Crônica da Casa Assassinada explicita os desejos reprimidos da aristocracia mineira

Capa do livro Crônica da Casa Assassinada. Na imagem consta uma capa estampada por formas marrom e preto, com o nome do autor, Lúcio Cardoso, no canto superior. O título do romance está abaixo em uma caixa cortada preta, onde está escrito: Crônica da Casa Assassinada. Acima, está o logo da editora Companhia das Letras.
Em abril, foi lançada a nova edição de Crônica da Casa Assassinada pela Companhia das Letras (Foto: Companhia das Letras)

Isabella Siqueira

Crônica da Casa Assassinada, lançado em 1959, assim como vários romances eternizados, contempla o fim da tradição familiar. Mas, ao contrário de clássicos como Os Buddenbrook e Cem Anos de Solidão, o romance não ficou marcado na literatura brasileira como deveria. A reedição pela Companhia das Letras é apenas o ponto de partida para a reparação que o autor merece. O crédito, muito merecido, de Lúcio Cardoso é visível pela maneira com que ele examina o interior da aristocracia mineira e sua decadência.

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Carnaval é o respiro de alívio que precisávamos

Na foto, 4 mulheres caminham em um corredor iluminado azul e rosa. Da direita para a esquerda, uma mulher branca, de cabelos rosas, usa uma blusa azul com mangas de brilho, um shorts jeans e uma pochete dourada, a segunda, mulher branca, usa um top com brilhos pratas e detalhes em azul, usa uma saia preta com um cinto prateado; está com os cabelos loiros presos em um rabo. A terceira, uma mulher negra, de cabelos pretos, usa uma blusa azul com detalhes em dourado, e uma saia dourada. A última, mulher negra, usa tranças nos cabelos pretos, uma blusa azul com um shorts vermelho
A Netflix nos trouxe de volta um gostinho do melhor feriado brasileiro (Foto: Netflix)

Larissa Vieira 

É até irônico falar sobre o Carnaval depois de mais de um ano dentro de uma pandemia que proíbe tudo que o fervoroso feriado brasileiro proporciona durante uma semana ou mais. Mas, como um respiro dentro das nossas 4 paredes de casa, a Netflix decidiu entregar, nas telas, um pouco do calor de fevereiro que não vivemos há algum tempo. O novo filme original da plataforma de streaming traz a essência brasileira, dentro de uma boa e surpreendente comédia romântica.

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Nota Musical – Maio de 2021

Destaques do mês de maio: Olivia Rodrigo, Karol Conká, MC Kevin e Twenty One Pilots (Foto: Reprodução/Arte: Larissa Vieira/Texto de Abertura: Raquel Dutra)

O ano se aproxima da metade e já podemos dizer que ele tem seus nomes. Ninguém vai conseguir lembrar de 2021 sem cantarolar a melodia de drivers license e imaginar o lilás da capa do primeiro disco de Olivia Rodrigo. O primeiro hit do ano colocou a adolescente sob os holofotes de todo o mundo, assinalando o seu nome em diversos recordes nas plataformas de streaming e criando uma expectativa gigantesca em cima de seu álbum de estreia.

Experiências adolescentes universais, muito estilo, atitude, talento, hype e aquela pontinha de nostalgia combinada com o jeitinho único da geração Z foram os artifícios de Rodrigo para construir em SOUR a melhor estreia que poderia ter feito. O recado é simples: com sua carteira de motorista em mãos e desabafos juvenis devidamente finalizados, todos os caminhos estão livres para o futuro da estrela Olivia.

Ao lado da princesa do Detran no hall de condecorados de 2021, possivelmente estará Lil Nas X. O primeiro álbum do nosso pequeno já tem nome, data de nascimento e muita identidade, conforme aponta o novo single. Se antes ele causou o terror de fundamentalistas religiosos ao descer até o Inferno numa barra de pole dance e sensualizar com o diabo, agora ele chega até o Céu através de uma canção íntima e sincera sobre suas vivências enquanto jovem gay negro.

E se o assunto é gente promissora, os trabalhos de chloe moriondo, ELIO, Alfie Templeman, girlhouse, Ashe e dodie também encontram um bom lugar em 2021 e nesta edição do Nota Musical. No núcleo teen, também está a chegada estrondosa do verão amanteigado do BTS, sinais da nova era de Conan Gray, novidade dos Jonas Brothers e de Niall Horan.

