A capa do disco Ideologia brinca com símbolos antagônicos (Foto: Universal Music)Davi Marcelgo
O primeiro álbum solo de Cazuza, Exagerado, exala a essência ultrarromântica e boêmia, cravando o status de poeta ao cantor. Em Ideologia, o eu-lírico estende a linguagem poética para criticar a sociedade – e a si mesmo. No disco, que completou 35 anos no dia 21 de Abril de 2023, o artista remove sua face e a costura nas linhas territoriais tupiniquins, marcando definitivamente a história da música brasileira.
Entrando para a história como o maior debut da indústria musical, o décimo disco de Taylor Swift conta com 13 faixas que permeiam o passado e as expectativas para o futuro (Foto: Beth Garrabrant)
Luiza Lopes Gomez
Reflexões na madrugada, nostalgia de inquietudes antigas e diálogos internos marcam as composições do décimo álbum de estúdio de Taylor Swift que reafirma seu posto como artista flexível e inovadora, capaz de movimentar multidões e quebrar recordes. Com o anúncio do disco em meio ao seu discurso de agradecimento no VMA 2022, Swift introduziu ao público uma nova era. Permeado por mistérios e noites sem dormir, Midnights foi apresentado de forma instigante e milimetricamente arquitetada antes mesmo do seu lançamento, partindo de uma coleção de vídeos postados nas redes sociais, revelando os nomes das composições e recheados de easter eggs, referências já tão próprias da artista.
Keanu Reeves, conhecido por participar de vários filmes de ação e ser referência no gênero, chegou a doar parte de seu salário para a equipe de efeitos especiais de Matrix (Foto: Lionsgate)
Henrique Marinhos
John Wick 4: Baba Yaga reflete e pode serdefinido pelo seu subgênero neo-noir, em sua exploração das complexidades do ser humano, desde seus conflitos internos até sua moral ambígua no contemporâneo. Ainda que a subcategoria o descreva tão bem, a ação e o suspense se sobressaem em função de sua construção, tanto pela direção de Chad Stahelski, à atuação do veterano Keanu Reeves. Em contrapartida às motivações triangulares – de construção simples, capazes de suportar grandes tensões e únicas –, todo desenrolar da narrativa segue a busca do protagonista pela vingança de um passado e uma esperança destruídos em atos simplórios em sua prequela, que ocasionaram uma sequência de desestruturações de escala mundial, reais e fictícias.
Nas profundezas de um intimismo visceral, Sobre a terra somos belos por um instante foi a leitura do Clube do Livro de Maio (Foto: Rocco/ Arte: / Texto de abertura: Jamily Rigonatto)
Depois de apreciar a vida da gente fina Rita Lee, em Rita Lee: uma autobiografia, o Clube do Livro do Persona alçou voo para trajetos marcados por cicatrizes profundas. Em Maio de 2023, nossos leitores tiveram a oportunidade de conhecer os relatos melancólicos do primeiro Romance do poeta Ocean Vuong, Sobre a terra somos belos por um instante.
Carregando uma carga emocional de proporções ímpares, o texto chegou ao Brasil em 2021 pela editora Rocco, e conta com tradução de Rogério Galindo. Na trama, narrada melodicamente pelo protagonista Cachorrinho, somos apresentados a uma história sobre lembranças familiares, amores silenciados e revelações angustiadas que por muito tempo estiveram em cativeiro.
O livro apresenta uma linguagem bastante singular e caminha por um espaço fluido entre a convencionalidade dos romances e a indefinição literária. Através de termos rítmicos e bastante poetizados, a sensação é de fazer parte de um espaço tão consciente quanto imprevisto. As 224 páginas não podem se classificar diretamente como poesia, mas absolutamente repousam sobre os limites de uma vulnerabilidade encantadora.
A obra ainda reflete espectros sociais, econômicos e raciais, já que trata sobre os laços familiares de imigrantes vietnamitas vivendo nos Estados Unidos. Os tons das discussões relacionadas a papéis de gênero e sexualidade também ganham grandes doses de protagonismo, lembrando que a sinceridade de ser e sentir é bela por muito mais que um instante.
E enquanto o tempo continua seu trabalho marcando as vidas no eterno mistério dos momentos, as palavras continuam compondo a emoção daqueles que as apreciam. Por isso, o Estante do Persona de Maio de 2023 segue com suas dicas e opiniões sobre os mais variados temas abordados pela Literatura.
O Essencial de Perigosas Sapatas apalpa regiões sensíveis do patriarcado (Foto: Todavia)
Ana Cegatti
Por que estamos lutando por um pedaço de torta se a torta está podre?
