Free Guy: Assumindo o Controle inicia a revolução dos personagens secundários

cena do filme Free Guy: Assumindo o Controle. Focalizado no centro e ocupando quase toda a imagem está Guy, um homem branco com cabelos e olhos castanhos; está deitado no chão de frente para a câmera, só é possível ver seu rosto (numa expressão melancólica), seus ombros e seus braços – sobrepostos embaixo de seu queixo, apoiando-o. Guy veste uma camisa social azul e um relógio preto no pulso esquerdo. Em desfoque, é possível ver duas janelas e uma luminária atrás de si, e muitos cacos de vidro ao seu redor.
Depois de viver o mesmo dia por tanto tempo, Guy decide abraçar a imprevisibilidade do seu mundo e ainda ser indicado ao Oscar 2022 (Foto: Disney)

Gabrielli Natividade da Silva 

Lançado em 2021 não somente nos cinemas, mas também na plataforma de streaming Star+, Free Guy: Assumindo o Controle chega e se mostra ser mais do que apenas um filme de videogame. Escrito por Matt Lieberman e Zak Penn, e dirigido e produzido por ninguém menos que Shawn Levy – responsável por um dos maiores sucessos da Netflix, Stranger Things –, o longa possui um roteiro interessante, um ritmo envolvente, um balanço perfeito entre comédia e ação, e, claro, efeitos visuais impressionantes que fazem qualquer um ter vontade de jogar o famoso Free City

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O dom de Encanto é a economia

Cena do filme animado Encanto, mostra os personagens Dolores e Camilo, dois adolescentes colombianos. Ela usa laço vermelho na cabeça e camisa branca com bordados amarelos. Ele tem cabelos encaracolados castanhos e usa um xale amarelo e bege por cima de uma camisa branca de botões. Ao fundo, vemos telhados de casas e a floresta verde.
No Oscar 2022, Encanto aparece nas categorias de Animação, Trilha Sonora e Canção Original (Foto: Disney)

Vitor Evangelista

Na Colômbia, uma família mágica vive de forma próspera, ajudando a comunidade que a cerca e mantendo a infraestrutura do local em perfeito funcionamento. Tudo muda, porém, quando a única neta sem poderes se encontra em uma sinuca de bico: se não remendar os buracos internos da fundação, todo o alicerce desabará. O principal obstáculo, obviamente, se encontra próximo demais do coração, na figura de uma Abuela impassível e imperturbável. Nasce assim Encanto, 60º filme da Disney, nada envergonhado em enfrentar o trauma geracional. 

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A Pior Pessoa do Mundo não é o que parece

Cena do filme A Pior Pessoa do Mundo. A imagem mostra a personagem principal, Julie, interpretada por Renate Reinsve. Ela é uma mulher branca, de olhos e cabelos castanhos, presos num rabo baixo e usa uma franja sob a testa. Julie ocupa o lado esquerdo da imagem e olha para o lado direito. Ela veste um blazer preto em cima de uma blusa preta. Julie tem lágrimas nos olhos. Ao fundo, existe um céu azul com nuvens, e é o final de uma tarde.
Depois de uma estreia premiada no Festival de Cannes 2021, A Pior Pessoa do Mundo chega em 2022 com duas indicações ao Oscar, nas categorias de Filme Internacional e Roteiro Original (Foto: MK2 Productions)

Raquel Dutra

Em julho de 2021, uma personagem singular chamou a atenção no meio das estreladas atuações da 74ª edição do Festival de Cannes. A seleção de atrizes consideradas para o prêmio de interpretação feminina do maior festival de Cinema do mundo era composta por nomes como o de Agathe Rousselle, a força motriz do grandioso vencedor da Palma de Ouro, Tilda Swinton, a detentora de boa parte do prestígio do Júri presidido por Spike Lee, e Marion Cotillard, a protagonista da direção favorita dos votantes do último ano. Mas quem terminou o dia 17/07/2021 premiada ante suas veteranas foi Renate Reinsve. Não era para menos, afinal. Ela é A Pior Pessoa do Mundo.

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007 – Sem Tempo Para Morrer entrega uma missão impossível para próximo James Bond

Cena do filme 007 - Sem Tempo para Morrer. Nela, James Bond, personagem de Daniel Craig, aparece em um baile de gala. Centralizado na imagem e aparecendo do tronco para cima, Bond, um homem loiro, olhos claros e meia idade, veste um smoking preto, uma camisa branca e uma gravata borboleta preta. Atrás de Bond, seis pessoas o rodeiam, quatro homens e duas mulheres, todos também vestidos para um evento de gala. Na cena, um holofote está voltado para Bond, onde seu lado direito está iluminado e o lado esquerdo não, de forma a criar um contraste.
Com quase 60 anos de franquia e depois de 25 filmes, o Bond de Craig é o único que tem uma despedida oficial, com direito a cerimônia de despedida graças as suas indicações ao Oscar 2022 (Foto: Universal Pictures)

