A ousadia de sobreviver em Lovecraft Country

Horrores cósmicos e sociais perseguem os protagonistas do show, que fez tremer os últimos dez domingos da HBO (Foto: Elizabeth Morris/HBO)

Leonardo Teixeira

Em Lovecraft Country, é constante o diálogo entre passado e futuro. “Quando meu neto nascer, ele será minha fé transformada em carne e osso”, uma personagem diz, em um dos muitos climaxes da trama. Aqui, ícones e referências da cultura negra dão liga a uma trama sobre ancestralidade. Não só sobre as qualidades e ensinamentos passados de mãe para filha, mas também as feridas. A inspiração na obra de um babaca eugenista, em uma história protagonizada por pessoas pretas, adiciona mais força ao texto, que explora a monstruosidade como característica inerente ao ser humano. 

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A química entre seus protagonistas é o que incendeia O Método Kominsky

Estrelada por Michael Douglas e Alan Arkin, O Método Kominsky é sucesso da crítica e encanta a todos com seu bom humor (Foto: Reprodução)

Milena Pessi

Se você está já terminou de assistir as seis temporadas de Grace and Frankie e não vê a hora da próxima ser lançada, O Método Kominsky é uma ótima opção pra matar a saudade dessa vibe cômica. Mas cuidado, as chances de se apaixonar pela série são muito grandes. Criada em 2019 por Chuck Lorre, nome que assina os grandes sucessos Two And A Half Men e The Big Bang Theory, Kominsky conta a história de amizade entre Sandy Kominsky e Norman Newlander. Encarando os desafios e os questionamentos da terceira idade, como crises existenciais, o medo da morte, a perda de amigos e pessoas amadas, doenças inesperadas e questionamentos sobre a vida. 

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Canada’s Drag Race tem muito o que aprender com RuPaul

O icônico top 5 (Foto: Reprodução)

Jho Brunhara e Vitor Evangelista

A primeira temporada de Canada’s Drag Race terminou mais amarga do que deveria. Apesar do início extremamente promissor e dos episódios que facilmente desbancam as edições mais recentes da versão americana, o cansaço causado pelos apresentadores de primeira viagem e a constante imitação dos trejeitos de RuPaul Charles mostram que o problema do sequilho só é parcialmente pela quantidade de goiabada. A falta de consistência do trio da bancada não foi um empecilho só para as competidoras. Dez episódios depois, a franquia nos relembra que Drag Race premia muito mais o barulhento e chamativo do que o melhor histórico. 

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All Stars 5: dívida atrasada se paga com juros

Shea Couleé garantiu seu merecido lugar no Hall da Fama (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Não tinha outro jeito. Quando Shea Couleé entrou no ateliê, a Coroa, o cetro e o quadro do Hall da Fama já estavam com nome e sobrenome estampados. Quem chegasse na competição depois já não era importante, ou sequer relevante. 5 edições à dentro dessa corrida (quatro, se desconsiderarmos o terrível All Stars 1), o jogo já não tem mais tantas nuances. Ao passo que as nove queens restantes retornavam para a disputa do título e do cheque, Shea não tinha com o que se preocupar. Oito episódios depois, a conta veio.

Muito mais uma manobra de redenção, por vezes autoinfligida, a escolha de RuPaul parece levar em conta o passado e o prestígio em detrimento do agora. Assim, a questão que fica é a seguinte: essa competição virou um acerto de contas ao invés de uma congratulação e reconhecimento por mérito? A resposta definitiva não existe, Shea Couleé não venceu por pena ou migalhas, mas a narrativa dessa 5ª temporada abre margem para discussões mais profundas quanto ao papel da corrida secundária pela coroa. Está na hora do All Stars acabar.

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Em ano eleitoral, RuPaul’s Drag Race toma partido

The Essence of Beauty (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

A décima segunda temporada do reality de drag queens sofreu um bocado. A começar pela polêmica de Sherry Pie, acusada de assédio, e sua desclassificação do programa, o novo ano enfrentou a pandemia mundial que impediu a gravação com público dos episódios finais. O isolamento se refletiu em soluções inventivas e conferências à distância. Munido de propaganda eleitoral e do hit American, RuPaul Charles coroou Jaida Essence Hall, uma rainha negra e que celebra a cultura de concursos de beleza. Num momento tão crítico dos Estados Unidos, a escolha de Mama Ru evidencia o papel da arte no meio das revoltas e reivindicações: celebrar performers negros e evidenciar seu carisma, singularidade, coragem e talento.

