“É uma hora de absurdo literal”, disse Carpenter à revista TIME sobre o especial em Outubro de 2024 (Foto: Netflix)
Marcela Jardim
Em meio a uma avalanche de clichês típicos das produções de fim de ano, A Nonsense Christmas, estrelado por Sabrina Carpenter, aposta em uma abordagem irreverente que subverte as expectativas do gênero. Apesar de seu charme inegável e do carisma da intérprete de Espresso, que transita com facilidade entre a atuação e sua persona musical, a produção levanta a questão: até que ponto o ‘nonsense’ pode sustentar uma narrativa? Enquanto alguns momentos brilham pela originalidade e criatividade, outros escorregam no excesso, deixando um ‘gostinho’ agridoce para o público.
Louis Armstrong é uma das celebridades que aparece no longa (Foto: Pandora Filmes)
Davi Marcelgo
Há pelo menos uma década, o Oscar se empenha em indicar e prestigiar filmes que tenham como temas o racismo, a sexualidade e o protagonismo feminino, ainda que, por muitas vezes, a premiação vá para caminho habitual, a exemplos de apenas uma mulher indicada em Melhor Direção ou a entrega do prêmio para Green Book: O Guia (2018). Em 2025, Trilha Sonora para um Golpe de Estado entra na lista dos concorrentes a Melhor Documentário. Narrando a luta de Patrice Lumumba para tornar a República Democrática do Congo um país independente, o longa de Johan Grimonprez aposta em imagens de arquivo para costurar a história.
Tatiana Maranhão e Ana Paula Guimarães, além de ex-paquitas, são as criadoras da série documental (Foto: Blad Meneghel)
Vinicius Magalhães
Difícil assistir o documentário Pra Sempre Paquitas, lançado pelo Globoplay em Setembro de 2024, sem fazer comparações com outro produto de 2023 da plataforma de streaming da Globo: Xuxa, o Documentário. Apesar de não ser vendida como um spin off – mesmo com todas as características de um –, a série sobre o grupo de assistentes de palco da apresentadora Xuxa entrega um material muito mais polêmico, interessante, honesto e divertido comparado ao que inspirou a sua criação.
pretty isn’t pretty, escrita e produzida junto de Daniel Nigro e Amy Allen, define a essência de suas músicas desde o início de sua carreira (Foto: Olivia Rodrigo Store)
Livia Queiroz
Quem nunca teve uma paixão forte por alguém que terminou em uma decepção ainda maior? Ou uma queda de autoestima por se comparar com outras pessoas que enxergamos como mais bonitas? Uma obsessão por uma ex do seu atual, por inveja, talvez? E a vontade de entrar em uma aventura de um amor errado? São esses tipos de situações, recorrentes na vida de uma jovem, que Olivia Rodrigo trata em seu último álbum, GUTS (2023), e em sua versão extendida, GUTS (spilled) (2024): a controversa ‘girlhood’. Percebendo o tremendo sucesso da morena, a Netflix fez um filme-documentário de uma de suas performances da sua primeira turnê mundial, a GUTS World Tour, para os fãs sentirem a vibe sem sair de casa.Continue lendo “GUTS World Tour: um encontro entre jovens mulheres”
Victor Fraga, diretor do documentário, centraliza a narrativa em duas figuras britânicas: Jeremy Corbyn e Ken Loach (Foto: Sesc SP Digital)
Guilherme Machado Leal
Em 2021, o cineasta Victor Fraga cutucou a ferida que marcou o cenário político desde o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e a prisão de Lula com a obra A Fantástica Fábrica de Golpes. Três anos depois, ele volta em Os Maus Patriotas, presente na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, para falar a respeito da relação dos veículos de comunicação com a esquerda britânica. O documentário, da seção Novos Diretores, utiliza duas figuras centrais para a história do Reino Unido: o diretor Ken Loach e Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista.
O longa foi selecionado para a 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Ocean Films)
Davi Marcelgo
Selecionado no Festival de Brasília e no Festival do Rio, No Céu da Pátria Nesse Instante é um documentário dirigido por Sandra Kogut que também faz parte da seção Mostra Brasil da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O filme narra as eleições presidenciais de 2022 que culminam nos ataques de 8 de Janeiro de 2023 contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Em entrevista para o Canal Brasil, a diretora diz que começou o projeto no final de 2021. O ato dos apoiadores de Bolsonaro é o calcanhar de Aquiles não só da democracia, mas da produção também.
