De tempos em tempos, surge uma história de romance adolescente que se passa em um verão calorento e que envolve duas pessoas que acabaram de se conhecer. Um formato clássico sempre bem-vindo e que, se bem executado, pode facilmente entrar na lista de obras reconfortantes que revisitamos com carinho. O filme Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo almeja esse status e, de certa forma, quase chega lá, mas perde seu propósito no meio do caminho.
A Cinco Passos de Você, obra cinematográfica lançada em 2019, completa cinco anos presente na memória afetiva de muitas pessoas. Dirigido por Justin Baldoni, o longa conta a história de dois jovens diagnosticados com fibrose cística que vivem uma história pura, mas dramática, de amor. O livro homônimo que inspira a produção audiovisual é escrito por Rachael Lippincott e Mikki Daughtry, e também foi lançado em 2019.
A película veio seguindo a tendência de romances teen trágicos iniciada por A Culpa É das Estrelas (2014), mas se mostra diferente por abordar a distância física entre os protagonistas, denotada no título, e discutir a necessidade do toque humano. Inclusive, a narrativa se inicia com essa ambientação: o quão importante é o contato com aqueles que amamos.
“Eu me aventurei e não encontrei nada além de açúcar e violência”. Essas são as palavras de Bella Baxter em Pobres Criaturas após andar pelas ruas de Lisboa sozinha, vendo o mundo com os próprios olhos pela primeira vez. Adaptado do romance vitoriano Pobres Criaturas de Alasdair Gray, com o roteiro assinado por Tony McNamara, a nova obra de Yorgos Lanthimos é um banquete sensorial.
O anúncio de adaptação de uma obra literária para as telas é algo que deixa muitos fãs apreensivos. A aposta da Amazon Studios em Vermelho, Branco e Sangue Azul permitiu que os admiradores do livro homônimo – escrito por Casey McQuiston – respirassem, de certa forma, aliviados ao verem seus queridos personagens ganhando vida. Em pouco menos de duas horas, o filme reconta a história de 392 páginas de Alex Claremont-Diaz e o príncipe Henry.
Na trama, Alex (Taylor Zakhar Perez) é filho da presidente dos Estados Unidos e queridinho da mídia americana, enquanto Henry (Nicholas Galitzine) é um dos príncipes da Inglaterra – amado não só por sua nação, mas também pelo mundo todo – e ambos não se suportam. Após um desastre no casamento do irmão mais velho do membro da realeza, que incluiu um bolo milionário sendo destruído, os jovens precisam manter as aparências para o público e fingir que são amigos de longa data. Conforme se aproximam, a mágoa e ressentimento entre os dois dá lugar a um sentimento novo, confuso e intenso, que pode pôr em jogo a reeleição da mãe de Alex e a vida do príncipe britânico na conservadora corte.
O Cinema, enquanto Arte, amplia horizontes. Seja ao apresentar pontos de vistas únicos que fazem o espectador pensar duas vezes ou retratar uma cultura diferente, entrar em contato com o desconhecido pode também ser desafiador. Na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, A Sibila é um desses desafios para um público desavisado: o longa, presente na seção Novos Diretores do festival, adapta o romance homônimo de uma importante escritora portuguesa, Agustina Bessa-Luís.
No entanto, diferente de outros escritores portugueses, Bessa-Luís não virou leitura obrigatória no Ensino Médio ou nos vestibulares, e a adaptação de sua obra, tida por muitos como impossível de ser realizada pelo tom de monólogo, instiga o público a pensar em como a Literatura e o Cinema se constroem, se conectam e se sobrepõem (se é que o fazem). Em pouco mais de uma hora, Eduardo Brito, diretor estreante em longas-metragens, assume o desafio e questiona esses limites.
Após 10 anos do lançamento, é interessante analisar um filme que se mantém tão atual se comparado com a realidade geopolítica do mundo. Jogos Vorazes –Em Chamas acontece no país distópico e totalitário de Panem, onde 12 distritos são governados com mãos de ferro pela Capital. Após uma guerra devastadora, conhecida como Dias Sombrios, os Jogos Vorazes foram instituídos como punição, em que uma garota e um garoto de cada distrito lutariam até a morte em uma arena, sobrevivendo apenas o mais forte.
Dirigido e roteirizado pelo cineasta português Artur Serra Araújo, Dulcineia conta a história de Hugo, um contrabaixista de jazz que decide tirar um ano sabático e voltar a Porto, sua cidade natal, em busca de equilíbrio e inspiração. No entanto, como o fio condutor da trama, a sinfonia se desenvolve lentamente em torno de um mistério como um pianista famoso, que toca uma música que o protagonista vem escrevendo na sua cabeça há anos, mas nunca conseguiu colocá-la no papel.
A obra está presente na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na seção Perspectiva Internacional, e mistura elementos de romance, suspense e uma quase fantasia. Suas referências também são diretas e bem-vindas, construindo uma base sólida para o desenvolvimento da narrativa: Dom Quixote, que influi o nome da personagem Dulcineia (Alba Baptista) e sua relação com Hugo (António Parra); a própria cultura de Porto, retratada em belas imagens e diálogos; e o jazz, a paixão e a expressão de Hugo e dos demais músicos que ele encontra em sua nova jornada de autoconhecimento.
Sofia Coppola é mestre em retratar mulheres jovens adultas enclausuradas em residências enormes sob o controle de terceiros. No entanto, se Maria Antonieta terminou com a cabeça na guilhotina, Priscilla Presley quebrou o ciclo de solidão e escapou de sua prisão em Graceland, a segunda casa mais famosa dos Estados Unidos. Em Priscilla, uma adaptação do livro de memórias Elvis and Me, a diretora e roteirista deixa o nome do Rei do Rock de lado para direcionar o olhar à personagem-título.
Inglaterra, 1761. Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton se inicia no momento em que uma jovem chega da Alemanha para se casar com o príncipe George III (Corey Mylchreest). Após ser examinada dos pés à cabeça pela princesa-viúva e futura sogra, Charlotte (India Amarteifio) começa a sentir a pressão que a aguarda em seu novo posto. A aristocrata precisa unir todas as suas forças para cumprir o papel para o qual foi preparada desde o berço, o que não deveria ser algo complicado, afinal, quem não gostaria de ser a rainha da maravilhosa corte inglesa?
Existem infinitas histórias no interior da cinematografia, das mais doces e inocentes como o primeiro amor até os temores e a repulsa dos filmes de terror. Luca Guadagnino, cineasta renomado em contabilizar narrativas sobre o amadurecimento e suas vertentes – como abordado no filme Me Chame Pelo Seu Nome (2017) e na série We Are Who We Are (2020) – , retorna às telas com Até os Ossos, longa-metragem que une gêneros clássicos do Cinema, para conduzir o romance entre dois canibais marginalizados pela sociedade em busca de pertencimento.
Adaptando o romance de Camille DeAngelis, Bones And All segue a trajetória de Maren Yearly (Taylor Russell), jovem recém abandonada pelo pai após um incidente em uma festa do pijama. Frank (André Holland), desolado pelo resultado desse acontecimento e perdido sobre o que fazer, decide fugir, deixando a filha apenas com uma fita cassete, compondo gravações pertinentes sobre uma particularidade natural da garota. A jovem, diferente de outros indivíduos, dispõe da incessante necessidade de provar carne humana.