Disque Amiga para Matar tece uma narrativa de erros

O texto contém spoilers apenas da 1ª temporada, cuidado (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

A turma do Scooby-Doo sempre se metia em enrascadas antes de solucionar seus mistérios. Daphne, Velma, Salsicha, Fred e Scooby fazem o bem, geralmente erram no meio, mas o final é feliz. Disque Amiga para Matar, protagonizada por Linda Cardellini, a Velma dos filmes dos anos 2000, segue a mesma premissa. Sua personagem Judy Hale se junta à Jen Harding (Christina Applegate) para se equivocar e meter os pés pelas mãos. A dupla continua encobrindo assassinatos na 2ª temporada mas, acreditem, é tudo com boas intenções.

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De histórias amargas Hollywood já está cheia

Através da figura de Eleanor Roosevelt, a série sublinha a importância da arte e seu poder político: ‘you have more power to change the world than a government does’, declara sobre a escalação de uma negra como protagonista (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Quando o super produtor Ryan Murphy se afastou da Fox, casa de suas grandes obras, e assinou com a Netflix, a surpresa foi grande. O mega contrato de Murphy começou com The Politician (2019), uma dramédia política que servia aos agrados do protagonista Ben Platt. A segunda investida no streaming chegou em meio ao isolamento social, na forma da minissérie Hollywood. Centrada num grupo de jovens que sonham em ascender na terra do cinema, a afinada produção busca reescrever a história, sob tutela otimista e humor para abafar injustiças.

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As dúvidas e incertezas de um relacionamento chegam até mesmo para Lara Jean

Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você é a segunda adaptação da trilogia de livros de Jenny Han (Foto: Reprodução)

Vinícius Santos

Quando se trata de comédias românticas, a Netflix não se recusa em exagerar nos caprichos. E não foi diferente em Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você, a sequência do longa de Susan Johnson. O primeiro trabalho de Michael Fimognari como diretor traz reviravoltas na trajetória dos personagens que conquistam fãs desde a trilogia literária. Inclusive, com o lançamento do trailer, a obra já vinha recebendo críticas mesmo antes de sua estreia.

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O retrato da saúde mental toma forma em I Am Not Okay With This

I Am Not Okay With This é a segunda adaptação das HQs de Charles Forsman na plataforma (Foto: Reprodução)

Bruno Azevedo

Ano após ano a criação de conteúdo original na Netflix só aumenta. Apenas em 2019, foram lançadas 371 produções. Nessa enxurrada de filmes e séries, I Am Not Okay With This chama a atenção não só por ser dos mesmos produtores de Stranger Things, mas também por compartilhar da estética e da direção de The End of the F***ing World. O atrativo maior, no entanto, é a premissa da série, que prende pela mistura de drama e comédia irônica desde o primeiro episódio.

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A falsa despretensão em AJ and the Queen

Nos é prometida uma comédia, mas as pessoas são mais complexas do que isso

Capa oficial da Netflix para “AJ and the Queen”, à esquerda, AJ, interpretada por Isabella “Izzy” Gaspersz, e, à direita, RuPaul Charles como Robert Lee (Foto: Divulgação)

Arthur Almeida

AJ and the Queen é uma das primeiras séries a estrear na Netflix neste ano de 2020. A produção estadunidense, projeto da plataforma, tem como eixo narrativo as entrecruzadas histórias de AJ (Isabella “Izzy” Gaspersz) e Robert Lee (RuPaul Andre Charles). 

Amber Jasmine (AJ) é uma menina de 10 anos que, para sobreviver na cidade sem o auxílio de um responsável adulto presente em sua vida, engana outras pessoas e realiza furtos. Robert Lee é um homem com cerca de 50 anos que ganha a vida em cima dos palcos como a Drag Queen Ruby Red. 

