Pequenos Incêndios metafóricos e necessários Por Toda Parte

Littles Fires Everywhere (no original) é da Hello Sunshine, produtora fundada por Reese Witherspoon, que vem adaptando diversos livros escritos por mulheres, como Big Little Lies (2017) e o filme Garota Exemplar (2014) (Foto: Reprodução)

Jaqueline Neves Bueno 

Uma das coisas que sempre deixa as pessoas com o pé atrás sobre adaptações de livros para o audiovisual é a questão da fidelidade à obra original. Pequenos Incêndios Por Toda Parte, minissérie da Hulu disponível na Amazon Prime, foi fruto do livro da escritora norte-americana Celeste Ng. Filha de imigrantes de Hong Kong, seu livro traz questões sobre a vivência asiática, além de já ter morado no bairro em que a história se desenrola. Ng também escreveu Tudo o que Nunca Contei, que ganhou alguns prêmios, como o Amazon Book of the Year

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Destacamento Blood relembra o que a América nunca deixou de ser

Arte original do filme reconecta as duas batalhas enfrentadas em um mesmo período: a luta por Direitos Civis e a linha de frente no Vietnã (Reprodução: Netflix)

Egberto Santana Nunes

Uma marca já consolidada de Spike Lee em seus filmes é renegar a simples representatividade positiva. Ele vai além e busca sempre mostrar como o povo negro é diverso e tem seus próprios conflitos – muitas vezes originados do homem branco. Em Destacamento Blood, a temática continua presente, mas dessa vez é no Vietnã que o choque acontece, um outro campo filmado pelos Estados Unidos que também nunca foi tão bem representado.

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Em ano eleitoral, RuPaul’s Drag Race toma partido

The Essence of Beauty (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

A décima segunda temporada do reality de drag queens sofreu um bocado. A começar pela polêmica de Sherry Pie, acusada de assédio, e sua desclassificação do programa, o novo ano enfrentou a pandemia mundial que impediu a gravação com público dos episódios finais. O isolamento se refletiu em soluções inventivas e conferências à distância. Munido de propaganda eleitoral e do hit American, RuPaul Charles coroou Jaida Essence Hall, uma rainha negra e que celebra a cultura de concursos de beleza. Num momento tão crítico dos Estados Unidos, a escolha de Mama Ru evidencia o papel da arte no meio das revoltas e reivindicações: celebrar performers negros e evidenciar seu carisma, singularidade, coragem e talento.

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De histórias amargas Hollywood já está cheia

Através da figura de Eleanor Roosevelt, a série sublinha a importância da arte e seu poder político: ‘you have more power to change the world than a government does’, declara sobre a escalação de uma negra como protagonista (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Quando o super produtor Ryan Murphy se afastou da Fox, casa de suas grandes obras, e assinou com a Netflix, a surpresa foi grande. O mega contrato de Murphy começou com The Politician (2019), uma dramédia política que servia aos agrados do protagonista Ben Platt. A segunda investida no streaming chegou em meio ao isolamento social, na forma da minissérie Hollywood. Centrada num grupo de jovens que sonham em ascender na terra do cinema, a afinada produção busca reescrever a história, sob tutela otimista e humor para abafar injustiças.

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Fiona Apple dita suas próprias regras em como criar um clássico instantâneo

O título do álbum quota uma fala da série britânica ‘The Fall’, na qual a personagem de Gillian Anderson, que investiga crimes sexuais, encontra o antigo cativeiro de uma garota torturada, e pede que tragam um alicate para poder entrar no local (Foto: David Garza/Epic Records)

Carlos Botelho

Após oito longos anos de espera, o aguardado quinto álbum de estúdio de Fiona Apple, Fetch The Bolt Cutters, chegou fazendo barulho na internet. Além de arrancar notas máximas das principais publicações da crítica especializada, o disco ainda entrou pro seleto grupo a receber um 10.0 da polêmica Pitchfork. O último lançamento a conquistar este feito foi o monumental My Beautiful Dark Twisted Fantasy de Kanye West, dez anos atrás. 

O que faz este álbum ganhar status de clássico instantâneo é o fato de Fiona Apple ter transformado sua própria casa em estúdio, adicionando os ruídos e barulhos do cotidiano ao instrumental da obra. Somadas a esta imprevisibilidade e crueza sonora únicas, Fetch The Bolt Cutters constrói ao longo de treze faixas um olhar poderoso e libertador sobre os fantasmas do passado. 

