Disney, Pixar e ‘Don’t Say Gay’: por que financiam nossos armários?

Pautada por mudanças bruscas de posicionamento e fervorosos embates políticos, a polêmica entre Disney e Pixar com a legislação americana pode dizer muito sobre o conteúdo que o estúdio produz

Entre Red: Crescer é uma Fera, Segredos Mágicos, Dois Irmãos e Luca, vivências queer tem sido postas sobre as telas da Pixar de diferentes formas – algumas mais enrustidas que outras (Foto: Pixar Animation Studios/Arte: Jho Brunhara)

Enrico Souto

Em 25 de fevereiro de 2022, o Orlando Sentinel, principal jornal da cidade da Flórida, Estados Unidos, desvendou uma bomba. Legisladores do estado, envolvidos ativamente com uma proposta de lei homofóbica que tramitava no Congresso, receberam doações milionárias da Walt Disney Company, conglomerado multibilionário de mídia. Hoje, quase três meses depois, após a Disney já ter alterado seu posicionamento, a lei ter sido aprovada e outros escândalos revelados, uma questão continua acaçapada. O que uma empresa deste tamanho teria a ganhar financiando um projeto como este?

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Sob o olhar ingênuo de uma criança, Luca é uma aventura na diversidade

Três crianças montadas em uma Vespa verde-água. A primeira é Alberto, garoto de pele parda, cabelo enrolado com um topete, olhos verdes dentes amostras em um sorriso destemido, camisa regata amarela. Atrás está Luca, garoto de pele branca, cabelos ondulados castanho escuro, olhos castanhos claros, expressão feliz, com a cabeça levemente inclinada para trás, camisa social branca com a manga dobrada, e segurando em Alberto. E atrás de Luca está Giulia, garota branca, de cabelos ondulados na altura dos ombros ruivos, com uma touca azul, olhos castanhos, expressão de animação, com uma blusa listrada de laranja e branca, e com as mão levantadas. No fundo, uma ladeira de pedra e a cidade de Portoroso.
O diretor do filme participou de Viva: A Vida é uma Festa (2017) e do subestimado Robôs (2005), no departamento de arte [Foto: Pixar Animation Studios]
Pedro Gabriel

A Pixar é muito conhecida por suas obras carregadas de mensagens profundas, e por sua tentativa de explicação de conceitos complexos para crianças. Durante os 35 anos de existência da empresa, eles trataram sobre depressão em Divertida Mente (2015), amadurecimento nos quatro filmes de Toy Story, o luto em Dois Irmãos (2020) e até o sentido da vida em Soul (2020). Parecia que a aventura era um bônus na história. Mas, eis que surge Luca, em junho de 2021, e os papéis se invertem. A mensagem está lá, mas não é o foco principal.

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Maldição e luto se encontram em Dois Irmãos

A narrativa simples não implica que esta animação não tem nada a dizer (Foto: Reprodução)

Fellipe Gualberto

Dois Irmãos foi um dos poucos filmes que conseguiu furar a quarentena mundial e ainda desbancar Sonic. O novo feito da Pixar, estúdio responsável por obras que revolucionaram a animação mundial, como Toy Story (1996), chegou aos cinemas carregando altas expectativas. O longa tem a direção de Dan Scalon, de Toy Story 4 (2019) e Universidade Monstros (2013) e é parte do processo do artista para superar seu luto pessoal.

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