Talvez você também seja um d’Os Maus Patriotas

Imagem do documentário Maus Patriotas. Na foto, o político Jeremy Corbyn e o cineasta Ken Loach, dois homens brancos, estão sentados em um estúdio e dão entrevistas; O homem da esquerda usa uma camisa social azul, uma calça preta e o da direita usa uma blusa marrom com uma jaqueta preta.
Victor Fraga, diretor do documentário, centraliza a narrativa em duas figuras britânicas: Jeremy Corbyn e Ken Loach (Foto: Sesc SP Digital)

Guilherme Machado Leal

Em 2021, o cineasta Victor Fraga cutucou a ferida que marcou o cenário político desde o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e a prisão de Lula com a obra A Fantástica Fábrica de Golpes. Três anos depois, ele volta em Os Maus Patriotas, presente na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, para falar a respeito da relação dos veículos de comunicação com a esquerda britânica. O documentário, da seção Novos Diretores, utiliza duas figuras centrais para a história do Reino Unido: o diretor Ken Loach e Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista. 

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No Céu da Pátria Nesse Instante tem desfecho nublado para o Brasil

Cena do filme No Céu da Pátria Nesse InstanteNa imagem, um homem dirige uma moto, enquanto uma mulher com um colete escrito Justiça Eleitoral nas costas está na garupa. Eles estão de costas e na frente deles, em desfoque, há uma caminhonete com pessoas em cima que vestem camisetas verdes e amarelas, uniformes da seleção de futebol brasileira e usam bandeiras do país. Há também motos com pessoas que vestem o mesmo tipo de roupa. Também é possível ver casas no horizonte. A mulher e o homem estão na faixa dos 40 anos.
O longa foi selecionado para a 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Ocean Films)

Davi Marcelgo

Selecionado no Festival de Brasília e no Festival do Rio, No Céu da Pátria Nesse Instante é um documentário dirigido por Sandra Kogut que também faz parte da seção Mostra Brasil da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O filme narra as eleições presidenciais de 2022 que culminam nos ataques de 8 de Janeiro de 2023 contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Em entrevista para o Canal Brasil, a diretora diz que começou o projeto no final de 2021. O ato dos apoiadores de Bolsonaro é o calcanhar de Aquiles não só da democracia, mas da produção também.

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A Noite que Mudou o Pop: um encontro imperfeito, mas emocionante

Cena de A Noite que Mudou o Pop. Na imagem, parte dos 45 artistas convocados para cantar aparecem posicionados em um estúdio de gravação. Em frente a todos eles está Quincy Jones, um homem negro, produtor da música We Are The World. Ele veste roupas casuais e usa um fone de ouvido. O cenário é composto por tons amarronzados, espumas nas paredes e um telão ao fundo dos cantores.
O documentário estreou em primeiro lugar na lista de produções mais assistidas da Netflix (Foto: Netflix)

Nathalia Tetzner

O cenário é o estúdio de uma clássica gravadora em Los Angeles. No ambiente, as espumas nas paredes evidenciam o cantarolar de uma voz familiar e icônica; Michael Jackson ensaia We Are The World sozinho, enquanto Lionel Richie orquestra, nos bastidores do American Music Awards, o que pode ser considerado o mais importante encontro da história da Música. Seguindo o embalo de tantas vozes que marcaram gerações, A Noite que Mudou o Pop emociona, ainda que seja um documentário tão imperfeito quanto a tentativa de unir timbres diferentes em uma só faixa e atenuar egos inflados em prol de uma causa humanitária: a fome no continente africano.

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A melhor forma de resistir é permanecer: a força de Paris Is Burning para a comunidade LGBTQIAPN+

 

a drag queen negra, Pepper LaBeija, desfila em um salão. Ela está vestindo um suntuoso vestido com lantejoulas douradas e mangas bufantes. Além disso, ela também utiliza luvas pretas até os cotovelos, óculos escuros, batom vermelho e um chapéu com penas verde-escuras e amarelas.. Ao redor de Pepper, estão alguns homens que, espalhados pelo salão, admiram o desfile. O local está tomado por mesas e cadeiras e, ao fundo, há portas de vidro. A parte superior das paredes é vermelha com detalhes prata e uma cabeça de animal é empregada na decoração.
Pepper LaBeija era a mãe da House of LaBeija na época das gravações de Paris Is Burning (Foto: Miramax Films)

Esther Chahin

“É como atravessar o espelho para o País das Maravilhas. Você entra nos bailes e sente-se 100% bem em ser gay. Não é assim no mundo, e deveria ser”

 – Paris is Burning

Madonna, Ryan Murphy, RuPaul e diversos outros nomes influentes da cultura pop inspiraram-se na mesma fonte para criação de alguns de seus trabalhos. Estamos falando da cultura Ballroom, que dominou a cena afro-descendente, latina e LGBTQIAPN+ da periferia nova-iorquina em meados da década de 1980. As diversas categorias que compunham os bailes e parte das narrativas sensíveis dos membros da comunidade queer à época são expostas no documentário Paris Is Burning. Lançada em 1991, a obra foi produzida e dirigida pela cineasta Jennie Livingston, obtendo seu reconhecimento com prêmios como Teddy Award, no Festival de Berlim, e de Melhor Documentário, no Festival de Sundance.

