Crianças Selvagens: Hot e Oreia criam uma identidade única na nova geração do rap mineiro

“Não somos rappers. Vestimos o rap para mostrar o que a gente sente das coisas que ouvimos desde pequeno”, explica Oreia em gravação para a Rolling Stone Brasil (Foto: Eliza Guerra)

Lucas Ristow

Hot e Oreia, dupla de artistas mineiros que vem se mostrando revelação no cenário do rap nacional, continuam a desabrochar seu trabalho, tratando de assuntos sérios e necessários, mas com bom humor e criatividade, característica do duo. Crianças Selvagens, segundo disco dos artistas juntos em estúdio, é repleto de beats inovadores, versos marcantes e uma identidade sem igual. Nos fazendo imergir em um cenário repleto de sentimentos e debates, abordando educação sexual, respeito às religiões afro-brasileiras e às minorias.

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Today is gonna be the day: 25 anos do (What’s the Story) Morning Glory? e o legado do Oasis

A foto icônica da capa foi tirada na rua Berwick, em Londres, famosa pela quantidade de lojas de discos (Foto: Brian Cannon)

Lara Ignezli e Maria Carolina Gonzalez

Se em 1994 o Oasis conquistou o mundo, no ano seguinte o quinteto de Manchester o tinha na palma da mão. Depois de ganharem a atenção do público e da mídia inglesa com o sucesso do álbum de estreia Definitely Maybe, os irmãos Gallaghers e companhia estavam mais que preparados para o perigoso teste do segundo álbum. E o resultado não poderia ser diferente. (What’s the Story) Morning Glory?, lançado no dia 2 de outubro de 1995, é uma das jóias mais preciosas da coroa britânica que ocupa um lugar sagrado juntamente com Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), dos Beatles, e a coletânea Greatest Hits (1981), do Queen, como terceiro álbum mais vendido na história da Inglaterra.

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Há 15 anos, Maria Rita se mostrava pela segunda vez uma das maiores vozes da música brasileira

Capa do álbum “Segundo”, lançado em setembro de 2005 (Foto: Reprodução)

Ana Júlia Trevisan

Maria Rita Camargo Mariano era a voz que todos queriam ouvir. Filha da consagrada Elis Regina, Maria Rita era promessa de sucesso mesmo antes de dar sua voz a grandes compositores, como Milton Nascimento, Lenine e Marcelo Camelo. E em seu álbum de estreia homônimo, lançado em 2003, a artista não decepcionou. Batendo recorde de vendas, Maria Rita foi reconhecida pela classe artística sendo a primeira brasileira a ganhar o Grammy Latino de Artista Revelação, sendo premiada com 3 vitrolas naquela noite de 1° de setembro de 2004.

Após essa avalanche de sucesso do seu primeiro disco, o ano de 2005 trouxe a ansiedade para o próximo projeto da artista, junto do questionamento se ela continuaria se provando como uma grande cantora. À quem tinha dúvidas, ela mais uma vez mostrou uma entrega inigualável. Com uma estética “clean”, o álbum que recebeu o nome de Segundo tem começo, meio e fim. Nele, a cantora se permite sentir a música e transpassa a mesma sensação ao ouvinte.

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Lady Gaga debate saúde mental através de um sonho conceitual em 911

Gaga começa o curta no meio do deserto cercada por romãs (Foto: Interscope Records)

Gabriel Gatti

Não falta conceito para a era Chromatica e para Lady Gaga. Lançada em fevereiro de 2020, a primeira faixa divulgada do novo álbum da cantora foi Stupid Love, na qual os fãs foram convidados a entrarem em um mundo criado pela Mother Monster. O clipe, entretanto, falhou na hora de entregar a ideia. O excesso de chroma key e os looks toscos comprometeram o conteúdo do vídeo. Com Rain On Me não foi muito diferente: a parceria com Ariana Grande resultou em um hit aclamado pelos fãs, porém deixou a desejar ao focar demasiadamente na coreografia e não pensar na construção de uma narrativa. No entanto, o mesmo erro não ocorreu no curta-metragem de 911. Dirigido por Tarsem Singh (Dublê de Anjo, 2006), o vídeo traz história, figurinos bem produzidos e muito conceito.

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Cool Tape Vol. 3: Jaden Smith já é um artista completo

A arte da capa foi inspirada em Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, álbum de 1967 dos Beatles (Foto: Reprodução)

Giovana Guarizo 

Pense em uma praia deserta. É fim de tarde e você está com os pés na areia, ouve o barulho do mar, sente a brisa do vento bater no rosto e, quando percebe, está totalmente imerso em uma calmaria. É essa a sensação de ouvir Cool Tape Vol. 3 (CTV3), o novo álbum de Jaden Smith. Com vocais totalmente encantadores, o cantor inovou e entregou um trabalho leve, calmo e que, assim como na foto de capa, floresce uma sensação incrível em quem o escuta. 

