A pandemia de coronavírus, que paralisou gravações e embaralhou a janela de lançamentos no cinema, não foi páreo para o Emmy 2020. A 72ª edição da cerimônia que premia o melhor do ‘horário nobre’ da TV vai acontecer virtualmente. Com apresentação de Jimmy Kimmel, os atores, atrizes, diretores e roteiristas participarão da festa à distância, dando seus discursos e agradecimentos do conforto de casa.
Num ano tão conturbado política e socialmente, com as pessoas presas no isolamento social, a TV foi mais importante que nunca. Além, é claro, de entreter sua audiência, as produções que disputam a estatueta dourada têm muito a dizer. E, enquanto o Oscar estipula regras e diretrizes para a inclusão de diversidade, o Emmy 2020 estabeleceu um recorde de artistas negros indicados. Fator que reafirma a maior receptibilidade da TV para com histórias ímpares e das ditas minorias. Tudo está longe do ideal, nem precisamos dizer, mas o futuro parece promissor.
É interessante de sublinhar que a cerimônia do Emmy que acontece no domingo, 20 de setembro, representa apenas uma parcela dos prêmios entregues. Existe, também, o chamado Emmy Criativo (Creative Arts Emmys), que dá atenção às categorias técnicas, como figurino, direção de arte e direção de elenco. Excepcionalmente, por conta da pandemia, o Creative Arts aconteceu ao longo da semana, e os indicados todos gravaram com antecedência discursos de agradecimento. Num ano comum e livre do coronavírus, a premiação secundária acontece na semana anterior à principal, mas não é televisionada. Além das técnicas, o Creative premia as categorias de Atuação Convidadas.
A Editoria do Persona se reuniu para criar essa postagem especial e inédita, reunindo numa lista o resumo das principais indicadas da noite. Contando com informações suculentas das séries, minisséries e telefilmes, mas com a qualidade clássica do site. Aliás, as obras com textos individuais estão assinaladas com os devidos links.
Agora só nos resta esperar a cerimônia começar e, enquanto isso, relembrar tudo do Emmy 2020 junto com o Persona.
DRAMA
The Handmaid’s Tale
O prestígio de The Handmaid’s Tale foi diluindo com o passar das temporadas. Para a série que foi coroada Melhor Drama na folga de Game of Thrones, em 2017, a produção do Hulu enfrenta um período de vacas magras. É certo que a indicação à categoria principal do Emmy 2020 denota um carinho da Academia pelo Conto da Aia, mas de migalhas que vivam os pombos.
Sem sua protagonista Elisabeth Moss nomeada, a série arrecadou 10 indicações esse ano. Em atuação se destacam as antigas vencedoras Samira Willey (Coadjuvante) e Alexis Bledel (Convidada). O queridinho Bradley Whitford, que ganhou como Guest em 2019, agora passou para a categoria de coadjuvante. A terceira temporada de The Handmaid’s Tale foi um sofrimento que só, principalmente para quem assistiu os tediosos 13 capítulos, aguardando a história finalmente começar. A espera é que o novo ano, previsto para 2021, dê um choque na trama, ou a mate de vez. – Vitor Evangelista
Stranger Things
Muito provavelmente a série mais querida e de maior audiência da Netflix, Stranger Things atrai todos os públicos, sempre movimenta a plataforma de streaming e faz barulho nas redes sociais. Neste terceiro ano, acompanhamos as crianças de Hawkins entrando na adolescência durante as férias de verão, num cenário leve e divertido que rapidamente se transforma quando as ameaças do Mundo Invertido se manifestam. Sem muita força de narrativa, a temporada foi morna e ocupou o lugar de outras de maior qualidade nesta edição do Emmy.
Entretanto, o encerramento deixou pretextos para a série ir além da cidadezinha do interior, graças aos seus problemas que se revelam cada vez maiores e mais complexos. Assim, o futuro de Stranger Things é ambicioso e as expectativas para os próximos anos são altas. Se a produção dos irmãos Duffer vai continuar captando o interesse e o engajamento do público, somente a 4ª temporada (com previsão de lançamento para o ano que vem) dirá. Enquanto isso, podemos relembrar a temporada que, de forma controversa, levou a série a competir pelo título de Melhor Drama no Emmy 2020, aqui. – Raquel Dutra
Ozark
Com o fim de Dark, Ozark é facilmente a melhor série da Netflix. Cheia de manejo e pompa, a terceira temporada foi o ápice de tudo, pelo menos até agora. Empatada com a favorita Succession, alcançando 18 indicações, Ozark germina sua jornada para uma merecida vitória num futuro não tão distante. Em 2020, o lobby da HBO pode anestesiar a série de Jason Bateman, mas a renovação do novelão para uma quarta e última temporada muito favorece Ozark.
Bateman, que ganhou um prêmio de Direção ano passado, comemorou sua terceira indicação seguida por interpretar Marty Byrde. Sua esposa em tela, Laura Linney, é uma das favoritas para levar para casa o Emmy de Atriz. A atual vencedora da categoria coadjuvante, Julia Garner, acumula um momentum perfeito para ganhar novamente. Não perca seu tempo e assista Ozark enquanto ainda não acabou, ou pelo menos, leia o texto completo sobre a brilhante 3ª temporada aqui. – Vitor Evangelista
Pose
Em um ano que completa 30 anos do lançamento de Paris is Burning, icônico documentário que retrata a vivência de gays e mulheres trans nos balls nova-iorquinos dos anos 90, Pose é ainda mais relevante. Mas não para os votantes do Emmy 2020. A série de Ryan Murphy foi esnobada, mesmo entregando uma segunda temporada impecável em todos os sentidos, recebendo uma única indicação principal (mas merecida) para Billy Porter, vencedor do ano passado.
