Cineclube Persona – Agosto de 2021

Destaques de Agosto de 2021: Falecimento de Tarcísio Meira, Gossip Girl, O Esquadrão Suicida e The Green Knight (Foto: Reprodução/Arte: Larissa Vieira/Texto de Abertura: Gabriel Gatti)

Agosto passou voando, mas ainda assim trouxe grandes marcos para esse ano. As Paraolimpíadas, que se iniciaram no final do mês, levaram um holofote para atletas incríveis que trouxeram várias medalhas para o Brasil. Além disso, os preparativos para o Emmy 2021 continuam a todo o vapor, com a cobertura do Persona rolando aqui no site e nas redes sociais. Também neste mês, sentimos a morte do ator Tarcísio Meira e de Paulo José, duas perdas enormes para a teledramaturgia. Entre esses acontecimentos, diversos filmes e séries foram lançados e o Cineclube Persona se reúne para comentar o que saiu de melhor e pior no mês de Agosto de 2021

O oitavo mês do ano se destacou com o lançamento de cinebiografias. Respect é um longa que retrata a história da cantora Aretha Franklin e já aponta  uma possibilidade, mesmo que remota, de indicar Jennifer Hudson ao Oscar 2022 . Quem também ganhou um filme sobre sua vida foi o ator Val Kilmer, representado no longa Val, disponível no Amazon Prime Video. Ainda em agosto, o Globoplay revisitou a história do Brasil com a biografia Doutor Gama, narrando a história de Luiz Gama, um advogado negro que libertou mais de 500 escravos. Além disso, não faltou representatividade LGBT com os documentários Pray Away, produzido por Ryan Murphy, e Luana Muniz – Filha da Lua, sobre a travesti Rainha da Lapa, que o Persona assistiu com exclusividade antes do lançamento e ainda entrevistou os diretores.

Agosto proporcionou dramas para a Sétima Arte, como CODA, comédia dramática sobre uma adolescente ouvinte filha de adultos surdos, que ganhou o Festival de Sundance 2020 e agora está disponível na Apple TV+ nos EUA. Outra novidade deste mês é Stillwater, que teve sua estreia em Cannes e tem como diretor Tom McCarthy, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original em 2016 por Spotlight. Além dos dramas, as animações também se destacaram. A Jornada de Vivo, por exemplo, disponível na Netflix, nos apresenta ao jupará apaixonado que viaja para entregar uma canção, contando com a participação do Lin-Manuel Miranda. Nesse mês, foram lançados alguns animes, como The Witcher: Lenda do Lobo, sobre um bruxo convencido a caçar criaturas por dinheiro, e Evangelion: 3.0+1.0 Thrice Upon a Time, quarto e último filme da série Rebuild of Evangelion, baseado no anime Neon Genesis Evangelion.

Mas nem só de dramas e biografias foi feito o mês. O Esquadrão Suicida, “continuação” do filme fracassado de 2016, agora conta com James Gunn na direção, dessa vez do lado da DC, depois de sua demissão pela Marvel por tweets antigos com pedofilia. Lisa Joy, uma das criadoras de Westworld, foi responsável pela direção de Reminiscence, que retrata um investigador particular da mente que ajuda seus clientes, até uma delas mudar sua vida. Esse mês ainda teve outros lançamentos, como A Nuvem e The Green Knight, baseado no romance Sir Gawain e o Cavaleiro Verde do século 14. O longa, produzido pela A24, foi protagonizado pelo ator Dev Patel e foi dirigido por David Lowery, responsável por A Ghost Story.

Agosto também teve espaço para as produções água com açúcar. O longa Ele é Demais (He’s All That), sobre a transformação de um menino desengonçado no rei do baile, é uma nova versão do filme Ela é Demais, mas que traz os gêneros dos personagens invertidos. Os últimos trinta dias  ainda foram o palco do fim da trilogia de Joey King e Jacob Elordi, A Barraca do Beijo 3, que encerrou sua trama com Elle se preparando para fazer tudo que ainda deseja antes de ir para a faculdade.

