Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais (e amorosos)

Cena do filme Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais. Em um ambiente bem decorado, uma mulher de expressão séria, com cabelo curto castanho e usando uma blusa estampada, está sentada atrás de uma mesa, observando atentamente duas pessoas que aparecem de costas no enquadramento. A mesa está repleta de objetos eróticos, incluindo brinquedos sexuais e acessórios, sugerindo um contexto de conversa aberta sobre sexualidade. Ao fundo, uma estante organizada com livros e pequenos ornamentos contribui para a atmosfera aconchegante e reflexiva do espaço, reforçando o tom direto e provocativo da cena.
Renata Paschoal também é fundadora da produtora Forte Filmes, presente no Cinema, Teatro e Televisão (Foto: Forte Filmes)

Henrique Marinhos

Em competição na seção Novos Diretores da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais é uma Comédia que explora as delícias conflituosas dos relacionamentos contemporâneos. São quatro histórias que, apesar de independentes, se conectam por suas temáticas: trisal, anal, se apaixonar no ambiente profissional e com quem vamos ficar no final. O filme, dirigido por Renata Paschoal, brinca com as inseguranças e desejos humanos sem pudores.

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Maria Callas faz do comum uma estrela

Cena do filme Maria Callas. Na imagem, Maria está entre cortinas, segurando seu rosto com as duas mãos, uma em cada lado da face. Ela olha de canto com expressão séria. Usa um óculos grande, cabelo repartido ao meio e uma blusa de crochê na cor branca. Ela é uma mulher branca, de olhos claros, na faixa dos 50 anos.
O filme estreou no Festival de Veneza em Agosto de 2024 (Foto: The Apartment Pictures)

Davi Marcelgo

Ao longo de quatro anos, Pablo Larraín dedicou seu trabalho de cineasta à Ditadura Militar chilena, com Tony Manero (2008), Post Mortem (2010) e No (2012). Desde 2016, o diretor agarrou outro gênero, parecido com o drama de época, a cinebiografia, com os filmes Jackie (2016) e Spencer (2021). Em 2024, sua visão sobre mulheres históricas do século XX adentra os palcos do Teatro Scala de Milão e registra os últimos dias de vida de Maria Callas (Angelina Jolie). Maria Callas foi selecionada para a 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e faz parte da seção Perspectiva Internacional. 

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Eu Vi o Brilho da TV! Ou tudo que você podia ser

Cena do filme I Saw The Tv Glow. Na imagem, a versão na infância do personagem Owen está dentro de uma coberta com cores rosa, roxa, branca e azul marinho. O garoto está centralizado, de pé, enquanto outras crianças estão sentadas ao fundo. Owen é um garoto na faixa dos 10 anos, de pele escura, cabelos curtos e crespos em tranças. Ele veste uma camiseta manga longa listrada de azul marinho, verde escuro e branco.
O longa fez parte do Festival Sundance nos Estados Unidos (Foto: A24)

Davi Marcelgo

A produção da A24, Eu Vi o Brilho da TV (I Saw The TV Glow, no original), longa dirigido e escrito por Jane Schoenbrun, faz parte da seção Perspectiva Internacional na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Na trama, Owen (Justice Smith) é um garoto tímido que faz amizade com Maddy (Brigette Lundy-Paine), uma garota com muita personalidade, que apresenta a ele um programa de televisão sobre duas amigas com uma conexão psíquica. Anos depois, o protagonista  questionará o que é ficção e realidade. Pode parecer que essa história é um suspense, mas, na verdade, é um drama queer

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Onda Nova – Gayvotas Futebol Clube é um hino ao desejo e a juventude

