reputation: 5 anos da inquisição de Taylor Swift

A imagem mostra Taylor Swift, mulher branca e loira. Ela está de perfil e tem os cabelos médios e cacheados, e usa um batom escuro. A foto é em preto e branco e não há nada ao fundo.
“Eles estão queimando todas as bruxas, mesmo que você não seja uma” (Foto: Mert and Marcus)

Ana Laura Ferreira

O mundo gira, outro dia, outro drama” é apenas uma das frases do single de abertura da era reputation que, há 5 anos, revolucionou tudo que sabíamos – ou pensamos saber – sobre Taylor Swift. E ela não poderia ser mais franca. Drama é uma palavra recorrente na vida da cantora, mas que ganhou novos fins ao ser transformado em um dos maiores álbuns pop de todos os tempos. A fama de reputation foi um tanto tardia, com a crítica especializada da época defendendo que ela poderia ter feito mais. Mas como qualquer grande obra de arte, foi apenas depois de anos que nos encontramos maduros o suficiente para apreciar sua grandeza.

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O amor líquido cabe dentro de um Copo Vazio

Imagem capa do livro Copo Vazio. Composta totalmente por uma pintura. Em primeiro plano temos uma mesa cor de rosa e em cima um copo de vidro vazio. Ao fundo temos um cenário todo pintado de azul. No canto inferior direito pode-se ler “Copo Vazio e logo abaixo “Natalia Timerman”
Lançado em 2021 pela editora Todavia, Copo Vazio estabelece uma conversa sincera, e talvez até difícil, com todos aqueles que já foram abandonados (Foto: Todavia)

Isabella Lima 

Em 2004, o filósofo Zygmunt Bauman utilizou o termo “Amor líquido” para se referir aos relacionamentos constituídos na pós-modernidade, um período caracterizado pelo rápido padrão de mudança e adaptação. Coube a ele se questionar: como se dá o amor e as conexões afetivas dentro desse mundo fluido? Para essa pergunta, Bauman comenta que a necessidade de praticidade na vida fez o amor se tornar descartável e as relações, superficiais. Queremos estar com alguém, mas, ao mesmo tempo, também não queremos o compromisso de um relacionamento profundo. Na prática, esse conceito é notório quando observamos temas sobre responsabilidade afetiva ganhando cada vez mais visibilidade nas redes sociais. Entre eles, encontramos a narrativa de Copo Vazio, livro ficcional de Natalia Timerman, escritora e psiquiatra responsável por colocar em foco uma das consequências desse amor líquido, o ghosting

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Don’t Worry Darling: nós não nos preocupamos o suficiente

A imagem mostra Florence Pugh, mulher branca, de cabelos loiros e olhos claros, em um close. Seu rosto está enquadrado bem ao centro da imagem e suas duas mãos aparecem na frente. Ela tem os cabelos bagunçados e suados.
Não Se Preocupe, Querida chegou aos cinemas brasileiros no dia 22 de setembro (Foto: Warner Bros.)

Ana Laura Ferreira

Para além de roteiro, atuação, direção e produção, parte importante do que faz um filme ser ou não um sucesso quando entra em cartaz é o seu marketing. Mas o que acontece quando aqueles que encabeçam a obra estão tão preocupados com sua imagem na mídia que o longa fica em segundo plano? A resposta para isso pode ser facilmente vista e destrinchada com o desenvolvimento de Não Se Preocupe, Querida, dirigido por Olivia Wilde e protagonizado por Florence Pugh, que tem seus pontos positivos contados nos dedos de uma mão.