Guilherme Veiga

Sem tempo para morrer, e com menos tempo ainda para estrear. Inicialmente planejado para vir ao mundo no longínquo último ano normal da terra, 2019, pelas mãos de Danny Boyle (Trainspotting, Quem Quer Ser um Milionário?), o último capítulo da era Craig sofreu de inúmeros adiamentos. Primeiro, Boyle abandonou o projeto por diferenças criativas e Cary Joji Fukunaga (Beasts of No Nation, True Detective) assumiu o longa, fazendo com que ele fosse jogado para 2020, e azaradamente fosse o primeiro a puxar a fila de adiamentos por conta da pandemia de covid-19. Isso fez com que o filme só conhecesse as salas de cinema em setembro de 2021, 6 anos depois do capítulo anterior, maior intervalo de tempo entre filmes do agente desde 007 contra GoldenEye.

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5 anos de Anne with an E: a adaptação que trouxe voz e coragem para as mulheres

É uma imagem da personagem Anne em foco ao centro, com o cenário desfocado, em tons terrosos, de uma praia com rochedos ao fundo, e um céu acinzentado. Anne é uma menina com aproximadamente 11 anos de idades, bem magra, de pele branca bem clara, sardas no rosto, grandes olhos azuis e cabelos, longos, lisos e ruivo natural, preso em duas tranças por um pequeno pedaço de tecido branco; alguns fios estão esvoaçando ao vento para a esquerda da imagem. Ela veste um vestido cinza claro com uma estampa minimalista de listras finas em cinza escuro, na vertical e horizontal, enrolada em um cobertor de flanela cinza levemente mais escuro. A cena mostra a personagem do busto para cima, focando em seu rosto levemente inclinado para cima. Anne está com uma expressão serena, a boca mostrando os dentes e olhando para o céu.
“Não é o que o mundo tem pra você, é o que você traz ao mundo” (Foto: Netflix)

Júlia Caroline Fonte

Grandes palavras são necessárias para expressar grandes ideias”. A frase de Anne Shirley Cuthbert descreve de maneira certeira o impacto que sua história causou ao longo de 5 anos desde o seu lançamento. A série canadense da Netflix, Anne with an E, teve sua estreia em 2017, e ainda hoje se destaca por ser a adaptação mais corajosa da obra de L. M. Montgomery. Essa nova versão, inspirada na série de livros Anne de Green Gables, conseguiu se adequar aos temas atuais de forma leve e encantadora, tanto em sua história quanto em seu visual.

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A valorização da cultura de origem na construção da própria identidade em A Felicidade das Pequenas Coisas

Cena do filme A Felicidade das Pequenas Coisas. Na imagem, vemos uma garotinha de aproximadamente doze anos. Ela tem cabelos castanhos, lisos e curtos, e usa uma franja, e veste uma blusa azul, de mangas longas, com detalhes em cor de rosa nos punhos e na gola. Ela está sorrindo, e está sentada, com as mãos em cima de uma mesa de madeira, segurando nelas um papel. À direita dela, também sentada de frente para a mesa, há outra garotinha de aproximadamente doze anos. Ela está olhando para frente, e tem cabelos castanhos, lisos, com franja, e está com os cabelos amarrados. No lado esquerdo da imagem, há outra pessoa sentada, no entanto, só é possível ver as suas mãos. Ao fundo há uma parede clara, com uma janela pequena no lado direito, e bem atrás das garotas, há uma espécie de boi deitado no chão. Elas estão em ambiente interno e está de dia.
Indicado ao Oscar de Filme Internacional, A Felicidade das Pequenas Coisas evidencia a simplicidade em uma aldeia do Himalaia e o processo de transformação desse meio no protagonista Ugyen (Foto: Films Boutique)

Sabrina G. Ferreira

No mundo globalizado em que vivemos, cercados por diversas possibilidades de comunicação com os demais, fica difícil entender que existem outras realidades bem diversas às nossas. Essa disparidade é mostrada brilhantemente em A Felicidade das Pequenas Coisas (no inglês, Lunana: A Yak in the Classroom). Com direção e roteiro de Pawo Choyning Dorji (Hema Hema: Sing Me a Song While I Wait), o filme conta a história de Ugyen (Sherab Dorji), um jovem professor que sonha em se tornar cantor na Austrália. Todavia, Ugyen trabalha para o governo, que lhe atribui a missão de lecionar por alguns meses em Lunana, uma aldeia no Butão, país da Ásia Meridional, conhecido como um dos locais mais remotos do mundo. 