As outras estrelas e grandes nomes do show, como MJ Rodriguez, Indya Moore, Dominique Jackson e Angelica Ross, foram completamente ignoradas nas categorias de atuação, e Pose também ficou sem indicação para Melhor Série de Drama. No seu lugar, entraram temporadas mixurucas, como Killing Eve e Stranger Things, mostrando que a trama sempre esteve certa: o mundo continua extremamente injusto para mulheres trans. Você pode ler mais sobre essa série essencial aqui. – Jho Brunhara
Better Call Saul
O spin-off de Breaking Bad sempre foi adorado, mas nunca recebeu um Emmy para chamar de seu. Esse ano, chegando na 5ª e penúltima temporada, a série da AMC se surpreendeu, mas de um jeito ruim.
A ausência de Rhea Seehorn em Atriz Coadjuvante já era esperada, ela ainda espera sua indicação inédita pelo papel. Todavia, a lista de Melhor Ator sem Bob Odenkirk soou quase ofensiva para o mundo da TV. Giancarlo Esposito foi o único sobrevivente do massacre, competindo em Ator Coadjuvante. Fora isso, Better Call Saul conseguiu 2 nomeações para Roteiro e uma vaga na maior categoria da noite, mesmo que a vitória esteja longe de se tornar real. Leia mais aqui. – Vitor Evangelista
Euphoria
A primeira temporada de Euphoria foi como um presente da HBO para seu público. Mas vale lembrar que a série vai além de maquiagens bonitas e luzes coloridas. Comandada por Sam Levinson, o drama trata de assuntos corriqueiros de séries adolescentes, como álcool, drogas e sexo. Só que no caso de Euphoria, tudo ganha mais crédito ao ser demonstrado de uma forma diferente cheia de efeitos e técnica impecáveis.
Com isso, a série foi a mais indicada nas categorias do Creatives e chegou a receber o Emmy de Melhor Música e Letra Original por All For Us, para o cantor Labrinth. Com grande surpresa, Zendaya, que interpreta a protagonista Rue, está concorrendo ao prêmio de Melhor Atriz em Série de Drama junto com Jennifer Aniston e Olivia Colman. Para saber mais sobre a história da série é só clicar aqui. – Ana Beatriz Diogo Rodrigues
The Crown
The Crown parece ajustar cada vez mais suas peças no tabuleiro de xadrez da Realeza Britânica. De caras novas pela troca de elenco, a série da Netflix cria capítulos-ensaios na terceira temporada, evoluindo suas melhores proezas. Olivia Colman abraça as mágoas da Rainha Elizabeth e faz jus ao premiado trabalho de Claire Foy. Mas o foco agora deve ir todo para a hipnotizante Helena Bonham Carter.
Deslizando com facilidade para a pele da rancorosa Princesa Margaret, a atriz pode finalmente ter um Emmy para chamar de seu. A série de Peter Morgan mantém o status de prestígio, mas se viu acuada quando não ouviu o nome de Tobias Menzies (o Duque de Edimburgo) nem o de Josh O’Connor (o Príncipe Charles) no dia do anúncio das indicações. Mas, tudo bem, acontece, e a quarta temporada chega em novembro para um vislumbre final de Colman e compania em palácios reais. Você pode ler mais sobre o ano 3 clicando aqui. – Vitor Evangelista
The Outsider
A primeira temporada de The Outsider balançou as investigações policiais no mundo sobrenatural. O suspense da HBO, baseado na obra de Stephen King, é responsável por momentos de arrepiar até o último fio do cabelo envolvendo roubos de identidade, assassinato de criancinhas e incriminação de inocentes.
Infelizmente, apenas Jason Bateman foi indicado ao Emmy 2020 por seu papel no primeiro episódio da série, mas, lendo aqui, você pode entender como grandes atuações foram injustiçadas na nova e aterrorizante série do Mestre do Terror. – Caroline Campos
Killing Eve
A terceira temporada de Killing Eve mostrou o que todos nós já sabíamos: os showrunners não tem a menor ideia do que fazer com a série. Em seu terceiro ano, a dupla de inimigas-para-amantes continua seu jogo de gato e rato, mas, enquanto Villanelle surta sobre seus objetivos de vida, Eve é jogada para o canto da sala de roteiros e recebe pouco destaque. E coitada de Sandra Oh, que esbanja talento mesmo nas eternas voltas que é forçada a dar.