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A Mãe: nas periferias de São Paulo, a ditadura nunca acabou

Presente na seção Mostra Brasil da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, A Mãe estreou nacionalmente no Festival de Gramado (Foto: CUP Filmes)

Vitória Gomez

A ditadura nunca acabou. A ditadura só vai acabar com o fim da Polícia Militar, porque ela é muito presente dentro do cotidiano da periferia”, defende Débora Maria da Silva, fundadora do grupo Mães de Maio, em sua participação em A Mãe. Integrante da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção Mostra Brasil, o longa mescla ficção à realidade para escancará-la: para Maria (Marcélia Cartaxo), mãe solo e residente da periferia, o desaparecimento do seu filho pelas mãos da polícia e a burocracia para encontrá-lo se assemelha a incontáveis outros casos do cotidiano da Grande São Paulo.

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A beleza de Pedro repousa no retrato bruto da vida

Cena do filme Pedro. Na imagem, o personagem Pedro, um homem indiano de cabelos e olhos escuros, aparece contemplando algo com um olhar longínquo. A suas vestes são tecidos de cores neutras como o marrom. O cenário é um matagal verde iluminado por uma chama no período noturno. A fotografia captura a cintura, sentado no matagal onde apoia as mãos para trás.
Originário da Índia, Pedro participa da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na seção Perspectiva Internacional (Foto: Rishab Shetty Films)

Nathalia Tetzner

Obra do Cinema indiano, Pedro conta a história de um homem de casta inferior que se vê perdido ao acidentalmente matar uma vaca, símbolo sagrado da sua cultura. O ato somente ocorre porque o protagonista tenta incessavelmente encontrar o responsável pelo assassinato de seu cachorro e fiel escudeiro, em uma das tragédias envolvendo animais mais tristes desde a cadela Baleia de Graciliano Ramos. Estreia do diretor Natesh Hegde frente a longa-metragens, a obra foi exibida no festival IndieLisboa e, agora, participa da seção Perspectiva Internacional na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

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Boy From Heaven desnuda a política por trás da religião

Vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes, Boy From Heaven integrou a seção Perspectiva Internacional da 46ª Mostra SP (Foto: Pandora)

Bruno Andrade

Há sempre um suspense em torno de tramas políticas. Talvez o mistério seja o formato mais funcional em atrair a atenção do público para o assunto – mais do que serena, a política é sempre mortalmente séria. Ainda assim, é através das eleições que os indivíduos percebem sua importância social; é a manifestação contemporânea que, apesar dos ataques, mais tem resistido às mudanças pós-modernas, mesmo que a maneira e os motivos pelos quais se vote sejam diametralmente outros. Em períodos normais, se vota pelo futuro; em momentos perigosos, se vota para cessar a destruição. Sob essa perspectiva, Tarik Saleh, diretor e roteirista do premiado Boy From Heaven, longa que integrou a seção Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, vislumbra como o mundo está constantemente inventando maneiras de garantir o resultado desejado.

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Leonor Jamais Morrerá usa a metalinguagem como poucos

Cena do filme Leonor Jamais Morrerá exibe uma idosa filipina parada em meio ao jardim de sua casa. Ela olha para cima, com os olhos fechados e a luz do sol batendo em seu rosto. Ela usa um vestido colorido. À esquerda, vemos uma cerca-viva repleta de plantas e à direita vemos mais plantas na parede da cada, com alguns vasos em cima de um balcão perto do canto inferior direito da imagem.
Leonor Jamais Morrerá faz parte da Competição Novos Diretores na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Arkeofilms)

Caio Machado

O Cinema é capaz de mostrar mundos fantasiosos, realidades alternativas, novas perspectivas de grupos marginalizados da sociedade… As possibilidades são infinitas. No caso de Leonor Jamais Morrerá, produção filipina que faz parte da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, a Sétima Arte é utilizada como meio de reconciliação entre mãe e filho. 

