casal), surpreendendo a todos pela cena de sexo, que era aguardada desde a primeira temporada para a praia de Phuket mas só foi exposta durante essa parte mais madura deles. A trilha sonora complementa a crise de choro que acompanha os 5 episódios, e é importante dizer que todas as músicas foram interpretadas por Billkin e PP, mostrando que possuem outros talentos além da atuação. – Maria Vitória Bertotti
Episódios Favoritos: Memory Recall (02×03) e Turning Point (02×05)
1ª temporada de iCarly
Bem vindos ao novo iCarly… Isso mesmo, com um bordão repaginado, Miranda Cosgrove voltou às telinhas com sua mais popular personagem. Adulta e mais experiente, Carly Shay retornou como uma grande amiga de infância que não vemos há anos, mais especificamente, há 9 anos. Porém nossa colega não veio sozinha, além de Nathan Kress e Jerry Trainor retornando aos papéis originais, novos atores entraram para o elenco como Lacy Mosley (Harper), a nova melhor amiga de Carly, e Jaidyn Triplett (Milicent), enteada de Freddie. Aliás, as duas artistas foram ótimas adições à trama. Millicent conseguiu trazer uma vibe “chatinha”, além de representar muito bem a Geração Z, reclamando e zombando de tudo, enquanto Harper esbanja simpatia e ironia.
As duas parecem ter suprido a ausência de Sam Puckett (Jennette McCurdy). Em outras palavras, os produtores conseguiram muito bem manter a essência de iCarly e trazer uma nostalgia para uma fanbase que ansiava pelo retorno desses personagens queridos. Além, claro, da escolha certa dos cenários inéditos e histórias que combinam com a geração atual. A personalidade e o carisma de Carly continuam lá, mas agora com uma pitada de amadurecimento. E parece que a inserção dessas personagens frescas e a dosagem perfeita de piadas adequadas ao novo enredo conquistou o público e os produtores, que já anunciaram a renovação da trama para uma nova temporada. – Vinícius Santos
Episódios Favoritos: iStart Over (01×01), iGot Your Back (01×04) e i’M Cursed (01×06)
1ª temporada de Invencível (Invincible)
A mistura de referências ao universo de super-heróis com uma forte violência gráfica e um texto afiado que discute poder e responsabilidade fazem de Invencível uma das séries mais cativantes de 2021. A adaptação das HQs de Robert Kirkman mostram um herói em formação ao mesmo tempo que busca discutir os poderes e as consequências dos atos provocados pelos super seres. As altas doses de sangue presente na projeção, além de darem um tom adulto à história, auxiliam a narrativa a construir uma história recheada de perigos e repercussões que irão resvalar no protagonista e naqueles à sua volta.
O seriado não é perfeito, tendo problemas em seu roteiro e na longa duração de seus episódios, porém os últimos dois capítulos mostram ao público os temas e a história que os realizadores desejam contar. O trecho final é tão impactante que gerou uma grande repercussão nas redes sociais e foi o que alçou a série ao posto de “queridinha” do público. Invencível se provou uma produção muito interessante e cativante, e que com certeza merece o posto que recebeu na cultura pop. – Nathan Sampaio
Episódios Favoritos: That Actually Hurt (01×05), We Need to Talk (01×07) e Where I Really Came From (01×08)
It’s a Sin
Em meio a tantas produções mais famosas disponíveis no HBO Max, a minissérie It’s a Sin estava escondida, sem muito destaque, e logo no primeiro episódio se mostra apaixonante. São cinco episódios no total, muito bem escritos por Russell T. Davies (Queer as Folk, A Very English Scandal) . De princípio chegamos até a pensar que se trata de mais uma história comum de um grupo de adolescentes gays, reforçando estereótipos. Na verdade, It’s a Sin está muito longe disso! Os personagens são singulares, e fogem totalmente dos padrões. O protagonista Ritchie (interpretado pelo vocalista da banda Years & Years, Olly Alexander), por exemplo, é conservador e promíscuo ao mesmo tempo, bem como egoísta, despertando julgamentos e compaixão, simultaneamente.
É impossível não pensar o quanto a juventude atual sofreu em 2020 com o aumento dos casos de covid-19, e o medo do que ainda estava por vir, do desconhecido, e comparar com a juventude dos anos 80 e 90 em meio ao recém descoberto vírus do HIV, que na época vitimou pessoas de diversas idades, na maioria jovens. Em suma, se o que você quer é uma série curta, com episódios que te fazem esquecer do tempo, e desperta um turbilhão de emoções, sendo engraçada, chocante e emocionante (se prepare para chorar com ela!) ao mesmo tempo, então It’s a Sin é o que você procura. Dentre inúmeras nomeações, ganhou o prêmio de Programa do Ano no BANFF World Media Festival / Rockie Awards 2021. – Sabrina G. Ferreira
Episódios Favoritos: Episode 3 (01×03) e Episode 5 (01×05)
1ª temporada de Kevin Can F**k Himself
Quando anunciada, a mera premissa de Kevin Can F**k Himself já despertava curiosidade nos mais aficionados pelos gêneros múltiplos da TV. Criada por Valerie Armstrong, a mistura de comédia e drama está tanto no texto quanto na abordagem, sabiamente dirigida pelas lentes de Anna Dozoka e Oz Rodriguez. Na trama, Allison (Murphy) vive refém de uma relacionamento abusivo com o marido titular, papel de Eric Petersen. O que muda é a atmosfera da série, que na presença de Kevin é capturada no estilo sitcom, e quando se distancia dele, é filmada com câmera única.
A paleta de cores e a trilha sonora passam de ensolaradas para tempestuosas ao passo que os problemas psicológicos da protagonista afloram e são explorados em tela. Arduamente, Kevin Can F**k Himself foge das repetições ao mergulhar em terrenos cinzentos e narrativas secundárias atraentes até demais. Com a segunda e última temporada já encomendada, a esperança é que o subtexto queer seja trazido à superfície (e que Allison finalmente encha a boca e mande o Kevin se foder). – Vitor Evangelista
Episódios Favoritos: Living the Dream (01×01), The Grand Victorian (01×06) e Broken (01×07)
5ª temporada de La Casa de Papel
La Casa de Papel, uma das maiores queridinhas da Netflix, se despediu em 2021 com sua quinta e última temporada. A série teve sua estreia em 2017 e desde então só adquiriu mais complexidade em sua trama e reconhecimento da crítica e do público, em toda a sua jornada, La Casa de Papel bateu recordes de audiência e conseguiu diversos prêmios – o maior deles sendo o Emmy Internacional de Melhor Série de Drama, em 2018. Como dito antes nesse mesmo site, a série pretendia ser mais do que apenas uma história espanhola que gira em torno de um assalto e, no quinto ano, isso ficou mais claro do que nunca.
A última temporada dá fim ao assalto ao Banco da Espanha e foi dividida em duas partes, uma lançada em setembro e a outra em dezembro. O que tornou essa jornada uma das melhores do ano e o fechamento ideal para a série foi o ato de explorar o novo – especialmente a guerra contra o poder militar, que se iniciou no episódio Bem-vindos ao show da vida, e a revelação da história de Tóquio (Úrsula Corberó) em Muitas vidas para viver – sem deixar para trás a essência inicial que fez com que todos se apaixonassem pelos mascarados de Dalí, trazer de volta a famosa música Bella Ciao no episódio A teoria da elegância com certeza trouxe o tom nostálgico que o encerramento de La Casa de Papel precisava. – Gabrielli Natividade da Silva
Episódios Favoritos: Vivir muchas vidas (05×05) e Una tradición familiar (05×10)
1ª temporada de Loki
Se tem algo de 2021 que merece ser agraciado e gritado em plenos pulmões aos quatros cantos é que: o multiverso é real. Após os treze anos do Universo Cinematográfico tomar forma e criar sua narrativa ao redor dos Vingadores, a Marvel precisou de apenas uma temporada sobre o Deus da Trapaça para mandar para longe tudo que já havia sido criado. O dinamismo une roteiro e fotografia que prendem a atenção do espectador enquanto ramificam a linha do tempo e os universos da MCU. Tudo isso ainda com a preocupação de contextualizar os menos atualizados e trazer uma jacaré para as telinhas.
Terceira produção do estúdio a ser lançada no Disney+, Loki é a melhor organizada e, de fato, a primeira série da Marvel. Enquanto as antecessoras se encaixam no conceito de minisséries, apresentando começo, meio e fim, em Loki houve um final aberto, um gancho para uma próxima temporada. E já está confirmado que as respostas para esses ganchos virão no futuro, afinal seu último episódio trouxe a garantia da segunda temporada. Com as variantes menos temidas de 2021, a produção foi indicada ao WGA Awards, sendo assim um bom termômetro das indicações futuras. – Ana Júlia Trevisan
Episódios Favoritos: Lamentis (01×03), Journey Into Mystery (01×05) e For All Time. Always. (01×06)
1ª temporada de Lupin
Inspirada pela história de um dos ladrões mais famosos do mundo, Arsène Lupin, a série é contada sob a perspectiva de Assane Diop (Omar Sy). Influenciado pelo pai quando criança, ele se torna fã dos contos do criminoso cavalheiresco e é levado a seguir os mesmos passos do seu personagem fictício favorito. A trama é envolvente, repleta de ação, e desenvolve os planos mirabolantes e elaborados de Diop de forma divertida e enigmática. Simultaneamente à narrativa principal, Lupin ainda discute relevantes questões sociais, como o racismo enfrentado pela família do protagonista.