O lançamento de Você Nunca Esteve Sozinha, série original do Globoplay, conta a vida da Juliette antes e após vencer o BBB. Ainda aqui na América Latina, foi lançada também Todo va a estar bien (Everything Will Be Fine), uma comédia com o Diego Luna. Na falta de Killing Eve, Sandra Oh assume o comando de The Chair, produzida pela Netflix. Seguindo pelas comédias dramáticas, Kevin Can F**k Himself, original da AMC e distribuído pelo Amazon Prime Video, é o primeiro trabalho da Annie Murphy depois de vencer o Emmy por Schitt’s Creek, em 2020. 

Outra sitcom de agosto foi Grace & Frankie, com a Netflix lançando como degustação quatro episódios da sétima e última temporada, que só chegará na íntegra em 2022. A Apple TV+, por sua vez, se destacou esse mês no humor com Schmigadoon!, uma sátira musical, e Physical, com Rose Byrne. Numa dobradinha entre Nota Musical e Cineclube, Selena Gomez aparece por aqui protagonizando Only Murders in the Building,  ao lado de Steve Martin e Martin Short. A série do Hulu lançou seus primeiros episódios em Agosto, mas só aparecerá na íntegra aqui no Persona quando acabar sua exibição, nos próximos meses.

Já mais voltado para o público adolescente, acompanhamos  o lançamento de Cruel Summer no Amazon Prime Video, e o fim da primeira parte da nova Gossip Girl, com protagonistas da Geração Z no HBO Max. Como uma campanha para o Emmy 2021, o Hulu lançou o episódio Pen15 Animated Special, que faz parte da segunda temporada da série. Outra série animada deste mês é Divirta-se em Casa com o Pateta, formada por curtas com o personagem da Turma do Mickey disponível no Disney+. Em agosto, a nostalgia do revival de iCarly, sem a Sam, chegou ao fim da sua primeira temporada.

O terror também teve espaço nesse mês, com a série da Netflix Brand New Cherry Flavor, que mistura Cinema, sexo e horror, com o pragonismo da Rosa Salazar, e com o fim de American Horror Stories, um spin-off de AHS com uma história diferente a cada episódio. Outra antologia de agosto é a segunda temporada de Modern Love, disponível no Amazon Prime Video, que conta com Kit Harington, de Game of Thrones, e Anna Paquin, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, em 1994. 

Um dos maiores destaques do mês é a primeira temporada de The White Lotus, nova produção da HBO que mostra a rotina de um resort no Havaí, com o abuso dos funcionários por parte dos hóspedes ricos e com uma morte suspeita. E falando em riqueza, a Netflix estreou a série Cozinhando com Paris, em que a socialite traz seus convidados para jantar, como a Kim Kardashian.

Caminhando por diversos gêneros e streamings, o Persona segue isolado em casa e apresenta as novidades audiovisuais do mês de agosto. Entre  algumas produções muito bem feitas e outras nem tanto, a Editoria e os Colaboradores comentam de tudo um pouco do que acabou de sair do forno do Cinema e da TV no oitavo mês de 2021.

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Nota Musical – Agosto de 2021

Destaques do mês de julho: Lorde, Marina Sena, Halsey e Lizzo (Foto: Reprodução/Arte: Larissa Vieira/Texto de Abertura: Ayra Mori)

Se despedindo do frio intenso do mês passado, Agosto passou correndo, nos lembrando que faltam somente quatro meses para o fim de um ano que mais pareceu mentira do que verdade. Atingindo o número de 122 milhões de vacinados com a primeira dose, o futuro parece clarear. Mas mesmo sob perspectivas mais otimistas, a realidade é de que a pandemia ainda perdura e devemos (!) nos cuidar. Com a esperança de que tudo passe logo, o Persona continua isolado dentro de casa e traz a oitava edição do Nota Musical.