 Cena do filme Onda Nova - Gayvotas Futebol ClubeNa imagem, Marcelo e seu amante estão em um quarto, o quarto tem paredes brancas, chão de madeira, uma janela sem grades aberta, com vasos de planta. Nas paredes há um pôster com a logo do filme Star Wars: O Retorno de Jedi. Outras fotografias e pichações estão presentes. O ponto de vista é de um espelho, Marcelo aponta um revólver para o objeto. Ele veste uma saia curta, preta, de couro. Dá para ver seu pênis sair para fora, ele está sem camisa. Marcelo é um homem na faixa dos 20 anos, de pele clara e cabelos claros. No chão, o amante está deitado no colchão, olhando o espelho. O colchão está coberto com um lençol verde escuro. O amante também está pelado. Ele é um rapaz na faixa dos 20 anos, de pele clara e cabelos claros.
Com versão restaurada, pornochanchada brasileira faz parte da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Olympus Filme)

Davi Marcelgo 

O ano de 1983 foi marcado pela regulamentação do futebol feminino no Brasil, prática proibida desde 1941, na Era Vargas. Aquele ano também foi sublinhado por Onda Nova – Gayvotas Futebol Clube da dupla Ícaro Martins e José Antonio Garcia, filme produzido no polo cinematográfico Boca do Lixo e exibido pela primeira vez na 7ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, há 41 anos. Em 2024, o filme ganhou restauração graças à seleção para o Festival de Locarno (Suíça) e à união do trabalho da Cinemateca Brasileira junto à Martins, à família de Garcia e outros artistas e colaboradores. Além disso, teve duas sessões na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção Retrospectiva.

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A Alegria é a Prova dos Nove: um mergulho de cabeça no raso

Cena do filme A Alegria é a Prova dos Nove. No centro da imagem, está a protagonista, uma mulher idosa, branca e de cabelos ruivos bem laranjas. Ela está com tinta azul espalhada por todo o rosto e colo e olha para cima com uma expressão de êxtase e a boca aberta em um sorriso. Atrás dela, tem um homem à sua direita e uma mulher à sua esquerda, ambos também com tinta em seus rostos e corpos.
Helena Ignez traz para o seu filme parceiros de longa data, com quem já trabalhou outras vezes, como o amigo artista Ney Matogrosso e sua filha, a atriz Djin Sganzerla (Fonte: Mercúrio Produções)

Giovanna Freisinger

Não se pode dizer que A Alegria é a Prova dos Nove não é uma experiência. Até os últimos minutos, paira a dúvida: é uma sátira, né? Por esses breves momentos, se torna genial, seria uma crítica afiada às cirandas de uma nova esquerda totalmente desorientada. Há momentos de frivolidades tão cômicos que só poderiam ser propositalmente irônicos. Mas, em seu desenrolar, o filme segue confirmando que não. Não é uma sátira, são só os devaneios de uma classe alheia à realidade do presente.

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Qual é o preço do Pedágio?

Cena do filme Pedágio, da diretora Carolina Markowicz. Imagem retangular e colorida. Nela, vemos Suellen, personagem interpretada por Maeve Jinkings, com o ombro escorado na coluna de um pedágio. Suellen é uma mulher branca, de cabelos lisos e olhos castanhos, que usa brincos de argola dourados nas orelhas e veste um colete verde. Ela tem uma feição apreensiva e olha para frente.
Antes de iniciar seu ciclo comercial, Pedágio também teve passagem na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na categoria Mostra Brasil (Foto: Paris Filmes)

Enrico Souto

Vivemos em um país em que os ecos da homofobia, institucionalizada e articulada pelas principais ferramentas de poder, podem afetar até mesmo a relação de uma mãe e um filho na periferia da Baixada Santista. Um discurso que está socialmente arraigado de tal forma, que é capaz de levantar entre eles uma barreira quase intransigível, em nome de uma luta que opera contra seus próprios interesses. Pedágio, filme nacional que chegou aos cinemas em Novembro, assume todas as facetas desse fenômeno, através de uma trama que não poderia irromper de outra forma, que não em um humor tragicamente mordaz. 