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Os 40 anos da epopeia de sentidos em Stop Making Sense

Cena de Stop Making Sense. Nela, vemos David Byrne, um homem branco de cabelos pretos. Ele veste um terno cinza e uma camisa cinza. O terno é consideravelmente maior que o corpo do cantor, ficando bastante folgado. Byrne está em pé, de olhos fechados e com a boca aberta em frente a um microfone. O fundo é preto.
Cabeças falantes nem sempre precisam fazer sentido (Foto: Arnold Stiefel Company)

Guilherme Veiga

Um tablado preto de teatro. Uma luz no fundo, de onde vem um par de pernas que veste uma calça cinza clara e um sapato terrivelmente branco. Essas pernas chegam até um microfone e então é posto um rádio ao lado. A mão do corpo a quem pertence tais pernas dá play no aparelho, e então uma bateria digital começa aquela que seria uma das versões mais emblemáticas de Psycho Killer. A câmera sobe até o vislumbre de um jovial David Byrne e o resto é história. Assim começa aquela que, posteriormente, seria considerada a obra definitiva quando o assunto é filmes-concerto: Stop Making Sense.

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Os curtas brasileiros do 29º Festival É Tudo Verdade

Os curtas brasileiros ficaram disponíveis gratuitamente na plataforma de streaming Itaú Cultural Play (Arte: Aryadne Xavier)

A 29ª edição do Festival É Tudo Verdade ocorreu entre os dias 03 e 14 de Abril de 2024, com programações que perduraram até dia 30. Entre mostras online e presenciais, o maior evento de reconhecimento às produções documentais exibiu 77 obras de diferentes países e diretores. Além das tradicionais categorias diversas que envolvem o cronograma do festival, este ano, ainda foram celebrados o centenário do brasileiro Thomaz Farkas e as obras do britânico Mark Cousins. 

Mergulhado em uma multiplicidade de temáticas, o evento alimentou o Cinema com uma curadoria recheada de nomes prontos para a ascensão. Imagens delicadas, relatos sensíveis, terras distantes e até mesmo pontos crus demais para o habitual palatável marcaram presença em salas de cinema de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Considerado um dos maiores festivais culturais da América Latina, o It’s All True – nome dado para repercussão internacional – acontece desde 1996 e foi criado pelo crítico de cinema  Amir Labaki. Desde então, sua potência reconhece obras com um júri especializado que as premia em categorias específicas, além de tecer comentários sobre seu impacto social e estético. 

Uma das categorias é a Competição Brasileira de Curtas-Metragens. Em sua composição, filmes de até 30 minutos dirigidos por cineastas brasileiros fazem parte da mostra competitiva. Este ano, racialidade, identidade sertaneja, ancestralidade indígena e outras pautas ganharam protagonismo, com As Placas são Invisíveis levando o título. Com olhar apurado, a editoria do Persona explora as minutagens dos participantes e suas reflexões. 

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Renaissance: o verdadeiro renascimento da expansão da narrativa criativa de Beyoncé

Cena do filme Renaissance: a film by Beyoncé. Na cena vemos a cantora norte-americana Beyoncé, mulher negra de olhos castanhos claros, ao centro da imagem tocando a lente da câmera que está fotografando-a. Ela usa um capacete feito de metal e um adereço similar a um piercing em seu lábio inferior da   boca. Ao fundo, é possível ver uma espécie de arco com estrutura de metal posicionado ao centro. O ambiente está escuro e a imagem está em preto e branco.
Renaissance World Tour foi uma das turnês lucrativas de 2023 (Foto: Parkwood)

Vitória Borges

Desde o início da carreira, Beyoncé elevou não apenas o padrão da música pop, mas também redefiniu os limites de versatilidade e transição entre os gêneros musicais. Dito isso, é inegável dizer que a artista não é uma das cantoras mais bem consolidadas no mundo da Música. Em seu mais recente trabalho, o documentário Renaissance: A Film by Beyoncé, a performer mergulha nas profundezas da criatividade e da expressão artística, e revela uma jornada única conduzida por ela mesma. O longa acompanha o trajeto da Renaissance World Tour desde o primeiro show em Estocolmo (Suécia), até o último ato em Kansas City (Estados Unidos), expondo os altos e baixos dos bastidores da produção de uma das turnês femininas mais lucrativas da história.

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Os Curta-metragens do Oscar 2024

Assim como os longas, os curtas do Oscar 2024 esbarram nos debates sobre os conflitos mundiais (Arte: Aryadne Xavier)

Muitos dos que se propõem a maratonar a lista dos indicados ao Oscar se esquecem dos curtas-metragens. O desinteresse pela categoria as impede de experienciar histórias valiosas e marcantes em diferentes temáticas e formatos – animação, live-action ou documentário. Os curtas são capazes de explorar qualquer assunto em um tempo limitado sem parecer superficial, te fazem rir, chorar, se inspirar, apaixonar e, às vezes, tudo isso ao mesmo tempo. 