Assane tem uma presença marcante e fascinante. Sua personalidade é agradável, seu sarcasmo lhe dá um ar espirituoso e a facilidade com a qual ele coloca seus planos em prática evidencia sua experiência e sagacidade. É extremamente divertido vê-lo em ação, quando ele tem uma estratégia minuciosa, mas também quando não tem, e precisa improvisar com sua mente ágil e brilhante, para solucionar seus problemas. Lupin é uma adaptação atual e agradável de um clássico da literatura. Sua aura inventiva, inteligente e reinventa a figura do mestre dos disfarces, colocando a série entre as melhores de 2021. Composta por uma única temporada, dividida em três partes, as duas primeiras se encontram disponíveis no catálogo da Netflix, enquanto a terceira está sendo produzida pelo streaming. – Mariana Nicastro
Episódios Favoritos: Chapter 2 – L’Illusion (01×02) e Chapter 10 (01×10)
Maid
Maid fez um sucesso estrondoso no Brasil, rendendo vídeos e entrevistas com Stephanie Land no canal da Netflix brasileira, mas o ponto alto da minissérie é a atuação de Margaret Qualley. A emoção transmitida acerta o público de maneira sentimental e calorosa, rendendo na identificação de muitas mulheres, algumas que superaram, outras que estão em seus processos. Tornando-se um momento divisor de águas na carreira de Margaret, a modelo que está engatando na carreira de atriz não havia tirado a sorte grande até agora.
A maneira que os diretores escolheram abordar temas tão complicados é admirável, uma vez que a delicadeza ao tratar dos fatos não modifica a realidade e dureza das situações, mostrando a sociedade uma versão menos hollywoodiana de superação feminina. Para o Netflix Channel do YouTube, a autora Stephanie Land falou sobre sua inspiração e como a escrita é algo poderoso que não pode ser retirado de você. A produção ganhou o prêmio AFI TV Program of the Year 2021 e foi indicada a 17 premiações, como o SAG Awards e o Globo de Ouro. – Thuani Barbosa
Episódios Favoritos: Dollar Store (01×01), Bear Hunt (01×08) e Snaps (01×10)
1ª temporada de Manhãs de Setembro
2021 definitivamente foi o ano de Liniker. A cantora, conhecida pelos seus trabalhos com a banda Caramelows, não somente lançou seu primeiro álbum solo, como também estreou como atriz, já protagonizando uma produção de grande porte. Manhãs de Setembro conta sobre a rotina corriqueira de Cassandra (Liniker) – uma mulher negra e trans – que é interrompida pelo reaparecimento de uma infame ex-namorada, Leide (Karina Teles). Levando o tributo à cantora Vanusa tanto no título quanto na história, a série decide não exibir um recorte abrangente de violências contra mulheres transgênero e travestis, e sim um enfoque íntimo na pacata vida de uma delas, e em como ela reage aos dilemas que lhe aparecem. E então, entre pancadas e regalos, o drama do Amazon Prime Video aborda a questão da disforia de gênero de um jeito inusitado: com Gersinho (Gustavo Coelho), filho que ela descobriu ter tido com Leide antes de sua transição.
A presença do garoto de 12 anos poderia muito bem ser um tiro no pé, porém se torna o verdadeiro trunfo da narrativa. Desde o início dessa 1ª temporada, a relação de Gersinho e Cassandra é caracterizada por hostilidades. Enquanto por um lado, Gersinho tem dificuldades em desatrelar a imagem feminina da recém-descoberta mãe com o fato dela ter o sido apresentada como pai, por outro a Cassandra, que é ríspida com o menino, vê nele um fantasma do seu árduo passado. Porém, apesar disso, é na sutileza de um sorriso tímido de Gersinho, quando Cassandra finalmente o chama por seu nome, que o vínculo entre os dois começa a se fortalecer. Indo muito além dos clichês relacionados aos sofrimentos de sua protagonista, Manhãs de Setembro cria um retrato cheio de nuances e encontra, em meio a angústias e dores, suas pequenas felicidades. – Enrico Souto
Episódios Favoritos: É Só Por Hoje (1×01), Gersinho (1×03), É Isso Mesmo, Baby, Enjoy! (1×05)
Mare of Easttown
Há quem diga que estamos diante da série do ano. É que Mare of Easttown sabe usar magistralmente todos os encantos que evoca a partir de sua sinopse, apresentando uma história que usa o gancho irresistível do suspense (1) para aprofundar uma narrativa sobre as mais comuns experiências humanas (2) protagonizada por alguém que compreende muito bem a necessidade de entrega de seu trabalho (3). Para não prolongar a contagem, vamos ao resumo: um dos destaques de 2021 da HBO nos coloca em Easttown, uma cidadezinha no interior da Pensilvânia que está sob os cuidados de Mare Sheehan (exatamente, ela, Kate Winslet), a detetive local e chefe de uma das famílias mais atribuladas do condado.
Ao contrário das investigações que atravessam o cotidiano da cidade nada pacata e o tremor emocional de sua figura mais inabalável, o clamor por Mare of Easttown é muito fácil de desvendar. A criação de Brad Ingelsby dirigida por Craig Zobel sabe usar todo o apreço que as minisséries tem conquistado nos últimos anos, assim como faz valer o gosto do público pelo gênero do suspense, junto de uma das personagens mais humanas da TV recente. Coloque a genialidade de Kate Winslet para uma história densa com mais um mar de personagens muito bem colocados e relacionados com a trama – e por consequência, com o público – e pronto. Você está no topo da lista de Melhores Séries de 2021. – Raquel Dutra
Episódios Favoritos: Lady Hawk Herself (01×01), Illusions (01×05) e Sacrament (01×07)
3ª temporada de Master of None
Anos afastado dos holofotes depois de sofrer com acusações no auge do movimento #MeToo, Aziz Ansari fez seu retorno para as luzes de maneira tímida. A volta por cima se dá pela retomada de sua galinha dos ovos de ouro, Master of None, quase autobiografia do artista, onde abordava o cotidiano da vida de um imigrante solteirão na badalada Nova Iorque. Apaixonado por inverter as expectativas que a comédia de meia hora, Ansari já havia viajado à Itália no ano 2, encerrando um importante ciclo de seu personagem Dev.
Em 2021, ele afastou a série da figura do homem, focando completamente no relacionamento de Denise (Lena Waithe que participa da produção criativa do show e já venceu o Emmy pelo texto) e Alicia (Naomi Ackie). Com o subtítulo de Moments in Love, os cinco episódios, todos dirigidos por Ansari, são uma sessão de terapia do casal, lidando com a vida em conjunto e suas adversidades, com o refinado olhar já característico da produção. Mesmo diferente e inesperada, a conclusão de Master of None triunfa no desconhecido. – Vitor Evangelista
Episódios Favoritos: Moments in Love, Chapter 1 (03×01), Moments in Love, Chapter 4 (03×04) e Moments in Love, Chapter 5 (03×05)
Maya e os 3 Guerreiros (Maya and the Three)
Do mesmo diretor de Festa no Céu (Jorge R. Gutierrez), pode-se notar a semelhança entre as produções em seus gráficos e referências à cultura latino-americana. Maya e os 3 Guerreiros é cercada de mitos e simbologias, a animação traz uma mistura das culturas inca, maia e asteca, com uma variedade de deuses e demônios cheios de personalidade que recheiam a história, deixando cada pedacinho dela complexo e interessante.
A determinação e o senso de girl power de Maya (Zoe Saldana) é admiradora, mas a princesa não é uma heroína perfeita, criando pequenas mentiras e quebrando promessas ela deixa um rastro de imperfeições por onde passa, mas tais defeitos se justificam com o amor pela nação e família. As lições que cada personagem carrega são ótimos exemplos para as crianças mas servem como encorajadores para os adultos, uma vez que auto-amor, coragem e misericórdia nunca saem de moda. – Thuani Barbosa
Episódios Favoritos: The Divine Gate (01×07), The Bat and the Owl (01×08) e The Sun and the Moon (01×09)
Missa da Meia-Noite (Midnight Mass)
Mike Flanagan batiza seu cânone aterrorizante com Missa da Meia-Noite, uma produção da Netflix que dá sequência à produção do cineasta e showrunner na plataforma – incluindo os títulos de A Maldição da Residência Hill e A Maldição da Mansão Bly. E nesta missa, a declaração sacramental de que quem come a carne e bebe o sangue do corpo de Cristo adquire alimento para a vida eterna, ganha nova interpretação com a chegada misteriosa de um padre visitante na pequena ilha de Crockett, inaugurando a ocorrência de milagres inexplicáveis: uma garota paraplégica de repente volta a andar, os idosos rejuvenescem e as doenças deixam de existir.
