Divertida Mente 2 acende alerta para o distúrbio de ansiedade e ensina sobre inteligência emocional

Ansiedade tomando a liderança na mesa de controle da cabeça de Riley, com sua base na cor da emoção que controla no momento, desta vez é laranja, representação da Ansiedade. Enquanto isso, os tradicionais sentimentos abordados no primeiro filme estão em segundo plano assustados com o trabalho da agonizante laranja, que não vê problema no que está fazendo.
O longa-metragem dirigido por Kelsey Mann bateu a marca de US$1,46 bilhão em bilheteria mundialmente, superando Frozen 2 e Os Incríveis 2 (Foto: Pixar)

Livia Queiroz

Como evitar que memórias ruins gerem convicções equivocadas?”. Essa é uma frase da Nojinho no final da trama desse filme, após uma conclusão da Alegria de que lembranças que não nos agradam devem ser colocadas no esquecimento. A verdade é que todas as nossas memórias são importantes e criam o que somos, as boas formam nossas expectativas, sonhos e habilidades sociais, e as ruins nos ajudam a sermos mais fortes psicologicamente e a digerir nossos erros para melhorar nossas atitudes. Divertida Mente 2, lançado em Junho de 2024 e candidato ao Oscar de Melhor Animação, é recheado de filosofias do crescimento pessoal. 

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O Auto da Compadecida 2 e a reinvenção de si mesmo

O cenário mostra o exterior da igreja montada em um estúdio. Usando roupas velhas e rasgadas, sandálias típicas do povo nordestino e aparência de descuido com a pele no sol, os atores principais de O Auto da Compadecida voltam a encenar os malandros da cidade quente e seca do interior nordestino Taperoá.
Matheus Nachtergaele e Selton Mello voltam às telas de cinema como João Grilo e Chicó 25 anos depois (Foto: H2O Films)

Livia Queiroz 

Em Setembro de 2000, os brasileiros saíram de suas casas e foram para os cinemas de suas cidades assistir ao que viria a ser um dos maiores sucessos do Cinema do país: O Auto da Compadecida. Baseado na obra de Ariano Suassuna, o filme foi um sucesso comercial e social, e alcançou um recorde histórico de 2.157.166 pessoas (o filme nacional mais assistido daquele ano), além de uma arrecadação de mais de onze milhões de reais em bilheteria. Tornou-se um ícone para os ‘canarinhos’ e estrangeiros latino-americanos sobre a cultura nordestina e referência cinematográfica nacional. 

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A Nonsense Christmas abraça o absurdo e entrega um especial natalino engraçado e caótico

A imagem mostra Sabrina Carpenter, que é uma jovem mulher loira de olhos azuis, segurando um microfone e sorrindo para a câmera. Ela veste um vestido vermelho justo, decorado com pequenas pedrarias brilhantes e detalhes de plumas brancas na parte superior. Seu cabelo é longo, liso e tem franja, emoldurando seu rosto de traços delicados. Sua maquiagem inclui blush rosado, batom suave e olhos destacados com delineador e cílios volumosos. O cenário ao fundo sugere um ambiente de bastidores, com equipamentos de produção e iluminação. A luz quente do ambiente realça sua expressão animada e carismática.
“É uma hora de absurdo literal”, disse Carpenter à revista TIME sobre o especial em Outubro de 2024 (Foto: Netflix)

Marcela Jardim

Em meio a uma avalanche de clichês típicos das produções de fim de ano, A Nonsense Christmas, estrelado por Sabrina Carpenter, aposta em uma abordagem irreverente que subverte as expectativas do gênero. Apesar de seu charme inegável e do carisma da intérprete de Espresso, que transita com facilidade entre a atuação e sua persona musical, a produção levanta a questão: até que ponto o ‘nonsense’ pode sustentar uma narrativa? Enquanto alguns momentos brilham pela originalidade e criatividade, outros escorregam no excesso, deixando um ‘gostinho’ agridoce para o público.

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Em Jurado Nº2, Clint Eastwood relembra clássico ao questionar o sistema judiciário norte-americano

Ao fundo estão os personagens de Cedric Yarbrough e Rebecca Koon. O primeiro está à direita com uma camiseta preta e o olhar vago e a segunda está à esquerda com uma camiseta rosa e uma blusa branca, ela está olhando para algo fora do plano. Mais a frente, em foco e no centro da imagem está o personagem de Nicholas Hoult, ele está com uma expressão preocupada, olhando para algo fora da câmera.
O filme chegou direto no streaming na maioria dos países (Foto: Warner Bros. Pictures)

Guilherme Moraes

Em 1957, Sidney Lumet lançou 12 Homens e uma Sentença (1957). A história é simples: um júri composto por 12 homens decide o futuro de uma pessoa. 11 votaram a favor da prisão e apenas um contra, e este que se opõe, tenta mudar a opinião dos demais. Clint Eastwood permeia o clássico, mas vai para um caminho diferente. Se na obra original, Henry Fonda reafirma e refresca o respeito aos processos legais no funcionamento do sistema, Nicholas Hoult é a incorrigível falha de uma das grandes instituições norte-americanas: a justiça.