Aliás, a atuação é o único pilar que ainda sustenta o show (além das belíssimas roupas de Villanelle), e foi responsável por três das quatro principais indicações ao Emmy 2020. Sandra e Jodie Comer (vencedora do ano passado) disputam Melhor Atriz em Drama, e Fiona Shaw concorre em Atriz Coadjuvante. O que é absurdo aqui, é uma temporada meia-boca roubando a vaga de títulos mais importantes em Melhor Série de Drama, como a maravilhosa Pose. Killing Eve está sangrando muito e, se seu quarto ano não for seu fim, tenho más notícias: vamos ver uma morte muito mais lenta e trágica do que os assassinatos cometidos pela vilã. – Jho Brunhara
How To Get Away With Murder
A sexta temporada de How To Get Away With Murder é desastrosa. Com um roteiro completamente mal pensado, a série dá diversas voltas sobre a mesma história, e tenta a todo custo resgatar o tom de suspense que a fez ser tão aclamada em sua origem. De quebra, os personagens do núcleo principal tomam atitudes contraditórias a cada segundo, e conseguem perder todo o seu carisma, se é que eles já tiveram algum.
Em meio a esse show de horrores, Viola Davis continua impecável na pele de Annalise Keating, fazendo jus ao Emmy de Melhor Atriz que conquistou em 2015, pelo primeiro ano da série. Infelizmente, não foi o suficiente para ganhar uma indicação na premiação deste ano. Por outro lado, a incrível Cicely Tyson, mãe de Davis na ficção, foi, mais uma vez, nomeada na categoria de Atriz Convidada em uma Série de Drama, e era uma das grandes apostas a levar a estatueta. – Vitória Silva
Orange is the New Black
A silenciosa sétima e última temporada de Orange is the New Black estreou em 2019 e Laverne Cox angariou a indicação solitária para a produção ao Emmy 2020. Pelo papel da ex-detenta Sophia Burset, Cox foi nomeada quatro vezes ao prêmio máximo da TV, mas nunca ouviu seu nome chamado ao palco.
Esse ano, no anúncio dos indicados, a atriz era uma das apresentadoras e foi surpreendida ao vivo com a notícia de sua indicação na categoria de Atriz Convidada em Drama. Era esperado que Laverne não vencesse, tanto pelo desprestígio que Orange sofre há alguns anos, quanto pelo buzz de séries mais recentes, como Succession. Todavia, sua lembrança por Sophia é um prêmio por si só, mas como seria bom vê-la premiada. Nos resta sonhar e, enquanto isso, ler mais sobre o emocionante desfecho do seriado aqui. – Vitor Evangelista
The Mandalorian
Quase ninguém previu a indicação de The Mandalorian na categoria principal do Emmy 2020. O histórico da premiação escancara o desamor por produções mais ‘sci-fi’, além de ser de uma plataforma nova, o Disney+, e figurar um protagonista que não mostra o rosto. A primeira série live-action de Star Wars transformou as fraquezas em armadura e clamou 15 nomeações.
Além do banho que deu nas categorias do Creative Emmy (os prêmios técnicos), a produção indicou Giancarlo Esposito à Melhor Ator Convidado numa Série de Drama. Acostumado a interpretar vilões, na galáxia muito, muito distante não seria diferente, na pele de Moff Gideon. Esposito chega prestigiado ao Emmy 2020, nomeado também na categoria de Ator Coadjuvante, por Better Call Saul. O texto completo sobre The Mandalorian pode ser lido aqui. – Vitor Evangelista
Succession
Succession venceu em 2019 a importante categoria de Roteiro em Drama. Num momento onde os votantes ainda estavam intoxicados pela fumaça dos dragões de Daenerys, a série de Jessie Armstrong já mostrou que não estava para brincadeira.
Em 2020, competindo pelo ano 2, a série empata com Ozark como Drama mais indicado: foram 18 nomeações. Com quase todo o elenco carimbando as categorias de atuação, além de acenos em Direção e Roteiro, Succession é a franca favorita ao troféu mais importante da noite. Quem sabe agora, com o burburinho do Emmy, o público finalmente dê atenção a essa preciosidade do horário nobre. – Vitor Evangelista
The Morning Show
Acumulando 8 indicações ao Emmy no seu primeiro ano, The Morning Show traz as problematizações de um programa matinal estadunidense após polêmicas envolvendo um dos âncoras. A produção do streaming da Apple consegue mostrar uma Jennifer Aniston diferente da que se conhece em Friends, aqui vemos uma mulher poderosa e ambiciosa, mas também com problemas profundos e uma vida complicada. Essa atuação rendeu a indicação de Aniston ao Emmy de Melhor Atriz em Série Dramática.
A série também concorre em Melhor Ator com Steve Carell como Mitch Kessler e duas indicações na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, com Billy Crudup favorito à estatueta. Mesmo que tenha sido uma temporada bagunçada e com alguns episódio bem tediosos, o final conseguiu chocar qualquer um, prometendo uma segunda temporada do mesmo nível. Se você quer descobrir como abuso de poder e outros assuntos foram retratados nessa série, pode clicar aqui. – Ana Beatriz Diogo Rodrigues
Westworld
Prometendo se livrar da amarras dos parques temáticos, o novo ano de Westworld desapontou semana após semana. Os longos oito capítulos pareceram durar mais e, ao fim da 3ª temporada, a sensação era de potencial desperdiçado e fogo de palha do material promocional e das promessas dos criadores Lisa Joy e Jonathan Nolan.