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A odisseia caótica de Joias Brutas

Em Joias Brutas, a cidade é tão importante quanto seu protagonista (Foto: Reprodução)

Caio Machado

Joias Brutas, novo filme dos irmãos Safdie (conhecidos anteriormente por seu trabalho em Bom Comportamento, que tem Robert Pattinson no papel principal), serve para ilustrar o que as pessoas querem dizer quando hoje em dia as coisas estão muito mais aceleradas e cada minuto do seu tempo é mais precioso do que nunca. A trama do filme acompanha Howard Ratner (Adam Sandler), um joalheiro viciado em jogos de azar que precisa correr contra o tempo para pagar suas dívidas com mafiosos enquanto lida com seu casamento que está se desfazendo aos poucos.

Sex Education encanta pela gentileza

Sex Education segue a vida de Otis que começa a dar conselhos de terapia sexual para os colegas do Ensino Médio (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista 

‘Vivemos como sonhamos, sozinhos’. A frase de Joseph Conrad, que ilustra a redação de Maeve, cai como uma luva na micronarrativa da britânica Sex Education. Quando o pensador vincula a ideia do onírico ao mundo real, ele também acaba revelando uma faceta importante de nossa relações humanas: a incessante necessidade de ter alguém para dividir momentos. E, como boa série teen que é, o sucesso da Netflix caminha gentilmente em territórios poéticos ao nos apresentar as vivências e amores dos estudantes de Moordale, no Reino Unido. Tudo regado a um texto sincero, desbocado e que transborda honestidade. 

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Dois Papas nunca salga suas feridas

Anthony Hopkins ganhou a cultura pop na pele de Hannibal Lecter, que lhe rendeu um Oscar, e Jonathan Pryce deu vida ao Alto Pardal, em Game of Thrones (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

‘Que hino é esse que você está assobiando?’ pergunta um carrancudo Papa Bento XVI (Anthony Hopkins) ao carismático Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce). O futuro Papa Francisco sorri ao responder, ‘é Dancing Queen, do Abba’. É nesse marasmo lírico que Fernando Meirelles decide versar sobre religião, legado e sobre desavenças. O embate ideológico entre dois homens, idosos, membros da mesma Guilda. Dois Papas pode ser esmiuçado e desmontado na representação de uma longa prosa, amena e chapa branca. Seria ilógico procurar na Netflix, essa grande corporação que tenta agradar a todos, um estudo potente e doloroso sobre os crimes da Igreja Católica ao longo do tempo. 

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História de um Casamento é quase um pesadelo

O filme é uma das grandes apostas da Netflix para a temporada de premiações (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

O novo filme de Noah Baumbach pode ser caracterizado como o reflexo honesto de um grande pavor do ser humano: o de acabar ciclos. A grande estrutura familiar que desmorona, a mudança entre cidades e o fim de uma relação que se constrói em diversas facetas e camadas, aqui temos amor, amizade, dor, medo. O diretor cria um ‘pesadelo’ à luz do dia quando conta o fim do matrimônio entre Nicole (Scarlett Johansson) e Charlie (Adam Driver). História de um Casamento é, acima de tudo, sobre como lidamos com sentimentos que não cabem mais onde estavam.

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O Irlandês assusta pela comodidade

O Irlandês é o filme mais importante lançado pela Netflix até hoje, tanto pelo orçamento astronômico quanto pelos nomes por trás do projeto (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Martin Scorsese é um diretor de excessos. O gênio do cinema já se aventurou por uma série de gêneros e estilos, todavia, foi contando histórias de mafiosos e italianos que ele encontrou louros. É claro que não podemos definir e limitar seu cinema a isso, algo assim seria um equívoco sem igual. Mas o imaginário popular e qualquer busca rápida sempre leva o nome de Scorsese casado à produções como Os Bons Companheiros (1990) ou Cassino (1995). O elemento que amalgama a arte de Martin, e seu discurso cinematográfico como um todo, é também o cerne das aventuras que decide contar: o legado que os homens deixam para o futuro. E em O Irlandês, no terreno conhecido de caras maus e crimes à luz da lua, Scorsese maquina seu primoroso pedaço de arte.

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