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Dois mundos se chocam em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Cena do filme Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. No centro da imagem está Shang Chi, interpretado por Simu Liu. Ele aparece da cintura para cima. Ele é um homem asiático, de cabelo curto e preto, ele tem olhos castanhos. Ele está vestindo uma camiseta vermelha com desenhos em preto. Ele olha para a câmera. O fundo é preto e nublado. Há anéis brilhando em dourado ao redor de Shang Chi.
Indicado ao Oscar 2022, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis se tornou um sucesso de público e de crítica (Foto: Marvel Studios)

Nathan Sampaio

É muito comum que os filmes com maior notoriedade no Oscar sejam aqueles que concorrem nas principais categorias, como Melhor Filme, Direção, Ator e Atriz. Ainda assim, há ótimos longas que ficam escondidos, pois são lembrados em apenas em uma ou duas disputas técnicas. Na premiação de 2022, temos um excelente exemplo desse caso: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, o longa-metragem indicado na categoria de Melhores Efeitos Visuais. 

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A retórica de Apresentando os Ricardos é alienante e perversa

Cena do filme Apresentando os Ricardos. Imagem retangular e colorida. Nela, um homem e uma mulher se encaram seriamente, como se estivessem no meio de uma discussão. O homem, Desi Arnaz, interpretado por Javier Bardem, é um homem branco, de cabelos curtos e escuros penteados em um topete, que veste uma camisa marrom. Enquanto a mulher, Lucille Ball, interpretada por Nicole Kidman, é uma mulher branca, de cabelos ruivos tingidos que se estendem até seus ombros, vestindo uma camisa verde e levantando a sua mão direita, pintada em esmalte vermelho, até a altura de seu peito, enquanto aponta para Desi. O cenário é o set de gravação de uma série.
Nicole Kidman, Javier Bardem e J. K. Simmons, indicados nas categorias de atuação, já foram concebidos com um Oscar no passado: Kidman ganhou em 2002, por As Horas; Bardem em 2008, por Onde os Fracos Não Têm Vez; e Simmons em 2015, por Whiplash (Foto: Amazon Prime Video)

Enrico Souto

Uma característica não muito sutil do roteirista Aaron Sorkin é seu longo interesse em narrativas históricas. Assinando textos desde o drama esportivo de Moneyball até a trama tecnológica e psicodélica de A Rede Social – responsável pelo seu único Oscar, em Roteiro Adaptado –, era de se esperar que, ao cineasta decidir se arriscar na cadeira de direção, esse padrão continuasse em voga. Assim, depois de dois filmes com recepção razoável, ele aposta no mais apelativo dos Oscar bait e dirige uma cinebiografia irremissivelmente metalinguística. Apresentando os Ricardos, no caso, se insere no anos 50, dentro dos bastidores da série I Love Lucy, a mais relevante e disruptiva sitcom da História da Televisão americana, comentando, no processo, o próprio funcionamento de um seriado. 

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A sensibilidade da juventude vivida em The Sex Lives of College Girls mostra como é bom experimentar

Cena da primeira temporada da série A Vida Sexual das Universitárias. A imagem tem formato retangular e mostra as personagens Leighton, Whitney, Kimberly e Bela em um abraço enquanto elas dão risada dentro do dormitório.
Acompanhar a vida do quarteto na transição entre a adolescência e a vida adulta é uma amável viagem entre as diferenças, surpresas e estranhezas (Foto: HBO Max)

Monique Marquesini

Apostando em novos rumos para os seriados nas telas, deixando o Ensino Médio de lado, a nova comédia do HBO Max explora o período da faculdade. A Vida Sexual das Universitárias (The Sex Lives of College Girls), lançada em novembro de 2021 e criada por Mindy Kaling e Justin Noble, é marcada por um diferencial que a torna especial: expor as adversidades desse novo ciclo sem desviar de questões cotidianas da juventude. A série acompanha quatro calouras – Kimberly (Pauline Chalamet), Whitney (Alyah Chanelle Scott), Bela (Amrit Kaur) e Leighton (Reneé Rapp) – na importante Essex College, onde elas buscam mudanças para suas vidas.

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Em O peso do pássaro morto, a perda é a grande protagonista

Capa do livro O peso do pássaro morto. Na imagem, um fundo roxo carrega o título da obra como se as palavras estivessem apoiadas em fios elétricos pretos. No canto superior direito está grafado o nome da autora em branco, já no canto inferior esquerdo é marcada a logo da editora. Ainda há nos extremos da capa os números: 8, 17, 18, 28, 37, 48, 49, 50, 52.
O peso do pássaro morto, publicado pela Editora Nós em 2018, é a obra de estreia de Aline Bei (Foto: Editora Nós)

Jamily Rigonatto

“–claro, – respondi
entendendo que o tempo
sempre leva
as nossas coisas preferidas no mundo
e nos esquece aqui
olhando pra vida
sem elas”

Quantas vezes na vida é preciso deixar parte de nós ir? E quantas vezes isso acontece até que não reste nada? Em O peso do pássaro morto, Aline Bei nos convida para integrar essas perguntas em sua poética questionadora, que desde o lançamento do livro em 2018, compõe o ar encantador habitante da crueldade. Em um retrato versado pelo gosto amargo de perder, a autora de Pequena coreografia do adeus e Rua sem saída apoia-se em palavras duras e sinceras para explorar o ato de se despedir, com toda sua naturalidade devastadora. 

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