A Procura de Martina busca a memória coletiva

 Cena do filme A Procura de Martina. Na imagem, está Martina, uma mulher branca de cabelos castanhos curtos. Ela tem mais de 60 anos e aparenta marcas de expressão no canto dos olhos e no entorno da boca. Usa um óculos dourado com um cordão também dourado e veste um casaco de frio bege de lona sintética. Ela está em frente a uma foto em preto e branco.
Pertencente à seção Mostra Brasil da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, A Procura de Martina faz um manifesto (Foto: Bretz Filmes)

Jamily Rigonatto

Desde seu surgimento, a humanidade tenta se fazer eterna de alguma maneira. De registros em paredes de cavernas a imagens perfeitamente impressas em papel filme, o objetivo é tentar manter um dos bens imateriais mais importantes vivo: a memória. No longa-metragem A Procura de Martina, exibido na seção Mostra Brasil da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, isso é amplificado com uma viagem particular pela lembrança que se universaliza para milhares de outras pessoas.

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O Palhaço de Cara Limpa é ‘faz-me rir’ para quem nunca perde

Cena de O Palhaço de cara limpa. Na imagem, um homem pardo aparece olhando para o céu. Ele veste camiseta vermelha e está no meio de uma manifestação que acontece a noite entre diversas pessoas. Sua feição é triste e tem lágrimas no canto do olho.
Retratando os reflexos das crises políticas na sociedade, O Palhaço de Cara Limpa fez parte da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção Mostra Brasil (Foto: Lira Filmes)

Jamily Rigonatto

Estamos em Agosto de 2016. Depois de tanto pegar fogo, as grandes capitais percebem que lutar pela diminuição da tarifa dos circulares deu certo e decidem se engajar politicamente em outros espaços. O movimento amplificado em milhares de vezes chegou ao Congresso Nacional e a atual presidente, Dilma Rousseff, perde seu cargo por meio de um Impeachment feito às pressas e com consideráveis buracos constitucionais. O momento parece estranho, pessoas comemoram ativamente nas ruas e outras se preocupam. Estas, previam um futuro que sacrificaria muitos e, entre Arte e cotidiano, O Palhaço da Cara Limpa remonta uma partícula de pólvora dessa explosão catastrófica. 

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Persona Entrevista: Davi Pretto, Olívia Torres e Paola Wink

Com o lançamento de Continente, equipe e elenco falam sobre Cinema de gênero, linguagem e Terror 

O filme cutuca cicatrizes do Brasil colonial (Arte: Aryadne Xavier)

Davi Marcelgo

As terras gaúchas se transformaram em palco para sangue e suor no Halloween de 2024 com Continente, terceiro longa-metragem de Davi Pretto, vencedor do prêmio de Melhor Direção na Competição Novos Rumos do Festival do Rio 2024. O filme confronta as raízes do Brasil colonial com toques de vampirismo e com as influências de Glauber Rocha e Jacques Tourneur no DNA, este por quem Pretto diz ter uma “grande fixação, principalmente [por] Cat People e I Walked with a Zombie, que são dois filmes que eu acho absolutamente geniais”. 

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Entre passado e futuro, o presente em Sem Vergonha é a Arte

Cena de Sem Vergonha. Na imagem, a cantora Maria Alcina aparece com o rosto pintado de branco, sombra preta e batom vermelho. Ela veste uma roupa vermelha cheia de babados. Está se apresentando em um palco em frente a uma cortina azul.
Pertencente à seção Mostra Brasil da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Sem Vergonha é musical, biografia e saldo positivo para o Cinema brasileiro (Foto: Dilúvio Produções)

Jamily Rigonatto

O que faz um artista ser reconhecido como transgressor? Caso seu pensamento tenha sido direcionado a elementos como roupas, maquiagens e outros compositores estéticos, repense todas as suas certezas, pois Sem Vergonha te mostra que o segredo está na alma livre. Estrelado por Maria Alcina, o musical biográfico fez parte da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção Mostra Brasil, e, como a artista que o protagoniza, estabeleceu que limites não são uma opção válida. Afinal, se não for para ultrapassar as barreiras, de que vale fazer qualquer coisa nessa vida?