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Eduardo Taddeo é cada vez mais vivo e necessário em meio ao caos político-social

Na pele, já é marcado: “Caminhando no Vale das Lágrimas” (Foto: Reprodução)

Matheus Braga

“Cada RG no gueto tem uma marca de terror/O sobrenome herdado do escravizador/Nosso gene prova o pior crime de todos os tempos/Quando a escrava era estuprada pelo senhor de engenho” ; “Você só vai ter democracia representativa/Quando a política for dominada pela periferia/Até lá, vai continuar sendo massacrado”. É assim que canta Eduardo Taddeo em  uma das 29 faixas  de seu novo álbum Necrotério dos Vivos, lançado no dia 11 de março de 2020.

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Katy Perry nos lembra como sorrir com Smile

Capa oficial do disco (Foto: Reprodução)

Ettory Jacob

Após 3 anos do seu último álbum de estúdio, Katheryn Elizabeth Hudson, Katy Perry, lançou seu novo projeto: Smile. Na mesma semana que Teenage Dream – maior álbum da carreira da cantora, e que a tornou a única mulher com o título de cinco canções Top 1 na parada americana -, completou uma década, Smile é lançado oficialmente. O disco vem sendo preparado desde 2019 e, junto com a produção, a vida de Katy também mudou, tornando-se mãe de Daisy Dove Bloom, com o ator Orlando Bloom. 

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Na luta contra o racismo, BK’ é o líder em movimento

Eles mataram Pac, mataram Big / Eles querem matar um mano que resiste / E nós queremos ser livres! 
BK’ assina o álbum com Abebe Bikila, seu nome de batismo (Foto: Reprodução)

Elder John

No dia 7 deste mês, o rapper BK’ lançou seu terceiro (e tão esperado) álbum: O Líder em Movimento. Agora, com 30 anos, o artista lançou o disco com 10 faixas e foi a primeira vez que assinou como Abebe Bikila (seu verdadeiro nome) e não mais como BK’.  Tiveram as participações da Polly Marinho em uma intro, do Erasmo Carlos em um refrão e da Ainá Garcia em uma ponte, fazendo com o que o trabalho fosse o mais pessoal possível. Além, é claro, dos beats do Jonas Profeta presentes em 8 músicas, como já era esperado, e Nansy Silvz e a dupla Deekapz, com uma faixa cada. Continue lendo “Na luta contra o racismo, BK’ é o líder em movimento”

O romantismo de Niall Horan em Heartbreak Weather

(Foto: Capitol Records)

Ana Laura Ferreira

Carlos Drummond de Andrade uma vez questionou: “o que pode uma criatura senão,/ entre criaturas, amar?”. O que pode então o homem, como criatura que é, senão amar e transformar esse amor em arte? Assim como Drummond discorre, sobre esse sentimento que é entrega e adoração, em Heartbreak Weather (2020) Niall Horan nos presenteia com seus poemas e sua ode ao amor e ao romantismo dignos de Shakespeare. Seu segundo álbum solo, lançado em março, atravessa inúmeras histórias, perspectivas e reviravoltas tão intrínsecas e típicas do amor, quase como em uma releitura moderna do romantismo de Goethe e Byron.

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Manchaca Vol. 1: quando a música transcende o som de uma memória

Capa do álbum (Foto: Reprodução)

Henrique Gomes

Desde sua criação, o Boogarins permanece inquieto, nunca estagnado. A banda goiana imprime, em cada movimento que faz, um recorte da essência que compõe os corpos de seus integrantes. Mesmo que comparada com nomes como Tame Impala e Unknown Mortal Orchestra, eles sabem que vão muito além da neo-psicodelia. É uma espécie de música transcendental, algo desconexo e intenso, mas puramente honesto. Isso é visto em seus shows, onde faixas de três minutos viram grandes sessões de dez minutos e toda a energia que ali habita explode na catarse das improvisações, como em Desvio Onírico (2018), EP ao vivo do grupo. Os LP’s passam a ser carcaças completamente diferentes entre si, porém que carregam a mesma mística única das texturas e camadas sonoras da alma dos membros. O que prevalece é a beleza da primeira ideia, nua, crua e imperfeita por  definição, como visto nos ruidosos sucessos Lucifernandis e Foimal.

Manchaca Vol. 1 (A Compilation Of Boogarins Memories Dreams Demos And Outtakes From Austin, Tx) nasce da tentativa de manter todo esse movimento em tempos de quarentena. Se nos shows eles expandem o som em níveis espirituais, nos discos eles se concentram e o manipulam em colagens e rasgos sônicos para dizer exatamente do que se trata o tal do Boogarins. Sendo assim, é óbvio que existam milhares de experimentos durante as gravações. E, como o próprio nome diz, o álbum é a compilação de tudo que se originou do período de maior efervescência criativa da banda, nas gravações do Lá Vem A Morte (2017) e Sombrou Dúvida (2019), e serviu como demo ou ficou guardado no baú.

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