O thriller que nos apresenta uma das heroínas mais enigmáticas da Marvel não nos leva a lugar nenhum. Entre os segredos do passado e um futuro que envolve todos na teia de Cassandra Webb, lugar nenhum é um eufemismo perto do abismo em que o filme deixa o espectador. Afinal, Madame Teia prometeu uma viagem tão transcendental assim?
Dê a Sam Levinson a chance de borrar as linhas entre o drama e o escárnio humanos, e ele voltará escrachando toda e qualquer camada da vida. Da produção de X, passando pela roteirização de Malcolm & Marie e atingindo a direção de País da Violência, essa tática marca seus passos em Hollywood. E foi participando dos três pilares da Sétima Arte, conjuntamente e pela primeira vez, que o cineasta criou a singular Euphoria. Vira e mexe empilhando aclamação e burburinho nas portas dos estúdios HBO, desde sua estreia avassaladora em 2019, a série redefiniu o sucesso televisivo e cultivou expectativas de sobra para sua segunda temporada.
A sátira criada e dirigida por Mike White (Enlightened, Escola de Rock), se tornou um completo sucesso em audiência desde seu lançamento pela rede americana HBO, tanto que já tem sua segunda temporada encomendada para o próximo ano, em um formato de antologia, com personagens e histórias diferentes. Toda trama de The White Lotus se passa num resort de luxo no Havaí, de mesmo nome da série, e tem como protagonistas três grupos de pessoas, com algo predominante entre elas: são todas ricas e brancas.
Estrelada por Amy Adams, a minissérie da HBO adentra o passado da jornalista Camille Preaker, que retorna a sua cidade natal para noticiar a morte de duas jovens garotas. Carregada de ressentimento, a produção caminha a passos lentos e cores quentes para mapear as relações familiares problemáticas de sua protagonista. Camille é uma mulher marcada por abusos. A começar pela distante relação que construiu com a mãe Adora (Patricia Clarkson, sublime), a perda de sua irmã caçula ainda na infância, os anos marcados pela automutilação e alcoolismo, a personagem de Amy Adams tem problemas em encarar o passado e, principalmente, deixá-lo ir.