Na ficção, as produções selecionadas pela Academia para a 96ª edição da premiação abordam desde temas coletivos como aborto, abuso infantil e o holocausto, até questões subjetivas e individuais como o luto e memórias da infância. Na categoria documental, as obras retratam, além da vida pacata de duas senhoras e do impacto da música no desenvolvimento de estudantes, denúncias sociais sobre a proibição de livros em escolas, a disparidade econômica-racial e questões diplomáticas. Mesmo que de forma breve, não falham em se aprofundar em temáticas complexas.

Os curtas não ficam para trás dos longas-metragens, nem em qualidade da história, relevância ou impacto emocional. Apesar de serem desvalorizados em relação aos principais prêmios da noite, você só tem a ganhar dando uma chance para essas narrativas. O Cineclube de curtas do Persona vem com essa finalidade: valorizar as produções indicadas e, quem sabe, te incentivar a conhecer um pouco mais sobre essas histórias. – Amabile Zioli e Giovanna Freisinger

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Do amor à política, a importância da memória é infinita para Maite Alberdi

O longa venceu como Melhor Filme Ibero Americano no Goya Awards, considerado o principal prêmio do Cinema espanhol (Foto: MTV Documentary Films)

Nathan Nunes

Em Agente Duplo (2020), a diretora Maite Alberdi deixou clara a sua metodologia: partir de um objeto de estudo do cotidiano para refletir sobre temas mais profundos. Indicado ao Oscar de Melhor Documentário naquele ano, em que perdeu para o inferior Professor Polvo, o longa acompanhava Sérgio, um senhor viúvo que era incumbido da missão de se infiltrar em um lar de idosos para investigar uma denúncia de maus tratos. No desenrolar dos acontecimentos, observamos ele se afeiçoar progressivamente aos hóspedes do local, ao compartilhar com eles seus sentimentos de solidão. 

Agora, Alberdi retorna ao Oscar com A Memória Infinita, também indicado na categoria de Melhor Documentário. O método continua o mesmo, mas o objeto de estudo é bem menos pitoresco que o anterior. Trata-se do casal chileno Augusto Góngora e Paulina Urrutia. Ele foi jornalista, cineasta e apresentador da Televisão Nacional do Chile, a única rede televisiva estatal do país. Ela é uma atriz de renome, cuja influência a levou ao cargo de ministra da cultura da ex-presidente Michelle Bachelet, durante o seu primeiro mandato, entre 2006 e 2010. Ainda que tivessem enorme reconhecimento popular, ambos enfrentaram, em sua vida privada, um triste dilema: o mal de Alzheimer, com o qual Augusto foi diagnosticado em 2014. 

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De Min Yoongi a Agust D, o que aprendemos sobre o caminho do artista em SUGA: Road to D-DAY

Cena do documentário SUGA: Road to D-DAY. Na imagem o cantor sul coreano aparece de costas segurando um microfone. Ele tem pele clara e cabelos lisos pretos, está vestindo uma calça e uma jaqueta preta. A imagem se passa a noite.
Em Abril de 2023, SUGA, do BTS, presenteou seus fãs com a estreia do documentário SUGA: Road to D-DAY, um retrato pessoal da sua busca pela criatividade e pelo direito de ser vulnerável (Foto: Disney+)

Isabella Lima

“Sinceridade não pode ser fabricada; a sinceridade de cada integrante do BTS é sedimento de suas provações, tribulações, tristezas, medos e esperanças a partir de suas próprias experiências vividas”, afirmou Jiyoung Lee em seu livro BTS Art Revolution, sobre o grupo de K-pop que conquistou, e ainda conquista, fãs leais ao redor do mundo. O legado de RM, Jin, SUGA, J-hope, Jimin, V e Jungkook é incontestável; sete rapazes de um pequeno país asiático que foram capazes de quebrar diversas barreiras linguísticas dentro da indústria da Música. O septeto, que iniciou a carreira em 2013, pode até ter anunciado uma pausa na carreira como grupo, mas seus trabalhos solos estão proporcionando aos fãs do BTS, conhecidos como ARMYs, verdadeiras obras musicais. Entre elas, encontramos os projetos de Min Yoongi, que se denomina como SUGA dentro do grupo, porém, quando em carreira solo, é conhecido por Agust D.

Apesar de ser a mesma pessoa, o cantor utilizou os nomes fictícios para explorar todo o seu potencial artístico, seja em equipe ou sozinho. O pseudônimo Agust D não é estreante no cenário musical: suas letras combativas, carregadas de rap e críticas são a marca registrada do artista desde 2016, quando lançou o seu primeiro projeto solo intitulado Agust D. Em 2020, a segunda parte da sua jornada chegou com o nome D-2, e agora, em 2023, conhecemos o capítulo mais recente dessa história: o álbum D-DAY, que além de dois videoclipes inéditos, também ganhou um documentário no Disney+, SUGA: Road to the D-DAY

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