Artificial e sincero, Better Man – A História de Robbie Williams atira bananas em cinebiografias

Cena do filme Better Man - A História de Robbie WilliamsNa imagem, o personagem Robbie está cantando de forma feroz para a câmera. Robbie é um chimpanzé, com olhos verdes, pelos pretos e dentes pontudos e amarelados. Ele veste uma roupa de mangas longas na cor preta. Ele canta segurando um microfone. O cenário é de um show, em desfoque, há luzes e muitas pessoas na plateia.
Robbie Williams fez sucesso no Brasil ao fazer parte da trilha sonora da novela Mulheres Apaixonadas em 2003 (Foto: Diamond Films)

Davi Marcelgo

A estreia de Rocketman (2019) trouxe frescor ao ‘mundinho’ de cinebiografias de Hollywood, lançado com poucos meses de diferença do trivial Bohemian Rhapsody (2018), o filme sobre Elton John apostou no lúdico dos musicais, em novos arranjos para músicas de sucesso e, sobretudo, deixou as canções invadirem os quadros para além dos palcos. Porém, a roda continuou a girar da mesma forma, já que a grande maioria do gênero ainda segue o roteiro sobre ascensão e queda dos artistas, assim como a fórmula dos hits serem cantados apenas em apresentações ou como música de fundo. Mas em Better Man – A História de Robbie Williams, um ‘macaquinho’ decidiu balançar o galho e os melhores frutos caíram dessa empreitada.

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Há 20 anos, Robôs mostrava que qualquer um pode brilhar, não importa do que seja feito

Cena do filme Robôs. Na imagem, Rodney e Manivela estão interagindo pela primeira vez. Rodney é  azul, está  apreensivo e sendo puxado por Manivela, que segura uma câmera com um braço mecânico estendido. Ele é vermelho, tem olhos esbugalhados e uma aparência desengonçada, sugerindo um comportamento extrovertido e caótico. Ao fundo, há outros robôs em um ambiente futurista com estruturas metálicas e um grande veículo prateado.
Na ideia original, os produtores tinham em mente o gênero comédia maluca, que era muito popular nos anos 1930, e adicionar performances musicais (Foto: Blue Sky Studios)

Marcela Jardim

Lançado em 2005, Robôs completa 20 anos ainda como um marco na animação digital, embora nem sempre seja lembrado dessa forma. O filme, dirigido por Chris Wedge e produzido pela Blue Sky Studios, se destaca por sua estética vibrante e um mundo inteiramente mecanizado, explorando temas como inovação, meritocracia e desigualdade social. A trama acompanha Rodney Lataria (Ewan McGregor), um jovem robô inventor que sai de sua cidade natal em busca de oportunidades, a fim de dar um futuro melhor para sua mãe amorosa e o pai adoecido. Porém, ele encontra uma realidade dominada pelo lucro e pela obsolescência programada. A crítica ao capitalismo desenfreado e à exclusão dos menos favorecidos é evidente, mas a narrativa, voltada ao público infantil, simplifica questões complexas.

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A pura imaginação de Wonka

Cena do filme Wonka. No centro da imagem temos Willy Wonka (Timothée Chalamet), um jovem branco, de cabelo castanho ondulado. Ele veste um colete preto, um casaco na cor vinho e uma calça listrada branca e cinza. Além disso, ele usa como acessórios uma cartola marrom, um cachecol acinzentado e sapatos surrados. Ao fundo da tela temos dançarinas, com vestidos longos e saltos com ponta. Seus rostos estão cobertos com alguns guarda-chuvas, com a palavra “wonka” escrito nelas. Eles estão ao ar livre e o chão é decorado em várias tonalidades de roxo.
Wonka marca o retorno dos musicais e da fantasia nas telonas (Foto: Warner Bros. Pictures)

Ludmila Henrique

O chocolate, dos sabores mais doces até os mais amargos que conhecemos, transitou por grandes mudanças até se tornar um símbolo gastronômico. Originário da Mesoamérica antiga, as civilizações latinoamericanas foram as primeiras a utilizarem o cacau de maneira medicinal e em rituais. Os Astecas acreditavam que o chocolate era um presente dos deuses, usufruindo de seus grãos como moeda de troca e também como uma bebida afrodisíaca. No entanto, os componentes ganham uma característica familiar após sua vinda à Europa, onde foi adocicado com açúcar e mel, garantindo um sabor mais aprazível. Em Wonka, longa dirigido por Paul King, somos apresentados à fantasia de um ‘chocolateiro’, que deseja mudar o mundo com um pedaço de cada vez.

