The Velvet Underground & Nico: uma banana para os hippies, uma bíblia para os tortos

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Gabriel Leite Ferreira

“Um dia uma chuva de verdade virá lavar toda a escória das ruas.”

– Travis Bickle

Entre as inúmeras contribuições de Martin Scorsese para a sétima arte, Taxi Driver é uma das maiores. Polêmico desde seu lançamento, em 1976, o quinto filme do diretor norte-americano sintetiza perfeitamente os anseios e as paranoias da geração pós-Vietnã em Travis Bickle, o taxista perturbado interpretado por Robert De Niro. O retrato sem retoques do submundo de Nova York é o auge da quebra dos padrões do cinema hollywoodiano promovida pelo New Hollywood, movimento capitaneado por diretores do final dos anos 60 cuja proposta tem raiz em outro campo da arte. Continue lendo “The Velvet Underground & Nico: uma banana para os hippies, uma bíblia para os tortos”

Sick Sad World: Como Daria e Enid mostraram o quão fantasmagórico o nosso mundo é

Daria (ao centro) e a serenidade no olhar de quem não tem baixa auto-estima e, sim, baixa estima por todas as outras pessoas.
Daria (ao centro) e a serenidade no olhar de quem não tem baixa auto-estima e, sim, baixa estima por todas as outras pessoas

Bárbara Alcântara

É difícil de acreditar, mas houve uma época em que a MTV gastava os seus minutos com programas muito mais interessantes que Jersey Shore e My Super Sweet 16. Um exemplo é a série animada Daria, lançada em março de 1997 como um spin-off da queridinha da Era Dourada do canal, Beavis and Butt-Head. A protagonista era uma antítese da dupla de amigos sem noção que fez tanto sucesso: uma jovem inteligente, sarcástica e antissocial, que arrancava boas risadas do público ao tecer críticas ácidas ao estereótipo do americano “médio” – tudo isso sem esboçar um sorriso sequer. Continue lendo “Sick Sad World: Como Daria e Enid mostraram o quão fantasmagórico o nosso mundo é”

A depressão na arte, nua e crua: Parte I

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Nilo Vieira

O fim do semestre letivo se aproxima e, junto dele, o início do outono também. O ritmo acelerado e sufocante imposto pelos trabalhos finais, somada à alta tensão política que vivenciamos na modernidade líquida, só acentua o tom melancólico da estação. Neste cenário, não há trilha mais pontual que clássicos de cantautores solitários do folk – muitas vezes armados apenas de um violão e uma voz frágil. Continue lendo “A depressão na arte, nua e crua: Parte I”

Melhores discos de Fevereiro/2017

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E mais um mês incansável para nossa curadoria! Para evitar gafes iguais a do Oscar 2017, passamos o carnaval debulhando discos para trazer só a nata para você. Dentre sons na medida para quem não curte sambar e álbuns certeiros para mandar aquele passinho, nossos favoritos de fevereiro:

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La La Land: o sabor agridoce da nostalgia

La-La-LandJoão Pedro Fávero e Nilo Vieira

Não é incomum ouvirmos expressões como “bom mesmo era antigamente, quando…”, mesmo que de pessoas jovens, sendo disparadas em debates sobre produtos culturais e midiáticos. Damien Chazelle, diretor de La La Land e atualmente com 32 anos, parece sofrer de uma sensação nostálgica do mais alto nível, sentindo saudades de uma era não vivenciada por ele. Continue lendo “La La Land: o sabor agridoce da nostalgia”

Até O Último Homem: quão intenso ecoa na história o ideal de alguém obstinado?

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Guilherme Reis Mantovani

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge) nos apresenta a história verídica de Desmond Doss (Andrew Garfield), um interiorano norte-americano que opta por ingressar no Exército dos Estados Unidos pouco depois de conhecer Dorothy Schutte (Teresa Palmer), uma enfermeira pela qual se apaixona de forma irrefreável e recíproca. Devido à sua máxima de que a fé é a melhor alavanca para o ideal que fomenta seu caráter e calca seus princípios morais e religiosos – premissa esta moldada por traumas do passado, resultado de um ambiente familiar profundamente conturbado – o religioso Desmond encara uma batalha pessoal contra a hierarquia, o sistema e o preconceito do Exército ao expor sua vontade de se envolver na Segunda Guerra Mundial como médico de combate sem um único rifle para se proteger, disposto a salvar o maior número de vidas e decidido a não tirar nenhuma. Continue lendo “Até O Último Homem: quão intenso ecoa na história o ideal de alguém obstinado?”

Estrelas Além do Tempo: Aristocracia matemática

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Eli Vagner F. Rodrigues

O título Estrelas além do Tempo não parece ser uma boa expressão para verter em português o original, Hidden Figures (figuras ocultas). Mesmo considerando que os títulos não devem ser, necessariamente, traduções e sim adaptações ou versões para um mercado específico, o título em português parece não dizer muita coisa sobre o filme. A obra, no entanto, diz bastante sobre temas que já conhecemos bem, segregação racial e preconceito de gênero. Por mais que estes temas sejam de grande importância e figurem como motivos culturais contemporâneos por excelência, não são suficientes, nesse caso, para levar o filme ao status de grande obra cinematográfica. Continue lendo “Estrelas Além do Tempo: Aristocracia matemática”

Kubo e as Cordas Mágicas: inovador, mas fiel ao stop motion

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Nádia Saori

Kubo e as Cordas Mágicas é um longa de animação indicado à categoria de melhor animação, concorrendo com Moana, Zootopia, A Tartaruga Vermelha e Minha Vida de Abobrinha, e a de melhores efeitos visuais, concorrendo com Doutor Estranho, Mogli: O Menino Lobo, Horizonte Profundo e Rogue One. Dirigido por Travis Knight e produzido pelo renomado estúdio Laika, o forte da animação não é sua história, mas sua produção em stop motion que, com certeza, foi uma obra prima. Continue lendo “Kubo e as Cordas Mágicas: inovador, mas fiel ao stop motion”

Moonlight: gay kid, m.A.A.d city

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Nilo Vieira

Artistas negros sempre estiveram entre os mais importantes e inovadores em todos os segmentos, ainda que o reconhecimento fosse tardio ou quase inexistente. Na década atual, porém, este cenário vem mudando, dado que as lutas sociais da população negra são cada vez mais constantes e visualizadas: mais do que nunca, exigem ser vistos, ouvidos e representados dignamente, especialmente na arte. Continue lendo “Moonlight: gay kid, m.A.A.d city”

Zootopia: mais um acerto da Disney em animações

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Danielle Cassita e Guilherme Hansen

É muito comum as pessoas não darem importância a filmes de animação, com ideias prontas de que servem apenas para entreter e não passam nenhuma mensagem relevante ao público. Porém, a Disney tem provado nos últimos anos que esse conceito está completamente errado. Com animações bem feitas e também divertidas, seus últimos lançamentos provam que o conteúdo pode andar junto com o entretenimento. Continue lendo “Zootopia: mais um acerto da Disney em animações”