Jake Gyllenhaal pode ser assassino em Acima de Qualquer Suspeita – ou não

A imagem mostra o ator Jake Gyllenhaal, um homem com cabelo castanho e curto, usando um terno escuro e uma gravata. Ele está sentado, com a mão cobrindo parcialmente a boca, em uma expressão de concentração ou preocupação. O fundo é desfocado, mas sugere um ambiente formal, possivelmente um tribunal, com luzes suaves ao fundo.
Jake Gyllenhaal vive seu auge ao interpretar o protagonista Rusty Sabich na série Acima de Qualquer Suspeita, lançada pela Apple TV+ em Junho de 2024 (Foto: Apple TV+)

Laura Lopes

Rusty Sabich é um vice-promotor temido, reconhecido pelo seu talento em colocar criminosos de Chicago atrás das grades. Esse não é seu único atributo, porém. Na série Acima de Qualquer Suspeita (Presumed Innocent, no original), Sabich é vivido pelo ator norte-americano Jake Gyllenhaal (Donnie Darko; O Segredo de Brokeback Mountain) – ou seja, além de justiceiro, o protagonista é um galã com G maiúsculo, capaz de atrair qualquer mulher em um piscar de olhos – o que é um problema para ele.

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Fechando com coroa de ouro, The Crown nos dá adeus após seis temporadas

 

Cena de The Crown, na imagem, a rainha elizabeth aparece de perfil. Ela é uma mulher branca de cabelos grizalhos curtos e enrolados, seus olhos são azuis. O fundo é sólido e preto.
The Crown, série histórica sobre o reinado de Rainha Elizabeth II, chega ao fim depois de seis temporadas (Foto: Netflix)

Ana Beatriz Zamai

Lançada em Novembro de 2016, The Crown, série original da Netflix, chegou ao fim depois de seis temporadas mostrando a vida por trás dos portões do Palácio de Buckingham. Criada por Peter Morgan, que já produziu outros trabalhos sobre a monarquia inglesa, o drama focado na Rainha Elizabeth II retrata os acontecimentos desde 1940, quando, para o bem ou para o mal, Elizabeth Alexandra Mary se tornou rainha após a súbita morte de seu pai. Desde então, o seriado passou pelo casamento da então princesa com o príncipe Philip, a vida conturbada de sua irmã Margareth, o nascimento e crescimento de seus filhos e netos, as preocupações com os primeiros ministros, e, no final, a polêmica morte da princesa Diana. 

Diferentemente do que fez nas outras temporadas, a Netflix dividiu o lançamento em duas partes: a primeira, com quatro episódios focados nos acontecimentos de antes, durante e depois da morte de Lady Di, foi lançada em Novembro de 2023. Já a segunda parte, com seis episódios, mostra o fechamento do arco de alguns personagens da família real – inclusive o da própria Rainha – até o início da década 2000, e estreou em Dezembro de 2023.  

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Assombroso, Conclave joga luz nas certezas do Vaticano

Texto Alt: Cena do filme Conclave Na imagem, o personagem Cardeal Benítez está olhando para frente com uma expressão séria. Ele veste roupas de cardeal da igreja católica, uma batina vermelha e branca; em seu pescoço há um terço fino prateado. Atrás dele, há outros cardeais, eles estão em pé, com as mãos juntas em posição de oração. Também vestem batinas e usam terços. Benítez é um homem na faixa dos 50 anos, de pele escura, mexicano, e com cabelos escuros.
O roteiro de Peter Straughan foi premiado com o Globo de Ouro na categoria de Melhor Roteiro de Filme (Foto: Focus Features)

Davi Marcelgo

O Papa está morto. A reunião para os cardeais do Vaticano escolherem o próximo pontífice está para começar. Quem é a pessoa correta para assumir o manto e quem tem certeza de ser capaz de conduzir o catolicismo? As questões de certo e errado, certezas e dúvidas são a principal temática de Conclave, dirigido por Edward Berger (Nada de Novo no Front) que isola personagens e espaços em uma linguagem pomposa para criticar e conduzir ideias sobre a Igreja Católica. Continue lendo “Assombroso, Conclave joga luz nas certezas do Vaticano”

Gêmeas – Mórbida Semelhança: uma Rachel Weisz é boa, duas é melhor

Cena da série Gêmeas - Mórbida Semelhança.
Além de dar vida às duas protagonistas da minissérie, Rachel Weisz também é produtora (Foto: Prime Video)