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Há 10 anos, Kingsman: Serviço Secreto mostrava que um cavalheiro também pode bater em caras maus

A cena mostra um homem de meia-idade, alto e de aparência refinada, usa um terno cinza risca de giz, gravata listrada e óculos de armação grossa. Seu cabelo é loiro-acinzentado, bem penteado, e ele tem uma expressão séria e autoritária enquanto levanta a mão para um jovem. O rapaz, de pele clara e aparência jovem, veste um boné azul, uma jaqueta preta acolchoada e uma camisa polo listrada. Ele tem um rosto anguloso, sobrancelhas marcadas e mantém uma expressão desconfiada ou desafiadora. A cena ocorre em uma sala de estilo clássico, com paredes verdes, quadros e uma mesa de bilhar ao fundo.
O filme arrecadou mais de US$ 414 milhões mundialmente, tornando-se o maior sucesso comercial de Vaughn até o ano de 2014 (Foto: 20th Century Studios)

Marcela Jardim

Lançado em 2015, Kingsman: Serviço Secreto trouxe um novo fôlego para os filmes de espionagem ao combinar ação estilizada, humor ácido e uma estética sofisticada. Dirigido por Matthew Vaughn, o longa subverteu clichês do gênero ao transformar um jovem marginalizado em um agente de elite, sob a tutela do carismático Harry Hart (Colin Firth). Inspirado na HQ The Secret Service, de Mark Millar, a obra se destacou pela violência coreografada e pelo tom irreverente, equilibrando homenagens aos clássicos de James Bond com uma abordagem moderna e exagerada. O roteiro dinâmico e repleto de reviravoltas, aliado às atuações cativantes, fizeram do longa uma experiência única, misturando o charme britânico com sequências de ação eletrizantes.

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Capitão América: Admirável Mundo Novo continua a envelhecida e cínica saga da Marvel

Cena do filme Capitão América: Admirável Mundo NovoNa imagem, o personagem Sam Wilson está entrando em uma sala escura. Ele olha com desconfiança ao seu redor. Sam Wilson segura na mão esquerda, o escudo de seu alter ego, Capitão América, nas cores da bandeira dos Estados Unidos: branco, prata e azul, divididos por faixas circulares. No centro há uma estrela. Sam Wilson é um homem negro, na faixa dos 40 anos, de cabelo raspado e bigode com cavanhaque. Ele veste uma jaqueta preta.
Pela primeira vez nos cinemas, Sam Wilson assume o manto estrelado (Foto: Marvel Studios)

Davi Marcelgo 

Quatro anos depois de Falcão e o Soldado Invernal, a Marvel continua a história de Sam Wilson (Anthony Mackie), mas esquece peças fundamentais da mitologia de heróis em Capitão América: Admirável Mundo Novo, um filme estéril. Na trama, o presidente dos Estados Unidos, Thaddeus Ross (Harrison Ford), sofre um atentado e Isaiah (Carl Lumbly) é preso. Para provar a inocência do amigo, Wilson começa uma investigação que o leva a descobrir segredos sobre o passado da liderança norte-americana.

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A Semente do Fruto Sagrado planta um bom roteiro em solo fértil

Longa-metragem alemão, A Semente do Fruto Sagrado concorre a Melhor Filme Estrangeiro na 97ª edição do Oscar (Foto: Films Boutique)

Jamily Rigonatto

Frondosas e firmes, as figueiras são vistas em todo o mundo como uma representação da longevidade. Com frutos adocicados e nutritivos, os figos, remete a aconchego, segurança e estabilidade. No islamismo, um juramento é amplamente conhecido pelos seguidores da religião “pelo figo e pela azeitona”, um simbolismo da importância de respeitar o sagrado. Esse elemento estimado por diversos povos está presente no título de um dos concorrentes a Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2025, mas, ao contrário do esperado, A Semente do Fruto Sagrado mostra que a colheita nem sempre é boa.

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Timothée Chalamet prova que Bob Dylan é um estado de espírito em Um Completo Desconhecido

Cena do filme Um Completo Desconhecido. Na cena, há uma silhueta de um músico em um palco, iluminado por uma luz em foco, tocando guitarra. A composição da imagem é simples e focada, com o músico no centro, em destaque. O artista está posicionado em um palco, possivelmente numa apresentação. A iluminação, direcionada ao músico, cria um contraste forte entre a figura escura e o fundo levemente iluminado. As linhas do corpo do músico, bem como a guitarra e o microfone, ficam bem definidas, sem detalhes excessivos. A posição do músico sugere movimento e ação, como de uma apresentação musical.
A Complete Unknown recebeu oito indicações ao Oscar 2025, incluindo a de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Som (Foto: Searchlight Pictures)

Nathalia Tetzner

Um menino circense, uma sensação do folk ou um andarilho? Com mais de seis décadas de carreira e inúmeras transições de gênero musical, Bob Dylan sempre foi e permanecerá um enigma. Sob a perspectiva de que o compositor, dono de um Nobel da Literatura, se trate de algo além do que uma ideia performática, Um Completo Desconhecido traz Timothée Chalamet em um papel que prova como o Dylan é, na verdade, um estado de espírito. 

