5 anos de Capitão Fantástico: reflexões que não envelhecem

Cena do filme Capitão Fantástico, onde os 7 atores, brancos com cabelos ruivos e loiros, estão sentados em roda com as mãos sobre os joelhos. O grupo se encontra em meio a uma pequena clareira na floresta de pinheiros, as plantas são verde claro e há montanhas ao fundo.
Capitão Fantástico está disponível no Youtube para alugar por R$9,90 (Foto: Reprodução)

Lorrana Marino 

O canto dos pássaros em harmonia com o som de água corrente se combinam à imagem serena da floresta. Lentamente, a cena se torna agressiva e com alguns nuances perturbadores. Um cervo morre. Um órgão ensanguentado é mordido. Um ritual de caça que faz um adolescente tornar-se adulto. A sensação é de que estamos assistindo a um grupo de pessoas selvagens, indóceis e hostis. Entretanto, a primeira risada muda tudo e o que vemos ali, na verdade, é uma família casada com a natureza. A dinâmica dos Cash (em português: dinheiro) – sobrenome esse que se apresenta irônico diante do estilo de vida anticapitalista que eles levam – nos é introduzida e entendemos que ali, em Capitão Fantástico, há sempre diálogo e música. 

Continue lendo “5 anos de Capitão Fantástico: reflexões que não envelhecem”

La La Land: o sabor agridoce da nostalgia

La-La-LandJoão Pedro Fávero e Nilo Vieira

Não é incomum ouvirmos expressões como “bom mesmo era antigamente, quando…”, mesmo que de pessoas jovens, sendo disparadas em debates sobre produtos culturais e midiáticos. Damien Chazelle, diretor de La La Land e atualmente com 32 anos, parece sofrer de uma sensação nostálgica do mais alto nível, sentindo saudades de uma era não vivenciada por ele. Continue lendo “La La Land: o sabor agridoce da nostalgia”

Até O Último Homem: quão intenso ecoa na história o ideal de alguém obstinado?

hacksaw0001

Guilherme Reis Mantovani

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge) nos apresenta a história verídica de Desmond Doss (Andrew Garfield), um interiorano norte-americano que opta por ingressar no Exército dos Estados Unidos pouco depois de conhecer Dorothy Schutte (Teresa Palmer), uma enfermeira pela qual se apaixona de forma irrefreável e recíproca. Devido à sua máxima de que a fé é a melhor alavanca para o ideal que fomenta seu caráter e calca seus princípios morais e religiosos – premissa esta moldada por traumas do passado, resultado de um ambiente familiar profundamente conturbado – o religioso Desmond encara uma batalha pessoal contra a hierarquia, o sistema e o preconceito do Exército ao expor sua vontade de se envolver na Segunda Guerra Mundial como médico de combate sem um único rifle para se proteger, disposto a salvar o maior número de vidas e decidido a não tirar nenhuma. Continue lendo “Até O Último Homem: quão intenso ecoa na história o ideal de alguém obstinado?”

Estrelas Além do Tempo: Aristocracia matemática

estrelas além do tempo

Eli Vagner F. Rodrigues

O título Estrelas além do Tempo não parece ser uma boa expressão para verter em português o original, Hidden Figures (figuras ocultas). Mesmo considerando que os títulos não devem ser, necessariamente, traduções e sim adaptações ou versões para um mercado específico, o título em português parece não dizer muita coisa sobre o filme. A obra, no entanto, diz bastante sobre temas que já conhecemos bem, segregação racial e preconceito de gênero. Por mais que estes temas sejam de grande importância e figurem como motivos culturais contemporâneos por excelência, não são suficientes, nesse caso, para levar o filme ao status de grande obra cinematográfica. Continue lendo “Estrelas Além do Tempo: Aristocracia matemática”

Kubo e as Cordas Mágicas: inovador, mas fiel ao stop motion

kubo-1

Nádia Saori

Kubo e as Cordas Mágicas é um longa de animação indicado à categoria de melhor animação, concorrendo com Moana, Zootopia, A Tartaruga Vermelha e Minha Vida de Abobrinha, e a de melhores efeitos visuais, concorrendo com Doutor Estranho, Mogli: O Menino Lobo, Horizonte Profundo e Rogue One. Dirigido por Travis Knight e produzido pelo renomado estúdio Laika, o forte da animação não é sua história, mas sua produção em stop motion que, com certeza, foi uma obra prima. Continue lendo “Kubo e as Cordas Mágicas: inovador, mas fiel ao stop motion”

Moonlight: gay kid, m.A.A.d city

moonlight-poster-lg

Nilo Vieira

Artistas negros sempre estiveram entre os mais importantes e inovadores em todos os segmentos, ainda que o reconhecimento fosse tardio ou quase inexistente. Na década atual, porém, este cenário vem mudando, dado que as lutas sociais da população negra são cada vez mais constantes e visualizadas: mais do que nunca, exigem ser vistos, ouvidos e representados dignamente, especialmente na arte. Continue lendo “Moonlight: gay kid, m.A.A.d city”

Zootopia: mais um acerto da Disney em animações

zootopia-movie-poster

Danielle Cassita e Guilherme Hansen

É muito comum as pessoas não darem importância a filmes de animação, com ideias prontas de que servem apenas para entreter e não passam nenhuma mensagem relevante ao público. Porém, a Disney tem provado nos últimos anos que esse conceito está completamente errado. Com animações bem feitas e também divertidas, seus últimos lançamentos provam que o conteúdo pode andar junto com o entretenimento. Continue lendo “Zootopia: mais um acerto da Disney em animações”

Manchester à Beira-Mar: a banalização da tristeza

Foto 1

Gabriel Leite Ferreira

O que fazer quando a vida é interrompida por uma tragédia? É possível superar o trauma ou restará a lembrança dolorosa dos que se foram para sempre ali, como uma ferida incurável? O diretor Kenneth Lonergan tenta responder a esse questionamento em seu novo longa-metragem Manchester à Beira-Mar e, de certo modo, é bem-sucedido nisso. Continue lendo “Manchester à Beira-Mar: a banalização da tristeza”

Elle: a polêmica análise de Verhoeven dos valores da sociedade contemporânea

elle
Isabelle Huppert em Elle

Luigi da Fonseca Rigoni

O novo filme de Paul Verhoeven, Elle, conta a história de uma mulher que teve sua rotina quebrada pelo ataque de um desconhecido dentro de sua própria casa. O evento, que já parecia ser traumático o suficiente, torna-se ainda pior: o agressor misterioso ainda não desistiu. O longa-metragem transita entre os gêneros suspense e drama, envolvendo o espectador em uma atmosfera pesada, na qual as ações dos personagens, em especial as da protagonista, traçam perfis psicológicos muito mais complexos e problemáticos do que se espera inicialmente.

Continue lendo “Elle: a polêmica análise de Verhoeven dos valores da sociedade contemporânea”

A Chegada: muito além de extraterrestres

Elisa Dias

Relativamente pacata e melancólica: é assim que a vida de Louise parece ser depois de assistir à primeira sequência do filme A Chegada, de Denis Villeneuve. O nascimento e a morte da filha revelam de cara um passado que dificilmente se perderia nas memórias da personagem. Um foco na aliança em seu dedo anelar é um spoiler velado e ao mesmo tempo gritante do fim da história. Uma vida aparentemente comum e trágica – até que surgem os E.T’s.

Continue lendo “A Chegada: muito além de extraterrestres”