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The Strokes: nem tão novo, nem tão anormal

(Foto: Reprodução)

Maria Carolina Gonzalez

‘Descongelamos’. Foi dessa forma que Julian Casablancas deu boas vindas a 2020 antes de apresentar ao público do Brooklyn’s Barclays Center a música “Ode to the Mets”, faixa que compõe o novo trabalho do Strokes: The New Abnormal

A escolha do nome foi apropriada para definir este ano. Assim como aconteceu em outubro de 2001, Nova York ainda se recuperava do 11 de setembro quando o Is This It chegou em terras americanas, oferecendo a trilha sonora da década que começava de forma inusitada. Quase 20 anos após a estreia ofegante, o quinteto nova-iorquino mais uma vez dita o ritmo dos novos tempos. Tempos completamente anormais.

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Maldição e luto se encontram em Dois Irmãos

A narrativa simples não implica que esta animação não tem nada a dizer (Foto: Reprodução)

Fellipe Gualberto

Dois Irmãos foi um dos poucos filmes que conseguiu furar a quarentena mundial e ainda desbancar Sonic. O novo feito da Pixar, estúdio responsável por obras que revolucionaram a animação mundial, como Toy Story (1996), chegou aos cinemas carregando altas expectativas. O longa tem a direção de Dan Scalon, de Toy Story 4 (2019) e Universidade Monstros (2013) e é parte do processo do artista para superar seu luto pessoal.

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The Marvelous Mrs. Maisel já pode acabar

O terceiro ano da comédia do Prime Video sabe amadurecer seus dramas, mas sempre se rendendo para um humor pontiagudo (Foto: Amazon Prime Video)

Vitor Evangelista

Os anos 10 encurtaram as grandes séries da década passada. Com a chegada do streaming e da degustação on demand, os seriados passaram a ser diminuídos ao máximo, tudo isso para caber numa maratona de fim de semana ou, simplesmente, para não se tornarem enfadonhos. Chegando à seu 3º ano, a premiada e deliciosa The Marvelous Mrs. Maisel já trilha um caminho de despedidas. Ao explorar a turnê nacional de Midge (Rachel Brosnahan), a produção da Amazon emociona, não se vê acuada a tocar em pontos sensíveis e, a cereja do bolo, não cansa de inovar. 

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Elena: um retrato sensível e necessário para debater suicídio e depressão

Aviso de Gatilho: Elena pode conter elementos prejudiciais àqueles sofrendo com depressão ou pensamentos suicidas.

Cena do filme Elena. A imagem mostra duas mulheres flutuando num rio de águas escuras. As duas mulheres estão do lado esquerdo da imagem, e a primeira está na parte de baixo, na horizontal, com a cabeça para o lado direito e os pés em direção ao centro da imagem, virados para o lado esquerdo; e a segunda na parte de cima, de cabeça para baixo, na diagonal. As duas usam vestidos longos em tons de bege. O fundo é preto.
O documentário Elena mistura realidade e ficção para contar a história de vida da irmã da cineasta Petra Costa, diretora de Democracia em Vertigem (Foto: Busca Vida Filmes)

Raquel Dutra 

O segundo longa-metragem de Petra Costa leva o nome de sua irmã mais velha, a atriz Elena Andrade. Sob a premissa de retratar a história da jovem e os sentimentos que a família conserva por sua memória, Elena toca em debates ultra sensíveis acerca de suicídio e depressão, ao mesmo tempo em que carrega o valor de ser considerada como uma obra marcante da documentarista. No filme, tudo tem um único fim: construir um retrato íntimo e profundo da vida de Elena, que aos vinte anos, tratando de doenças psicológicas e tentado se reerguer de desilusões profissionais, findou a sua própria vida.

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25 anos depois, já podemos parar de falar sobre Friends

I’ll be there for you (Foto: NBC)

Vitor Evangelista 

Friends é a grande série do século XX. A comédia sobre os seis amigos de Nova Iorque que conquistou a cultura pop num solavanco, hoje se prostra como uma das maiores produções televisivas da história. A sitcom comemorou vinte e cinco anos no fim de setembro e fãs mundo afora celebraram o legado e as piadas de Rachel, Joey, Phoebe e companhia. Mas, tanto tempo depois da estreia, Friends deveria deixar os holofotes de lado.

Grande parte do buzz do seriado vem da exibição global da Netflix. O fácil acesso aos 236 episódios exibidos originalmente pela NBC entre 1994 e 2004 é primordial para manter acesa a chama de discussão da série. Todavia, com todas as portas que Friends abriu, carreiras que lançou e conteúdos que originou, o grande público pode voltar atenções a outras grandes produções lançadas de lá para cá. E não há problema algum nisso.

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