Ser um herói configura em deixar sua marca por onde passa, seja isso algo bom ou ruim. Agir em defesa da vida de uma sociedade tem seu peso e nem sempre pode sair da maneira em que foi planejado, ainda mais quando o destino do defensor não está alinhado com fazer o bem. Indicado pela primeira vez ao Emmy, na categoria de Melhor Dublagem de Personagem, Invencívelrenasce das ruínas e apresenta um roteiro maduro em comparação à temporada anterior, explorando as conexões emocionais de seus personagens.
Treta, como comédia dramática, beira ou até ultrapassa o humor ácido ao acompanhar um surto de raiva no trânsito entre duas pessoas, que acabam deixando isso tomar conta de suas vidas. Criada pelo hilário Lee Sung Jin (Thunderbolts) e produzida pelaA24, uma das produtoras mais aclamadas do Cinema independente norte-americano, a obra reúne os talentosos Steven Yeun (Minari – Em Busca da Felicidade) e Ali Wong (Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa), protagonistas e produtores executivos que, durante as filmagens, elogiaram um ao outro por seu senso de humor e atuação.
Nos mais de 120 anos do Cinema, é natural que, uma hora ou outra, ideias se esgotem, seja pela saturação ou pelas fórmulas estabelecidas. É a partir daí que os gêneros nascem, com o intuito de guardar em caixas histórias que têm algo em comum. Filmes de ação, geralmente, são construídos sob a sombra dos brucutus com armas nas mãos, contra tudo e contra todos; romances, em sua maioria, são melodramáticos; biografias, quase sempre, endeusam os biografados; aventuras abusam da jornada do herói, e por aí vai. Em uma Arte tão vasta, o difícil é sair da homogeneidade.
Talvez o gênero que encontre mais dificuldade para escapar do ‘mais do mesmo’ seja o de sci-fi com extraterrestres. Muito porque, antes mesmo dele chegar de vez no Cinema, o tema já estava amplamente estabelecido na cultura popular, principalmente a norte-americana. Quando chegou às telas, o subgênero já vinha como um ponto fora da curva, a exemplo de Contatos Imediatos do Terceiro Grau(1977), Marte Ataca!(1996), Alien: O Oitavo Passageiro (1979), E.T. O Extraterrestre(1982), Sinais (2002) ou, até mesmo, o recente Distrito 9 (2009). Essa seara que, graças a originalidade, criou seu próprio conceito, merecia ser retrabalhada por uma das mentes mais originais da atualidade, e é isso que Jordan Peele busca com Nope, ou, aqui no Brasil, Não! Não Olhe!.
Invincible chegou em março no Amazon Prime Video, despertando curiosidade e gerando polêmicas dentro do mundo nerd. Mas, afinal, a série é, realmente, tudo isso? Baseada nas HQs de mesmo nome de Robert Kirkman, Invencível é originalmente uma criação em quadrinhos de 2003. Ela foi incluída no catálogo da Amazon,que agora, aparentemente, segue apostando na nova onda de desconstrução de super-heróis iniciada no ano retrasado por The Boys – que, inclusive, também se baseia em HQs lançadas na longínqua década de 2000.
A raiz que busca um solo para se firmar, o sonho que busca um meio de se realizar e o Cinema que busca um espaço para se expressar. Assim é Minari: tão belo, suave e poderoso quanto o fenômeno mais fundamental da natureza, tão feliz quanto o processo mais gratificante da experiência humana, e tão transformador quanto o ato de criar seu próprio caminho. O drama familiar dirigido e roteirizado por Lee Isaac Chung se destaca dentre muitos filmes ambiciosos, fechados e maquiados com sua narrativa delicada, representativa e verdadeira. Encantando em absolutamente todos os lugares que passou desde sua estreia no Festival de Sundance em janeiro de 2020, o filme chega em 2021 representando uma série de narrativas e existências que não precisam e nem querem gritar em obras de estruturas grandiosas para serem ouvidas. Apenas desejam encontrar seu espaço para existir.