A Procura de Martina busca a memória coletiva

 Cena do filme A Procura de Martina. Na imagem, está Martina, uma mulher branca de cabelos castanhos curtos. Ela tem mais de 60 anos e aparenta marcas de expressão no canto dos olhos e no entorno da boca. Usa um óculos dourado com um cordão também dourado e veste um casaco de frio bege de lona sintética. Ela está em frente a uma foto em preto e branco.
Pertencente à seção Mostra Brasil da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, A Procura de Martina faz um manifesto (Foto: Bretz Filmes)

Jamily Rigonatto

Desde seu surgimento, a humanidade tenta se fazer eterna de alguma maneira. De registros em paredes de cavernas a imagens perfeitamente impressas em papel filme, o objetivo é tentar manter um dos bens imateriais mais importantes vivo: a memória. No longa-metragem A Procura de Martina, exibido na seção Mostra Brasil da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, isso é amplificado com uma viagem particular pela lembrança que se universaliza para milhares de outras pessoas.

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Sob o Céu Cinzento: o jornalismo viveu, vive e viverá tempos sombrios

Cena do filme Sob o Céu Cinzento. Na imagem, um policial observa um homem algemado com a cabeça apoiada sobre a parede e as pernas abertas. A câmera os captura nesse espaço confinado que se trata de um corredor em uma prisão, pouco iluminado.
O filme polonês foi selecionado para a seção Novos Diretores da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Loco Films)

Nathalia Tetzner

Mais do que uma cinebiografia, Sob o Céu Cinzento é um retrato fiel dos maiores obstáculos do exercício do jornalismo: a censura e opressão de governos autoritários. Não importa o país ou a cultura, em algum momento da história, todas as diferentes sociedades do mundo conviveram com a repressão sobre a imprensa. No caso do longa-metragem, acompanhamos a trajetória de uma jornalista bielorussa em busca de liberdade.

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Bicho Monstro assusta mais do que qualquer animal imaginário

Cena do filme Bicho Monstro. Na imagem, vemos uma garota branca de cabelos e olhos claros descendo uma trilha na floresta. Ela veste uma jaqueta azul por cima de uma camiseta rosa e uma calça longa cinza. Ela carrega uma pequena bolsa enquanto desvenda esse cenário de gramas verdes e árvores altas que são iluminadas pelos raios de sol.
Bicho Monstro fez parte da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na seção Novos Diretores (Foto: Vitrine Filmes)

Nathalia Tetzner

Representando nas telonas o imaginário popular da região Sul do Brasil, Bicho Monstro fez parte da seleção da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na seção Novos Diretores. O diretor, Germano de Oliveira, coloca em perspectiva uma narrativa sobre o Thiltapes, um animal perigoso que vive nas florestas mais densas dos lugares ocupados por imigrantes alemães no país. Acontece que a ave sanguinária não é, nem de longe, o aspecto mais aterrorizante do filme.

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O Oscar é passageiro e Ainda Estou Aqui é eterno

Aviso: o texto contém spoiler e aborda temas sensíveis.

Na imagem, Eunice olha para frente com expressão de tristeza e olhos marejados. A cena possui tons de azul e verde, cores melancólicas. O cenário é de um restaurante, ao fundo há mesas e um homem em desfoque à esquerda. Eunice é uma mulher na faixa dos 60 anos, de pele clara, cabelos escuros e lisos na altura do pescoço. Ela usa brincos grandes, pretos e arredondados. Ela está vestindo uma camisa de botões, com a gola aberta. A roupa é na cor verde escura e estampas de flores.
O filme levou 350 mil pessoas aos cinemas no fim de semana de estreia (Foto: Globoplay)

Davi Marcelgo e Guilherme Machado Leal 

O Cinema de Walter Salles se concentra em temáticas semelhantes, principalmente em Terra Estrangeira (1995) e Central do Brasil (1998), histórias sobre memória, esquecimento e a relação de suas personagens com o Brasil. No primeiro, Fernanda Torres interpreta Alex e, no segundo, é a sua mãe, Fernanda Montenegro, quem dá vida à professora Dora. Em 2024, com Ainda Estou Aqui, adaptação de livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o diretor retoma a parceria com as atrizes para abordar um outro período da história: a Ditadura Militar brasileira. Ambientado no Rio de Janeiro da década de 1970, o longa-metragem acompanha a vida de Eunice Paiva (Fernanda Torres) e seus filhos após o desaparecimento de Rubens Paiva (Selton Mello), ex-deputado engajado na luta contra o regime ditatorial. 