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Nascida Para Você: o amor que desafia regras

Filme busca retratar o vínculo crescente entre pai e filha em um contexto para garantir seus direitos de paternidade em um sistema que ainda discrimina famílias ‘não tradicionais’ (Foto: Bartleby Film)

Eloah Kaway

Em Nascida Para Você, (Nata Per Te, no original), acompanhamos Luca, interpretado por Pierluigi Gigante, em uma trajetória que destaca não apenas o desejo de formar uma família, mas também a determinação de vencer obstáculos impostos por um sistema tradicionalista. O protagonista, homossexual e solteiro, trabalha em uma ONG que ajuda pessoas com necessidades especiais, demonstrando empatia e sensibilidade desde o início. Esse pano de fundo enriquece sua motivação ao tentar adotar Alba, uma bebê com síndrome de Down que foi rejeitada por várias famílias antes.

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Babygirl não decepciona no que promete, mas falta profundidade

A imagem mostra Nicole Kidman e Harris Dickinson em um momento íntimo dentro de um ambiente corporativo. Nicole, com pele clara e cabelos loiros presos em um rabo de cavalo solto, veste um blazer claro e está de olhos fechados, aparentando relaxamento e entrega. Harris, com pele clara e cabelo curto, usa uma camisa azul e gravata escura. Ele se inclina em direção a ela, com o rosto próximo ao dela, como se estivesse sussurrando ou prestes a beijá-la. A cena transmite tensão e proximidade emocional, com um fundo desfocado que sugere um escritório ou espaço empresarial.
Romy (Nicole Kidman) se envolve com Samuel (Harris Dickinson), um homem mais jovem em Babygirl [Foto: A24]
Thaís França

O longa-metragem com direção de Halina Reijn (Morte Morte Morte) acompanha uma CEO de uma empresa, Romy, interpretada por Nicole Kidman, casada com o personagem de Antonio Banderas, Jacob. Os dois têm duas filhas e vivem o que parece ser uma família ideal, com boas condições financeiras sustentadas pelo cargo de grande importância que a protagonista carrega. Porém, sua vida vira de cabeça para baixo quando Samuel, interpretado por Harris Dickinson, aparece como estagiário em sua empresa.

O filme tem fortes inspirações em thriller eróticos dos da década de 1990, como Instinto Selvagem (1992) e Proposta Indecente (1993), ambos marcados por suas tramas de sedução, desejo e manipulação. Assim como essas obras, Babygirl explora a tensão psicológica entre os personagens, utilizando o jogo de poder e a dinâmica entre os gêneros como motor central da história, onde os personagens enfrentam as consequências de suas escolhas impulsivas e os limites da exploração de poder no contexto de suas relações íntimas e profissionais. Babygirl, assim, revisita esses elementos de forma moderna, mantendo a tensão e a exploração do desejo como temas centrais

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Trilha Sonora para um Golpe de Estado é documentário corajoso, mas excessivo

Cena do filme Trilha Sonora para um Golpe de EstadoNo canto esquerdo da imagem, em preto e branco, está Louis Armstrong tocando um instrumento de sopro. O ponto de vista é dos pratos de uma bateria, no lado esquerdo há uma mão segurando uma baqueta. No canto direito, de costas para Armstrong, há um homem branco, na faixa dos 50 anos, vestindo terno. Louis Armstrong é um homem adulto, negro e veste um terno.
Louis Armstrong é uma das celebridades que aparece no longa (Foto: Pandora Filmes)

Davi Marcelgo

Há pelo menos uma década, o Oscar se empenha em indicar e prestigiar filmes que tenham como temas o racismo, a sexualidade e o protagonismo feminino, ainda que, por muitas vezes, a premiação vá para caminho habitual, a exemplos de apenas uma mulher indicada em Melhor Direção ou a entrega do prêmio para Green Book: O Guia (2018). Em 2025, Trilha Sonora para um Golpe de Estado entra na lista dos concorrentes a Melhor Documentário. Narrando a luta de Patrice Lumumba para tornar a República Democrática do Congo um país independente, o longa de Johan Grimonprez aposta em imagens de arquivo para costurar a história.