A Academia de TV fez certo ao desprezar a nova leva de episódios. Apenas Jeffrey Wright e Thandie Newton competem, ambos nas categorias de Coadjuvante. Newton, aliás, venceu em 2018, pelo deslumbrante segundo ano. Em 2020, a megaprodução futurista da HBO foi ofuscada, e deve acordar na segunda-feira sem prêmio nenhum chegando pelo correio. Leia mais detalhes sobre Westworld 3 nesse link. – Vitor Evangelista
Big Little Lies
Big Little Lies é um caso e tanto. A primeira temporada foi o fenômeno de 2017, fazendo a limpa na categoria de Série Limitada em toda premiação que concorreu. Baseada no livro de Liane Moriarty, a produção esgotou o material fonte e, depois do sucesso, resolveu encomendar outra leva de capítulos.
Passando para a categoria de Drama, o ano 2 teve uma recepção mais apática que o esperado. A entrada de Meryl Streep no elenco esquentou o dramalhão já fervoroso de antes, e o arco de Laura Dern fez valer a renovação. No Emmy 2020, apenas as duas marcam presença nas indicações. Uma vitória é improvável, tanto pela divisão de votos, quanto pelo balde de água fria que Big Little Lies despejou na cabeça do público. Você pode ler mais sobre a série aqui. – Vitor Evangelista
This Is Us
Nenhuma série consegue retratar as dores e as delícias da vida com a sensibilidade e beleza de This Is Us. Depois de três anos emocionando, construindo laços com sua audiência através de roteiros deliciosos e muito bem pensados e marcando presença entre as categorias principais do Emmy, a produção da NBC já cansou de provar sua qualidade. E ainda bem, porque, assim os danos provocados pela queda de nível que a série apresentou em sua quarta temporada não são tão graves.
E isso não foi só o público que notou. A Academia Televisiva também não gostou muito do que foi apresentado no último ano e castigou a trama, mantendo-a apenas na categoria de Melhor Ator com o brilhante Sterling K. Brown, que também foi indicado nos últimos três anos e venceu o prêmio em 2017. A genialidade do ator é tamanha que ele muda da água para o vinho e também é indicado, como aconteceu este ano pelo seu trabalho como coadjuvante na comédia The Marvelous Mrs. Maisel. Entretanto, sua parceira no Drama, Susan Kelechi Watson, permanece sendo esnobada e até hoje não foi reconhecida pela sua incrível e amada Beth Pearson na categoria de Melhor Coadjuvante. Ron Cephas Jones venceu em Convidado em Drama, pela segunda vez. Enquanto torcemos pelo nosso Randall e esperamos por dias melhores ao lado da família Pearson, podemos relembrar os anos anteriores de This Is Us e os pontos altos da quarta temporada aqui. – Raquel Dutra
Black Mirror
Black Mirror não vive de padrões. As ótimas primeiras temporadas (originais do Channel 4) foram ofuscadas pela compra da Netflix, que comanda a minissérie a partir dali. Depois de vencer a categoria de Filme para a TV 3 anos seguidos, a criação de Charlie Brooker levou uma rasteira da Academia de Televisão.
As vitórias de San Junipero, USS Callister e Bandersnatch criaram um padrão que os votantes não queriam que continuasse. A regra de submissão de telefilme foi mudada, agora sendo necessário uma duração de ao menos 75 minutos, matando qualquer chance de indicar Smithereens com seus 71. Sem ter lugar pra competir, Andrew Scott se enfiou em Convidado de Drama. Era a chance do Emmy premiar o ator, depois do assalto à mão armada do ano passado, por Fleabag. – Vitor Evangelista
COMÉDIA
Brooklyn Nine-Nine
E mais um ano Brooklyn Nine-Nine é menosprezada pela Academia de TV. A sitcom recebeu uma indicação técnica na categoria Melhor Coordenação de Acrobacias e, pela quarta vez, o destaque fica com Andre Braugher, indicado a Melhor Ator Coadjuvante de Comédia por sua performance como Raymond Holt.
Brooklyn Nine-Nine prepara a próxima temporada no momento em que a violência policial é pauta dos protestos antirracistas nos EUA. O próprio intérprete do Capitão Holt (policial negro e gay) acredita que a série deva adotar um tom ainda mais crítico e menos fantasioso acerca dessa instituição polêmica. O personagem de Braugher se destacou nas últimas temporadas pelo seu lado mais cômico e descontraído, mas o ator concorre com outros nomes de destaque como Daniel Levy (Schitt’s Creek) e o vencedor de 2019 Tony Shalhoub (The Marvelous Mrs. Maisel). Confira a crítica completa do 7º ano aqui. – Maria Carolina Gonzalez
The Marvelous Mrs. Maisel
Comandada pela incrível Amy Sherman-Palladino (Gilmore Girls), The Marvelous Mrs. Maisel é cativante desde a primeira cena exibida lá em 2017. A terceira temporada, que estreou ano passado, ainda conquista e estabelece a série como uma das melhores comédias atuais. Além dos diálogos, rápidos e impressionantes, e a construção impecável dos anos 60, a terceira temporada contou com participações que roubam a cena em muitos momentos.
Já veterana do Emmy em anos anteriores, The Marvelous Mrs. Maisel continua uma forte candidata na premiação. Como uma das favoritas da premiação, a série está presente em vinte categorias. Entre elas constam: Melhor Série de Comédia e Melhor Atriz, na qual Rachel Brosnahan, interpretando a carismática Midge, merece ganhar por cada piada contada. As atuações brilhantes e o roteiro ágil ainda são discutidos aqui. – Isabella Siqueira
Insecure
Insecure é a joia rara do catálogo da HBO. Além de ostentar a melhor trilha sonora da TV, a comédia é genial nas tramas, abordagens e no discurso que passa ao público. Issa Rae é a estrela do momento e todo seu ecossistema da produção tem todo o espaço para crescer e ser aclamado.
