Após sofrer um acidente de carro que inspirou o filme 90 Minutos no Paraíso (2015), o pastor Don Piper relata a experiência que o fez encontrar a religião [Foto: Synapse Distribution]Henrique Marinhos
Para morrer, basta estar vivo. Essa é, até então, a única certeza que temos. Entre cientistas, céticos e religiosos, a experiência de quase-morte é o mais próximo que estamos da noção do pós-vida, cenário em que qualquer metodologia que aproxima a maior dúvida da humanidade de uma resposta é válida. Depois da Morte procura explicitar de um jeito simples, acessível e dinâmico várias experiências em um documentário com uma ótima abordagem, no entanto, nada característica ao gênero e enviesada em sua construção.
Em eternal sunshine, Ariana Grande descobre que, na superação, sua principal companhia é ela mesma (Foto: Katia Temkin)
Arthur Caires
Em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, Joel e Clementine, interpretados por Jim Carrey e Kate Winslet, embarcam em um romance intenso, porém marcado por turbulências. Após um término doloroso, ambos optam por apagar as memórias um do outro através de um procedimento inovador. Essa busca por um recomeço emocional ecoa no sétimo álbum de estúdio de Ariana Grande, eternal sunshine, lançado sete meses após seu divórcio. Inspirado diretamente no filme, o disco é uma jornada introspectiva em que a artista explora a dor da perda, a esperança de cura e a busca por um novo amanhecer.
Conhecer a mente e a realidade de Coriolanus Snow não foi tão confortável quanto parecia ser (Foto: Paris Filmes)
Fábio Gabriel Souza
“Snow cai como a neve, sempre por cima”
– Coriolanus Snow
É difícil mergulhar em um universo novamente oito anos após conhecê-lo, ainda mais quando nos deparamos com uma realidade tão diferente da apresentada na quadrilogia original, Jogos Vorazes. Entretanto, Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes faz um bom trabalho ao representar uma nova versão de Panem de maneira tão imersiva. Se passando 64 anos antes de Katniss Everdeen, o longa acontece nos primórdios dessa sociedade totalitária e se ocupa em mostrar, de forma cruel e crua, as origens dos Jogos Vorazes, que é muito rústico e está longe de ser o espetáculo apresentado anteriormente.
Ahsoka retorna definitivamente ao mundo das séries, após suas aparições em The Mandalorian e The Book Of Boba Fett (Foto: Disney+)
Carlos Staff
Ahsoka Tano é uma personagem criada por George Lucas e Dave Filoni em 2008 para ser a Padawan do cavaleiro Jedi Anakin Skywalker, no primeiro e único filme animado de Star Wars até hoje. Em seguida, ela também se tornou protagonista do ótimo Star Wars: The Clone Wars, ganhando o carinho dos fãs e se tornando uma das figuras mais populares desse universo ao longo das sete temporadas da série animada.
Ahsoka e Filoni têm muito em comum. O atual diretor-executivo criativo da Lucasfilm foi convocado diretamente por Lucas para, primeiramente, comandar o departamento de animações da empresa. Foi nesse posto e nas suas diversas conversas com o produtor que ele foi evoluindo como roteirista e diretor, se estabelecendo como a principal mente criativa da franquia atualmente. Então, quem melhor do que Dave Filoni para comandar a série live-action de Ahsoka e nos contar uma história sobre mestres e aprendizes?
Deixando de ser uma mera personagem coadjuvante, Anna Cathcart tem em Com Carinho, Kitty o seu primeiro papel como protagonista (Foto: Netflix)
Guilherme Machado Leal
Nas séries centradas em adolescentes, as primeiras experiências são o ponto de partida para que a história se desenrole. A partir delas, sentimentos amorosos, dificuldades do Ensino Médio e o crescimento inerente dessa fase participam do processo de formação de um indivíduo. Em Com Carinho, Kitty, spin-off da trilogia de livros Para Todos Os Garotos Que Já Amei – adaptados pela Netflix -, a autora Jenny Han utiliza o formato televisivo para contar a jornada de Kitty (Anna Cathcart) em busca das suas raízes coreanas.
Com um visual estonteante, digno de encher os olhos do espectador, Elementos cativa muito mais no que se vê do que se lê na história (Foto: Disney+)
Aryadne Xavier
Ao lançar Toy Story 1em 1995, a Pixar foi muito além da proeza de fabricar o primeiro filme de animação longa-metragem totalmente produzido em um computador. Após quase 30 anos, o longa segue sendo um dos maiores clássicos do Cinema e um marco em toda uma geração que cresceu assistindo aos desenhos do estúdio. Anos e sucessos de bilheteria depois, a fórmula do sucesso pode ser descrita, de maneira simplória, como um casamento entre a inovação visual e a profundidade de suas histórias. Indo além de apenas um show técnico, as jornadas de seus personagens sempre foram cativantes e relacionáveis com o público, trazendo aquilo que era contado na tela próximo de quem assistia, emocionando e conectando com multidões.