As amadas gravidinhas do Little Mix juntaram fôlego para acompanhar David Guetta em Heartbreak Anthem e fazer história no prêmio mais importante da música britânica. Na cerimônia do BRIT Awards 2021, o trio foi a primeira girlband a vencer a estatueta de Melhor Grupo, e não deixou o momento passar em branco no palco da premiação: “Vimos homens dominando, misoginia, sexismo e pouca diversidade. Estamos orgulhosas por termos permanecido juntas, nos cercado de mulheres fortes e agora usando mais do que nunca as nossas vozes”. 

Lá, Olivia Rodrigo também dominou o momento em sua primeira performance em uma premiação e Dua Lipa seguiu acalmada. Elton John aproveitou para mais uma vez demonstrar seu apoio à nova geração da Música, agora ao lado de Olly Alexander com a política It’s a Sin, na véspera do mês reservado para a celebração do Orgulho LGBTQIA+.

Os contemporâneos favoritos da Terra da Rainha, no entanto, não cumpriram as promessas de 2019. Coldplay chegou no BRIT Awards 2021 com um terrível novo single, que definha as tantas possibilidades para o futuro da banda construídas com o último disco no pop enjoativo que o quinteto britânico insiste em praticar. 

Erro esse que não foi cometido por Twenty One Pilots. A migração de sua mistura única e obscura de rock alternativo/hip-hop para os tons doces de um pop/rock vintage foi de início duvidosa, mas muito bem assimilada quando finalmente chegou aos nossos ouvidos. Fato é que os ouvintes mais apegados podem estranhar a sonoridade de Scaled and Icy, mas a nova era de Josh Dun e Tyler Joseph é rica em significados como sempre.

E o rock por si mesmo segue em boas mãos. Maio nos presenteou com o encontro épico de Sharon Van Etten e Angel Olsen e o retorno tão esperado de St. Vincent, que chegou em 2021 através de narrativas autobiográficas profundas e com a estética da década de 70. Mas o destaque do gênero vai mesmo é para o novo trabalho da banda dinamarquesa Iceage e o EP de PRETTY., paradas obrigatórias dentre a vastidão de obras pontuadas aí abaixo.

No folk, fomos embalados pelo novo CD do grupo Lord Huron e pelo quinto e belíssimo disco de Jon Allen. O blues também foi perfeitamente celebrado junto aos 20 anos de The Black Keys no décimo álbum do duo, e os amantes de country devem dar uma chance para a delicada influência do gênero na música de Aly & AJ. Já no R&B, Maio trouxe as preciosidades dos trabalhos de Sinead Harnett, Erika de Casier e Jorja Smith.

O saldo do mês no rap também foi o melhor possível. O retorno de Nicki Minaj com o lançamento de sua mixtape reformulada nas plataformas digitais é um aquecimento para o futuro da rapper, enquanto J. Cole segue um sucesso nas paradas mesmo quando respira entre suas safras. Aqui no Brasil, BK’ estreia o selo de sua produtora e Tasha e Tracie flertam com o funk em seu primeiro single do ano.

Na poética que só a rima permite, o rap do novo álbum de McKinley Dixon flutua em seus pensamentos sobre a vida numa das obras mais lindas de Maio e talvez de 2021, destinado à sua mãe, e a todos que se parecem com ela. As reflexões do jovem estadunidense acontecem de uma forma parecida com o trabalho de Jup do Bairro, que segue em Sinfonia do Corpo como uma das vozes mais relevantes na música nacional. 

Chegando em sons brasileiros, é impossível não gostar de pelo menos uma coisa que nosso pop vem produzindo. Depois de soltar a voz com Emicida na maravilhosa e icônica AmarElo, Majur inaugura sua carreira com louvor com Ojunifé. A promessa de Urias também é grande e a expectativa só cresce com o que ela libera para degustação de seu disco, que ganhou nome este mês. 

O novo trabalho da Tuyo, por sua vez, desenha para quem tinha dúvidas o porquê a beleza do som da banda chamou a atenção do The New York Times. Essa serenidade que permeia nossos artistas desaguou em Karol Conká, que retorna decidida a superar a sua curta porém intensa passagem pelo Big Brother Brasil.