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Coringa: Delírio a Dois foi o fiasco que o primeiro filme não merecia

Cena do filme Coringa: Delírio a dois. Joaquim Phoenix, que interpreta Coringa, é um homem branco, com cabelo de cor verde, e maquiagem de palhaço e veste um terno vermelho Ele está ao lado de Lady Gaga, que interpreta Haarlem Quinzel Ela é uma mulher branca, de pele clara, cabelos loiros e um vestido colorido, os dois estão com uma perna levantada cada, aparentemente dançando.
O corte de algumas cenas da versão final gerou descontentamento dos fãs (Foto: Warner Bros. Pictures)

Lucas Barbosa

Cinco anos após o primeiro filme, Coringa: Delírio a dois não correspondeu às altíssimas expectativas que pesavam sobre o longa-metragem que carrega a continuação da história problemática e exotérica de um dos maiores seres vilanescos do universo dos quadrinhos. Sendo a sombra de uma das melhores películas de 2019, garantindo até Oscar de melhor Ator para o Joaquim Phoenix, a continuação deixou lacunas mal resolvidas, questionamentos desnecessários sobre a história e aquele velho pensamento se uma continuação de uma obra amplamente premiada é realmente necessária.

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Rivais deixa o público ansiando pela próxima partida de Guadagnino

Cena de Rivais. Na imagem, três jovens estão sentados em uma cama. Uma mulher de shorts preto, longos cabelos castanhos e moletom de zíper rosa está entre dois homens. Ela beija um deles, de cabelos loiros, que veste uma camiseta cinza e um shorts xadrez. Observando-os está outro homem. Ele possui cabelos escuros, utiliza shorts azul e uma camisa verde com listras verticais brancas, a qual está aberta.
Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor seguiram rotinas de musculação e treinos de tênis antes do início das gravações de Rivais (Foto: Amazon MGM Studios)

Esther Chahin 

Um filme sobre um triângulo amoroso entre três prodígios do tênis é específico, mas foi lançado. Rivais (Challengers, originalmente) estreou em Abril de 2024 e é mais uma grande obra do cineasta italiano Luca Guadagnino, também responsável por tramas como Me Chame pelo Seu Nome (2017) e Até os Ossos (2022). O principal nome do elenco é Zendaya que, pela primeira vez, interpretou uma personagem adulta, a ex-tenista Tashi Duncan. Dando vida aos outros dois elementos essenciais da narrativa, os atores Mike Faist (Art Donaldson) e Josh O’Connor (Patrick Zweig), porém, não foram ofuscados pela estrela de Euphoria

O enredo conta a história de Art Donaldson, Tashi Duncan e Patrick Zweig, três tenistas de talento excepcional cujas vidas tomam outros rumos quando se envolvem em um triângulo amoroso. Ao longo da trama, o espectador é apresentado aos eventos que levaram os protagonistas à então relação, mas não há uma linearidade. No início, tudo que se sabe é que Art e Patrick competem uma partida de tênis, enquanto uma elegante jovem, apreensiva, assiste-os atentamente. A obra não ultrapassa esse núcleo de personagens de forma significativa: há bastante material a ser explorado apenas entre os três. 

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Assombroso, Conclave joga luz nas certezas do Vaticano

Texto Alt: Cena do filme Conclave Na imagem, o personagem Cardeal Benítez está olhando para frente com uma expressão séria. Ele veste roupas de cardeal da igreja católica, uma batina vermelha e branca; em seu pescoço há um terço fino prateado. Atrás dele, há outros cardeais, eles estão em pé, com as mãos juntas em posição de oração. Também vestem batinas e usam terços. Benítez é um homem na faixa dos 50 anos, de pele escura, mexicano, e com cabelos escuros.
O roteiro de Peter Straughan foi premiado com o Globo de Ouro na categoria de Melhor Roteiro de Filme (Foto: Focus Features)

Davi Marcelgo

O Papa está morto. A reunião para os cardeais do Vaticano escolherem o próximo pontífice está para começar. Quem é a pessoa correta para assumir o manto e quem tem certeza de ser capaz de conduzir o catolicismo? As questões de certo e errado, certezas e dúvidas são a principal temática de Conclave, dirigido por Edward Berger (Nada de Novo no Front) que isola personagens e espaços em uma linguagem pomposa para criticar e conduzir ideias sobre a Igreja Católica. Continue lendo “Assombroso, Conclave joga luz nas certezas do Vaticano”