Se você gosta de SZA, de Chloe x Halle e de série boa, assista Insecure. Já morri de amores nesse texto e, se depois de ler, você não estiver convencido a dar uma chance à série, eu não sei mais o que fazer. – Vitor Evangelista
O Método Kominsky
Com apenas duas temporadas, O Método Kominsky já é uma figura garantida nas premiações. A célebre dramédia, que tem Michael Douglas e Alan Arkin como protagonistas, se revigora nesse novo ano trazendo arcos dramáticos mais bem construídos e desenvolvidos. Sem a necessidade de apresentar as características que moldam as personagens, o roteiro se dedica cada vez mais às preocupações e vivências da senilidade.
Fugindo do formato comumente adotado pelo criador Chuck Lorre – de The Big Bang Theory – a série, que acumula 3 indicações, se aventura pelos conflitos da paternidade e da velhice de forma mais trágica do que havíamos acompanhando anteriormente. Mantendo o padrão de qualidade e de comédia que nos cativou, o segundo ano de O Método Kominsky se apoia no desenvolvimento de relações mais maduras para entregar quase toda a sua potencialidade. Porém, a série insiste em cometer o erro da temporada passada e não aproveita tudo o que poderia de seus coadjuvantes. Você pode conferir a crítica completa aqui. – Ana Laura Ferreira
Modern Love
O amor tem muitas faces. Em Modern Love, exploramos algumas delas em histórias sensíveis, frustrantes, inesperadas, acolhedoras, e até meio bizarras – tudo o que o amor pode ser. Com grandes nomes da atuação, a série da Amazon foi inspirada em histórias verdadeiras retiradas de uma coluna do jornal The New York Times. A qualidade das histórias varia de episódio para episódio, mas a obra possui um charme inegável. Dev Patel foi indicado ao Emmy 2020 pelo seu papel no segundo relato, uma escolha mais que certa, de um desenvolvedor de um aplicativo de relacionamentos que perdeu o seu próprio.
Entretanto, teríamos ficado ainda mais satisfeitos se Anne Hathaway, com seu papel delicado e emocionante como uma mulher com bipolaridade, tivesse conquistado uma indicação. A atriz está estonteante, mesmo no pouco tempo de tela que o episódio permite. A série é um retrato encantador sobre o amor em suas diferentes formas, com idas e vindas, recomeços e aceitações. Para quem quer esquentar o coração das dores da pandemia, Modern Love é uma boa pedida. – Caroline Campos
Disque Amiga para Matar
Disque Amiga Para Matar foi uma singela tentativa da Netflix que deu certo. Com a tímida indicação de Applegate pelo ano 1, agora em 2020 a produção abocanhou vagas para suas protagonistas e entrou na corrida de Melhor Comédia.
Divertida, incômoda às vezes, mas cheia de garra e paixão, Dead To Me (o título original) já anunciou uma terceira e última temporada para o futuro próximo. Pode ser que passe batida pelo Emmy, mas já ganhou o prestígio que merece em nossos corações. Leia mais sobre a loucura de 20 episódios nesse texto aqui. – Vitor Evangelista
The Good Place
A Netflix é responsável pela distribuição de grandes séries americanas ao redor do mundo, e entre elas está The Good Place. Originalmente exibida pela NBC, a sitcom foi encerrada em sua quarta temporada, fechando um ciclo bem delimitado e pensado em todos os seus detalhes. Tendo como plano de fundo a grande questão filosófica do que acontece quando morremos, a série recria a jornada do herói de maneira astuta e muito divertida.
Em sua quarta temporada, acompanhamos personagens mais maduros e desenvolvidos, entregues a sua verdade e que, consequentemente, dão uma continuidade mais gostosa para a narrativa. Consertando erros dos anos anteriores, o encerramento não perde tempo e usufrui de seus 13 episódios de forma a construir um cuidadoso final para todos os seus arcos, sejam eles primários ou não. Indicada a seis diferentes categorias no Emmy 2020, incluindo Melhor Comédia, você pode ler a crítica completa de The Good Place aqui. – Ana Laura Ferreira
Glow
Glow é uma das séries mais subestimadas do catálogo da Netflix. A falta de divulgação e um certo desprestígio do público auxiliam a solidificar a imagem de uma comédia ‘menor’. O que, em momento algum, é verdadeiro ou justificável.
Betty Gilpin acumula 3 indicações em 3 temporadas e, mesmo que sua vitória em Coadjuvante de Comédia seja improvável, o pequeno amor da Academia pela série pode alavancar sua posição no futuro. Glow está renovada para um quarto e último ano, e você pode ler mais sobre a produção de Jenji Kohan (criadora de OITNB) nesse texto. – Vitor Evangelista
Ramy
Se tem alguém que pode surpreender no Emmy 2020, esse alguém é Ramy Youssef. Criador, roteirista, diretor e estrela de sua semi-autobiografia, Ramy, o astro conseguiu duas nomeações pela segunda temporada. Bom lembrar que Youssef já nos pegou de surpresa quando venceu o Globo de Ouro, no início do ano, pela estreia dessa comédia do Hulu em parceria com a A24.