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Fernando Coimbra mistura filmes de gangue com Macbeth em Os Enforcados

O cenário é uma cozinha. Na cena, Valério está sentado com um canivete na mão, chorando, e com a cabeça deitada no peito de Regina. Ele veste uma camisa preta. Regina segura a cabeça de Valério contra o seu peito. Ela está com uma roupa branca manchada nas mangas.
Fernando Coimbra já trabalhou com Leandra Leal em O Lobo Atrás da Porta (Foto: Gullane Filmes)

Guilherme Moraes

Após um hiato de mais de dez anos, depois de lançar O Lobo Atrás da Porta, Fernando Coimbra retorna na direção de Os Enforcados, filme que debutou na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na seção Mostra Brasil. Na trama, Regina (Leandra Leal) influencia o marido a cometer um crime na busca por tomar o comando dos negócios, ao melhor estilo Lady Macbeth. No entanto, os planos dão errado e, conforme a narrativa avança, Valério (Irandhir Santos) vai assumindo cada vez mais a postura de gangster.

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A opressão do amor em Tudo Que Imaginamos Como Luz

Cena do filme Tudo Que Imaginamos Como Luz. A imagem está em plano detalhe, captando apenas do ombro para cima das personagens. No centro está Prabha observando algo que Anu está segurando. Ela está atrás de Anu. Anu está segurando e observando uma air fryer vermelha.
Uma Noite Sem Saber Nada é o primeiro filme de Payal Kapadia (Foto: Petit Chaos)

Guilherme Moraes

Vencedor do Grand Prix no Festival de Cannes, Tudo Que Imaginamos Como Luz chegou com muita expectativa na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, ao ponto de lotar as sessões. Dirigido por Payal Kapadia, o longa, que fez parte das seções Foco Índia e Competição Novos Diretores, fala sobre a opressão do amor de diferentes formas nos grandes centros urbanos indianos.

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O Palhaço de Cara Limpa é ‘faz-me rir’ para quem nunca perde

Cena de O Palhaço de cara limpa. Na imagem, um homem pardo aparece olhando para o céu. Ele veste camiseta vermelha e está no meio de uma manifestação que acontece a noite entre diversas pessoas. Sua feição é triste e tem lágrimas no canto do olho.
Retratando os reflexos das crises políticas na sociedade, O Palhaço de Cara Limpa fez parte da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção Mostra Brasil (Foto: Lira Filmes)

Jamily Rigonatto

Estamos em Agosto de 2016. Depois de tanto pegar fogo, as grandes capitais percebem que lutar pela diminuição da tarifa dos circulares deu certo e decidem se engajar politicamente em outros espaços. O movimento amplificado em milhares de vezes chegou ao Congresso Nacional e a atual presidente, Dilma Rousseff, perde seu cargo por meio de um Impeachment feito às pressas e com consideráveis buracos constitucionais. O momento parece estranho, pessoas comemoram ativamente nas ruas e outras se preocupam. Estas, previam um futuro que sacrificaria muitos e, entre Arte e cotidiano, O Palhaço da Cara Limpa remonta uma partícula de pólvora dessa explosão catastrófica. 

