As Crianças do Sol buscam o tesouro

O elenco infantil de As Crianças do Sol brilha em cada exibição na 44º Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Divulgação Imprensa)

Caroline Campos

As histórias de caça ao tesouro encantam histórias infantis e clássicos da literatura desde que a cobiça encontrou o desejo pela primeira vez. No entanto, quando se trata de Crianças do Sol, a aventura lúdica da busca por riquezas e paixões não é tão divertida assim. Exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o longa iraniano do diretor indicado ao Oscar Majid Majidi se consolida como um manifesto contra o trabalho infantil, utilizando crianças extremamente talentosas e uma narrativa sinuosa para transmitir sua mensagem.

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Suor: a solidão é universal

Cortei o cabelo, gostaram? (Foto: Divulgação Imprensa)

Vitor Evangelista

Como é bom encontrar narrativas que fogem do senso comum em discussões quase que banalizadas pela modernidade. Suor, segundo filme do sueco Magnus von Horn, desvia de todos os clichês da vida dos influenciadores digitais, entregando um relato bruto e honesto sobre a frieza e o desalento da Sylwia, uma blogueira fitness do Instagram. O longa foi exibido na Competição Novos Diretores, da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

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Mamãe, Mamãe, Mamãe é uma memória agridoce

O filme faz parte da Competição Novos Diretores da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Divulgação Imprensa)

Jho Brunhara

A infância é uma das fases mais misteriosas da vida. A formação da personalidade enquanto a inocência guia as descobertas do que o mundo é feito; a insegurança diante de um mundo tão grande; o filtro moral ainda tão recente e frágil. Mamãe, Mamãe, Mamãe, longa argentino da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, é uma captura muito preciosa desse universo do que é ser uma criança, em contraponto com um trauma tão severo como a morte. 

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Masters in Short: os curtas da Mostra de São Paulo passeiam entre o onírico e o real

A projeção solitária de um filme em A Visita é um espelho da própria situação do público em isolamento (Foto: Divulgação Imprensa)

João Batista Signorelli

Um cineasta chinês lidando com a solidão durante a quarentena, uma sucessão surreal de imagens vindas do inconsciente, uma visita à ópera de Paris na década de 50, e por fim uma garota curda proibida de cantar em público podem não ter muito em comum, mas todos estão presentes em Masters in Short, a seleção de curtas da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, exibidos como Apresentação Especial. Os 5 curtas escolhidos podem de início aparentarem não ter nada de comum, mas ao comparar o modo como cada um retrata a sua realidade diegética, relações interessantes começam a despontar.

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Verlust é um filme encalhado

Ismael Caneppele, Marina Lima e Andrea Beltrão na festa de Ano Novo de Verlust, filme exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Divulgação Imprensa)

Caroline Campos

Verlust, no alemão, significa perda – mesmo que lust, sozinha, signifique desejo. Afinal, quanto mais desejamos algo, mais medo temos de perdê-lo. Se soubermos que vamos perder, maior é o desejo. É essa complexa e profunda palavra do alemão que o cineasta Esmir Filho escolhe para intitular seu novo filme, Verlust, que participa da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção Mostra Brasil. Uma experiência angustiante e cheia de conflitos, o longa carrega no elenco grandes nomes do cenário nacional e uma trilha sonora impecável.

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La Francisca, Uma Juventude Chilena e as variáveis do silêncio

Numa colaboração entre Chile, França e Bélgica, o filme traz silêncios cinzentos e jovens latino-americanos vibrantes para colocar pedofilia em foco na Competição Novos Diretores da 44ª Mostra de SP (Foto: Reprodução)

Raquel Dutra

Existe um problema sério em retratar atos desumanos explicitamente no cinema. Abordagens nessa direção revelam um caráter tão repugnante (que de fato, tais atos possuem) que a nossa resposta diante deles, na maior parte das vezes, é o distanciamento. Repelimos aquelas atrocidades da nossa realidade e esquecemos o local e a forma exata onde/como elas se concretizam, que infelizmente, é no ordinário. E quem concebeu La Francisca, Uma Juventude Chilena parece estar ciente disso. A coprodução francesa-chilena-belga é parte da seção Novos Diretores da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e usa um cenário comum para sussurrar observações necessária sobre pedofilia.

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Convenção das Bruxas reinventa o clássico dos anos 90

A nova versão das Bruxas de Dahl é assustadora (Foto: Reprodução)

Caroline Campos

Aos gritos de “vão estragar minha infância”, o remake de Convenção das Bruxas finalmente chegou – para a felicidade dos amantes de Anne Hathaway e de Halloween. Por isso, às vezes, o aviso se torna necessário: não, querido fã, uma nova versão do seu filme preferido não anula a existência do original. Fiquem tranquilos, Anjelica Huston segue incomparável e sua trupe de destruidoras de criancinhas estarão eternamente disponíveis para serem revisitadas. Enquanto isso, curtiremos o novo longa de Robert Zemeckis, reimaginando a clássica história que completa 30 anos em 2020.

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O sangue é a moeda em Nova Ordem

O longa faz parte da categoria Perspectiva Internacional na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Divulgação Imprensa)

Jho Brunhara

A expectativa que um filme gera é uma faca de dois gumes. No caso de Nova Ordem, um dos títulos mais hypados da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, é uma lâmina cega e enferrujada, mas que faz estrago. O filme do diretor mexicano Michel Franco, Nuevo Orden no idioma original, é uma exibição de 1h30 que em pouquíssimos momentos rompe a violência gratuita e apontamentos óbvios sobre a luta de classes. 

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Cidade Pássaro: os desencantos da metrópole

Cidade Pássaro marca o retorno de Matias Mariani à Mostra de SP (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Tateando uma São Paulo incomum na grande mídia, Cidade Pássaro é um filme singular. Por quase duas horas somos conduzidos por uma cidade poluída, imunda física e espiritualmente pelo bafo do capitalismo e da pobreza. Imigrantes tomam o posto de protagonista e a seriedade de Amadi (O.C. Ukeje) é a régua moral da narrativa, na incessante busca pelo irmão Ikenna. Parte da Mostra Brasil da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Cidade Pássaro voa sem amarras, com a corrente do ar à seu favor.

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Falta um tchan em A Herdade

Fazendo parte da seção Perspectiva Internacional, o filme está presente na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

“Roubou-me metade da vida, agora não me rouba mais nada” – Leonor

O drama histórico A Herdade (2019) explora uma trama clássica, mas já conhecida, conta a história de uma importante família durante décadas, desde seu apogeu até seu declínio. Dirigido pelo cineasta Tiago Guedes, o filme é parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, e foi a escolha de Portugal para o Oscar 2020. Contudo, apesar de ser encantador, não inova em absolutamente nada.

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