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25 anos depois, já podemos parar de falar sobre Friends

I’ll be there for you (Foto: NBC)

Vitor Evangelista 

Friends é a grande série do século XX. A comédia sobre os seis amigos de Nova Iorque que conquistou a cultura pop num solavanco, hoje se prostra como uma das maiores produções televisivas da história. A sitcom comemorou vinte e cinco anos no fim de setembro e fãs mundo afora celebraram o legado e as piadas de Rachel, Joey, Phoebe e companhia. Mas, tanto tempo depois da estreia, Friends deveria deixar os holofotes de lado.

Grande parte do buzz do seriado vem da exibição global da Netflix. O fácil acesso aos 236 episódios exibidos originalmente pela NBC entre 1994 e 2004 é primordial para manter acesa a chama de discussão da série. Todavia, com todas as portas que Friends abriu, carreiras que lançou e conteúdos que originou, o grande público pode voltar atenções a outras grandes produções lançadas de lá para cá. E não há problema algum nisso.

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A inquietação é necessária na segunda temporada de Pose

Mulher posando em preto e branco com Pose escrito
A série retornou às terças-feiras do FX em junho, mês do Orgulho LGBT (Divulgação)

Leonardo Teixeira

O segundo ano de Pose começa com uma viagem. Conhecemos a Hart Island, uma ilha real que abriga o maior cemitério de indigentes dos EUA. Durante o auge da epidemia de AIDS/HIV, vítimas do vírus cujas famílias não podiam arcar com um sepultamento “convencional” acabavam ali. Os corpos dessas pessoas em específico eram enterrados em uma cova coletiva, separada das demais, “para que os outros corpos não fossem infectados”, afirmou uma autoridade da época.

É esse o cenário da nova fase do show produzido por Ryan Murphy, Brad Falchuk e Steve Canals se inicia. Um cenário de descaso, violência e desinformação. Mas a esperança é o mote da temporada, que triunfa mais uma vez ao dar nome e endereço para pessoas que lutam diariamente para serem enxergadas.

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A Maldição da Residência Hill rompe com as amarras do terror comum

O novo drama de suspense e terror da Netflix foi inspirado por Lost, revelou o criador Mike Flanagan (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Maquiada como uma produção de terror e fantasmas, A Maldição da Residência Hill usa de artifícios do gênero para tratar de uma relação familiar conturbada e extremamente relacionável ao mundo fora das telas. Transitando entre o passado e o presente dos moradores da Hill House, a produção de Mike Flanagan trabalha com alegorias e cria a melhor série original do ano da gigante de streaming.
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A raiva que adoece em Sharp Objects

A parede florida da residência dos Crellin evoca a alma cuidadosa de Adora, semelhante a Mãe Natureza (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Estrelada por Amy Adams, a minissérie da HBO adentra o passado da jornalista Camille Preaker, que retorna a sua cidade natal para noticiar a morte de duas jovens garotas. Carregada de ressentimento, a produção caminha a passos lentos e cores quentes para mapear as relações familiares problemáticas de sua protagonista. Camille é uma mulher marcada por abusos. A começar pela distante relação que construiu com a mãe Adora (Patricia Clarkson, sublime), a perda de sua irmã caçula ainda na infância, os anos marcados pela automutilação e alcoolismo, a personagem de Amy Adams tem problemas em encarar o passado e, principalmente, deixá-lo ir. 

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Os rótulos de Unbreakable Kimmy Schmidt

Em um absurdismo cômico, o seriado extrapola metalinguagem e a inversão caricata de papéis (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Com o buzz político das denúncias de abuso de Hollywood, passando pelas declarações polêmicas do presidente Donald Trump, a primeira parte da 4a temporada de Unbreakable Kimmy Schmidt discute feminismo e atualidades com propriedade. Calcada num roteiro ácido e com timing cômico impecável, a série de Tina Fey mais uma vez diverte mas sem nunca fazer deixar de refletir.

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