Vitória Gomez

Rachel Weisz nunca pode ser demais e Gêmeas – Mórbida Semelhança sabe disso. Com a atriz britânica na pele das gêmeas Beverly e Elliot Mantle, a releitura do filme (quase) homônimo de David Cronenberg vira do avesso para explorar o outro lado da moeda: o longa original se torna uma minissérie e os irmãos, irmãs. No entanto, a obsessão e a relação doentia um pelo outro se mantém e a produção leva os limites médicos ao extremo, ao mesmo tempo que lida com duas figuras opostas presas em uma só.

Na série, Beverly e Elliot são médicas obstetras insatisfeitas com a maneira como o sistema de saúde lida com mulheres grávidas. Juntas, elas buscam investimento para abrir seu próprio centro de maternidade. A perfeita harmonia das duas beira a insanidade, mas a simbiose funciona no âmbito profissional e pessoal – até a chegada de Genevieve (Britne Oldford). Quando a atriz se envolve com uma das irmãs e elas se veem obrigadas a não mais viver uma para outra, o desequilíbrio leva desde a convivência doméstica até os bastidores da medicina ao extremo.

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O Homem dos Sonhos: quando o onírico encontra as redes sociais

Cena do filme O Homem dos Sonhos. Na cena, vemos, ao centro, da cintura para cima, Nicolas Cage, um homem branco, aparentando cerca de 60 anos, com cabelos castanhos nas laterais da cabeça, barba grisalha e óculos quadrados. Ele veste uma camisa e gravata azul claros e paletó azul escuro. Ele está sentado atrás de uma mesa e tem suas duas mãos unidas em frente a ele, apoiadas na mesa. Atrás, vemos uma parede lilás com os dizeres “Thoughts?” duas vezes.
Você já sonhou com Nicolas Cage? (Foto: California Filmes)

Vitória Gomez

Você já sonhou com este homem? Em 2006, um boato correu na internet: mais de oito mil pessoas de diversas cidades do mundo estavam sonhando com o mesmo homem, sem nunca o terem visto antes. Posteriormente, o que era um mistério virou uma piada nas redes sociais, com a verdade sendo revelada. Mas e se, subitamente, isso realmente acontecesse e moradores ao redor do planeta vissem uma mesma pessoa desconhecida durante o sono, todas as noites? É assim que O Homem dos Sonhos começa.

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E o prêmio vai para… quem pagou a quantia mais alta!

Foto da atriz Gwyneth Paltrow, atriz branca com cabelos loiros. Ela está em um palco, segurando a estatueta dourada e comemorando a sua vitória. Ela usa um vestido rosa, um colar e brincos.
Em entrevista para a revista Vogue, Gwyneth Paltrow revelou que, hoje em dia, usa a estatueta que ganhou em 1999 como apoio à porta de casa (Foto: Timothy A. Clary/AFP via Getty Images)

Guilherme Machado Leal

Quando assistimos a uma premiação, sempre vem aquela dúvida na cabeça: será que o ganhador realmente é o melhor? O merecimento vence o favoritismo? Infelizmente, em muitos dos casos, não. O clássico que vem à memória é a edição do Oscar de 1999. Naquele ano concorriam cinco atrizes: Cate Blanchett, Emily Watson, Fernanda Montenegro, Gwyneth Paltrow e Meryl Streep. A vencedora da estatueta foi ninguém menos que Paltrow. Chocando os presentes e aqueles que viam de casa, a injustiça cometida é lembrada anualmente pelos amantes da Sétima Arte. E com essa lembrança, surge a palavra lobby.

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Zona de Interesse: o mal mora ao lado

Cena de Zona de Interesse.
Além da indicação à Palma de Ouro, Zona de Interesse saiu vencedor do Grande Prêmio no Festival de Cannes (Foto: Diamond Films)

Vitória Gomez

Uma tela preta com um som grave ao fundo inicia e encerra Zona de Interesse. A introdução subversiva dá o tom provocante da obra de Jonathan Glazer, que, ao invés de filmar os horrores dos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, aposta no senso ético dos espectadores para interpretar a dissonância entre o que se vê e o que se escuta. Curiosamente, a melhor aposta para o longa-metragem no Oscar, no qual foi indicado em cinco categorias, não é Melhor Som.