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Em Hit Me Hard and Soft, Billie Eilish tira o fôlego e o devolve como um novo sopro de vida

Imagem quadrada ambientada embaixo da água. Uma porta branca está aberta, próxima à superfície, no canto superior central da imagem. Em um lugar azul escuro, é possível ver caída flutuando a cantora Billie Eilish, uma mulher branca de olhos claros e cabelos longos, lisos e escuros. . Ela veste roupas escuras e largas, e cai em direção ao fundo.
Billie Eilish demonstra que não há espaço para sorte em seu sucesso estrondoso com um novo álbum de tirar o fôlego – em todos os aspectos (Foto: Darkroom)

Aryadne Xavier

Quando surgiu na mídia em 2015, Billie Eilish ainda caminhava a passos tímidos ao lado de seu irmão e parceiro mais íntimo na Música, Finneas O’Connell. Juntos, eles criaram uma das canções mais tocantes do ano, Ocean Eyes, e deixaram como marca registrada esse jeito único de gerar uma composição: sincero, sentimental e com um ar de caseiro, que aproxima o ouvinte do autor com  uma verdade quase universal. Em todos seus trabalhos, essas características ficam marcadas, mas em Hit Me Hard and Soft, Eilish escancara todos os seus sentimentos e se expõe de ponta a ponta em cada uma das canções. Muito mais madura e consciente do que faz, a artista eleva o nível técnico de suas produções e sua poesia emociona ainda mais. Nesse ponto, já nem faz sentido não assumir a estrela musical que ela é. Continue lendo “Em Hit Me Hard and Soft, Billie Eilish tira o fôlego e o devolve como um novo sopro de vida”

O Pardal na Chaminé compartilha o desejo de escapar

Cena do filme O Pardal na Chaminé. Cinco pessoas estão lado a lado, com expressões introspectivas e semblantes melancólicos, sugerindo um momento de reflexão ou tristeza. À esquerda, um jovem de cabeça baixa veste uma camisa clara, enquanto ao seu lado está um homem de barba curta, usando um suéter marrom. No centro, uma mulher de cabelos curtos e roupa leve, com uma blusa listrada e shorts roxos, olha para baixo com ar desanimado e rosto sujo de sangue. Ao lado dela, uma mulher de cabelo preso veste uma camisa vermelha, enquanto a última personagem, à direita, usa uma camiseta verde com a palavra "Chicago". A composição evoca uma atmosfera de tensão emocional, capturando um instante de silêncio e introspecção compartilhada pelo grupo. Ao fundo, há vegetação densa e uma parede clara, próximo a uma casa.
A desesperança é o único sentimento que encontramos em O Pardal na Chaminé (Foto: Zürcher Film)

Henrique Marinhos 

Exibido na seção Perspectiva Internacional da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, O Pardal na Chaminé (Der Spatz im Kamin, no original), é um filme suiço dirigido por Ramon Zürcher e chega para provar que o ditado popular “família não se escolhe” não é só uma frase jogada ao vento – é uma sentença. Uma casa de campo, que parece um refúgio de tranquilidade, não demora a se mostrar uma prisão emocional onde as tensões familiares afloram o pior de cada um.

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Por trás da Estátua da Liberdade, O Brutalista encontra o verdadeiro Estados Unidos

Aviso: o texto contém spoiler e aborda temas sensíveis.

Cena do filme O Brutalista. O cenário é de um quarto transformado em um escritório. Um tom esverdeado toma conta da imagem. No centro está Erzsébet Tóth sentada com uma blusa com uma coloração amarelada por fora, e outra blusa florida por dentro. László está atrás de Erzsébet, colado a ela, com uma camisa de coloração esverdeada. Ambos estão com uma expressão de preocupação.
O filme teve uma sessão na Mostra em SP antes mesmo de sair o trailer (Foto: Universal Pictures)

Guilherme Moraes

Um dos longas mais aguardados da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, O Brutalista, que fez parte da seção Perspectiva Internacional, é o clássico filme que recebe indicações na temporada de premiações. O teor biográfico, as atuações sisudas, os movimentos de câmeras sutis e uma trilha sonora pensada previamente para tomar a sala de cinema e criar algo mais sensorial são exemplos disso. No entanto, eles não foram usados de maneira vazia. Brady Corbet consegue aderir a todos os elementos que a Academia gosta para contar um épico sobre a desconstrução dos Estados Unidos como um país grandioso e  terra da liberdade.

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