Pabllo Vittar, de fato, não para. O lançamento da vez é uma volta às suas raízes, num forró com o drama de uma novela mexicana, que serve muito, como sempre, em marketing e complementos visuais. Próximo e longe da drag, está Gabeu, que como uma exímia cria do sertanejo e um legítimo orgulhoso de si mesmo, agrega mais um single em sua carreira, fortalecendo sua posição de precursor do queernejo no Brasil. 

Maio também nos permitiu apreciar Tim Maia em espanhol e Nando Reis em família, além de reforçar uma mensagem muito importante através de Martinho da Vila. O assassinato de George Floyd completa um ano, e a Arte não deixa de exercer sua função social e defender que Vidas Negras Importam.

Um mês de ganhos preciosos também foi um mês de perdas irreparáveis. Nelson Sargento, mestre do samba e parceiro de Cartola, MC Kevin, uma das vozes mais bonitas do funk, e Cassiano, rei do soul brasileiro e letrista de Tim Maia, foram alguns dos nomes que deixaram a vida nos últimos trinta dias. O Persona reúne a Editoria e os colaboradores no Nota Musical de Maio, em memória à importância de cada um deles para a música brasileira.

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Como comédia, O Auto da Boa Mentira é uma ótima homenagem a Ariano Suassuna

Cena do filme O Auto da Boa Mentira. A imagem traz o personagem de Jackson Antunes caracterizado de palhaço, com gravata grande, roupas de cores fortes e maquiagens extravagantes.
Cena do filme O Auto da Boa Mentira, onde retrata o palhaço Romeu, vivido por Jackson Antunes (Foto: Globo Filmes)

Guilherme Teixeira

 “Eu gosto do mentiroso que mente por amor à arte”, declarou nosso saudoso Ariano Suassuna (1927-2014) no trecho de uma entrevista inserida logo no início do filme que tem como base, a mentira. Dirigido por José Eduardo Belmonte e saudando as boas histórias do escritor pernambucano, O Auto da Boa Mentira conta em quatro esquetes, as histórias de Helder (Leandro Hassum), Fabiano (Renato Góes), Pierce (Chris Mason) e Lorena (Cacá Ottoni). O que eles têm em comum? A mentira. A boa mentira. Os quatro contos mostram as diferentes maneiras com que a lorota atua na vida de cada personagem individualmente. O time que forma o elenco do filme ainda conta com Nanda Costa, Cássia Kis, Jesuíta Barbosa, Luís Miranda e outros grandes nomes da Arte brasileira.

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Manu Gavassi, eu é que me sinto bem com você

Cena do filme Me sinto bem com você. Nela, vemos Manu Gavassi deitada com um papel em mãos. Ela é magra, branca e tem os cabelos loiros na altura do ombro. Ela veste uma camiseta listrada vermelha e branca.
Manu Gavassi e elenco repleto de talentos navegam pela quarentena no sensível filme pandêmico Me sinto bem com você (Foto: Amazon Prime Video)

Vitor Evangelista

Uma coisa é certa: a experiência da pandemia no Brasil é diferente de qualquer outro lugar do globo. Seja pelo descaso governamental ou pelo descuido populacional, enfrentar o isolamento social em CEP nacional é doloroso, desolador e qualquer antônimo de alegria que comece com a letra D. É claro que Matheus Souza não ia deixar esse caos coletivo viver apenas no mundo real, resolvendo catapultar a angústia de estar quarentenado e, para piorar, apaixonado, desapaixonado e em algum lugar perdido entre os dois.

Me sinto bem com você, assim, direto, é o título que abrange 5 microcontos, relacionando o afeto, o desafeto e a neurose que habita a mente de quem não sai de casa desde março do ano passado. O próprio diretor e roteirista protagoniza o mais sincero dos excertos, ao lado da produtora, cantora, ex-BBB e musa Manu Gavassi. Eles vivem um não-casal, separados há anos, mas ligados por aquele fio invisível tema de tantos poemas e poesias de adoração que lemos por aí.