O documentário estreou em primeiro lugar na lista de produções mais assistidas da Netflix (Foto: Netflix)
Nathalia Tetzner
O cenário é o estúdio de uma clássica gravadora em Los Angeles. No ambiente, as espumas nas paredes evidenciam o cantarolar de uma voz familiar e icônica; Michael Jackson ensaia We Are The World sozinho, enquanto Lionel Richie orquestra, nos bastidores do American Music Awards, o que pode ser considerado o mais importante encontro da história da Música. Seguindo o embalo de tantas vozes que marcaram gerações, A Noite que Mudou o Pop emociona, ainda que seja um documentário tão imperfeito quanto a tentativa de unir timbres diferentes em uma só faixa e atenuar egos inflados em prol de uma causa humanitária: a fome no continente africano.
Pepper LaBeija era a mãe da House of LaBeija na época das gravações de Paris Is Burning (Foto: Miramax Films)
Esther Chahin
“É como atravessar o espelho para o País das Maravilhas. Você entra nos bailes e sente-se 100% bem em ser gay. Não é assim no mundo, e deveria ser”
– Paris is Burning
Madonna, Ryan Murphy, RuPaul e diversos outros nomes influentes da cultura pop inspiraram-se na mesma fonte para criação de alguns de seus trabalhos. Estamos falando da cultura Ballroom, que dominou a cena afro-descendente, latina e LGBTQIAPN+ da periferia nova-iorquina em meados da década de 1980. As diversas categorias que compunham os bailes e parte das narrativas sensíveis dos membros da comunidade queer à época são expostas no documentário Paris Is Burning. Lançada em 1991, a obra foi produzida e dirigida pela cineasta Jennie Livingston, obtendo seu reconhecimento com prêmios como Teddy Award, no Festival de Berlim, e de Melhor Documentário, no Festival de Sundance.
Cabeças falantes nem sempre precisam fazer sentido (Foto: Arnold Stiefel Company)
Guilherme Veiga
Um tablado preto de teatro. Uma luz no fundo, de onde vem um par de pernas que veste uma calça cinza clara e um sapato terrivelmente branco. Essas pernas chegam até um microfone e então é posto um rádio ao lado. A mão do corpo a quem pertence tais pernas dá play no aparelho, e então uma bateria digital começa aquela que seria uma das versões mais emblemáticas de Psycho Killer. A câmera sobe até o vislumbre de um jovial David Byrne e o resto é história. Assim começa aquela que, posteriormente, seria considerada a obra definitiva quando o assunto é filmes-concerto: Stop Making Sense.
Os curtas brasileiros ficaram disponíveis gratuitamente na plataforma de streaming Itaú Cultural Play (Arte: Aryadne Xavier)
A 29ª edição do Festival É Tudo Verdade ocorreu entre os dias 03 e 14 de Abril de 2024, com programações que perduraram até dia 30. Entre mostras online e presenciais, o maior evento de reconhecimento às produções documentais exibiu 77 obras de diferentes países e diretores. Além das tradicionais categorias diversas que envolvem o cronograma do festival, este ano, ainda foram celebrados o centenário do brasileiroThomaz Farkas e as obras do britânico Mark Cousins.
Mergulhado em uma multiplicidade de temáticas, o evento alimentou o Cinema com uma curadoria recheada de nomes prontos para a ascensão. Imagens delicadas, relatos sensíveis, terras distantes e até mesmo pontos crus demais para o habitual palatável marcaram presença em salas de cinema de São Paulo e do Rio de Janeiro. Considerado um dos maiores festivais culturais da América Latina, o It’s All True – nome dado para repercussão internacional – acontece desde 1996 e foi criado pelo crítico de cinema Amir Labaki. Desde então, sua potência reconhece obras com um júri especializado que as premia em categorias específicas, além de tecer comentários sobre seu impacto social e estético.
Uma das categorias é a Competição Brasileira de Curtas-Metragens. Em sua composição, filmes de até 30 minutos dirigidos por cineastas brasileiros fazem parte da mostra competitiva. Este ano, racialidade, identidade sertaneja, ancestralidade indígena e outras pautas ganharam protagonismo, com As Placas são Invisíveis levando o título. Com olhar apurado, a editoria do Persona explora as minutagens dos participantes e suas reflexões.