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Em busca da liberdade, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho alcança o amor

 Cena do Filme “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho". A imagem mostra três jovens no centro que usam calça jeans e a mesma camiseta manga curta cinza com gola azul e uma coruja como brazão a esquerda. O menino da esquerda é branco, possui cabelos cacheados, castanho escuro e está sorrindo com os olhos fechados. Ele usa uma mochila nas costas, a qual só podemos ver as alças de cor marrom. A menina do meio é branca, usa um relógio lilás no pulso direito, tem cabelos lisos na cor castanho escuro com franjas na altura da sobrancelha. Ela está sorrindo e sua alça de mochila nas costas é cinza claro. O último menino, da direita, é branco, tem cabelo castanho liso e está segurando com a mão direita o braço esquerdo dobrado da menina ao seu lado. Ele está sorrindo e com a sua mão esquerda segura a alça da sua mochila, na cor cinza também. O fundo da imagem é de uma rua, na parte esquerda temos a rua e os jovens andam na calçada, com árvores e grades de casas.
No Festival de Berlim de 2014, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi premiado como Melhor Filme pelo Júri da Crítica na Mostra Panorama e com o Prêmio Teddy de Melhor Filme LGBT (Foto: Netflix)

Marina Iwashita Canelas

Imagine a sua adolescência, todos os mil sentimentos juntos e bagunçados, desde ‘Será que eu sou bonito?’ ou ‘Será que ela gosta de mim?, até os comentários e palpites sobre aquela pessoa que está ‘ficando’ com quem você gosta. O início da vida adulta, junto ao amadurecimento e as descobertas sobre si mesmo, não são períodos fáceis. É nessa fase que muitas pessoas passam a experimentar coisas novas, como alguma aventura com amigos ou ser rebelde em casa. Para Leonardo (Ghilherme Lobo) – protagonista do premiado curta-metragem Eu Não Quero Voltar Sozinho, que, com seus infames 17 minutos de duração, encantou muita gente –, essa realidade nunca foi fácil. 

Léo é um adolescente cego que descobre a sua sexualidade com a chegada de um novo aluno no colégio. Quatro anos depois, em 2014, o longa-metragem Hoje Eu Quero Voltar Sozinho foi lançado ao mundo por Daniel Ribeiro, diretor de ambas as obras. Sem perder a leveza da primeira obra, o filme pôde aumentar sua riqueza de detalhes, dando mais foco às personagens e suas particularidades. Ribeiro traz mais discussões referentes ao dia a dia do personagem para a trama, tornando-a muito mais do que apenas um filme com temática LGBTQIA+.

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Qual é o preço do Pedágio?

Cena do filme Pedágio, da diretora Carolina Markowicz. Imagem retangular e colorida. Nela, vemos Suellen, personagem interpretada por Maeve Jinkings, com o ombro escorado na coluna de um pedágio. Suellen é uma mulher branca, de cabelos lisos e olhos castanhos, que usa brincos de argola dourados nas orelhas e veste um colete verde. Ela tem uma feição apreensiva e olha para frente.
Antes de iniciar seu ciclo comercial, Pedágio também teve passagem na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na categoria Mostra Brasil (Foto: Paris Filmes)

Enrico Souto

Vivemos em um país em que os ecos da homofobia, institucionalizada e articulada pelas principais ferramentas de poder, podem afetar até mesmo a relação de uma mãe e um filho na periferia da Baixada Santista. Um discurso que está socialmente arraigado de tal forma, que é capaz de levantar entre eles uma barreira quase intransigível, em nome de uma luta que opera contra seus próprios interesses. Pedágio, filme nacional que chegou aos cinemas em Novembro, assume todas as facetas desse fenômeno, através de uma trama que não poderia irromper de outra forma, que não em um humor tragicamente mordaz. 

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Circuito Cineclubes Sesc – Onde está Ana?

Cena do filme Ana. Sem Título. Na imagem, há seis fotografias de uma mulher negra. As fotos trabalham de forma documental, registrando as mudanças físicas da personagem em uma organização linear - três fotografias em cima e mais três fotografias em baixo. As mudanças físicas são principalmente no cabelo: na primeira imagem, ele permanece preso em um coque alto, e acompanhamos sua transformação até o penteado em estilo afro
Em Ana. Sem título, exibido na Mostra “Cinema é Direito” no Sesc Bauru, entramos em uma jornada sobre governos totalitários, o feminismo nos anos 70 e 80 e sobre a Arte como forma de denúncia (Foto: Imovision/Taiga Filmes)

Clara Sganzerla

Viajamos, todos os dias, do passado ao futuro. Seja por meio de memórias, lembranças, fatos históricos ou até mesmo dentro de nossos planejamentos; desaparecemos em uma inércia pendular difícil de desvencilhar – nunca vivemos propriamente no presente. No entanto, a atriz brasileira Stella Rabello consegue parar por alguns momentos em algumas dessas duas realidades para ir em uma jornada que ultrapassa as fronteiras de nosso país, esbarrando em uma história sangrenta que, infelizmente, também nos pertence. Em Ana. Sem Título (2020), longa que integrou a Mostra Cinema é Direito do Persona no Sesc Bauru, a cineasta Lúcia Murat nos transporta para o passado latino-americano marcado pela ditadura militar, atrás, apenas, de uma resposta: onde está Ana? 