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A Vida Depois do Tombo é precoce e pouco convincente

Cena do documentário A vida depois do tombo. Na imagem, Karol Conká está centralizada de perfil da altura do ombro para cima. Ao fundo, um telão com imagens desfocadas da também participante do Big Brother Brasil, Lumena Aleluia. Karol usa um blusão com tecido sintético cinza. O seu cabelo é crespo, num corte moicano e com tranças formando um rabo de cavalo.
Ninguém pediu e ninguém acreditou, mas a jogada da produção do documentário foi genial pois todos consumiram (Foto: Globoplay)

Giovanne Ramos

Não vou me prolongar falando da jornada – uso não intencional da palavra – e atitudes em detalhes da rapper Karol Conká durante a sua estadia relâmpago no Big Brother Brasil 21. Mesmo ficando apenas 4 semanas na casa mais vigiada do Brasil, a Mamacita ditou a dinâmica do programa, colocou em destaque personagens da edição e saiu sendo a segunda figura mais odiada do Brasil, título ainda segurado por governantes milicianos, eu espero. Mas o fato é que uma legião sedenta querendo o sangue da mulher preta guardava uma certa expectativa em saber o pós-confinamento de Karol, e isso foi alimentado com o documentário, que na minha humilde opinião, é precoce demais.

O título, quase satírico, A Vida Depois do Tombo foi lançado pelo Globoplay no dia 29 de abril, mas desde a sua primeira prévia, já deu o que falar. O ressentimento do Brasil ainda estava recente quando o documentário, feito às pressas, foi anunciado. A população nacional não estava preparada para uma narrativa redentora de Karol, na verdade não a queria. A posição de criticar seus atos reproduzidos em rede nacional, ameaçar sua família (que não possui culpa alguma), e regozijar do que parecia o declínio da intérprete da canção Tombei, era muito mais confortável.

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1 Contra Todos explora a redenção dos homens bons

Pôster da série 1 Contra Todos. A imagem exibe o protagonista da série, Cadu, em um fundo com tons de preto e cinza. Ele veste uma camisa preta, com calça jeans azul e cinto preto. Ao lado de Cadu, um letreiro em letras garrafais com o nome da série 1 Contra Todos (branco).
Até que ponto uma mentira se torna sobrevivência? Em 1 Contra Todos mentir acaba sendo um ato legítimo, mas que não é isento de consequências (Foto: Fox Studios)

Gabriel Gomes Santana

Coprodução de Gustavo Lipsztein, Breno Silveira e Thomas Stravos, a série 1 Contra Todos está disponível no Globoplay com suas 4 temporadas completas. Ela retrata a vida de Cadu, um homem intrinsecamente honesto, mas com uma dificuldade tremenda de se impor frente às ameaças que o cercam. Indicada por dois anos consecutivos ao Emmy Internacional nas categorias de Melhor Série Dramática e Melhor Ator para Júlio Andrade (intérprete de Cadu), a trama explora conflitos de valores morais e éticos, expondo a linha tênue entre honestidade e corrupção.

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Persona Entrevista: Felipe M. Guerra

Diretor comenta sobre a reedição de seu clássico do cinema amador para o Fantaspoa XVII e da realidade dos cineastas independentes no Brasil

Arte do Persona Entrevista. À esquerda, as palavras PERSONA ENTREVISTA estão contínuas em quatro linhas brancas e brancas. O cineasta Felipe M. Guerra está no centro da arte, em preto e branco no fundo vermelho. Ao seu lado, o poster do filme Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado, com FELIPE M GUERRA em preto acima.
Depois de nomes como Lemohang Jeremiah Mosese e Moara Passoni, o Persona Entrevista volta para um bate-papo com o cineasta independente Felipe M. Guerra (Foto: Necrófilos Produções Artísticas/Arte: Jho Brunhara)

Caroline Campos

A 17ª edição do Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre, que ocorreu no último mês de abril, rendeu o acesso a muitas obras internacionais até então inéditas no Brasil. Depois da cobertura do Fantaspoa XVII pelo Persona, o quadro de entrevistas do site retorna para conversar com Felipe M. Guerra, o diretor de um dos filmes mais comentados do evento: Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado

No aniversário de 20 anos do longa, Guerra, também jornalista, conta um pouco sobre seu processo de criação e a recepção do público durante o Fantaspoa, que marca a primeira vez que o filme foi disponibilizado online e sem restrições. Simpático, o gaúcho ainda comenta sobre a relação do Cinema com as novas tecnologias e o papel da arte independente. Sentiu saudade do Persona Entrevista? Então, acompanhe abaixo o papo que tivemos com o responsável por um dos maiores mitos do cinema amador.

