10 anos de Boyhood: Da Infância à Juventude, onde todo fim é o começo de algo

Cena do filme Boyhood: Da Infância à Juventude. Um menino branco, loiro de olhos azuis deitado na grama verde com um braço sob a cabeça. Ele veste uma camisa listrada azul, branca e cinza.
Em algum momento você não está mais crescendo, você está envelhecendo, mas ninguém consegue identificar exatamente esse momento (Foto: Universal Studios)

Leticia Stradiotto

A primeira cena de Boyhood: Da Infância à Juventude é um céu nublado, mas muito azul. Yellow, do Coldplay, toca ao fundo. Logo, somos apresentados a um menino que observa o céu, deitado na grama com o braço dobrado sob a cabeça. Essa criança nos introduz a um rosto que não conhecemos e se torna familiar em pouco tempo, pois enquanto ela observa o céu, nós a observamos crescer e abraçar o mundo – entre os céus claros e escuros. 

Você já se perguntou como as pessoas envelhecem nos filmes? Normalmente, essas impressões são realizadas através de maquiagens bem elaboradas, técnicas avançadas de edição e efeitos especiais para simular a passagem do tempo. No entanto, em Boyhood (no original), Richard Linklater optou por uma abordagem radicalmente diferente e autêntica: a obra foi gravada ao longo de 12 anos consecutivos, permitindo que o envelhecimento dos personagens acontecesse de forma completamente natural.

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Kung Fu Panda 4 é um ótimo filme para a Sessão da Tarde

Cena do filme Kung Fu Panda 4. Po, o panda, veste uma capa vermelha, um chapéu tradicional da cultura chinesa e seu característico short marrom com cós vermelho e marrom claro. Ele flutua no centro de um fundo preto e, ao seu redor, há um dragão de luz dourada. Po está com os braços abertos e de suas mãos saem raios de luz também dourados. Uma de suas pernas está flexionada enquanto a outra permanece esticada para baixo. Ele sorri levemente e olha para a frente.
Po enfrenta um desafio inédito em Kung Fu Panda 4 ao buscar pelo próximo Dragão Guerreiro (Foto: DreamWorks Animation)

Gabriela Bita

Após 16 anos sendo o Dragão Guerreiro, Po volta às telas com a missão de se tornar Líder Espiritual do Vale da Paz. Em Kung Fu Panda 4, o jovem panda enfrenta uma jornada dupla enquanto busca um sucessor e luta contra a nova vilã da franquia. Divertido para as crianças e para aqueles que cresceram acompanhando a saga do protagonista, o filme é um ótimo acréscimo para o acervo da Sessão da Tarde, mas, infelizmente, não alcança o patamar consolidado por seus predecessores.

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Instinto Materno é alimentado por clichês, mas pelo menos conta com Anne Hathaway e Jessica Chastain

Cena do filme Instinto Materno. As personagens Céline e Alice interpretadas, respectivamente, por Anne Hathaway e Jessica Chastain, estão sentadas à mesa em uma varanda externa. Céline é uma mulher branca com cabelos castanhos e usa um vestido azul-claro típico dos anos 1960. Alice é uma mulher branca com cabelos muito louros e usa um vestido rosa. As duas estão com as mãos dadas.
Anne Hathaway e Jessica Chastain têm uma química que deveria ter sido ainda mais explorada (Foto: Imagem Filmes)

Ana Clara Archanjo

No primeiro ato de Instinto Materno, que se passa na década de 1960, as casas vizinhas e os filhos da mesma idade são o pano de fundo para a amizade entre Céline (Anne Hathaway) e Alice (Jessica Chastain). Como ponto de tensão, ocorre um acidente que transforma a relação entre as duas e desperta o que há de mais instintivo entre essas mulheres. O desenrolar, em um suspense fraco e previsível, é pautado em desconfiança e inveja, que interferem na amizade entre as protagonistas. Não é um exercício de criatividade muito complexo imaginar o final de Mothers’ Instinct (no original). Então, é preciso se esforçar para capturar os únicos acertos do filme: as atuações.

