Aviso: o seguinte texto discursa sobre temas que podem se tornar gatilhos para algumas pessoas que sofrem/sofreram com dependência química e violência sexual.
Clara Sganzerla e Letícia Stradiotto
Separe sua calça boca de sino, seu óculos escuro, uma blusa com a estampa mais divertida do seu armário e entre na atmosfera dos anos 70 com a banda mais incrível que, até então, não existia. A nova série do Amazon Prime Video,baseada no livro de mesmo nome da autora Taylor Jenkins Reid, nos apresenta, com muito drama, romance e emoção, a ascensão e queda do grupo mais polêmico e amado do Reidverso. Antes de mergulhar na Los Angeles regada a drogas, sexo e rock n’ roll, não esqueça seus fones de ouvido e prepare-se para se apaixonar, chorar e voltar no tempo com Daisy Jones & The Six.
A Música é o tom indispensável da vida. No amor, na alegria, na tristeza, na solidão, as canções preenchem playlists embalando a vida e refletindo a alma. As composições são o espelho de como artista e ouvinte enxergam a existência, fazendo com as mudanças sejam necessárias e novidades refresquem o imaginário auditivo de quem aguarda ansiosamente por um single, quiçá um disco de seu intérprete favorito. É impossível me conformar com a potência transformadora da Música. Assim como é inevitável usar tanto floreio para introduzir esse que reúne o melhor do que foi feito em 2022.
Com o formato de vendas modificado pelas plataformas digitais, os álbuns se tornam cada vez mais inviáveis para cantores inseridos na indústria, que coage produções única e exclusivamente voltadas a músicas virais para o TikTok. Quebrando aquilo que parece ter virado regra, o Persona emerge os ossos do ofício e abocanha 73 produções que marcaram o ano na Música.
Dominando a tarefa de trazer um novo fôlego para sua arte, The Weeknd lançou a rádio Dawn FM, vislumbrando dias melhores. Coroando o topo dos rankings, ROSALÍA acelerou com muita autenticidade sua MOTOMAMI. Ao lado da catalã, montada em seu cavalo prata, a musa-mor do pop renasceu. Kendrick Lamar ficou entre a cruz e a espada, SZA pediu socorro, Björk celebrou os recomeços, Sabrina Carpenter finalmente enviou seus e-mails, Florence and the Machine renovou seu nome na lista das netas das bruxas e a loirinha mais querida cantou seus terrores noturnos.
A música haitiana foi lembrada em notas do Topical Dancer. Cruzando o oceano, no mundinho do k-pop, enquanto 2022 serviu para SEVENTEEN se consolidar de vez como uma das maiores boybands da Coreia, artistas de outros grupos tão grandes quanto embarcaram em viagem solo, com novas perspectivas, sonoridades exuberantes e trabalhos coesos que entregam turbilhões de sentimentos. No território russo a boa surpresa veio do metal vampiresco da dupla IC3PEAK.
Em solo brasileiro Acorda, Pedrinho caiu na boca do povo, Bala Desejo ganhou o grande público, Ludmilla mais uma vez provou que nasceu para interpretar pagode, Maria Rita cantou para Xangô, e os calos de Alaíde Costa a fizerem – merecidamente – a cantora nacional mais citada nos rankings. Em meio a isso, o amargo das perdas imperaram no território com os álbuns póstumos de Marilia Mendonça e Elza Soares, o adeus a Erasmo Carlos, e aquela que foi a despedida mais cruel do ano, Gal Costa, a Doce Bárbara, se encantou.
O Melhores Discos de 2022 é dedicado a Gal Costa. Coisas sagradas permanecem!
Com o pé afundado no acelerador, o criativo Edgar Wright apresenta um passeio de motor que destaca-se entre as obras do gênero. Em Ritmo de Fuga, em inglês Baby Driver, realmente foge do estereótipo de outros feitos cinematográficos que envolvem crimes e carros em alta velocidade. Lançado em 2017, o primeiro filme realizado nos EUA pelo diretor tem a ambientação dos assaltos em Atlanta e resulta na combinação do romance com perseguições de carro, além de nos presentear com uma caracterização visual de tirar o fôlego.
No ano de 2012, dentro de uma garagem em Frankenmuth, cidadezinha alemã de Michigan, o som mais esperado pelos apreciadores do bom e velho rock’n’rollnasceu com a banda Greta Van Fleet. Em seu primeiro trabalho, o EP Black Smoke Rising, o grupo rebateu – com impulso – a polêmica e extremamente cansativa frase “Não se faz mais o rock como antigamente”, o êxito da banda disparou talento e reviveu a intimada e almejada melodia dos anos 70.