Com a fé restabelecida na cidade, gradativamente a igreja se torna novamente um pilar da comunidade, dando início, em nome de um Bem maior, a uma agenda mais diabólica que qualquer outro pecado cometido pelos desajustados do enredo. Flanagan é capaz de desenterrar no âmago da existência humana a bondade mais pura, junto da angústia mais amarga de todas. O ritmo, por vezes, é lento, mas é através desse slow burn que a minissérie leva o seu tempo para crescer, recompensando a espera ansiosa com os momentos finais, numa sensação de catarse genuína, de bênção verdadeira. – Ayra Mori
Episódios Favoritos: Book IV: Lamentations (01×04), Book V: Gospel (01×05) e Book VI: Acts of the Apostles (01×06)
2ª temporada de Modern Love
Inspirada nos contos de uma coluna do The New York Times, Modern Love segue o formato procedural para adaptar as histórias primeiramente escritas no jornal. Fazendo um sucesso em 2019, a série voltou em 2021 para sua segunda temporada, repetindo a próspera fórmula. O que mantém a qualidade também é trazer nomes conhecidos pelo grande público. Se no primeiro ano Anne Hathaway elevou a produção, agora foi vez de Kit Harington ser o reconfortante e grandioso rosto da temporada. Além dele, Anna Paquin, Minnie Driver, Lucy Boynton, Dominique Fishback, Gbenga Akinnagbe e Tobias Menzies, agregaram nos acontecimentos únicos da narrativa.
O maior destaque para os novos ares de Modern Love vai para a diversidade de seu roteiro e atuação, personagens LGBTQIA+ e negros aparecem mais como protagonistas. O frescor do segundo ano também vem da fuga da bolha nova iorquina, cenas em Dublin e em Londres ajudam as histórias se desenvolvem de maneira isolada, sendo esse o grande diferencial da temporada. Com oito episódios tão emocionantes quanto os iniciais, Modern Love explora as várias óticas do amor e prova que ainda tem conteúdo para mais fases. – Ana Júlia Trevisan
Episódios Favoritos: On a Serpentine Road, with the Top Down (02×01), Strangers on a Train (02×03) e Am I…? Maybe This Quiz Will Tell Me (02×05)
1ª temporada My Name (이 네마임)
O mundo está recheado de séries de ação com coreografias estonteantes, mas é raro encontrar uma em que a violência dialoga tão bem com seus temas e conflitos do que a sul-coreana My Name. Seguindo os passos sangrentos da vingança de Jiwoo (Han So-hee) em busca do assassino de seu pai, a produção da Netflix encontra seu ímpeto narrativo junto de cada soco e chute dado e recebido por sua protagonista, numa dança arriscada e precisa de causa e consequência que ajuda seus personagens a se expressarem além de meras palavras.
Mas a minissérie de Kim Jin-min não estaria aqui se não fosse também por seu excelente senso de ternura e ritmo, dando espaço para que o cansaço também se torne um elemento palpável da trama, deixando que seus atores se aprofundem belíssimamente sob a psique instável dos policiais e criminosos que formam a base da dualidade do mundo de Jiwoo. Como toda boa história de retribuição, a conclusão trágica e inevitável de toda essa pancadaria nos atinge como um soco no estômago e um chute na cara, levando-nos ao chão com a reiteração do adágio daqueles que buscam vingança: cave duas covas. – Gabriel Oliveira F. Arruda
Episódios Favoritos: Episode 1 (01×01), Episode 6 (01×06) e Episode 8 (01×08)
1ª temporada de Não Estava no Script (The Future Diary)
Lançado em dezembro de 2021, o reality Não Estava no Script conquistou o coração do público ao redor do mundo, já garantindo a renovação para segunda temporada. A primeira, porém, conta com dois jovens, Maai e Takuto, que com seu jeito singelo e tranquilo, conseguem trazer aquela sensação de borboletas no estômago o tempo todo. A química que o casal desenvolve é palpável desde o primeiro episódio, criando uma atmosfera acolhedora e extremamente fofa, mas a lentidão dos acontecimentos deixa os fãs ocidentais inquietos pela necessidade de toque físico.
Filmado no Japão e com excelente fotografia, é possível ver a maestria da direção de Kotaro Itani e Masaya Arai ao contemplar as belezas do país e passar a experiência de maneira tão completa. O roteiro do programa é muito bem estruturado, elaborando situações de crises surpreendentes para um texto de romance, deixando a trama ainda mais envolvente, onde você não pode esperar o que o próximo Future Diary reserva para os jovens amantes. – Thuani Barbosa
Episódios Favoritos: Page 1: Start of a Secret (01×01) e Page 3: First Snow of Summer (01×03)
1ª temporada de Nevertheless (Algoissjiman)
No romance unilateral e aparentemente sem futuro de Nevertheless, uma das únicas coisas boas que se aproveita são as lições de como não ser um babaca como Jae-eon (Song Kang) – que é emocionalmente indisponível e tão atraente quanto manipulador, ou de como não ser influenciável como Na-bi (Han So Hee). Apesar do leve desconforto (causado pelo gaslighting) durante os 10 episódios da série sul-coreana, os casais secundários salvam o que resta do dorama, trazendo muita fofura e representatividade LGBTQIA+ com Sol e Jiwan, e a naturalização de relações casuais como acontece entre Bit Na e KyuHyun, indo contra o conservadorismo da Coreia do Sul.
Ainda nisto, um dos pontos que pode surpreender é a construção da dinâmica dos protagonistas, mostrando cenas românticas ousadas que pouquíssimos dramas de mesmo segmento fizeram. Predominantemente nos episódios, a fotografia de Nevertheless foca em uma visão intimista dos fatos, com detalhes apurados e feitos para captar a atenção de quem assistir, bem como um desenvolvimento psicológico voltado principalmente para Na-bi e seus traumas interiores. Traumas esses que a impedem de fazer uma escolha decente quando se vê num triângulo amoroso com duas pessoas completamente diferentes no quesito caráter. Um dorama que conseguiu facilmente cutucar as feridas de quem assistia. – Maria Vitória Bertotti
Episódios Favoritos: There’s No Such Thing as Fate. Nevertheless (01×01), It’s Not Only Me. Nevertheless (01×02) e I Know Nothing Will Change. Nevertheless (01×05)
Nove Desconhecidos (Nine Perfect Strangers)
Original Hulu e escondida nos escombros do Amazon Prime Video, Nine Perfect Strangers é um dos maiores destaques entre as minisséries de 2021. Baseada no livro homônimo de Liane Moriarty, a mesma escritora de Big Little Lies, Nove Desconhecidos tem a simples trama de um acampamento isolado que promete transformar a vida dos escolhidos a dedo pela dona do lugar, Masha (Nicole Kidman). Além de Kidman, nomes como Melissa McCarthy, Bobby Cannavale, Michael Shannon e Regina Hall instigam o espectador a dar play em mais e mais um episódio.
E é, sem dúvidas, essa lista de atores que transforma toda psicodelia de Nine Perfect Strangers em algo grandioso. As dimensões de características, tanto de personalidade como de história, transformam os personagens em campos minados. Os arcos se mesclam numa trip alucinógena que dá o tom maior para a minissérie. Nicole Kidman é a cereja no topo do bolo, a atriz é quase uma entidade e seu figurino combinando à atuação flutuante reforçam o conceito. O deleite de Nove Desconhecidos é acompanhar tão de perto o desenvolvimento de tramas afobados porém controlados por uma direção sagaz. – Ana Júlia Trevisan
Episódios Favoritos: Random Acts of Mayhem (01×01), Earth Day (01×03) e Ever After (01×08)
O Caso Evandro
2021 foi um ano significativo para Aly Muritiba. O improvável diretor de Cinema, que ao longo dos últimos anos vem acumulando prêmios em diversos festivais ao redor do mundo, também recebeu a honraria de ter seu longa escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para tentar uma vaga para o Brasil no Oscar 2022 – que, apesar de não ter sido conquistada, já simboliza um grande feito em sua carreira. Ao mesmo tempo que finalizava a produção de Deserto Particular, o cineasta também dava luz a essa que se tornaria uma das séries originais de maior sucesso do Globoplay: O Caso Evandro.
Ao lado de Michelle Chevrand, e com apoio do podcast Projeto Humanos, Aly adapta para o streaming uma das investigações mais controversas já ocorridas em território nacional, e muito esquecida no imaginário brasileiro. Além de nos ambientar devidamente nos diversos cenários que compõem o desaparecimento de Evandro Ramos Caetano na cidade de Guaratuba, no Paraná, também apresenta personagens essenciais para tecer o fio condutor da narrativa, evidenciando as diversas perspectivas sobre o caso. Ao longo dos episódios, o suspense instigante para revelar o desfecho da história dá lugar a uma tristeza profunda em função das diversas vítimas originadas ao longo de anos de investigação. O Caso Evandro é primordial não apenas em seu aspecto cinematográfico, mas também jornalístico, por apresentar a justiça e redenção que nenhum tribunal foi capaz de trazer. – Vitória Silva
Episódios Favoritos: As Torturas (01×04), As Fitas (01×07) e Consequências (01×09)
Onde Está Meu Coração
Em 2021, o Globoplay trouxe ótimas produções nacionais, vide O Caso Evandro, minissérie de grande repercussão do streaming. Uma das ótimas obras é Onde Está Meu Coração, que narra a história de Amanda (Letícia Colin), uma médica que se perde após se viciar em opióides. O casamento da jovem, sua profissão, amizades e a estrutura familiar são remexidas pela problemática. A importância da narrativa ao envolver como os vícios devem ser encarados e dialogados abertamente se faz presente em toda a trama.