Na trama, Leonor Reyes (Sheila Francisco) já foi uma figura consagrada do cinema de ação filipino, responsável pela criação de uma série de filmes de sucesso, mas agora sua família sofre com dificuldades para pagar as contas. Após ver o anúncio de um concurso de roteiros no jornal, ela decide continuar um esboço inacabado sobre a jornada de Ronwaldo (Rocky Salumbides), que busca vingança pelo assassinato de seu irmão. Enquanto a imaginação ajuda Leonor a escapar das dificuldades da vida real, um acidente envolvendo a queda de uma televisão a deixa em coma, transportando-a para dentro da obra inacabada. Agora, ela pode descobrir o melhor final para a história.  

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Objetos de Luz materializa a reflexão dos raios

Cena do filme Objetos de Luz. Na imagem, o Homem da Luz colocando a mão em frente a um projetor de imagens. O personagem é um homem branco de barba branca, seu rosto apresenta algumas rugas. Ele veste uma blusa de mangas longas na cor cinza, além de um boné preto e óculos arredondados. O projetor exibe partículas de brilho amarelas e laranjas
Documentando as luzes cinematográficas, Objetos de Luz fez parte da Competição Novos Diretores da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Bando à Parte)

Jamily Rigonatto

Para a Física, a luz é uma onda eletromagnética com frequência suficiente para ser visível aos olhos humanos. Em Objetos de Luz, ela ganha esse e outros milhões de significados incabíveis em definições exatas e numerológicas. No documentário, dirigido por Acácio de Almeida e Maria Carré, a luz é o ponto que amarra o início e o fim. Pertencente à Competição Novos Diretores da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o filme nos dá a certeza de que a luz nos eterniza.

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Terra e tradição se abrem sob os pés da família de Alcarràs

Imagem retangular que mostra uma cena do filme Algarràs. Uma família branca está em pé, todos virados de lado, olhando na direção esquerda da imagem. O fundo tem montanhas e plantações verdes.
Exibido na Competição Novos Diretores da 46ª Mostra Internacional de São Paulo, o longa não esquece que uma tradicional família agricultora na Europa sempre conta com o trabalho braçal de imigrantes pretos (Foto: MUBI)

Nathália Mendes

Eu não canto pela voz, […] por quem canto é por minha terra, terra firme, casa amada”, dizem os versos cantados por Rogelio (Josep Abad), patriarca dos Solés que protagonizam Alcarràs, longa de Carla Simón exibido na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, na Competição Novos Diretores. A obra, uma coprodução espanhola e italiana, conta como uma família de agricultores no interior da Catalunha se vê sendo expulsa de sua propriedade após anos cultivando pêssegos naquela terra. E não há nada que se possa fazer. Diante das perdas inevitáveis, Rogelio acompanha em silêncio, assistindo com olhos carregados de tristeza a tradição de gerações se desfazer, bem como sua própria família.

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Cuidado: Aftersun causa enjoo emocional

Cena do filme Aftersun, mostra pai e filha dançando abraçados. Ao fundo, vemos pessoas desfocadas.
Irlandesa radicada em Nova Iorque, Charlotte Wells impressionou Cannes e Toronto antes de trazer Aftersun para vencer a Competição Novos Diretores da 46ª Mostra de SP (Foto: MUBI)

Vitor Evangelista

Trabalhar o conceito da memória na Arte é uma artimanha e tanto. Para evocar o sentimento que viveu há cerca de duas décadas, é atrás das lembranças que vai a cineasta Charlotte Wells na confecção de Aftersun. A trama reflete um episódio experienciado pela irlandesa no fim dos anos noventa: uma viagem de férias à Turquia ao lado do pai, e seu apreço pela imagem como instrumento de ternura e captura do tempo.

A pequena Sophie (Frankie Corio) é a bússola do longa de estreia de Wells, parte da Competição Novos Diretores da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e eleito o Melhor Filme pelo Júri com o Troféu Bandeira Paulista. Ao lado do pai Calum (Paul Mescal), ela comemora o aniversário de 11 anos entre o quarto de hotel, a piscina, o oceano e as muitas caminhadas pelo ensolarado país euro-asiático, gravando as aventuras por meio de uma filmadora miniDV.

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