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25 anos depois, nós ainda visitamos Um Lugar Chamado Notting Hill

Cena do filme Um Lugar Chamado Notting Hill. À esquerda está Hugh Grant, um homem branco com cabelos castanhos que veste uma camisa azul e um blazer marrom. À direita, vemos Julia Roberts, uma mulher branca com cabelos castanhos trançados. Ela veste uma camisa branca com vários detalhes florais e um colar de prata. A imagem mostra os perfis dos dois atores, ao passo que eles se olham e sorriem.
Um Lugar Chamado Notting Hill recebeu três indicações ao Golden Globes (Foto: Polygram Filmed Entertainment)

Raquel Freire

O que você faria se uma estrela de Hollywood entrasse em sua vida enquanto estivesse cumprindo sua simples rotina? Você se exaltaria ou agiria normalmente e até tentaria fazer uma brincadeira casual, sabendo que provavelmente nunca mais se encontrariam? Quando William Thacker (Hugh Grant), dono de uma pequena livraria em Londres, olha através da caixa registradora e vê que a superestrela do Cinema norte-americano, Anna Scott (Julia Roberts), está procurando por livros de viagem, ele não pensa duas vezes antes de escolher a segunda opção. É assim que Um Lugar Chamado Notting Hill começa a ficar interessante.

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A ação e o carisma colossais de Godzilla e Kong: O Novo Império

Cena do filme Godzilla e Kong: O Novo Império. A imagem mostra os dois monstros que dão nome ao filme. Do lado esquerdo, Godzilla é um monstro parecido com um dinossauro, bípede de cor cinza esverdeada, com espinhos rosas em suas costas, vai correndo na frente. Ao lado direito está Kong, um gorila gigante, que possui uma luva metálica amarela. Na cena, os dois personagens principais do filme estão correndo em direção a tela. Godzilla vai correndo na frente. Logo atrás dele vem Kong,de boca aberta, preparado para o ataque. No plano de fundo, um cenário rochoso destruído com o que parece ser cristais verdes.
O novo longa-metragem é uma sequência direta de Godzilla vs Kong, filme lançado em 2021 (Foto: Legendary Entertainment)

Pedro Henrique Vogt

Em meio a tantas apostas questionáveis de Hollywood para a criação de universos ficcionais compartilhados, é surpreendente que o MonsterVerse da produtora Legendary Entertainment tenha sido um acerto tão grande. A mais nova adição para essa narrativa é Godzilla e Kong: O Novo Império e, apesar de não ser livre de defeitos, o longa entrega uma aventura divertida, com cenas de ação monumentais dignas dos dois monstros gigantes mais icônicos da cultura pop

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Há cinco anos, Vidro juntou os retalhos das páginas dos quadrinhos e nós rasgamos

Na imagem, em primeiro plano no canto direito, está o personagem Sr.Vidro andando de cadeira de rodas. Ele veste um terno roxo, por dentro usa uma camisa e uma faixa branca no pescoço, ambos na cor branca. Um broche com a letra E está encaixado no peito. Sr.Vidro é um homem negro, na faixa dos 70 anos, com barba rala e cabelos crespos grisalhos. Ele está num corredor amarelo de uma clínica. Atrás dele em desfoque tem uma luta entre a personagem a Fera e funcionários da clínica.
Vidro arrecadou 247 milhões de dólares em bilheteria ao redor do mundo (Foto: Universal Studios)

Davi Marcelgo

Em 2019, enquanto o mundo se encantava com Vingadores: Ultimato durante o verão americano, em Janeiro daquele mesmo ano, Vidro de M. Night Shyamalan chegava aos cinemas, porém com a recepção bem menos calorosa em comparação ao apogeu do MCU. Sem pirotecnia ou confrontos de seres megalomaníacos, a terceira parte da trilogia encabeçada pelo ‘novo Spielberg’ se manteve no cerne da filosofia de super-heróis e regressou às origens das histórias infantis. Distraídos pela viagem no tempo de Capitão América e equipe, o público não soube ‘dar muita corda’ ao filme, mas por quê?  

