Os melhores discos de Novembro/2016

somebody once told me...
somebody once told me…

Não bastaram os 31 dias do mês passado: o caos de outubro se alastrou em níveis alarmantes em novembro, com tragédias rolando soltas. Talvez por isso muitas publicações tenham optado por já lançar suas listas de melhores do ano agora; ninguém mais aguenta o ritmo pesaroso de 2016.

Como somos teimosos, insistimos na difícil tarefa de escavar a internet para encontrar os bons lançamentos do mês. Aqui estão nossas escolhas – as últimas antes de, enfim, nos despedirmos deste ano.

atribecalledquestA Tribe Called Quest – We Got it From Here… Thank You 4 Your Service

hip-hop

Depois de 18 anos, o Tribe Called Quest se reúne para um sexto e último álbum, We Got it From Here, Thank You 4 the Help. Reunindo nomes como Kendrick Lamar, Andre 3000 e Kanye West com os lendários Jarobi, Q-Tip e Phife Dawg, o disco funciona como uma passagem de tocha simbólica para uma nova geração de rappers (“Joey, Kendrick, Earl e Cole,, gatekeepers of the flow”) além de uma homenagem para Phife, morto durante as sessões de gravação.

As letras e a produção continuam tão afiadas como nos clássicos Midnight Marauders e Low End Theory. Em Space Program os rappers discutem uma colonização de Marte onde os negros são excluídos, em “We the People” cantam “All you black folks you must go/ All you mexicans you must go”, capturando a conturbação da sociedade americana, exposta na eleição de Donald Trump. Mais do que um revival ou nostalgia, We Got it From Here… cementa o legado do ATCQ, enquanto um dos melhores álbuns de hip-hop do ano. (MF)


bolzerhero

Bölzer – Hero

metal podrão

Após dois eps muito bem recebidos pela imprensa underground, enfim a aguardada estreia completa deste duo suíço saiu. Embora mais lapidada, a sonoridade do Bölzer de maneira alguma perdeu peso ou urgência, e o resultado pode ser definido como um Mastodon inspirado na fase viking do Bathory. Hipnótico, é muito recomendado para fãs de rifferamas. (NV)


dawnrichardsredemption

Dawn Richard – Redemption

r&b futurista

Em um ano onde experimentos pouco efetivos no lado alternativo do r&b contemporâneo atingiram desde artistas iniciantes até popstars como Rihanna, é um alívio encontrar álbuns como Redemption. Parte final de uma trinca iniciada em 2013, o disco é um desfile de bangers, com a produção explosiva e cristalina ditando o tom até mesmo nas vinhetas. Coloque no último volume e a festa está garantida. (NV)


jorjasmithproject11

Jorja Smith – Project 11

r&b

No ano em que Solange e Maxwell voltaram ao estúdio, Jorja Smith nos presenteia com mais um excelente momento para o R&B de 2016. Amadurecendo as referências que apresentou em seus três (ótimos) primeiros singles, a britânica de apenas 19 anos se inspira no jazz e em Lauryn Hill para tecer confissões sobre relacionamentos unilaterais, solidão e racismo nos quase vinte minutos do extended play.

Lançado de forma independente, Project 11 reúne ainda arranjos e vocais impecáveis (a participação do cantor folk irlandês Maverick Sabre é um dos pontos altos) que, somados a letras intimistas, conseguem instigar o público para qual deve ser o próximo passo para Smith. A dica é: ouvir e compartilhar, porque temos aqui um registro que merece todo o hype que possa receber. (LS)


beforethedawn

Kate Bush – Before the Dawn

art pop

Com o advento de gravações cada vez mais profissionais disponíveis gratuitamente no YouTube e streaming em tempo real de shows, a discussão sobre a utilidade de discos ao vivo no presente é constante. No entanto, toda regra tem exceções, como é o caso deste registro.

Lançado em cd triplo, Before the Dawn contempla os shows feitos pela diva maior do pop granfino em 2014, os primeiros desde 1979 (!). O setlist abrange tanto os clássicos da obra-prima Hounds of Love (1985) como álbuns mais recentes, e sem dúvidas faz jus à grandeza de sua carreira. (NV)


marchingchurch

Marching Church – Telling It Like It Is

pós-punk

Telling It Like It Is é o segundo disco do Marching Church, supergrupo dinamarquês que começou como projeto paralelo de Elias Bender Rønnenfelt, líder do grupo Iceage. Expandindo a sonoridade de Plowing The Fields of Love, o disco invoca a obra de Nick Cave, com um pós-punk soturno e carregado de pianos, mas acima de tudo romântico.

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