– Alison Bechdel
O desastre de Chernobyl, a guerra Irã-Iraque e o corte mullet foram alguns episódios hediondos que fizeram dos anos 1980 um período inesquecível para o mundo. No entanto, o posto de maior atrocidade da década foi designado à Alison Bechdel, cartunista estadunidense que ousou ganhar as páginas dos jornais com tirinhas sobre uma ameaça maior do que qualquer explosão nuclear: lésbicas. Em uma singela homenagem, a editora Todavia publica uma coletânea, traduzida por Carol Bensimon, das principais histórias da série Perigosas Sapatas, cuja essência está em um grupo de amigas lésbicas praticando atos tenebrosos tais como trabalhar e lavar a louça. No fim, elas são perigosas para quem?
Ovacionando a Padroeira da Liberdade e mergulhando em uma das mulheres mais importantes da cultura brasileira, o Clube do Livro de Abril celebrou Rita Lee: uma autobiografia (Foto: Globo Livros/Arte: Aryadne Xavier)
“Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída. Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão “Ovelha Negra”
Ana Júlia Trevisan
A história da música brasileira é marcada por ícones inigualáveis que, ora choravam todas as suas dores de corno em versos expositivos, ora eram exilados do país, pedindo em súplica que a censura fosse afastada. Entre os titãs, está a Ovelha Negra, Rita Lee. Pioneira do rock brasileiro, compositora sincera e inconfundível, Rita era uma personalidade muito além do que a mídia massiva queria construir como a figura brasileira de mulher do lar. Adjetivos nunca serão suficientes para descrever essa mulher que colocou, sem dó, o dedo na ferida. No entanto, sua autobiografia deixa claro qual a melhor palavra para defini-la: humana.
Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros completa 30 anos em 2023 (Foto: Universal Pictures)
Lara Fagundes
“Bem vindos ao Jurassic Park!” É com essa frase que o casal de apaixonados por dinossauros, Alan Grant (Sam Neil) e Ellie Satler (Laura Dern), é recebido na Ilha Nublar. Também é dessa forma que Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros foi apresentado ao público nos cinemas em 1993, por Steven Spielberg. O grande cineasta, já conhecido por Tubarão, E.T.: O Extraterrestre e os primeiros Indiana Jones, dirigiu ofilme que revolucionou a história do Cinema com uma equipe de efeitos visuais dedicada em levar o telespectador de volta a 66 milhões de anos atrás, quando os dinossauros ainda habitavam o planeta.
Em NÃO!, o advérbio que dá nome ao espetáculo nunca sai de cena (Foto: Ivan Zettel)
Mateus Conte
A atriz curitibana Adriana Birolli, conhecida por seus trabalhos nas novelas globais Viver a Vida, Fina Estampa, Império e Totalmente Demais, estreou no interior de São Paulo seu novo espetáculo, NÃO!. A primeira exibição ocorreu na cidade de Barra Bonita, seguida por Botucatu e Lençóis Paulista, sempre com casa cheia. Sem dúvidas, é uma grande honra para os interioranos receber as primeiras apresentações da peça de uma profissional conhecida em todo o país. O monólogo também representa uma realização pessoal para a atriz, que conta com a parceria dos irmãos Carlito Birolli, na trilha sonora original, e Letícia Birolli, no figurino, além do namorado, o fotógrafo Ivan Zettel.
Em uma estética a lá memento mori, as roupas de esqueletos foram um dos uniformes da era, nos lembrando de nossa mortalidade (Foto: Instagram/@twentyonepilots)
Guilherme Veiga
Lá em 2011, um grupo de Ohio passava por uma reformulação e almejava ser, na melhor das hipóteses, regional. O que não se esperava era que, dois anos depois, a banda envelheceria tão bem e se lançaria de forma tão contundente no cenário do mainstream alternativo. Agora um duo, os inseguros Tyler Joseph e Josh Dun assinavam seu primeiro contrato profissional como Twenty One Pilots, com a Fueled By Ramen, que hoje é responsável por nomes como Young The Giant e Paramore.
Em 2008, o lançamento de One of the Boys trouxe Katy Perry ao mundo (Foto: Capitol Records)
Nathalia Tetzner
Ela não gritou quando viu uma aranha assustadora e escolheu os acordes da guitarra em troca das sapatilhas de balé, mas dentro dela sempre existiu um desejo oculto: o de se tornar uma musa pin-up, daquelas que os meninos colecionam posters. Então, começou a ler revistas para adolescentes e a depilar as pernas na tentativa de se tornar a rainha do baile de alguém. Ainda assim, ela continuou invisível para eles. Há 15 anos, o álbum One of the Boys dava luz a Katy Perry, essa jovem que procurava incessantemente o seu lugar no mundo e que não teve outra escolha a não ser se infiltrar entre os garotos para deixar a sua marca.