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Folhas de Outono é uma comédia romântica sem paixão

Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes, Folhas de Outono integrou a seção Perspectiva Internacional da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: O2 Play)

Vitória Gomez

Em um dia cinza, uma trabalhadora de um supermercado é demitida por furtar uma refeição vencida, que iria para o lixo. Pouca diferença faz, já que um serviço tão mecânico poderia ser melhor aplicado em qualquer outro lugar. Na mesma cidade, mas aparentemente sem conexão nenhuma, um homem alcoólatra é dispensado por beber no trabalho. Para ele, a mesma coisa: com exceção do salário no fim do mês, pouco importa. É nesse cenário de desilusão e desesperança total que ambos se encontram, e Folhas de Outono mostra que é possível fazer comédia romântica sem nenhuma paixão ou graça.

Presente na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e no Festival de Cannes, o longa do finlandês Aki Kaurismäki parte de um lugar comum: uma demissão – ou melhor, duas demissões. No entanto, com a constante frieza do trabalho assombrando o dia a dia, as risadas se fazem no absurdo e na solidão compartilhada entre dois protagonistas que igualmente buscam por conexão humana (ou animal) em meio a um cotidiano de sobrevivência.

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O pesadelo feminino toma forma em The Royal Hotel

Cena do filme The Royal Hotel. Da esquerda para direita, Liv (Jessica Henwick) abraça por trás Hanna (Julia Garner) e descansa a cabeça em seu ombro. As amigas estão em uma sacada, olhando para o lado de fora.
Kitty Green colabora novamente com Julia Garner, estrela do seu filme anterior, A Assistente (Foto: Universal Pictures)

Giovanna Freisinger

Um bar fuleiro, na fronteira de uma remota cidade mineradora no deserto australiano, com a população majoritariamente masculina. Essa é a ambientação de The Royal Hotel. Não tem espíritos possessivos nem psicopatas mascarados, mas é um cenário para um filme de terror tão assustador quanto, senão mais. Pergunte a qualquer mulher. A diretora Kitty Green aperfeiçoa o pesadelo feminino, comunicando eficientemente a sensação de ser observada como um pedaço de carne fresca, em meio a predadores famintos. O suspense se constrói sobre aquilo que é desconfortável, sinistro e, assustadoramente, familiar. 

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Em Ousamos Sonhar, o refúgio é a esperança

Trazendo à tona os desafios dos imigrantes no esporte, Ousamos Sonhar fez parte da Competição Novos Diretores da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Violet Films)

Jamily Rigonatto 

Lutar, correr e persistir, três verbos que se encaixam perfeitamente nas rotinas de dois mundos aparentemente distantes: esporte e imigração. Ousamos Sonhar é o ponto de encontro, uma prova de que universos se fundem e são capazes de dobrar a força de qualquer palavra. No filme, dirigido por Waad al-Kateab e presente na Competição Novos Diretores da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, os sonhos ultrapassam as linhas das fronteiras territoriais. 

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A Longa Viagem do Ônibus Amarelo é guiada por gestos de Cinema

A viagem de Júlio Bressane recupera desde antigos filmes familiares feitos em Super 8 e versões brutas de seus filmes até imagens amadoras feitas durante a pandemia de Covid-19 (Foto: TB Produções)

Enzo Caramori

É incerto se a noite afora, que entrava em um pequeno corredor na rua Augusta, é que invadia uma sala escura com seus barulhos, ou se seria o novo filme do diretor Júlio Bressane que venta e, acima de tudo, uiva. Na sessão de A Longa Viagem do Ônibus Amarelo (2023) na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, algo de misterioso ressoava durante a experiência de quatrocentos minutos, sete horas e variados tempos. O resgate, pelo próprio diretor em conjunto com seu montador Rodrigo Lima, de sua vasta filmografia e de seu acervo íntimo de imagens, instaura uma determinada fantasmagoria do que é, realmente, uma experiência de Cinema. 

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