No melhor estilo novelão, a minissérie envolve um intenso trabalho de produção, contando até mesmo com a experiência de Fábio Assunção, que atua como o pai de Amanda, representando o seu problema com o vício em falas e atuações intensas. O final da narrativa mostra não só a parte triste e dura de quem não consegue escapar desse mal, mas também de como cada dia é mais uma vitória na vida destas pessoas e como recomeçar pode ser difícil, mas possível. Ainda ao questionar que a dependência química não escolhe classe social, mostra como é importante para estas pessoas terem uma rede de apoio e acima de tudo acreditarem em si mesmas. – Ma Ferreira
Episódios Favoritos: Episódio 1 (01×01), Episódio 6 (01×06) e Episódio 8 (01×08)
1ª temporada de Only Murders in the Building
Participar como espectador de investigações de assassinato, mergulhando no sabor das incógnitas e nos calafrios provocados pelos suspeitos (e pelos nem tão suspeitos assim), nunca vai deixar de soar intrigante. E, acompanhando os passos – e o podcast – de três vizinhos em um prédio no Upper West Side, a cartada de mestre de Only Murders in the Building não é tentar revolucionar essa obviedade carregada pelos enredos de mistério. Atualizando a química de um elenco experiente à aderência categórica de humor e drama, a produção se destaca por mesclar o cru true crime ao clássico whodunnit com personalidade e ritmo. Aqui, mesmo sendo força motriz, o suspense atua entre o yin-yang dos protagonistas.
Mabel Mora (Selena Gomez) é de geração e postura opostas a Charles-Haden Savage (Steve Martin) e Oliver Putnam (Martin Short), mas o vínculo dos personagens se enriquece quando suas diferenças confortam lacunas e traumas pessoais. Desvendar a realidade por trás da morte de Tim Kono (Julian Chi) é espiralar nas camadas verossímeis que formam o trio e, embaladas por uma lúdica trilha sonora, sustentam a trama. Ademais, a narração plural (e até sem falas) é só um dos elementos muito bem depositados ao longo dos episódios para postergar a fluidez da história enigmática. Triunfante, Only Murders já despontou nas indicações do Globo de Ouro 2022 e se prepara para sua segunda temporada. – Vitória Vulcano
Episódios Favoritos: True Crime (01×01), The Boy From 6B (01×07) e Open and Shut (01×10)
Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração (The Sons of Sam: A Descent into Darkness)
A Netflix investiu fortemente em conteúdos documentais sobre assassinos em série americanos no último ano, e, mesmo que as histórias sejam aterrorizantes, nada se compara com a visão única que Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração mostra. O diferencial é que a narrativa é construída no trabalho do jornalista Maury Terry, e sua teoria de que o caso de David Berkowitz era muito mais do que aparentava ser – e como a busca por provas de que havia ali uma rede de assassinos de seita satânica o atormentou até a morte.
A minissérie consegue acompanhar a descida derradeira de Terry em sua investigação. Com linhas temporais e lógicas bem construídas, é um dos melhores trabalhos documentais por fugir da abordagem comum, e mostrar os crimes do Filho do Sam sem que ele seja o personagem principal. Cada episódio traz mais inconsistências nas conclusões policiais de Nova York – e suas motivações para que o caso fosse enterrado. É uma escalada delirante num trabalho jornalístico profundo, misterioso e assustador. Dotado de provas e sentido, as teorias prendem qualquer telespectador, superando as demais produções de 2021 do gênero na Netflix. – Nathália Mendes
Episódios Favoritos: Catch .44 (01×02) e Rabbit Hole (01×04)
2ª temporada de Outer Banks
Se a primeira temporada de Outer Banks encantou a todos com seu estilo praiano e o doce sabor nostálgico de um grupo de amigos que levam a lealdade e a busca por tesouros perdidos bem a sério, a segunda realmente não deixou a desejar e elevou ainda mais o nível. Com um aprofundamento das consequências resultantes do ano anterior, a segunda parte da série garantiu números impressionantes e algumas premiações, como o People’s Choice Awards de Estrela de Drama de TV de 2021 para Chase Stokes, o queridinho John B.
Nessa continuação da história, as emoções foram literalmente duplicadas, já que um segundo tesouro foi introduzido oficialmente no episódio A escolha para aumentar a caçada, além da chegada de novos personagens – como Cleo (Carlacia Grant), que chegou em O ouro, uma garota de personalidade forte que adiciona exatamente o que o quinteto e a série precisavam -, um reencontro pogue inesquecível, no capítulo A volta, e a presença de velhos e novos vilões complexos que tornam a narrativa bem mais interessante. Com uma primeira temporada incrível e uma segunda que marcou 2021, só resta esperar o que a terceira, irá trazer. – Gabrielli Natividade da Silva
Episódios Favoritos: My Druthers (02×06) e The Coastal Venture (02×10)
3ª temporada de Pose
Nada marcou a TV em 2021 como o final de Pose. Desde junho de 2018, a série do FX assumiu um compromisso com o maior elenco trans da história da Televisão e o colocou para protagonizar uma história sobre amor e família à margem de uma sociedade especialmente hostil. Ao seu fim, exatos três anos depois, a produção honrou a grandiosidade de tudo o que construiu junto de Blanca Evangelista (Mj Rodriguez) e Pray Tell (Billy Porter), entregando um lindo desfecho para a sua jornada revolucionária, cujo efeito não foi muito além das emoções de seu público fiel e dos milhares de artigos que exaltam a sua importância, representatividade e pioneirismo.
O terceiro e último ano de Pose também foi marcado pelo seu reconhecimento e clamor formal. No Emmy 2021, a série – já conhecida pelos votantes da Academia de Televisão desde sua primeira temporada – foi mencionada em oito indicações. Lá, criou mais um marco ao emplacar a primeira mulher trans nomeada a uma categoria principal de atuação no prêmio mais importante da TV, e garantir a vitória dela no Globo de Ouro 2022. Mas entre Melhor Série, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Direção, Melhor Roteiro, nenhuma categoria compreende a grandeza de Pose, que reivindica o seu direito a todas elas desde o início: “The category is: Live! Werk! Pose!” – Raquel Dutra
Episódios Favoritos: Take Me To The Church (03×04), Something Old, Something New (03×06) e Series Finale (03×07)
6ª temporada de Queer Eye
Queer Eye é, por essência, um refresco caloroso ao coração. Em toda a sua trajetória, os 5 Fabulosos Antony, Bobby, Karamo, Tan e Jonathan sempre conquistaram qualquer pessoa, e não relutaram em o fazer no estado conservador do Texas para a 6ª temporada. As gravações foram atravessadas pelo caos da pandemia de coronavírus, por isso, em contrapartida com o seu último, e premiado, volume 5, o desafio do reality em levar amor próprio para pessoas comuns foi imensamente mais difícil. Mais real do que nunca, a fragilidade do elenco evidenciou como a doença havia engolido a todos – e só o mais puro afeto poderia aliviar.
A Netflix conseguiu gravar um episódio antes que a covid-19 chegasse e levasse milhões de vidas. Mas não rápido o suficiente. Quando retornaram à produção, seus participantes haviam perdido muito, alguns na dor e correria de pertencerem à linha de frente, outros na luta contra a xenofobia e culpabilização por um vírus desconhecido. Com uma dor em comum com seus telespectadores, Queer Eye chegou no dia 31 de dezembro de 2021 à plataforma, como um lembrete colorido de que as pessoas valem a pena, de que a esperança é necessária para continuar – e mesmo assim, segue sem ser renovada para a próxima temporada. – Nathália Mendes
Episódios Favoritos: Craw-Zaddy (06×05), Community Allied (06×06) e Snow White of Central Texas (06×07)
2ª temporada de Ragnarok
Ragnarok não tem nada parecido com a forma que os deuses mitológicos são retratados nas histórias em quadrinhos. Muito pelo contrário, os conflitos familiares, o drama teen, e as questões ambientais que norteiam o afloramento da mitologia. Em sua 2ª temporada, o maior acerto foi dar à Laurits (Jonas Strand Gravli), irmão de Magne, e, por consequência, Loki, a protagonização que merece. Jonas é um ator muito melhor do que Stakston, e seu personagem é muito mais interessante. O Loki de Ragnarok é perspicaz, audacioso e autêntico, em consonância com seu ser humano compreendendo sexualidade, gênero, e família.