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Há 20 anos e sem imaginar, Cássia encerrava sua carreira com som acústico

Capa do álbum Acústico MTV de Cássia Eller. Ao centro vemos a cantora. Uma mulher branca, de cabelo preto e curto. Ela veste uma regata preta e uma calça da mesma cor. Ela está sentada e em seu colo há um violão também preto. Ao fundo vemos flores grandes nas cores vermelho e amarelo. No canto superior esquerdo há o logo do acústico MTV. Na parte central do canto direito lê-se em branco acústico MTV cássia eller.
Convidar Cássia Eller foi ideia da própria produção, por conhecer a performance quase teatral da cantora no palco (Foto: Robson Messias)

Ana Júlia Trevisan

Para os nascidos na segunda metade da década de 80, a MTV é um canal que dispensa apresentações, sua filial brasileira – a MTV Brasil – foi fundada em outubro de 1990. Ainda que hoje faça sucesso com programas como De Férias Com o Ex e Catfish, a emissora teve seu auge nos anos 90. A grade diária era pensada para jovens adultos e influenciava o mercado musical da época, exibindo bandas como Nirvana e Alice in Chains. Seus programas viraram selo musical, como é o caso do fenomenal Acústico MTV, onde os artistas gravavam os clássicos de seu repertório sem instrumentos elétricos.

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Fantaspoa XVII: os filmes e curtas do Festival Fantástico

Arte em amarelo-mostarda. À esquerda, o símbolo do persona está distorcido acima do texto "Os filmes e curtas do fantaspoa XVII". À direita, a arte do festival está numa moldura dourada.
Com arte oficial de Renan Santos, o XVII Fantaspoa foi sucesso de público (Arte: Vitor Tenca)

E foi no meio da loucura da maratona do Oscar 2021 no Persona, que trombamos com o maior festival de cinema fantástico da América Latina. Chegando na sua 17ª edição, o Fantaspoa, Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre, foi realizado entre os dias 9 e 18 de abril, acumulando mais de 160 filmes entre longas e curtas para os amantes do gênero fantástico – que abrange o horror, o thriller, a ficção-científica e a fantasia. Pela segunda vez, o festival foi virtual, em decorrência da interminável pandemia de coronavírus, e gratuito, para que todos pudessem assistir as obras provenientes de mais de 40 países do globo. 

Em um mundo pré-apocalíptico, o Fantaspoa ocorria anualmente na cidade de Porto Alegre desde o ano de 2005. Em 2021, quase completando a maioridade, o festival ofereceu debates com cineastas, discussões sobre a inclusão no audiovisual, exposição a respeito do trabalho de mulheres no mundo do fantástico e até uma festa online. A arte da vez, utilizada para a própria arte desse post, foi criada pelo artista Renan Santos como uma referência aos 17 aninhos do festival, intitulada Reflexo. Já o lettering foi desenvolvido pelo diretor de arte Thalles Mourão, que também usou um aspecto refletido para retomar o gênero do evento.

Através da plataforma Wurlak/Darkflix, assistimos um pouco de tudo: filmes nacionais, internacionais, animados, psicodélicos, bizarros, medonhos e hilários. A curadoria trouxe peças singulares, inclusive a tão esperada disponibilização da obra Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado, a quase folclórica produção de Felipe M. Guerra que, no seu aniversário de 20 anos, ganhou uma reedição só para o festival. Entre os premiados, O Cemitério das Almas Perdidas recebeu do júri a consagração de Melhor Diretor para Rodrigo Aragão dentro da Competição Ibero-Americana e História do Oculto levou Melhor Filme e Melhor Roteiro. 

A cobertura foi singela – cerca de ¼ do Fantaspoa está registrada abaixo pelas palavras de Caroline Campos, Vitor Evangelista e Vitor Tenca. O material disponível sobre as produções é escasso, então angariar informações se tornou uma parte extra da cobertura na hora da realização dos textos. O resultado, no entanto, foi divertido e satisfatório, especialmente pela oportunidade de se deparar com tantas obras únicas, sejam elas maçantes ou extraordinárias. Abaixo, você confere um pouquinho da grandiosidade criativa da 17ª edição do Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre.

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