Com o tempo, a técnica foi se transformando, deixando de focar em apenas uma jornada e ambicionando a criação de um universo inteiro em duas horas de produto final em que, entre erros e acertos, muitas coisas poderiam ser pontuadas. Talvez o maior sucesso nessa lógica tenha sido Divertida Mente (2015), acompanhando de perto a mente da pequena Riley. Tentando replicar o mesmo método de sucesso em Elementos, o estúdio foi pego então pela sua maior armadilha: a balança desigual entre técnica e humanidade. E na tentativa de conciliar os gráficos e a química impecável por trás do seu visual, o filme peca ao deixar de lado sua premissa original em prol de um romance que brilha aos olhos e até emociona, mas não leva muito ao coração.
Finalmente temos um filme de Barry Allen nos cinemas (Foto: Warner Bros. Pictures)
Guilherme Machado Leal
É praticamente impossível falar sobre The Flash sem mencionar o caso Ezra Miller e os seus desdobramentos. O longa-metragem foi adiado inúmeras vezes, tendo a primeira data de estreia para o ano de 2018. Trocas na direção, a pandemia do Coronavírus e problemas com a estrela principal fizeram com que a produção saísse apenas em Junho de 2023. A postura de Miller, fora das câmeras, é um acontecimento à parte, uma vez que a lista de crimes cometidos por elu é vasta e demanda que se tenha uma conversa prévia acerca dos ocorridos.
The Wolf of Wall Street arrecadou mais de 400 milhões de dólares em bilheteria (Foto: Paramount Pictures)
Nathalia Tetzner
Poucos diretores sabem explorar o lado mau dos homens como Martin Scorsese e, no campo dos atores, são raros aqueles que, à la Leonardo DiCaprio, sabem se despir para viver na pele uma figura ‘8 ou 80’. Na floresta do capitalismo selvagem, O Lobo de Wall Street surge, em 2013, sem escrúpulos ou moralismo para retratar a trajetória de Jordan Belfort pelos edifícios carnívoros do distrito financeiro mais cobiçado do mundo.
Sendo um símbolo de resistência, falar sobre e dar os devidos créditos a Ballroom por suas contribuições é mais do que um resgate histórico: é um ato político (Arte: Aryadne Xavier)
Aryadne Xavier
“Você pensou que eu deitaria e morreria?/Oh não, eu não. Eu vou sobreviver/Enquanto eu souber como amar/Eu sei que permanecerei viva/Eu tenho minha vida toda para viver/Eu tenho meu amor todo para dar e/Eu vou sobreviver, eu vou sobreviver”
– I Will Survive (Gloria Gaynor)
O ser humano pode não nascer programado para certos comportamentos, mas os aprende tão cedo que pode sentir, em seu íntimo, que as coisas apenas são dessa maneira. O desejo de pertencer, resquício fundamental do desenvolvimento em grupos, é tão latente que se transforma em uma vontade dupla de ser aquilo que é aceitável ou ao menos parecer ser. Lançada ao mundo pela primeira vez há 130 anos, a revista Vogueimprime o que seu próprio nome diz. Registrando e, talvez, ajudando a ditar o que está em alta, a publicação estadunidense foi, por incontáveis vezes, inacessível a uma parcela da população, que podia apenas se projetar nela, como um sonho.
Tal projeção se via em uma sombra, refletindo aquilo que brilhava, mas o objetivo nunca foi copiar fielmente. Ao imitar as poses das modelos da Vogue em uma espécie de duelo, o grupo que participava das balls se apropriou daqueles movimentos, criando algo único. O Voguingse tornou algo muito além da revista, mesmo que seus nomes ainda possam ser assimilados. Esse ato de reconstruir, verbo que sempre fez parte dessa cultura, foi o que reinventou e revolucionou o que é ser uma pessoa da comunidade LGBTQIA+ em sua época de fundação, trazendo identidade, força e conexão até o presente.
Poker Face é uma forte candidata para o título honorário de ‘Melhor Série do Ano que Você Não Viu’ (Foto: Peacock)
Guilherme Veiga
A TV é um território onde não se pode errar, mesmo com as produções desastrosas sempre existindo, inclusive na história recente. Nesse sentido, criou-se um lugar seguro de gêneros em que se pode transitar. Tais segmentos definem uma moda em seu respectivo tempo: os anos 2000 foram férteis para as séries de ‘casos da semana’ com House, Supernaturale CSI nadando de braçada; atualmente, as antologias tem seu lugar ao sol com o sucesso estrondoso de Black Mirror e seus filhos como Love, Death & Robots.
Porém, toda moda, na verdade, é cíclica. As antologias retomam Além da Imaginaçãoe Contos da Cripta, enquanto o que moldou a Televisão no início deste século bebe de Columbo, série dos anos 1970 que catapultou o gênero de investigação como o conhecemos. Respeitando o intervalo de, pelo menos, duas décadas entre tendências, assim como a estética y2k, Poker Face promete ser a precursora de um possível movimento de retorno.