O não-heroísmo também ficou mais sério, alcançando o conflito do protagonista Magne (David Stakston) sobre até onde é capaz de ir sendo Thor, e trazendo a gigante Saxa (Theresa Frostad) aos holofotes e brigando pelo poder. Efeitos especiais, atuação e trilha sonora, estavam todos bem sincronizados com a continuação, mostrando a ótima evolução desde a temporada de lançamento e deixando um gosto saboroso em 2021. A terceira será a última da série norueguesa, e isso significa que não haverá tempo de desenvolver seus personagens até o ponto que merecem. – Nathália Mendes
Episódios Favoritos: What Happened to the Nice, Old Lady? (02×02) e All You Need Is Love (02×06)
1ª temporada de Reservation Dogs
Taika Waititi não lançou apenas uma série fascinante em 2021, mas duas – e não há nada páreo para sua Reservation Dogs. A dramédia impressiona, encanta e equilibra perfeitamente o riso descontrolado e o choro sem consolo. Escrita, dirigida e protagonizada por indígenas, a produção do FX consegue percorrer as várias e complicadas nuances universais da adolescência, mas focando nos personagens de uma reserva nativa-americana em Oklahoma e nos embates diários com a exclusão social e o racismo anti-indígena.
Criada por Waititi e Sterlin Harjo, o destaque absoluto fica por conta do quarteto de ouro de jovens atores: Paulina Alexis, D’Pharaoh Woon-A-Tai, Devery Jacobs e Lane Factor entregam performances sólidas, complexas e primordiais para a construção dessa primeira temporada. Já renovada para mais um ano, Reservation Dogs se automolda em uma narrativa sensível, hilária e que acerta em todos os temas que se propõe a discutir. Agora, cabe ao Emmy Awards reconhecer a joia rara que praticamente caiu em seu colo. – Caroline Campos
Episódios Favoritos: F*ckin’ Rez Dogs (01×01), Hunting (01×06) e California Dreamin’ (01×07)
5ª temporada de Rick e Morty (Rick and Morty)
É o início de uma nova era para o show. A mais recente temporada de Rick e Morty causa estranhamento aos telespectadores de longa data, afinal, os diretores criativos Justin Roiland e Dan Harmon além de realizarem um acolhimento gigante ao nonsense, – que aparentemente, se torna maior a cada ano – também criaram o foco principal em algo um tanto quanto incomum: a evolução de Rick sem precedentes. Diferentemente, do que abordam a grande maioria das outras temporadas, o cientista não está separado da humanidade por ser um intelectual galáctico. A solidão e o desespero constroem o personagem, que não mais pode ser encoberto pelo seu ego de superioridade e muito menos, por quaisquer armas interdimensionais.
Os episódios correm com a explosão da ficção científica exagerada em conjunto com algumas premissas já encontradas em trabalhos anteriores, como por exemplo, o fracasso pessoal de Jerry em Amortycan Grickfitti. Mas, os últimos três capítulos da temporada são surpreendentemente intrínsecos, pois mergulham em uma atmosfera mais complexa sobre os sentimentos de Rick e Morty. Em Rickternal Friendshine of the Spotless Mort, as abordagens não desgrudam da insanidade e como bônus, se unem ao existencialismo, o cientista se encontra com seu eu do passado, o qual lhe questiona sobre suas memórias “Por que você não as revisita?”, e o atual Rick responde “Eu não sei, talvez por causa do final”. Entre dúvidas e separações, a verdade é que o final da 5ª temporada – além de dar um gancho para a 6ª – traz o início de uma nova forma para entender toda a confusão. – Leticia Stradiotto
Episódios Favoritos: Rickternal Friendshine of the Spotless Mort (05×08) e Forgetting Sarick Mortshall (05×09)
1ª temporada de Round 6 (Ojing-eo Geim)
Tramas que envolvem jogo mortal não são novidade em produções audiovisuais, porém Round 6 consegue trazer um frescor a esse tipo de história. Os maiores méritos do seriado se encontram na mistura da inocência de brincadeiras infantis com a brutalidade da morte e da vida adulta, isso se reflete tanto nos desafios de cada jogo quanto nas temáticas presentes durante a exibição. A utilização de joguetes ligados à infância também é um acerto, pois logo gera uma identificação do espectador que se imagina naquela situação.
Para além dos jogos violentos e da estética magnífica apresentadas na série, o texto de Hwang Dong-hyuk se destaca por trazer metáforas e reflexões sobre o mundo capitalista e a desigualdade social. Cada personagem carrega consigo uma história que demonstra as dificuldades das sociedades atuais, por isso, cada um deles é carismático e interessante à sua maneira. Dessa forma, Round 6 torna-se uma experiência instigante, tensa, divertida e reflexiva, sendo uma das melhores produções já feitas pela Netflix, e espera-se que seu realizador mantenha essa qualidade na vindoura segunda temporada. – Nathan Sampaio
Episódios Favoritos: Mugunghwa kkoch-i pideon nal (01×01), Ji-ok (01×02) e Kkanbu (01×06)
13ª temporada de RuPaul’s Drag Race
RuPaul’s Drag Race iniciou sua 13ª temporada estremecendo a estrutura convencional do programa. Mama Ru ousou ao colocar as queens para dublarem já no primeiro episódio, dividindo-as em dois grupos logo no começo da edição. Claro que, no fim, o efeito prático disso foi nulo, visto que todas continuaram na competição de qualquer forma – a primeira eliminação, da injustiçada Kahmora Hall, viria somente quatro episódios depois. Porém, foi essa decisão que estabeleceu um dos conflitos mais interessantes da temporada: as vencedoras, que ganharam um excesso de confiança e desdém às outras participantes, contra as perdedoras, que sentiam a necessidade de se unirem e provarem seu valor aos jurados.
E é aí que está a grande força da série. Depois de 13 anos de exibição, o reality show da maior drag queen do mundo já tem seus rituais e preceitos bem estabelecidos. No entanto, ela torna-se ímpar quando, a cada nova edição, consegue explorá-los de um jeito diferente, inventivo e divertido. RuPaul’s Drag Race encapsula a cultura drag com muita autenticidade, sempre trazendo novidades para fãs de longa data, porém ainda simples de se assimilar para novos públicos, mesmo no caso de quem começou a acompanhá-la pela temporada de 2021. Essa característica se potencializa no ano 13 do programa, no qual Symone é campeã com statements importantíssimos – especialmente seu comovente manifesto contra a violência racial nos EUA – e a queridinha do povo Gottmik se consagra como o primeiro homem trans a competir no programa, cheia de carisma e elegância. Tomada por representatividade e cores pastéis na sua 13ª temporada, RuPaul’s Drag Race comprova-se icônica por si só. – Enrico Souto
Episódios Favoritos: Social Media: The Unverified Rusical (13×08), The Snatch Game (13×09) e Gettin’ Lucky (13×14)
3ª temporada de Sex Education
Não é fácil sustentar uma série adolescente com controle criativo e qualidade lá no topo, mas Laurie Nunn faz parecer tão simples. Na terceira temporada de Sex Education, os alunos de Moordale sofrem na mão da nova diretora, a carrasca Hope (Jemima Kirke), que tem como missão limpar a imagem suja que o colégio sustentou nos anos anteriores. Para isso, ela coloca todo mundo na linha, não importa o custo. Entre os dramas de Eric (Ncuti Gatwa) e Adam (Connor Swindells), as descobertas de Cal (Dua Saleh) e Jackson (Kedar Williams-Stirling) e a união de Maeve (Emma Mackey) e Aimee (Aimee Lou Wood), Sex Ed ainda tem muito a dizer.
Quem mais brilha sob pressão é o núcleo de Otis (Asa Butterfield) e Ruby (Mimi Keene), casal que nasce da imprevisibilidade e escala para o momento dramático mais catártico do ano 3. Dentro do discurso narrativo, a série desconstrói a figura da patricinha e do nerd, injetando doses de originalidade, humanidade e muita emoção engarrafada neles. Quando o jovem marreta o coração dela, só nos resta apertar o peito, engolir o choro e continuar aproveitando ao máximo o que essa educação sexual (e emocional, e sentimental, e pessoal) tem a oferecer. – Vitor Evangelista
Episódios Favoritos: Episode 2 (03×02), Episode 3 (03×03) e Episode 7 (03×07)
1ª temporada de Solos
Multifacetada, a primeira temporada de Solos apresenta uma premissa diferente da que o público está acostumado a ver, porém, apesar de trazer diversas histórias isoladas em seus episódios, não deixa de manter uma coerência como um todo. Lançada pelo Amazon Prime Video, e com um elenco de renome, tais como Anne Hathaway (01×01 – Leah), Helen Mirren (01×03 – Peg) e muitos outros, a série traz questões relacionadas a tecnologia, relações humanas e o futuro. Mais do que isso, também mostra a exímia habilidade de cativar o telespectador com uma bela fotografia, histórias emocionantes e diálogos precisos, onde foram necessários apenas capítulos de 20 a 30 minutos.