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Em um deserto de expectativas, Duna: Parte 2 é um milagre de adaptação

Aviso: Lisan al Gaib profetiza que haverá spoilers no texto a seguir

Cena do filme Duna: Parte 2: Paul Atreides, interpretado por Timothée Chamalet, caminha sobre as areais do deserto de Arrakis em direção à câmera. Paul é um jovem branco de cabelo curto liso. Na cena, ele utiliza um trajestilador, uma roupa cinzenta e justa com cabos e placas lisas que cobrem o corpo inteiro. Paul utiliza um capuz preto e uma capa cinzenta translúcida. O personagem está no centro da imagem com um sol batendo acima dele e montanhas atras de si. O céu é de um amarelo quase bege e não há nuvens. Os olhos de Paul nesta imagens são azuis.
O universo de Duna revolucionou a Literatura de ficção científica e, agora, revoluciona o Cinema do gênero (Foto: Warner Bros. Pictures)

Íris Ítalo Marquezini e Nathan Sampaio

Um dos exemplos mais utilizados em escolas para representar o conceito de uma história épica é A Odisseia, de Homero. A trama de voltar para casa, ficar distante da família e reclamar dos sacrifícios que são de heróis por direito fundou muito do que se entende pelo ocidente hoje. Acontece que não só de histórias monumentais viviam os gregos. As tragédias, compostas por pessoas paralisadas pelas teias do destino e de erros fatais irreparáveis, colocavam a audiência na linha tênue entre entretenimento e choque pelo que era representado nos palcos dos teatros. 

Ésquilo, em A Casa de Atreus, demonstra um exemplo de como determinadas crenças, ganância e crueldade podem condenar gerações de uma família a sofrer um ciclo de violência interminável. Duna: Parte 2 continua a mostrar a tragédia que acomete essa mesma linhagem dezenas de milhares de anos depois. A graça do filme é o diretor Denis Villeneuve somar o épico e o trágico igualmente, de uma forma que, como alguns diriam anos atrás, seria impossível. Para uma história com tanto peso na religião, Duna: Parte 2 faz a audiência acreditar que é possível ir ao cinema para presenciar um milagre.

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Persona Especial – Representatividade LGTBQIA+

Em 2024, o Persona alcançou a marca dois mil textos e seguidores (Texto de Abertura: Jamily Rigonatto / Artes: Henrique Marinhos)

Entender a si mesmo como uma pessoa LGBTQIA+ é, muitas vezes, uma tarefa difícil. Isso pode ser ainda mais intenso na adolescência, quando a pressão externa para ser igual a todo mundo – ou até melhor – te empurra a ser exatamente como esperam que você seja. Nesse contexto, coisas simples podem ganhar um significado imenso. Mas afinal, como a representatividade na mídia importa?

Em um momento de descoberta, dar de cara com um livro, filme, clipe ou até comercial que te faça sentir inteiro pode mudar muito sua jornada de auto aceitação. Encontrar casais sáficos, gays, pessoas trans e demais letras da comunidade existindo e sendo de verdade – mesmo que na ficção – nas linhas de algum produto é o tipo de coisa que te mostra que está tudo bem ser assim, não é um desvio de caráter e, muito menos, uma exclusividade azarada. 

Fechando mais um Mês do Orgulho, alguns membros da nossa Editoria compartilham como o contato com produções queer na adolescência fez diferença e, de certa forma, acompanha suas vidas até hoje. Levantando a bandeira de um jornalismo cultural que preza pelo respeito e acolhimento da diversidade, o Persona agradece por mais essa cobertura. Amar e existir são atos de resistência lindos. 