Na temporada 2, ele contracena com o suprassumo do cinema, Mahershala Ali, que interpreta a figura religiosa que guia o desastrado e desatencioso Ramy pela vida adulta. A série une religião e liberdade e, mesmo que nunca pareça mergulhar à fundo nos temas que apresenta, é uma boa porta de entrada para discussões futuras. Ali escolheu o episódio Little Omar para representá-lo em Ator Coadjuvante e Ramy submeteu na categoria principal a finale, Are You Naked in Front of Your Sheikh, além de ter sido indicado por dirigir Miakhalifa.mov. Não estranhe se o jovem talento vencer um dos troféus que concorre. – Vitor Evangelista
What We Do in the Shadows
A volta dos excêntricos e bizarros vampiros de Staten Island rendeu oito indicações ao Emmy 2020 – batendo de frente com grandes nomes da Netflix, NBC e HBO. Uma das comédias mais bem escritas da televisão atual, What We Do in the Shadows com certeza não merece uma estaca de madeira no coração durante a premiação. O estilo “documentário de ficção” faz o espectador gargalhar ainda mais em sua segunda temporada, com grandes momentos de Nadja, Nandor, Laszlo e Colin Robinson – sem esquecer, claro, de Guillermo, o “serviçal” que todos nós queríamos.
Já renovada para mais um ano, seu humor desaforado e secular conquistou a Academia, rendendo seis indicações a mais do que no ano anterior. Baseada no filme homônimo de 2014, a série também foi escrita por Taika Waititi e Jemaine Clement, provando que seus roteiristas não perderam a mão desde o longa – visto que a obra possui 3 indicações por Roteiro no Emmy 2020. Se nossos imortais vão levar o prêmio, fica o mistério. Mas você pode ler mais sobre essa temporada aqui. – Caroline Campos
Schitt’s Creek
É uma pena que quase ninguém assista e exalte Schitt’s Creek. O hit canadense ganhou atenção da Academia ano passado, logo que a série aterrissou despretensiosamente no catálogo americano da Netflix. De lá pra cá, a comédia exibiu sua sexta e última temporada, e chega na corrida como favorita ao prêmio.
O humor pontiagudo e caloroso é o que mais engrandece a criação de Eugene e Daniel Levy, pai e filho tanto dentro, quanto fora das telas. A chuva que desaba no final de Schitt’s Creek é mais que simples manifestação da natureza, é, acima de tudo, um agradecimento pela existência de uma comédia tão pura e tão sentimental. Você pode matar a curiosidade sobre a futura vencedora do Emmy 2020 aqui. – Vitor Evangelista
The Politician
Do mesmo criador de Glee, The Politician foi uma das séries mais aguardadas de 2019, por prometer trazer todas as divergências e disputas do meio político para uma esfera mais simples. Usando como cenário as eleições para a presidência do corpo estudantil, somos apresentados ao ambicioso Payton Hobart (Ben Platt) que está disposto a tudo para vencer essa corrida. Seus conflitos, que parecem irrelevantes em um primeiro momento, ganham grandes proporções ao contextualizar o cenário político norte-americano em um núcleo pequeno, mas bem desenvolvido.
O dinamismo criado nesse micro campo é sustentado por um elenco capaz de nos prender a tela. Ainda com uma estética bem demarcada, a paleta em tons de laranja e verde – que remetem ao Estado da Califórnia, onde a 1ª temporada se passa – contrasta com as cores azuis acinzentadas do último episódio e da segunda temporada, que já aborda a temática sob um viés mais maduro e geopolítico. Mesmo com a solitária indicação de Bette Midler na categoria de Convidada, The Politician é uma das dramédias de melhor desenvolvimento de 2020. – Ana Laura Ferreira
Modern Family
A última temporada de Modern Family foi exibida no meio da pandemia. Além disso, o catálogo nacional de 3 streamings disponibilizou a comédia da ABC, transformando-a na febre do isolamento social. O público descobre agora a produção que venceu por 5 anos consecutivos Melhor Comédia no Emmy, entre 2010 a 2014.
O melodramático 11º ano recebeu indicações apenas para Direção em Comédia, pelo último capítulo da série, e uma nomeação póstuma de Fred Willard, em Ator Convidado. Para a produção que rendeu 6 Emmys para o elenco principal (Phil, Claire e Cam ganharam duas vezes cada), essa despedida esquecida da Academia é tão triste quanto o desfecho dessa família muito moderna. Leia mais aqui. – Vitor Evangelista
MINISSÉRIE
Watchmen
Watchmen tem tudo para ser a grande vencedora do Emmy 2020. O roteiro de Damon Lindelof conseguiu ressignificar a famosa HQ em uma minissérie de nove episódios, trazendo a narrativa para a forte temática racial dos dias atuais. Unido a uma direção e produção magníficas, se originou a melhor série de super-heróis já feita.
