Dois anos após o lançamento de Harry Potter e a Câmara Secreta, o terceiro filme da saga chegava aos cinemas, dessa vez, mostrando a outra face desse mundo mágico. Se nos dois primeiros longas-metragens, em especial no primeiro, Chris Columbus apresentou o lado fascinante e alegre desse universo, em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, Alfonso Cuarón introduz o lado sério e sombrio que irá tomar conta da saga a partir daqui.
Entre polêmicas de transfobia e discurso de ódio, J. K. Rowling se revela mais nefasta que as figuras vilanescas que escreveu
Vitor Evangelista
Em 15 de julho de 2011, a cultura pop mudou para sempre. Era o fim da saga do bruxinho mais famoso do pedaço, a conclusão épica, que levou uma década desde o primeiro vestígio da magia de Hogwarts até o adeus choroso na Estação King’s Cross. 10 anos depois da exibição de Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2, o mundo não enxerga a aura juvenil da história da mesma maneira que o fazia. E isso se deve a um vilão que os livros de fantasia não deram conta de desmascarar: sua própria autora.
Filmes são feitos de outros filmes. De músicas, pinturas, e livros também. Como linguagem e expressão artística, o Cinema está constantemente influenciando e sendo influenciado por outras obras. Algumas são referências diretas, como as centenas de easter eggs em Jogador Nº 1. Outras, são fontes de inspiração e resultam em um trabalho único, como a pintura de Edward Hopper que inspirou a casa horripilante de Psicose, um clássico de Alfred Hitchcock.
Por sua vez, Hitchcock foi uma fonte de referências e inspirações para Joe Wright, que é conhecido por dirigir dramas como Orgulho e Preconceitoe O Destino de uma Nação. Wright se aventurou no suspense com A Mulher na Janela, uma adaptação tediosa do romance homônimo de A.J. Finn. Lançado na Netflix em maio, o filme é pura reverência às obras do passado – especialmente às de Hitchcock – e as utiliza como fórmula, sem propor uma experiência própria, ou alcançar o mesmo nível de tais obras.
Se propor a fazer um longa que destrincha os bastidores do que hoje é considerado o maior filme da história do cinema não é um projeto fácil. Conhecendo a filmografia de David Fincher, pode-se dizer que é o exato tipo de trabalho que ele gostaria de se aventurar e assumir – e, de fato, foi o que ele fez. Mank, que se dispõe a nos mostrar a verdade por trás do roteiro de Cidadão Kane, filme de 1941 dirigido por Orson Welles,chegou na Netflix no último mês do fatídico ano de 2020, para tentar, talvez, fechar com chave de ouro os 365 dias mais loucos da sétima arte.