O cineasta James Mangold, que também dirigiu a biografia do astro do country Johnny Cash, Johnny & June (2006), repete a aclamação da crítica especializada com oito indicações ao Oscar 2025 para a obra que acompanha Robert Allen Zimmerman até sua ascensão e primeira grande mudança de sonoridade. Uma vez símbolo político de uma era que clamava por liberdade, o público se depara com a paranoia da fama e o desejo de uma metamorfose interna.

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Alien: Romulus atualiza o medo pelo desconhecido

Cena do filme Alien: RomulusNa imagem, a personagem Rain está no canto esquerdo, vestindo um uniforme de astronauta e o capacete. O cenário é todo escuro e dentro do capacete há uma luz amarelada iluminando o rosto de Rain. A expressão dela é atenta ao perigo. Rain é uma mulher adulta na faixa dos 25 anos, de pele clara e cabelos escuros.
A franquia que começou em 1979 já possui nove filmes (Foto: 20th Century Studios)

Davi Marcelgo

O diretor Ridley Scott pôde aproveitar intensamente do fator novidade em 1979, quando o mundo ainda não conhecia o visual tenebroso dos xenomorfos, criado pelo artista Hans Ruedi Giger, o que permitiu que o medo pelo desconhecido invadisse as salas de cinema sem fazer barulho. A sequência, Aliens, O Resgate (1986), dirigida por James Cameron, se afastou do Terror e abraçou a ficção científica dos blockbusters. De apenas um alien no filme anterior, o cineasta de O Exterminador do Futuro (1984) brincou com dezenas. Saturada a imagem da criatura, a franquia mirou em outros estilos de narrativa, mas em Alien: Romulus, o sanguinário Fede Alvarez conseguiu o feito de fazer o público temer a escuridão.

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Wicked arrisca trazer a potência dos palcos da Broadway para as telas

Cena do filme Wicked. À esquerda, a personagem Elphaba, de pele verde e cabelos longos pretos em tranças finas, roupas pretas e um chapéu com a ponta alta e triangular. À direita, a personagem Glinda, branca e de cabelos longos loiros, com roupas rosas. As duas estão viradas para frente e olhando para cima
Com muito em jogo, Wicked atinge sucesso nas bilheterias e na crítica especializada (Foto: Universal Pictures)

Giovanna Freisinger

Um dos musicais mais adorados de todos os tempos do Teatro chegou com tudo às telonas. Wicked não só encarou a grandiosidade da obra, como a potencializou ao máximo em cada detalhe da produção. Foi assim que o diretor Jon M. Chu conquistou o impossível e satisfez as altas expectativas dos fãs de longa data do musical da Broadway – mesmo sendo vítima de sua própria ambição em momentos importantes. A responsabilidade que Chu assumiu com este filme foi a de lidar com a nostalgia existente no coração de muitas pessoas e, ao mesmo tempo, renovar a história, para compartilhar essa paixão antiga de tantos com novas audiências. O longa entrou com força na corrida das grandes premiações do ano, conquistando dez indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme.

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Em rabiscos coloridos, Flow cria sua própria revolução dos bichos

Cena da animação Flow. Nela vemos um gatinho preto de olhos amarelos. ele está flutuando em uma espécie de galáxia azul ao fundo. O gato é animado em um 3D que simula a pintura em aquarela
A obra instantaneamente se tornou patrimônio cultural da Letônia (Foto: Sacrebleu Productions)

Guilherme Veiga

Existe um consenso no mundo das animações, quase que uma lei não escrita e potencializada pela indústria estadunidense de que elas precisam reproduzir nossa sociedade não em conteúdo, mas em forma. Quantos os filmes que nos vêm à memória em que um certo ecossistema é adaptado para viver como nós – e nessa releitura que, muitas vezes, mora a Comédia deles. 

De abelhas operárias ao modo capitalista a uma fauna vivendo exatamente igual gente, exemplos não faltam. De certa forma, eles até funcionam como um escape da realidade. Mas Cinema de verdade, ao mesmo tempo que nos tira de órbita, nos reconecta também, e nas mais peculiares histórias que somente esse gênero pode nos proporcionar, Flow é a que alcança esse feito da forma mais singela e pura.

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