Nesse ponto, a aparição de The Zone of Interest escancara algo ainda mais perturbador. Junto de outras produções nomeadas este ano, como o iminente vencedor Oppenheimer (também sobre a Segunda Guerra) e o merecedor Assassinos da Lua das Flores, a premiação parece ter uma predileção por passar a limpo tragédias movidas pelo dedo humano (coincidentemente, em que o dedo é estadunidense). No entanto, a preferência é seletiva: enquanto homenageia documentários propagandísticos, como aconteceu no ano passado com Navalny e pode se repetir esse ano com o manipulador 20 Dias em Mariupol (sobre a guerra na Ucrânia), o país berço do Oscar não só nega um genocídio em andamento, como o financia.

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A Sociedade da Neve mostra a complexidade desesperadora da sobrevivência humana

A foto é uma cena do filme A Sociedade da Neve. A foto mostra 14 dos 16 sobreviventes sentados na frente da fuselagem do avião. Estão sentados na neve, alguns em cima da lataria ou de malas. O horizonte atrás do avião mostra as cordilheiras dos Andes
A tragédia já teve outras quatro adaptações para o audiovisual (Foto: Netflix)

Amabile Zioli

Adaptar a história de uma tragédia real para o audiovisual sempre envolve muita responsabilidade. Depois de reduzir os acontecimentos catastróficos da Tailândia de 2004 a um clichê dramático hollywoodiano em O Impossível,  J. A. Bayona se redimiu com A Sociedade da Neve, trazendo para as telas, mais uma vez, mas sob outra perspectiva, a tragédia ocorrida nos Andes em 1972. A produção espanhola foi aclamada internacionalmente, o que rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional e Melhor Maquiagem e Penteados.

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Um feliz Natal… até para Os Rejeitados!

Cena do filme “Os Rejeitados”. A imagem mostra um refeitório, com mesas retangulares e cadeiras de madeira. Os personagens Angus Tully, Paul Hunham e Marry Lamb aparecem sentados à mesa. Angus Tully está à esquerda; é interpretado pelo ator Dominic Sessa e é um homem branco, com cabelos castanhos e cacheados; ele veste um suéter marrom alaranjado. Paul Hunham está ao centro; é interpretado pelo ator Paul Giamatti e é um homem branco, de cabelos grisalhos e calvos; ele veste uma camisa cinza e um colete cinza-escuro. Mary Lamb está à direita; é interpretada pela atriz Da'Vine Joy Randolph e é uma mulher negra, de cabelos escuros e lisos; ela veste um suéter roxo.
O que faz uma ceia de Natal? A comida ou a companhia? (Foto: Universal Pictures)

Laura Hirata-Vale

Dezembro de 1970. Nos dormitórios da Barton Academy, os estudantes fazem suas malas para o tão aguardado recesso de Natal. É hora de voltar para a casa, rever a família e usufruir das festas de fim de ano. Porém, um grupo seleto de estudantes fica na escola: esses poucos alunos – conhecidos como Os Rejeitados – ficam sob os cuidados do difícil professor Paul Hunham (Paul Giamatti) e da enlutada cozinheira-chefe Mary Lamb (Da’Vine Joy Randolph). Em The Holdovers, lançado em 2023, vemos como o feriado natalino mexe com os sentimentos, e como a saudade, a dor e a felicidade se revelam – seja por meio de milagres ou por meio da força. Continue lendo “Um feliz Natal… até para Os Rejeitados!”

Oppenheimer: a explosão e os destroços de uma mente brilhante

Herói ou vilão? Algumas pessoas riram, outras choraram, mas a maioria ficou em silêncio (Foto: Universal Pictures)

Pâmela Palma 

O novo filme de Christopher Nolan (Tenet) estreou de um jeito diferente de tudo produzido pelo cineasta até hoje. Oppenheimer chegou às telas com um teor crítico e extremamente didático, algo raramente produzido por outros grandes nomes da atualidade. De forma densa, realista e rica em detalhes, a obra nasce com a intenção de retratar biograficamente a vida do físico e cientista J. Robert Oppenheimer, responsável pelo Projeto Manhattan e pelas duas grandes bombas atômicas utilizadas pelos Estados Unidos nas cidades de Hiroshima e Nagasaki como ultimato para cessar a Segunda Guerra Mundial em 1945.

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