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Em Má Educação, Almodóvar alude a Hitchcock em um conto sobre sexualidade e denúncia

Aviso de gatilho: o texto a seguir trata sobre temas sensíveis como abuso sexual e homofobia.

À esquerda o Padre Manolo com uma batina branca de padre. Ele encara o personagem de Ignacio, olhando de cima para baixo em uma posição de poder. À direita o personagem Ignacio, com uma batina vermelha. Ele encara o padre de volta, olhando de baixo para cima. Ambos são iluminados por uma luz amarelada. A luz vem da direita para a esquerda, e a origem dela está fora do plano
“Acho que acabei de perder a fé neste momento. Sem fé, não acredito em Deus nem no inferno. Se não acredito no inferno, não sinto mais medo. E, sem medo, sou capaz de qualquer coisa” (Foto: Warner Sogefilms)

Guilherme Moraes

Em Má Educação, o diretor Pedro Almodóvar evidencia os maus-tratos que alguns garotos sofrem na Igreja e, nesse quesito, fala com propriedade. A fita deixa clara a hipocrisia dentro de um lugar que se vende como mantenedor dos ‘bons costumes’, mas que, às escondidas, casos de pedofilia já foram registrados. No entanto, apesar do filme prometer ser uma denúncia, ele se torna muito mais do que isso ao longo da trama, adentrando em um conto investigativo ‘hitchcockiano que explora o efeito dos abusos e da marginalização em certos grupos sociais.

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Em busca da liberdade, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho alcança o amor

 Cena do Filme “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho". A imagem mostra três jovens no centro que usam calça jeans e a mesma camiseta manga curta cinza com gola azul e uma coruja como brazão a esquerda. O menino da esquerda é branco, possui cabelos cacheados, castanho escuro e está sorrindo com os olhos fechados. Ele usa uma mochila nas costas, a qual só podemos ver as alças de cor marrom. A menina do meio é branca, usa um relógio lilás no pulso direito, tem cabelos lisos na cor castanho escuro com franjas na altura da sobrancelha. Ela está sorrindo e sua alça de mochila nas costas é cinza claro. O último menino, da direita, é branco, tem cabelo castanho liso e está segurando com a mão direita o braço esquerdo dobrado da menina ao seu lado. Ele está sorrindo e com a sua mão esquerda segura a alça da sua mochila, na cor cinza também. O fundo da imagem é de uma rua, na parte esquerda temos a rua e os jovens andam na calçada, com árvores e grades de casas.
No Festival de Berlim de 2014, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi premiado como Melhor Filme pelo Júri da Crítica na Mostra Panorama e com o Prêmio Teddy de Melhor Filme LGBT (Foto: Netflix)

Marina Iwashita Canelas

Imagine a sua adolescência, todos os mil sentimentos juntos e bagunçados, desde ‘Será que eu sou bonito?’ ou ‘Será que ela gosta de mim?, até os comentários e palpites sobre aquela pessoa que está ‘ficando’ com quem você gosta. O início da vida adulta, junto ao amadurecimento e as descobertas sobre si mesmo, não são períodos fáceis. É nessa fase que muitas pessoas passam a experimentar coisas novas, como alguma aventura com amigos ou ser rebelde em casa. Para Leonardo (Ghilherme Lobo) – protagonista do premiado curta-metragem Eu Não Quero Voltar Sozinho, que, com seus infames 17 minutos de duração, encantou muita gente –, essa realidade nunca foi fácil. 

Léo é um adolescente cego que descobre a sua sexualidade com a chegada de um novo aluno no colégio. Quatro anos depois, em 2014, o longa-metragem Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi lançado ao mundo por Daniel Ribeiro, diretor de ambas as obras. Sem perder a leveza da primeira obra, o filme pôde aumentar sua riqueza de detalhes, dando mais foco às personagens e suas particularidades. Ribeiro traz mais discussões referentes ao dia a dia do personagem para a trama, tornando-a muito mais do que apenas um filme com temática LGBTQIA+.

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