O resultado de todo esse trabalho se observa nas suas 26 indicações ao Oscar da Televisão. Regina King e Jeremy Irons são favoritos a levar os prêmios de Melhor Ator e Atriz em Minissérie, assim como Jean Smart é na categoria de Atriz Coadjuvante. A disputa fica mais séria em Ator Coadjuvante, com Yahya Abdul-Mateen II, Jovan Adepo e Louis Gossett Jr. concorrendo, o que pode levar a uma divisão de votos. As categorias de Roteiro e Direção, pelo episódio This Extraordinary Being, também já estão no papo. Para desvendar outros significados e questionamentos dessa grandiosa produção, acesse aqui. – Vitória Silva
Nada Ortodoxa
Presente em oito categorias no Emmy 2020, Nada Ortodoxa não foi uma grande estreia da Netflix, contudo, é uma das obras mais encantadoras da plataforma. Baseada numa história real, a jovem Esty Shapiro (Shira Haas) embarca numa jornada de autoconhecimento após fugir de uma prisão em que esteve desde seu nascimento.
Entre flashbacks e cenas atuais, a produção não exagera no drama e trabalha com muito respeito as nuances do extremismo religioso. Com uma narrativa envolvente que toma o cuidado de não demonizar seus personagens, Nada Ortodoxa merece destaque. Mais sobre a minissérie e suas particularidades, você pode ler aqui. – Isabella Siqueira
Normal People
Normal People traz o romance na sua forma mais intrínseca e realista possível. Sem relações idealizadas, o namoro de Connell (Paul Mescal) e Marianne (Daisy Edgar-Jones) esbarra nos mesmo desencontros que enfrentamos na vida real. A narrativa do livro de Sally Rooney foi adaptada para a tela de modo simples e apaixonante.
A atuação impecável de Paul Mescal rendeu ao irlandês uma indicação ao Emmy 2020, na categoria de Melhor Ator em Minissérie ou Filme Para a TV, mas a magnífica Daisy Edgar-Jones foi deixada de lado na premiação. A série também concorre por Melhor Elenco, Direção e Melhor Roteiro. Você pode ler mais sobre a minissérie aqui. – Vitória Silva
Unbelievable
A primeira das 5 minisséries a ser exibida, Unbelievable pode estar fraca na memória dos votantes do Emmy, mas isso em momento algum diminui sua força narrativa. A produção da Netflix revisita uma vítima desacreditada de estupro, e as negligências da polícia da época.
Entram em cena duas detetives fodonas (essas da foto), que fazem o necessário para resolver o crime. Toni Collette pode ganhar na categoria de Atriz Coadjuvante, mas na corrida principal Unbelievable parece ter ficado para trás. Você pode entender mais sobre a minissérie nesse texto. – Vitor Evangelista
Hollywood
Todo o glamour da boêmia Hollywood dos anos 50 ganha uma nova perspectiva social na minissérie de Ryan Murphy. Emotiva e esperançosa, Hollywood não poupa licenças poéticas para pôr em prática uma justiça histórica que ainda não vimos nas premiações. Trazendo para as telas bem fotografadas da série a discussão do apagamento de importantes artistas por conta de sua raça, o drama não dispensa alfinetadas remetendo à manifestação #OscarsSoWhite.
Acumulando diversas indicações, a produção, que trabalha com o imaginário hollywoodiano, se apoia em um elenco bem escalado e potente, capaz de nos fazer relevar as inúmeras facilitações do roteiro. Tendo em seu ponto mais forte a direção de arte, somos rapidamente ambientados naquela que seria a Era de Ouro do cinema. Jim Parsons e Dylan McDermott concorrem ao prêmio de Ator Coadjuvante. Vale lembrar que a série ainda faz uma justa homenagem à atriz Hattie McDaniel, primeira mulher negra a receber um Oscar. Você pode ler a crítica completa aqui. – Ana Laura Ferreira
Mrs. America
Se não fosse pela grandiosidade e impacto de Watchmen, Mrs. America com certeza seria a favorita para o título de Melhor Minissérie do Emmy 2020. A produção da FX abocanhou 10 indicações com sua reconstituição do cenário político e social dos Estados Unidos na década de 70, marcado pela efervescência do movimento feminista, que se articulava para a aprovação da Emenda dos Direitos Iguais, e pela resposta contundente dos movimentos conservadores da época.
Importantes feministas norte-americanas foram mencionadas pela Academia Televisiva na hora de escolher as indicadas à Melhor Atriz Coadjuvante do Emmy 2020, como a deputada Shirley Chisholm, vivida pela atriz Uzo Aduba; a líder Bella Abzug da veterana Margo Martindale; e a polêmica Betty Friedan, interpretada por Tracey Ullman. Contudo, para Melhor Atriz, quem representa a minissérie é a majestosa Cate Blanchett, na pele da líder conservadora Phyllis Schlafly. Além das atuações e caracterizações excepcionais, dos roteiros robustos e das informações históricas perfeitamente combinadas com o entretenimento que a série proporciona, o que mais surpreende em Mrs. America é sua atemporalidade. E você pode entender mais sobre esse aspecto clicando aqui. – Raquel Dutra
Self Made
Self Made, inspirada na vida e legado de Madame C. J. Walker, é uma bagunça sem tamanho. Não fosse o carisma imensurável da protagonista Octavia Spencer, a minissérie da Netflix cairia no merecido esquecimento.