Como destaque, o episódio 01×04 – Sasha, unicamente protagonizado pela atriz de Orange is the New Black e ganhadora do Emmy Uzo Aduba, encaixa como uma das tramas que mais transmite a essência da série onde, apesar de avulso à nossa realidade com um futuro e aparatos tecnológicos que não veremos por um tempo, lida com o isolamento e a tomada de difíceis decisões em casos extremos, além de toda relação consigo mesma que o personagem demonstra, trazendo à tona o motivo do título da série se apresentar como Solos. – Henrique Marinhos
Episódios Favoritos: Leah (01×01) e Sasha (01×04)
3ª temporada de Succession
É uma tarefa difícil passar por 2021 sem ter ouvido ou lido a palavra Succession pelo menos uma vez. Ao longo dos últimos anos, a criação de Jesse Armstrong vem ganhando cada vez mais espaço no patamar das maiores séries da década, sucesso evidenciado pela coleção de Emmys que já acumula com apenas 3 temporadas lançadas. O enredo da narrativa já é interessante por si só, ao se centrar na disputa e busca incansável por poder dos integrantes da família Roy – quase uma releitura decente da novela Império. Mas a série não se contenta apenas com isso, ganhando também um roteiro instigante que envolve esferas políticas e midiáticas, além de uma direção que já passou pela mão de nomes como Adam McKay (Não Olhe para Cima) e Mark Mylod (Game of Thrones).
A reviravolta dos minutos finais da 2ª temporada foi motivo suficiente para provocar a ansiedade para o retorno da produção. Agora, centrando-se quase que por completo no combate direto entre Kendall (Jeremy Strong) e Logan (Brian Cox), Succession comprova a evolução de sua narrativa a cada novo ano, ao internalizar de vez a vontade de provocar a queda do poderoso magnata. Entre as controvérsias e puxões de tapete dos quatro irmãos, a união entre eles é o que fala mais alto para vencer uma paternidade abusiva de uma vida inteira, rendendo uma season finale digna de coração acelerado e suspiros emocionantes. Assim, permanece honrando o título que sempre lhe foi destinada. – Vitória Silva
Episódios Favoritos: Retired Janitors of Idaho (03×05), Too Much Birthday (03×07) e All The Bells Say (03×09)
6ª temporada de Superstore
Finalizada em 2021, a sexta e última temporada de Superstore inova ao mesmo tempo que consegue ser nostálgica para os fãs. Sem surpresa, a estreia do ano final abordou assuntos como a pandemia, encerramento de ciclos inesperados e tantos outros temas que vem de encontro com a realidade. Porém, com tamanha leveza que utilizaram, a série de comédia acaba passando várias lições sobre a vida. Considerando situações atípicas como o isolamento, o roteiro consegue interpretar a essência do que o fez em seus outros 5 anos, desde o episódio piloto.
É notável que nessa última temporada, mais do que encerrar uma história, os produtores procuraram ao máximo aproveitar todas as oportunidades que tinham para realizar com louvor esse fechamento, tais como a possibilidade de trazer todos que já fizeram parte relevante de Superstore, agraciar os fãs com aquilo que precisavam mesmo que não soubessem disso, ao mesmo tempo sempre quebrando essa expectativa. Por fim, inegavelmente, os telespectadores podem confirmar a tranquilidade com que as pendências dos outros cinco anos foram fechadas e um agradecimento aos participantes dessa aventura, ainda que tenham sido encerrados aos 45 do segundo tempo em All Sales Final. – Henrique Marinhos
Episódios Favoritos: California Part 2 (06×02) e All Sales Final (06×15)
2ª temporada de Ted Lasso
Depois de uma primeira temporada impecável que a consagrou com 7 Emmys e 1 Globo de Ouro, Ted Lasso tinha a difícil tarefa de ser melhor que ela mesma. E como superar seu próprio ápice? Assim como as grandes estrelas do futebol, a comédia da Apple TV+ viu uma oportunidade na mudança de ares. O tom que beirava o pastelão agora é dominado por uma dramédia que pende muito mais para o drama em seu segundo ano. Subvertendo tudo e todos, para aprofundar seus personagens, escancarando quem eles realmente são e o porquê daquilo, que hora ou outra vão se comunicar e atingir o eu interior do espectador que baixou sua guarda para a doçura do primeiro ano.
Em uma temporada mais pés (e bola) no chão, Ted Lasso joga o futebol para escanteio, mesmo tendo um notável avanço na hora de imprimir o esporte no audiovisual, para dar um foco em seus personagens e desmistificá-los. A decisão de colocar saúde mental e relações familiares como condutores do segundo ano mostra que a série, ao invés de seguir o caminho natural e apostar em uma segunda temporada maior, resolveu olhar para si própria e fazer do intimismo e das relações humanas e como elas impactam o mundo a sua volta seu triunfo. Assim como uma sessão de terapia, a segunda temporada de Ted Lasso traz à tona um turbilhão de emoções necessário. – Guilherme Veiga
Episódios Favoritos: Carol of the Bells (02×04), Beard After Hours (02×09) e No Weddings and a Funeral (02×10)
The Beatles: Get Back
Em 2021, o mundo finalmente teve acesso às mais de 50 horas de filmagens e mais de 150 de gravação em áudio que os Beatles produziram em 1969, compilados em quase 8 de filme. Na ocasião, um especial de TV estava sendo produzido, mas nunca chegou a ser lançado, e o material manteve-se oculto até então. Sob direção de Peter Jackson, a minissérie The Beatles: Get Back trouxe novamente o quarteto ao debate, deixando claro as competências musicais do grupo. Não foi à toa que a beatlemania foi retomada de forma efervescente após seu lançamento na plataforma Disney+.
Uma das grandes virtudes da minissérie é a nova visão que ela dá sobre os quatro integrantes. Em uma abordagem revitalizadora, os Beatles são apresentados – antes de sujeitos geniais e quatro indivíduos distantes da humanidade – como uma banda de rock. Eles discutem sobre as notas, erram os acordes, fazem piadas sem graça, treinam à exaustão pequenos trechos de novas canções, saem da banda em pequenos atos de revolta – George Harrison deixa os Beatles no final da primeira parte, e depois retorna –, mas ainda são quatro amigos fazendo música. Por essa razão, The Beatles: Get Back não poderia ficar de fora de uma lista de melhores. – Bruno Andrade
Episódios Favoritos: Part 1: Days 1-7 (01×01), Part 2: Days 8-16 (01×02) e Part 3: Days 17-22 (01×03)
1ª temporada de The Chair
Íntima, agradável e dosada, a série The Chair da Netflix traz em poucos episódios uma história bem construída e atenta às nuances que apresenta, além da comédia inteligente que propõe em pautas atuais. Estrelando Sandra Oh como a primeira mulher não-branca diretora do departamento de Inglês de uma faculdade estadunidense, a produção vai na contramão ao que as outras em alta mostram com a realidade jovial de universidades, mais aparente no episódio Brilliant Mistake, trazendo também profundidade aos personagens com amostras de suas idas a psicólogos como explicita o breve teaser lançado.
Além disso, também não se limitam a assuntos acadêmicos, as relações e acontecimentos em torno da vida de diversos personagens nos aproximam de toda narrativa trazendo essa intimidade. Um desafio superado foi trazer uma série de acontecimentos sem atropelamentos, tendo todos seu devido tempo e encerramento, o que é destacado no último episódio, The Chair, em que qualquer coisa pode acontecer. Mesmo sendo o final até então, os produtores foram bem sucedidos em criar um paradoxo mostrando um encerramento do enredo e a noção de que a vida continua a partir dali, sempre em mutação, trazendo por fim a confortabilidade em aceitar essas mudanças. – Henrique Marinhos
Episódios Favoritos: Don’t Kill Bill (01×04) e The Chair (01×06)
11ª temporada de The Real Housewives of Beverly Hills
Para quem acompanha o cotidiano das sete donas de casa mais extravagantes de Beverly Hills, a 11ª temporada de The Real Housewives of Beverly Hills se tornou um verdadeiro tribunal quando uma das estrelas do reality foi acusada de estar envolvida com o ex-marido Tom Girardi, advogado prestigiado pela reputação de “defensor dos oprimidos”, num esquema milionário de desvio de dinheiro de vulneráveis. Na temporada, o telespectador transforma-se em júri da jornada oblíqua de emancipação de Erika – dividida entre Erika Girardi, esposa-troféu obediente do gigante do Direito da Califórnia, até Erika Jayne, alter ego sensual que não deve satisfações à nada nem ninguém.