É um clichê introduzir uma lista de melhores do ano dizendo que o tal período foi “muito rico” ou “memorável” ou “maravilhoso” para a determinada área que a seleção em questão se propõe a registrar. Mas ao fim de 2021, não resta outra conclusão: o ano foi realmente muito especial. É uma série de motivos que sustentam a afirmação para além de uma expressão comum, e o Persona, que acompanhou cada Nota Musical dos referidos 12 meses, não só pode como deve te explicar o porquê o ano que passou ficará marcado na História da Música. Então, para fazer valer o clichê é que estamos aqui com Os Melhores Discos de 2021.
Não há maneira de iniciar uma lista que compila a nata de 2021 sem antes reconhecer o impacto da pandemia nas produções televisivas. Ainda lidando com os efeitos de atrasos, adiamentos e cancelamentos, a TV mundial se uniu ao redor dos heróis da Marvelno Disney+, das complexas famílias da HBOe, claro, de todo e qualquer original Netflix.
Por isso, não se assuste ao ler sobre a expansão dos Vingadores para as telinhas, com a campeã de citações WandaVision, nem com a astúcia de Kate Winslet no papel de uma policial com bastante a resolver, muito menos com as desventuras da puberdade que continuam excitando os personagens de Sex Education. Para esse ano que passou, o Persona aboliu as listas individuais.
Sempre queremos que a vida siga a linha pontilhada. A plataforma de streaming da Netflix acertou ao investir, no mês de novembro, em Entrelinhas Pontilhadas, a animação italiana com o nome original Strappare lungo i bordi. Com as funções de diretor e roteirista da série, o cartunista Michele Rech, mais conhecido como Zerocalcare, nasceu em Arezzo (Itália), e, mais tarde, mudou-se para Rebibbia, um bairro popular de Roma, no qual estabeleceu uma conexão inextricável. Alicerçado nisso, surgem suas primeiras obras em quadrinhos, como La profezia dell’Armadillo, traduzido para A profecia do tatu, que deu origem ao live action e, agora, consequentemente, à animação.
O Começo do Fim do Mundo, em 1982, foi o principal marco do punk rock brasileiro. O festival em São Paulo contou com a participação das primeiras bandas nacionais com foco na contracultura e foi dividido em dois dias, onde grupos como Ratos De Porão e Cólera eram atrações. Porém, logo no segundo dia, a Polícia Militar invadiu o local para queimar documentos relacionados à ditadura. Dessa forma, no fim dos anos 90, com a continuação da tendência punk em 2001 – quase 20 anos depois do evento – o grupo Charlie Brown Jr. lança o seu quarto disco e demonstra que agora, no som nacional, a única coisa a ser queimada é a censura.
O álbum 100% Charlie Brown Jr – Abalando A Sua Fábrica teve importância não só na evolução do conjunto musical, mas também na releitura do punk rock ao modo brasileiro de ser. Com a saída do guitarrista Thiago Castanho, é o primeiro projeto sem a formação original da banda e gravado com todos os instrumentos ao mesmo tempo, no estilo garage rock. Se você acha que o termo “100% Charlie Brown Jr” é uma ironia à separação e possivelmente uma saída do convencional em grupo, você está certo. Afinal, é fato que o vocalista Chorão (Alexandre Magno) era dono de um caráter forte – um tanto quanto rebelde– e queria marcar presença de uma forma específica: Abalando A Sua Fábrica, independente de qual fosse.
Não é novidade que o memorávelO Iluminado seja peça-chave nas principais produções cinematográficas do Terror. Apesar da rejeição de Stephen King – escritor da obra literária – o filme é um trabalho espetacular e extremamente agonizante de Stanley Kubrick, que trouxe à realidade a insanidade e as perturbações mundanas. A fim de realizar uma adaptação correspondente aos livros, King apostou suas obras em mais uma produção fílmica: Doutor Sono (2019), que oferece não só uma continuação, mas, também, explicações deixadas para trás no filme de 1980.
É impossível não gostar da Lagum. A chegada da banda ao mundo da Música começou em 2014, em Belo Horizonte, Minas Gerais, e desde então, os mineiros ganham cada vez mais destaque. A origem foi dada pelo Facebook, com um vídeo da composição de uma canção do vocalista Pedro Calais. Nisso, um amigo promotor de eventos incentivou a criação de uma banda. Amém. Atualmente, o grupo conta também com os integrantes Chico, Jorge e Zani, depois do falecimento do baterista Tio Wilson em 2020, que deixou muitos sons para os fãs. Apesar da perda enorme, a banda cresce cada vez mais e inova o estilo de som brasileiro com muita alegria.