Recheada de atuações robóticas, viradas imbecis na trama e uma gastura em finalizar a trajetória da primeira mulher negra a ficar milionária por conta própria, Self Made se daria muito melhor como um telefilme de 90 minutos. Você pode ler mais aqui. – Vitor Evangelista
Little Fires Everywhere
Seguindo o caminho de outras aclamadas séries da produtora Hello Sunshine, como Big Little Lies, Pequenos Incêndios por Toda Parte concorre em cinco categorias, incluindo Melhor Minissérie. Ao trazer como tema central a maternidade e as relações raciais no ‘pacífico’ bairro de Shaker Heights, a construção das personagens é o que mais encanta. Profundas e multifacetadas, as protagonistas dividem opiniões ao expor todos os seus lados, sejam eles bons ou ruins.
Sem reduzir suas personagens a meras mães, a narrativa se constrói em meio às rachaduras da maternidade, seus vieses e a sua perspectiva mais obscura. O drama, carregado de simbolismos, utiliza da arte, em especial da fotografia, para criar um ambiente ao mesmo tempo crível e poético. A crítica completa de Little Fires Everywhere pode ser lida aqui. – Ana Laura Ferreira
I Know This Much Is True
Assista I Know This Much is True por sua conta e risco. A produção, dirigida e roteirizada por Derek Cianfrance, é um desafio preciso de ser encarado. O famoso livro de Wally Lamb, que se centra na vida dos irmãos Birdsey, foi revitalizado da melhor forma possível, com uma narrativa devastadora e poética sobre reconstrução.
Apesar da grandiosidade da obra não ter sido reconhecida pela Academia de Televisão, o protagonista Mark Ruffalo recebeu seu devido prestígio. Indicado à Melhor Ator em Minissérie ou Filme Para a TV, esta pode ser a noite que ele irá levar seu segundo Emmy da carreira. Leia mais sobre a minissérie aqui. – Vitória Silva
FILME PARA A TV
American Son
Como a própria Netflix denomina, American Son é um evento. Lançado no ano passado, o suspense de Kenny Leon, indicado a Melhor Filme Para a TV no Emmy 2020, se desenrola a partir do desaparecimento do filho adolescente de um casal inter-racial. No cenário de uma delegacia, o filme aborda racismo e violência policial, discussões que tardiamente tornaram-se tema principal neste ano, depois de um levante de apoio mundial ao movimento #BlackLivesMatter.
No papel principal, Kerry Washington (mais uma vez!) se entrega a dor e preocupação de sua personagem, protagonizando cenas longas com picos de tensão que sustentam uma atmosfera de profunda aflição durante os 90 minutos do filme. Com pouco movimento, American Son escancara privilégios e nos aprisiona em realidades cotidianas e universais, que são atravessadas por todo terror que as estruturas racistas provocam. – Raquel Dutra
Bad Education
Bad Education tinha, a princípio, um lançamento cinematográfico planejado. Vendido em festivais de cinema, a produção acabou indo parar nas telas da HBO, sendo elegível apenas para o Emmy. Baseado num caso verídico, a trama ronda a persona de Frank Tassone, um diretor envolvido no maior desvio de dinheiro escolar na história dos Estados Unidos.
Hugh Jackman, oxigenando a imagem de Wolverine, assume o papel principal, acompanhado de um elenco que vive à altura da emissora. O telefilme angariou indicações para Jackman em Ator Principal, além de uma na categoria Melhor Filme Para a TV, que venceu, como foi anunciado no sábado, dia 19. Má Educação, o título nacional, discute com propriedade a linha tênue entre culpa e infortúnio, e sua performance principal funciona em perfeita sintonia com a canalhice do filme. – Vitor Evangelista
El Camino – A Breaking Bad Movie
El Camino, a continuação direta de uma das séries mais celebradas do século XXI, vem contar uma história que na visão de muitos parecia desnecessária ante ao final irretocável de Breaking Bad. Porém, Vince Gilligan conseguiu construir um drama à altura de sua obra-prima. Dessa vez, focado totalmente na psique de Jesse Pinkman, explorando os diversos traumas acumulados pelo personagem durante as cinco temporadas que viveu ao lado do químico Walter White.
O roteiro é bem inventivo, colocando um Pinkman traumatizado tentando por fim encontrar a liberdade de seus demônios, enquanto os mostra de perto. Aaron Paul (infelizmente não indicado ao Emmy) encarna novamente o papel, e sem o peso que o ator traz na performance, certamente o longa sofreria bastante. El Camino consegue somar à nostalgia de Breaking Bad, e mostra que Vince Gilligan ainda tem algumas coisas para dizer sobre Jesse, e faz isso com a mesma maestria de sempre. Leia a crítica completa da obra indicada ao Emmy de Melhor Filme Para a TV aqui. – Gabriel Soldeira
Unbreakable Kimmy Schmidt: Kimmy vs. The Reverend
A ausência de indicações para Ellie Kemper e Jane Krakowski denota um defeito no Emmy: a falta de uma categoria à parte para as atuações em telefilme. O evento interativo da série Unbreakable Kimmy Schmidt só conseguiu se enfiar em dois bolões: o de Melhor Filme para a TV e o de Ator Coadjuvante, em mais uma nomeação de Tituss Burgess.
Num mundo ideal, tanto a protagonista quanto Krakowski estariam no páreo, e poderiam muito bem vencer. Mas, na realidade em que vivemos, o que resta é dar play em Kimmy vs. The Reverend e brincar com todas as possibilidades. Leia mais aqui. – Vitor Evangelista