Rainha de gelo do reality, Erika é a grande estrela da temporada: seu casamento acabou, oportunidades profissionais se fecham e todos questionam sua índole. Ela é inocente? Ela é culpada? São questões que surgem entre as co-protagonistas, cabendo a cada uma, incluindo o telespectador, decidir o que é real. Felizmente, para a nossa diversão, ninguém diz o que todos falam por trás dos jantares glamourosos verdadeiramente infernais. E armada de alta-costura, bolsas de US$95,000, carros luxuosos e jatinhos particulares, Erika constrói uma narrativa deturpada que a põe como mártir de uma tragédia na qual ela não é vítima. – Ayra Mori
Episódios Favoritos: The Good, the Bad and the Ugly Leather Pants (11×08), Season’s Grillings (11×13) e The Dinner Party from Hell: Part Two (11×15)
The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade (The Underground Railroad)
Que tarefa difícil é reportar a grandiosidade de The Underground Railroad. Aqui, existe apenas (mais) uma tentativa de realizar isso. Um dos maiores destaques do ano no Amazon Prime Video, a série marca a estreia – nada leviana – do precioso trabalho audiovisual de Barry Jenkins na TV. A história é adaptada do romance homônimo de Colson Whitehead, vencedor do Pulitzer em 2017, e acompanha a jornada realisticamente mágica de Cora (Thuso Mbedu) em busca de sua liberdade e autonomia, tanto no sentido de sua condição de escrava em um Estados Unidos pré-Guerra Civil, quanto em sua experiência como parte de um povo que teve seu direito à humanidade violentamente negado.
Para compreender uma história como essa, só um trabalho rico de linguagem. Mas o potencial da Arte relevante que existe em The Underground Railroad, infelizmente, não foi devidamente apreciado por quem existe apenas em função de reconhecer tais méritos. Pela crítica especializada, a recepção foi boa, mas da entrega magistral de seu elenco, da expressão única nas palavras sábias de seu roteiro, e da identidade e um efeito expressivo vindo de sua direção, apenas o último foi notado em premiações como o Emmy. O mesmo erro não será cometido aqui, e o objetivo é fazer com que você não deixe de notar a produção que sustenta como poucas seu lugar dentre as Melhores de 2021. – Raquel Dutra
Episódios Favoritos: Georgia (01×01), North Carolina (01×03) e Indiana Autumn (01×08)
1ª temporada de The White Lotus
A trama de The White Lotus, da HBO, desperta a curiosidade de qualquer um, com um enredo inusitado e incomum de ser abordado: o privilégio e a exploração de pessoas ricas sobre a classe trabalhadora, que no caso, tem como cenário um resort de luxo em uma ilha paradisíaca. A série criada por Mike White (Enlightened, Escola de Rock), diverte, principalmente, por incomodar o espectador, que pode se ver, sem nem ao menos notarem, cometendo os mesmos erros daquelas pessoas; no entanto, trata os assuntos desconfortáveis de uma forma leve, com humor ácido, fazendo uso de deboche e ironia.
The White Lotus está presente para ensinar sobre as injustiças e diferenças entre as classes, e nos conscientizar a não vivermos na inércia do conformismo. Sem dúvida, se souber captar a mensagem que a série quer transmitir ao longo dos seis episódios, a vontade que nos impulsiona por mudanças virá. E tamanho foi o sucesso, que o que era para inicialmente ser uma minissérie, foi renovada para uma segunda temporada, com história e personagens diferentes, em formato de antologia. Também foi indicada a vários prêmios, dentre as quais venceu como Série de Comédia, e Ator, para Murray Bartlett, no festival AACTA International Awards. – Sabrina G. Ferreira
Episódios Favoritos: The Lotus-Eaters (01×05) e Departures (01×06)
5ª temporada de This Is Us
Após sua estreia em 2016, conforme os anos se passavam, This Is Us se revelava uma série formulaica. Uma fórmula eficaz, é verdade, entretanto que, após 4 temporadas, parecia começar a ficar obsoleta. Os plot-twists de cada temporada progressivamente mais absurdos, e os monólogos motivacionais de algum dos Pearson que sempre finalizam os episódios, são exemplos de atalhos usados à exaustão para gerar atritos entre os personagens. A 5ª temporada chegou cheia de dúvidas, ainda mais pelo momento em que era produzida, em meio a pandemia de covid-19. A solução encontrada pelo drama da NBC, contudo, não poderia ter sido mais excelente. E o seu maior mérito é, não se livrar das ditas fórmulas, mas explorá-las em novas circunstâncias. Dito isso, ao invés de optar pelo caminho do escape, a série escolhe trazer a realidade pandêmica para dentro das telas.
Os dois primeiros episódios introduzem com precisão qual será a abordagem da temporada. Não apenas a pandemia é presente, mas também outras tensões que marcaram 2020, como o terrível assassinato de George Floyd e os decorrentes protestos antirracistas nos EUA e no mundo. Junto a isso, é tomada a melhor das decisões e o protagonismo é totalmente entregue a Randall Pearson (Sterling K. Brown) e em como esse ciclone de eventos resvala nele. A série se aprofunda em definitivo nos seus conflitos de identidade enquanto um homem negro criado dentro de uma família branca e, sobretudo, em sua relação com os outros dois trigêmeos. São feitos que jamais poderiam ser alcançados em uma narrativa mais confortável e, caminhando para seu último ato, visceralidade é o que pauta This Is Us em seu quinto ano: sem medo do incômodo e se consagrando como a melhor temporada da série desde o seu início. – Enrico Souto
Episódios Favoritos: Forty: Part Two (5×02), I’ve Got This (5×10) e Brotherly Love (5×13)
1ª temporada de Vincenzo (Binsenjo)
A série sul-coreana Vincenzo, lançada em fevereiro de 2021, foi capaz de unir o clássico romance dos doramas com uma dose extra de ação e vingança. A emissora tvN, em parceria com a Netflix, entregou além do esperado no quesito enredo, misturando culturas e quebrando valores tradicionais ao trazer um protagonista anti-herói. Vincenzo Cassano (Song Joong-ki), advogado coreano e membro da máfia italiana, transforma o que poderia ser um clichê em palco para muito sangue e tiros, mas sempre seguindo seus princípios. Para os fãs do ator e também àqueles que estão cansados da monotonia, a produção é um prato cheio.
A atuação impecável de todos os atores fortalece o sucesso, passando desde veteranos como Kim Yeo-jin até o cantor Taecyeon (que teve participações menores em dramas), estes interpretando vilões de causar ódio profundo. Em todos os 20 episódios, há sempre muita tensão e ansiedade, e parte disso se dá pelo plot twist no meio do drama. A relação entre o mafioso e a advogada Hong Cha Young chega na medida certa, com muita química e um beijo daqueles guardado para o final. O humor atinge níveis geniais, com toda a confusão de nomes italianos e disputa entre os personagens. Joong-ki merece, inclusive, uma salva de palmas por seu sotaque italiano de dar inveja em qualquer um. – Maria Vitória Bertotti
Episódios Favoritos: Episódio 1 (01×01), Episódio 8 (01×08) e Episódio 20 (01×20)
Vingança Sabor Cereja (Brand New Cherry Flavor)
Podendo simbolizar da inocência à sensualidade, as cerejas transportam seu frescor para além da ambivalência na trama surrealista e instigante de Vingança Sabor Cereja. Protagonizada pela combustão emocional da cineasta iniciante Lisa Nova (Rosa Salazar), a minissérie é gerida pela busca da jovem brasileira em recuperar seu curta-metragem – roubado pelo afamado produtor Lou Burke (Eric Lange) – e aniquilar o ego do infame representante da indústria hollywoodiana. A guardiã das faces sombrias, irônicas e vulneráveis da história é a despudorada Los Angeles dos anos 90. Contextualizando luzes neon, body horror, paranormalidade e bruxaria à realidade brutal e aliciante da cidade, fotografia e roteiro vivificam o mais potente do universo do terror e o mais obtuso da mente humana.
Apesar de tanger assiduamente sexo, poder e alucinações em geral, a narrativa subverte todo o reducionismo esperado para essa atmosfera – justamente por não se encaixar no apelo mainstream. O suspense sabe injetar humor nos vínculos cênicos e induzir à eterna provocação de valores e intenções, como se um espelho suspenso moldasse a magia e o frenesi, como se o balanço entre sátiro e visceral fosse atingido. Vingança Sabor Cereja regurgita referências e clichês poderosos para eletrizar sua originalidade de ritmo e forma, digna de poucas criações da Netflix. Participando da saga do streaming em tentar emplacar sucessos macabros, a complexidade construída pela minissérie finalmente coroa esse propósito. – Vitória Vulcano
Episódios Favoritos: I Exist (01×01), Tadpole Smoothie (01×04) e Jennifer (01×05)
3ª temporada de Você (You)
Após uma 2ª temporada repetitiva e meia boca, Você entendeu que só conseguiria continuar se o jogo psicológico e doentio fosse protagonizado por outra pessoa. Foi assim que Love (Victoria Pedretti) ganhou espaço, deu sentido para a sua violência impulsiva, e construiu uma das melhores sequências de 2021. A terceira temporada foi inteiramente sustentada por ela e por sua atuação, conseguindo prender o interesse nos questionamentos existenciais de alguém que é tão complexa e contraditória quanto um ser humano pode ser.