Abrindo o mês com chave de ouro, Lorde finalmente lança na íntegra o aguardadíssimo Solar Power, após quatro anos de muita espera e cobrança dos fãs. E carregada da difícil tarefa de superar o insuperável Melodrama, a neozelandesa se despe do fardo de salvadora deixando claro que essa nunca foi sua intenção. Assim, entre idas melancólicas à manicure e discussões sobre mudanças climáticas, Ella Yelich-O’Connor – para os mais chegados – celebra as banalidades da vida sob o Sol, convidando, quem quiser, a se derramar junto.

Outro retrato mais pessimista da vida pós-covid-19 é Pressure Machine, dos veteranos The Killers, que conta com a colaboração invejosa de Phoebe Bridgers na faixa Runaways Horses. Com título de um dos melhores discos de 2020, a queridinha do indie rock contemporâneo também revisitou o aclamado Punisher com três remixes inéditos de Kyoto. E semelhante à colega de banda (boygenius), Lucy Dacus entrega ao público uma nova versão de Going Going Gone, que originalmente integra o sensível autorretrato da cantora-compositora em Home Video.

Além das revisitações de registros já conhecidos, Agosto trouxe junto de si estreias empolgantes. O vocalista do sucesso juvenil 5 Seconds of Summer, Luke Hemmings, lança o primeiro trabalho solo da carreira com When Facing the Things We Turn Away From, encarando de frente o passado através de um processo empático de autoconhecimento. Igualmente, Orla Gartland surpreende com Woman on the Internet. Em seu álbum inaugural, a irlandesa refuta todos os estigmas criados em cima do passado como youtuber, abraçando aqui quem ela realmente é.

Já se despedindo, Iggy Azalea dá adeus ao mundo da música com The End of an Era, último ato da carreira, cheio de batidas encorpadas do funk carioca. Infelizmente, contrário à rapper australiana, algumas figuras parecem nunca dizer o tão necessário ciao! Em meio aos singles forçosos do mês, destacam-se o insosso Summer of Love de Shawn Mendes & Tainy e HIT IT do calejado Black Eyed Peas, com feats inusitados de influencers latinos. J. Balvin, por outro lado, continua influente no reggaeton internacional, divulgando Que Locura, prévia do álbum a ser lançado em Setembro.

Outra figura querida pelo público é Tinashe, que presenteou os fãs com o esperadíssimo 333. No seu melhor trabalho até o momento, a artista toma conta da criação narrativa do álbum recheado de sentimentalismo comum do R&B. Enquanto isso, The Weeknd continua bebendo da fonte oitentista da nova era, com direito a muito sintetizador no mais recente Take My Breath. E, o imitador oficial de After Hours, Ed Sheeran dá novamente as caras com Visiting Hours – coincidência? Dessa vez, sem a fantasia arlequina, o britânico aposta no usual violão acústico, assim como FINNEAS em A Concert Six Months From Now.

Na efervescência de exaltações nostálgicas, o trio de synthpop CHVRCHES mergulha de cabeça nas influências que inspiraram o terceiro álbum, criando uma narrativa quase cinematográfica. Trazendo “A” participação de Robert Smith, Screen Violence já nasce digno de um filme de terror slasher dos anos 80, carregado de sangue, sintetizador e uma final girl de respeito. Evocando a mesma década, Angel Olsen exalta o período com covers de hits oitentistas em Aisles, uma prévia vibrante do que vem a seguir. Já para quem busca sonoridades mais experimentais, o imersivo SINNER GET READY de Lingua Ignota e as faixas sombriamente atmosféricas de Cruising da banda black midi são garantias certas de uma experiência original, com um quê de sinistro.

Ainda em Agosto, a hashtag #fleabagiscoming causou comoção nos trendings do Twitter, mas infelizmente não pelos motivos que gostaríamos. Com o mesmo nome da incrível Fleabag – série criada pela gênia Phoebe Waller-Bridge –, YUNGBLUD lançou nesse mês um novo single, ostentando fortes referências grunge. Machine Gun Kelly traz as mesmas veias noventistas em papercuts, produzido em conjunto com Travis Baker e Nick Long. Ao se afastar da sonoridade de seus registros passados, MGK não agradou todos os ouvidos e respondeu às críticas com um “STFU”. Crescentemente aparecendo em produções pop-rock alternativas do ano, o baterista do nostálgico Blink-182, Travis Baker, é incluído mais uma vez no último EP misery lake de Blackbear.

