Slanted and Enchanted: a estreia energética da banda definitiva do indie rock

O primeiro álbum do Pavement, ainda então um trio, comemora 25 anos. O ponto fora da curva da discografia, Slanted and Enchanted é também o disco mais marcante da banda

slanted and enchanted pavement cover

Lucas Marques dos Santos

Neste começo de 2017 relembramos dois importantes lançamentos do Pavement, uma das bandas responsáveis pela identidade do indie rock dos anos 90. Se as composições de Brighten the Corners, de 1997, partilham do ar desleixado e melódico de jam sessions que é a marca registrada da banda, a estreia dos californianos em 1992, Slanted and Enchanted, é um ponto estranho em uma discografia tão uniforme. Além das claras diferenças sonoras – canções com guitarras mais barulhentas e estruturas sólidas –, temos, principalmente, uma diferença em atitude: Slanted and Enchanted é a declaração mais firme e enérgica do Pavement. Continue lendo “Slanted and Enchanted: a estreia energética da banda definitiva do indie rock”

A depressão na arte, parte 2: a morte é real

Phil Elverum
Phil Elverum

(a parte 1 é esta.)

Nilo Vieira

A música foi marcada pela morte em 2016. Além de perdas notáveis (David Bowie, Prince, Leonard Cohen, Phife Dawg e incontáveis outros), alguns dos álbuns mais elogiados do ano tiveram relação direta ou indireta com a mortalidade humana: o camaleão entregou sua última transformação em uma mensagem cifrada, Nick Cave lamentou a perda precoce do filho através de drones e metáforas, Cohen simplesmente aceitou que estava pronto para partir e o A Tribe Called Quest se viu na tarefa de carregar a tocha do membro falecido (bem como do hip hop em geral) adiante. Continue lendo “A depressão na arte, parte 2: a morte é real”

Melhores discos de Março/2017

fora temer
I’m gonna make him a churras he can’t refuse

Pra evitar que você, leitor, consumisse carne estragada e passássemos vexame, nossa curadoria aproveitou o recesso para debulhar o máximo de discos possíveis – sem terceirização! O resultado foi bastante frutífero, e nossa seleção abrange de Brasil à China, indo do pop ao noiseContinue lendo “Melhores discos de Março/2017”

A nova do João Brasil

Capa do EP #nuncamaiseuvoudormir
Capa do EP #nuncamaiseuvoudormir

Victor Pinheiro

É difícil imaginar a mistura entre sucessos do pop internacional e o funk carioca ou um mix entre Nirvana e Olodum. Porém, há quem esteja disposto a criar essas combinações através da música eletrônica e ainda com uma pitada de humor. Um deles é João Brasil, considerado o rei do remix nacional. O DJ tem uma extensa lista de mashups incluindo Mc Bin Laden versus Coldplay em “Tá Tranquilo, Tá Clocks” e Calvin Harris e Os Avassaladores em “Summer é Foda”.

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We are the music makers: a trilha sonora da era das máquinas

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Nilo Vieira

Não é novidade que o processo de isolamento pode render ótimos trabalhos artísticos; só membros do Pink Floyd, por exemplo, já lançaram ao menos três grandes tratados sobre o assunto. Todavia, na era contemporânea, não há vertente sonora que capture essas experiências solitárias de maneira mais ampla e criativa que a música eletrônica. Valendo do gancho de aniversários, trataremos de algumas das mais impactantes – criadas por personalidades reclusas ou em períodos de isolamento. Continue lendo “We are the music makers: a trilha sonora da era das máquinas”

Iggy Pop, o idiota com tesão pela vida

Bárbara Alcântara

Quem teve a chance de ver Iggy & the Stooges no Claro Q É Rock, em 2005, ou no Planeta Terra, em 2009, ficou no mínimo abismado com a desenvoltura e a energia ainda exibidas pelo vocalista, mesmo aos mais de 60 anos de idade. Usando apenas um jeans feminino e um par de botas, Iggy Pop subiu nos amplificadores, fez danças inusitadas, abaixou as calças e ainda chamou o público para subir no palco – tudo isso enquanto cantava, a plenos pulmões, os clássicos da banda. No entanto, os caminhos até o topo foram ardilosos. Continue lendo “Iggy Pop, o idiota com tesão pela vida”

The Velvet Underground & Nico: uma banana para os hippies, uma bíblia para os tortos

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Gabriel Leite Ferreira

“Um dia uma chuva de verdade virá lavar toda a escória das ruas.”

– Travis Bickle

Entre as inúmeras contribuições de Martin Scorsese para a sétima arte, Taxi Driver é uma das maiores. Polêmico desde seu lançamento, em 1976, o quinto filme do diretor norte-americano sintetiza perfeitamente os anseios e as paranoias da geração pós-Vietnã em Travis Bickle, o taxista perturbado interpretado por Robert De Niro. O retrato sem retoques do submundo de Nova York é o auge da quebra dos padrões do cinema hollywoodiano promovida pelo New Hollywood, movimento capitaneado por diretores do final dos anos 60 cuja proposta tem raiz em outro campo da arte. Continue lendo “The Velvet Underground & Nico: uma banana para os hippies, uma bíblia para os tortos”

A depressão na arte, nua e crua: Parte I

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Nilo Vieira

O fim do semestre letivo se aproxima e, junto dele, o início do outono também. O ritmo acelerado e sufocante imposto pelos trabalhos finais, somada à alta tensão política que vivenciamos na modernidade líquida, só acentua o tom melancólico da estação. Neste cenário, não há trilha mais pontual que clássicos de cantautores solitários do folk – muitas vezes armados apenas de um violão e uma voz frágil. Continue lendo “A depressão na arte, nua e crua: Parte I”

La La Land: o sabor agridoce da nostalgia

La-La-LandJoão Pedro Fávero e Nilo Vieira

Não é incomum ouvirmos expressões como “bom mesmo era antigamente, quando…”, mesmo que de pessoas jovens, sendo disparadas em debates sobre produtos culturais e midiáticos. Damien Chazelle, diretor de La La Land e atualmente com 32 anos, parece sofrer de uma sensação nostálgica do mais alto nível, sentindo saudades de uma era não vivenciada por ele. Continue lendo “La La Land: o sabor agridoce da nostalgia”

Moonlight: gay kid, m.A.A.d city

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Nilo Vieira

Artistas negros sempre estiveram entre os mais importantes e inovadores em todos os segmentos, ainda que o reconhecimento fosse tardio ou quase inexistente. Na década atual, porém, este cenário vem mudando, dado que as lutas sociais da população negra são cada vez mais constantes e visualizadas: mais do que nunca, exigem ser vistos, ouvidos e representados dignamente, especialmente na arte. Continue lendo “Moonlight: gay kid, m.A.A.d city”