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Circuito Cineclubes Sesc – Desamparados, os mais fracos fazem a própria lei no Brasil de Pixote

O longa figurou em 12º na lista dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos, feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Abraccine, e abriu a Mostra “Cinema é Direito” no Sesc Bauru (Foto: Embrafilme)

Nathan Nunes

Em 25 de Agosto de 1987, morreu Pixote. Fernando Ramos da Silva tinha 19 anos, era casado e pai de uma filha pequena quando foi morto por policiais militares, após ter supostamente assaltado uma empresa em Piraporinha, na região de São Bernardo do Campo. A família viveu para contestar a versão dos agentes, que foram apenas demitidos, mas nunca condenados. 

Anos antes, em 26 de Setembro de 1980, Fernando estava alcançando fama e reconhecimento pelo seu desempenho no papel que dá título a Pixote, a Lei do Mais fraco, de Hector Babenco (Carandiru, 2003). O longa, que abriu a Mostra Cinema é Direito do Persona em parceria com o Sesc Bauru na quinta-feira, dia 2 de Março, não poderia ter se misturado à realidade de forma mais trágica, pois o que aconteceu com o intérprete de seu protagonista pouco se difere do descaso do Estado com a vulnerabilidade social denunciada pelos realizadores. 

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6 diretoras para apreciar no Dia do Cinema Brasileiro

Para marcar a data em um ano tão simbólico como 2022, o Persona se juntou à ACI Faac para homenagear as mulheres que fizeram, fazem e farão a História do Cinema brasileiro. 

Entre tantos nomes importantes para o cinema nacional, selecionamos diretoras que contemplam as diversidades do Brasil de ontem, hoje e amanhã [Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara (Persona) e Laís Yokota (ACI Faac)/Texto de Abertura: Letícia Ramalho (ACI Faac) e Vitória Lopes Gomez (Persona)]
Em um Brasil que ainda vende suas salas de cinema para blockbusters estadunidenses e faz de tudo menos proteger seu próprio Cinema – e seus próprios cineastas -, os artistas sempre impuseram resistência. A situação das mulheres na Sétima Arte ao redor do mundo, porém, não destoa tanto do que vemos hoje: a invisibilidade ainda as condena ao esquecimento e ao segundo lugar de profissionais homens – que cá entre nós, também não estão em um lugar muito melhor por aqui. Mas parando para pensar… de cabeça, quantas diretoras mulheres você consegue citar? No Dia do Cinema Brasileiro, tomamos esse momento para refletirmos: quem são as cineastas que construíram e continuam construindo a trajetória do Cinema no país?

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Medida Provisória: uma distopia iminente se anuncia

Cena do filme Medida Provisória. A foto exibe dois atores negros com olhares atentos em um ambiente noturno, cena de um momento de tensão do filme. À esquerda aparece o personagem Antônio, interpretado pelo ator Alfred Enoch. Ele é um rapaz alto, com cerca de 1,90 de altura, usa barba e cavanhaque e está encapuzado com uma jaqueta preta. Ao lado esquerdo da imagem temos o personagem André, interpretado pelo ator Seu Jorge. Ele é um pouco menor que Antônio, usa bigode e cavanhaque, carrega um colar por cima de uma jaqueta preta. Diferente de Antônio, André não veste um capuz.
Conduzido por uma direção inédita e uma trilha sonora composta por nomes como Elza Soares, Rincon Sapiência, Baco Exu do Blues, Cartola e Liniker, Medida Provisória chega aos cinemas quebrando paradigmas, emocionando e alarmando para um futuro não tão distante (Foto: Elo Company)

Gabriel Gomes Santana

Em um Brasil distópico, mas não muito distante da presente realidade, resgatar as origens deixa de ser uma opção e passa a ser uma lei. É diante desse bizarro cenário que Medida Provisória, primeiro longa dirigido por Lázaro Ramos, se desenvolve e quebra recordes de bilheteria nacional. O filme trata de uma tragicomédia, que aborda o que há de pior em nosso jeitinho brasileiro de mascarar problemas profundos dos porões racistas e cordiais, nos quais Gilberto Freyre de maneira dualista e polêmica tanto criticou em Casa Grande e Senzala.

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