Com Lenine, público definitivamente não saiu só

Nada de solidão: Lenine cantou para todos (Foto: Heloísa Manduca)

Esbanjando bom humor, Lenine trouxe fusão entre ótimo repertório e crítica social

Guilherme Hansen e Heloísa Manduca

Enquanto a cidade de São Paulo viveu o festival de música Lollapalooza, Bauru não ficou de fora do agito. Aconteceu no último sábado, 24, no ginásio do Sesc, o show do cantor pernambucano-carioca Lenine. Com uma retrospectiva ao longo da sua carreira e menção em defesa do caso Marielle Franco, Lenine trouxe música boa para quem sabe ouvir.

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O prazer sombrio do Roxy Music

Estileira completamente foda: imagem do gatefold original de For Your Pleasure (Reprodução)

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O grupo britânico Roxy Music quiçá seja a encarnação máxima do glam rock. David Bowie pode ter surgido antes, mas a trupe comandada pelo vocalista Bryan Ferry elevou os arranjos coloridos e roupas chavosas do estilo a outro patamar na década de setenta. Interessante notar, porém, que sua obra-prima utiliza dessa estética sob perspectiva sombria, às vezes beirando o desconfortável.

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A Maldição da Casa Winchester e a saturação de filmes de assombração

Longa se passa em 1906 e aborda questões de âmbito social ainda em vigor nos Estados Unidos do século XXI (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Nos Estados Unidos, a era Trump, além de marcada pelo caos político
e por um festival de intolerância, trouxe também à tona a velha discussão sobre o controle do uso de armas pelos cidadãos. Esse debate, que se intensificou após uma série de tiroteios que mancharam de sangue escolas e universidades do país, gera um número exorbitante de pontos de vista; no Ccinema, um deles foi abordado recentemente no último longa dos Irmãos Spierig: A Maldição da Casa Winchester.
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O legado interiorano de Tonico & Tinoco

Muito antes do grunge: camisas xadrez e canções que eram pura angústia desde a década de 30 (Reprodução)

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A dupla Tonico & Tinoco é considerada das mais seminais no gênero da moda de viola. Os irmãos começaram sua carreira na região do centro-oeste paulista, cuja rota inclui Botucatu – cidade natal deste que vos escreve. Mesmo assim, sua obra musical sempre esteve distante do meu curto repertório até este ano, que marca 60 anos de aniversário de seu disco de estreia. Antes tarde do que nunca, não? Continue lendo “O legado interiorano de Tonico & Tinoco”

A poesia erótica e violenta de A Forma da Água

Leonardo Teixeira

A relação entre homens e “monstros” parece sempre ter fascinado Guillermo del Toro. O diretor fez fama mundial em 2006 com o horror fantástico O Labirinto do Fauno, mas a verdade é que a contraposição entre humanidade e a falta dela é tema onipresente em sua obra. Celebrado por tudo e todos, A Forma da Água (The Shape of Water) é mais uma adição ao clube. Continue lendo “A poesia erótica e violenta de A Forma da Água”

A utopia que Me Chame pelo Seu Nome ensina

Elio (Timothée Chalamet) e Oliver (Armie Hammer) em Me Chame pelo Seu Nome. (Crédito: Sony Pictures Classics)

Adriano Arrigo

“Tudo é tão incrivelmente sensual”, diz Oliver (Armie Hammer) quando observa os fotolitos de esculturas gregas mostradas por  Mr. Perlman (Michael Stuhlbarg), professor de arqueologia antiga.  As esculturas do período helenístico com forte influência de Praxíteles, o maior escultor da antiguidade, segundo o professor Perlman, são esguias, de músculos rígidos e perfeitamente proporcionais. Elas retratam o ideal de beleza grega e são as referências estéticas de Me Chame pelo Seu Nome. Continue lendo “A utopia que Me Chame pelo Seu Nome ensina”

The Post – A Guerra Secreta: um filme fraco para uma personagem forte

Hanna Queiroz

The Post – A Guerra Secreta, o novo filme de Steven Spielberg, retrata um episódio da imprensa norte-americana que denunciou pela primeira vez as contradições da participação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Expondo mentiras, omissões e manipulação, o The New York Times publica documentos secretos e é processado pelo governo Nixon. Mesmo com o jornal na corda bamba da justiça e a liberdade de imprensa sendo ameaçada, o jornal The Washington Post tem a chance de publicar mais material de teor privado e denunciativo. É aí que entra o importante dilema de Kay Graham (Meryl Streep), dona do jornal: decidir publicar e correr o risco de afundar seu amado jornal de família em um processo judicial, ou não publicar e deixar que a repressão do governo censure a imprensa.  

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Churchill e a língua inglesa

Eli Vagner F. Rodrigues

Bertrand Russel desmascarou os grandes metafísicos do século XIX como autores de monstruoso embuste aplicado a gerações ansiosas por serem enganadas. A crítica à hipocrisia e à estupidez de um certo espírito vitoriano foi inspiração para a literatura posterior e se inspirava na postura niilista do final do século XIX. Desde então, na literatura como nas artes em geral, se cultivou o valor da contestação ao status quo. De Joyce aos beatniks, de Orwell à Salinger a hipocrisia do discurso é um alvo comum. Continue lendo “Churchill e a língua inglesa”

Projeto Flórida: o sonho da infância no capitalismo

n.v.z

O fato de o Oscar dar mais atenção à produções de menor sucesso comercial que seu primo musical ainda não é (nem nunca será) sinônimo de plena igualdade – ou representatividade, para usar um termo em voga. A mísera indicação na categoria de Melhor Ator Coadjuvante pela atuação de Willem Dafoe em Projeto Flórida (The Florida Project) é prova cabal. Continue lendo “Projeto Flórida: o sonho da infância no capitalismo”

Corpo e Alma: sentimento, a todo custo

#nv

Dentre os indicados à Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2018, The Square talvez seja o mais distante do perfil da premiacão – curiosamente, a vitória da Palma de Ouro em Cannes o torna favorito para arrebatar a estatueta no próximo domingo. Interessante notar, porém, que a selecão na categoria este ano é tao boa que até filmes “do jeito que a academia gosta” são marcantes. Corpo e Alma, representante húngaro, é um bom exemplo. Continue lendo “Corpo e Alma: sentimento, a todo custo”