Nessa construção nova da narrativa, Você conseguiu colocar Love e Joe (Penn Badgley) mais próximos da realidade, ou melhor, das situações que preenchem o telespectador de raiva. Não por um acaso, o casal deu conta de bater em pessoas anti-vacina, discutir ações ditas “pelo bem da família”, e pintar como cidades de bilionários da tecnologia e influencers de bem-estar vivem num redemoinho de pressão psicológica. O pior – ou melhor – de sua 3ª temporada, é o gostinho amargo de entender dois malucos, e que, provavelmente, não perdurará na 4ª, já renovada pela Netflix. – Nathália Mendes
Episódios Favoritos: Missing White Woman Syndrome (03×03), Red Flag (03×09) e What Is Love (03×10)
WandaVision
Depois de pegar uma cambada de super-heróis e supervilões de revistas em quadrinhos e enfiar em um bando de filme de duas horas, a Marvel parece ter percebido que alguns deles tiveram o desenvolvimento de uma uva passa. E bem, às vezes tudo que um personagem mal trabalhado em uma grande franquia precisa é de uma série de nove episódios para se redimir. Maltratada pelo roteiro desde sua primeira participação lá em Vingadores: Era de Ultron, Wanda Maximoff inaugurou as produções televisivas do MCU, trazendo em WandaVision a experiência mais desafiadora e fora da caixinha que o estúdio já havia se arriscado.
Suas sucessoras podem ter movimentado a audiência, mas foi a sagacidade da minissérie da Feiticeira Escarlate em se divertir às custas de sitcoms e remodelar a realidade da personagem que a firmou como uma das mais interessantes e inventivas de 2021. Ao ganhar esse espaço, Elizabeth Olsen abraça sua criatura ferida com carinho e sensibilidade, transparecendo o luto e a confusão que Wanda tanto luta para afastar. Ao seu lado, Paul Bettany tira um pouco a maquiagem vermelha e Kathryn Hahn é introduzida brilhantemente no frutífero Universo Cinematográfico. Que Doutor Estranho fique avisado: Wanda Maximoff não está para brincadeira. – Caroline Campos
Episódios Favoritos: All-New Halloween Spooktacular! (01×06) e Previously On (01×08)
1ª temporada de We Are Lady Parts
A originalidade da temática, muitas vezes incomum de ser abordada em séries, com culturas e religiões totalmente distintas das nossas, foi importante nessa escolha. We Are Lady Parts conta a história da formação de uma banda fictícia de punk rock muçulmana feminina, a Lady Parts, de Londres, em sua busca por uma guitarrista. Como resultado, elas se deparam com Amina (Anjana Vasan), uma garota excessivamente tímida e introvertida, que por trás da aparência comportada, é uma rebelde no estilo Joan Jett, e necessita dessa influência punk em sua vida.
A série tem uma trilha sonora incrível. Dirigida e produzida pela britânica Nida Manzoor (Doctor Who), We Are Lady Parts se divide em seis episódios, e foi super aclamada pela imprensa do Reino Unido. No entanto, ainda é pouco conhecida fora do território britânico, e infelizmente, difícil de encontrar, até mesmo por causa da distribuição limitada pela emissora de origem, a Channel 4. Também foi indicada a várias premiações, vencendo nas categorias de Montagem de Comédia, do Royal Television Society, UK. Foi renovada para uma segunda temporada, ainda sem data prevista para lançamento. – Sabrina G. Ferreira
Episódios Favoritos: Play Something (01×01) e Sparta (01×06)
3ª temporada de What We Do in the Shadows
Irreverentes e incomparáveis, os vampiros de Taika Waititi e Jemaine Clement ganharam uma terceira temporada para chamar de sua, e desgrudar os olhos da tela ao longo dos dez episódios se torna uma tarefa tão difícil como beber água benta. What We Do in the Shadows é um fenômeno da comédia televisiva e, ao aterrissar estapafurdiamente em mais um ano, consegue expandir as próprias pretensões e envolver o telespectador em pequenas narrativas de 25 minutos repletas de reflexões sobre a eternidade e sereias-avestruz apaixonadas.
Dando cada vez mais espaço ao seu melhor personagem e único vampiro de energia do quarteto, Colin Robinson (Mark Proksch), a temporada estreita os laços dos protagonistas e não se cansa de satirizar a si mesma. Enquanto Nadja (Natasia Demetriou) e Nandor (Kayvan Novak) assumem um plot próprio e linear, Lazlo (Matt Berry) e Guillermo (Harvey Guillén) vão alternando as suas histórias com o passar dos episódios. Com cada um no seu ritmo e todos perfeitamente perdidos na música, What We Do in the Shadows não se acanha em brincar com novos e velhos personagens a fim de construir uma das melhores comédias da TV atual. – Caroline Campos
Episódios Favoritos: The Escape (03×06) e The Wellness Center (03×08)
1ª temporada de Will Smith: The Best Shape Of My Life
Disposto em terminar de escrever a sua autobiografia Will e perder o peso que ganhou para interpretar o pai das tenistas Venus e Serena Williams em King Richard: Criando Campeãs, Will Smith embarcou em uma série documental com a expectativa de emagrecer 9 quilos em 20 semanas. Na realidade, Will Smith: The Best Shape Of My Life trouxe à tona para o público e para o próprio ator, a instabilidade da sua saúde mental e o fato de que ele teria que trabalhar para além da sua aparência física.
Em 6 episódios, a série destruiu o que Will Smith construiu em três décadas de carreira. Derrubando a aura de ídolo para se mostrar vulnerável, Smith finalmente expôs a sua coragem para desistir. Dono de um dos sorrisos mais conhecidos de Hollywood, ele descobriu que a sua necessidade de entreter as pessoas a todo momento somente o fazia enganar a si mesmo. Nas trincheiras entre a escrita e a academia, batalhou para curar as feridas do passado e se despiu de corpo e alma para o público que passou a o enxergar com outros olhos. The Best Shape Of My Life ultrapassou as expectativas e, por isso, acumula mais de 20 milhões de visualizações no YouTube. – Nathalia Tetzner
Episódios Favoritos: My Secret Shame (01×02), I Quit (01×04) e I’m Sorry Mama (01×05)
1ª temporada de Yellowjackets
O inferno é uma garota adolescente e o time de Yellowjackets vai te provar. Transmitida pela Showtime entre novembro de 2021 até o início de janeiro de 2022, a primeira temporada da série conta com um piloto comandado por ninguém menos que Karyn Kusama, diretora do horror cult feminista Garota Infernal, que definiu o tom nostálgico visceral dos 10 episódios desse coming-of-age mórbido regado de comicidade espontânea, ocultismo e canibalismo. Entrando na lista de favoritos do ano com motivo, a trama acompanha um time de futebol feminino, vítima de um acidente de avião, obrigado a encarar os extremos da sobrevivência no vazio de uma floresta desconhecida, pouco a pouco, esvaindo-se completamente da civilidade, mesmo após 25 anos do resgate das sobreviventes.
Privadas de uma experiência saudável da juventude, elas lidam com os traumas da morte, solidão, hormônios, intrigas juvenis e forças paranormais, que ganham dimensão pelo ritmo paciente do suspense, conduzido pela decisão de não entregar uma virada narrativa precipitada. Através do intercalamento de duas linhas temporais, passado e presente se complementam no desenvolvimento das personagens ordinariamente humanas. Mas é o quarteto central do elenco adulto, formado pela escalação acertada de queridinhas dos anos 90 – Melanie Lynskey, como entediada dona de casa; Juliette Lewis como uma destemida desajustada; Tawny Cypress, como política ambiciosa; e Christina Ricci, com a interpretação primorosa da lunática Misty –, que faz Yellowjackets brilhar, junto com o elenco adolescente que acompanha as veteranas à altura. A série é imperdível. – Ayra Mori
Episódios Favoritos: Pilot (01×01), Flight of the Bumblebee (01×08) e Sic Transit Gloria Mundi (01×10)
1ª temporada de Young Royals
Young Royals, mesmo sem conseguir um lugar entre as séries mais assistidas da Netflix, conquistou o coração de muitos fãs e trouxe algo que estava em falta no catálogo da plataforma: além do foco em um casal LGBTQIA+ vivendo um romance digno de Shakespeare, é mostrada na série a representação de adolescentes com a cara do mundo real, sem o estereótipo de vidas e corpos perfeitos. Com temas relevantes como uso de drogas, luto, pressão da mídia, preconceitos da sociedade e, claro, problemas da monarquia, Young Royals se mostra ser uma série dramática na medida certa que tem muito a dizer.
Wilhelm (Edvin Ryding), príncipe da monarquia sueca, e Simon (Omar Rudberg), um aluno de vida bastante simples, se conhecem, e desenvolvem seu belo romance de “príncipe e plebeu”. A história deles é linda e o amor mostrado é puro, e suas reações às complicações externas, que se multiplicam após Wilhelm se tornar o príncipe herdeiro, deixa claro que são, acima de tudo, jovens vulneráveis a tantas emoções e tanta pressão. Young Royals aborda lindamente a importância da força e da lealdade em diversos aspectos, como família, amigos e, principalmente, amores. A segunda temporada, já confirmada, promete trazer mais dessa história tão especial. – Gabrielli Natividade da Silva
Episódios Favoritos: Episode 4 (01×04) e Episode 5 (01×05)