Guns N’ Roses também alvoroçou sua fanbase com ABSUЯD, primeira música da banda após treze anos sem novos materiais. E de fãs sêniores à fãs Gen Z devotos, Red Velvet entrega ao público Queendom, mais um sucesso comercial adicionado à lista do grupo de k-pop. Agora comemorando parcerias de longa data, a amizade fofíssima entre Tony Bennett e Lady Gaga dá as graças com a versão enérgica da dupla de I Get A Kick Out Of You, bem como o retorno de Skrillex com Justin Bieber e Don Toliver em Don’t Go.

Falando em duplas de respeito, Lizzo retorna após dois longos anos em Rumors ao lado da rapper Cardi B como deusas do Olimpo banhadas a ouro. Ambas encaram juntas as críticas ligadas ao corpo, avisando: todos os boatos são verdadeiros! E em meio à voltas triunfantes, Kacey Musgraves ressurge das cinzas com justified, anunciando o próximo álbum intitulado star-crossed, que desde sua revelação, já se tornou um dos mais esperados do ano. A musa country-pop se debruça sobre as dores do fim de um relacionamento, entregando um single perfeito para se chorar sozinhos no carro enquanto sofremos por desilusões amorosas.

Saindo direto de um conto épico medieval, If I Can’t Have Love, I Want Power exibe, logo de cara, Halsey em todo seu poder como matriarca sentada sobre um trono de ferro – ou melhor, o seu trono de ouro. Marcando o pop internacional com muito conceito, o álbum inclui em sua produção a improvável colaboração da cantora com os membros de Nine Inch Nails, Trent Reznor e Atticus Ross, se tornando uma declaração soberba sobre maternidade, auto-sabotagem e emancipação feminina.

Em clima saudosista, o querido Zeca Pagodinho marcou presença com Meu Partido É Alto!, evocando alegrias distantes. Vento nos cabelos, fim de tarde e cerveja gelada são lembranças afloradas pelo pagodeiro ao longo das faixas do álbum, assim como na performance descontraída de Eita Menina em versão pagode por Lagum. No sertanejo, Gabeu ressignifica o gênero tradicional através de uma reinterpretação queer com o bem-humorado AGROPOC.

Seguindo no Brasil, Marina Sena faz jus ao título do álbum de estreia, De Primeira, ultrapassando a marca de 3 milhões de streams no Spotify. Com produção e direção de arte impecáveis, a mineira entrega um pop recheado de brasilidades, seguindo como uma das promessas da música brasileira, ao lado de nomes como Jup do Bairro, um dos mais relevantes da cena musical nacional atual, e Manu Gavassi em seu desabafo internacional – diferente de Vitão e seu TAKAFAYA. Ao mesmo tempo, o cearense Matuê alcança com “Quer Voarparada global na Billboard, se consolidando como um dos principais nomes do trap nacional.

Dando continuidade, de Madu à Supercombo, se destaca Ney Matogrosso, que como um dos maiores intérpretes da música brasileira, continua fazendo o que bem entender em Nu Com a Minha Música. Na comemoração dos 80 anos de sua deliciosa existência, quem é presenteado são os fãs. E entre reboladas e presentinhos, a funkeira Valesca Popozuda retorna despirocada como sempre.

Assim, somado às fragilidades e ameaças aos direitos das mulheres no Afeganistão e no mundo, o episódio serve como um lembrete urgente de que a luta contra a misoginia deve ser diária e tomada como um compromisso sério. No oitavo mês do Nota Musical, o Persona reúne a Editoria e os Colaboradores em apoio a todas as vítimas de violência contra a mulher, antes de analisar os acertos e deslizes musicais de Agosto.

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