Westworld deixa mais perguntas do que respostas

O texto conta com spoilers da 3ª temporada de Westworld (Foto: Reprodução)

Lucas Malagone

Desde seu primeiro episódio, Westworld mostrou que não era uma série qualquer. Cheia de filosofias e mitologias sobre o que somos e qual a nossa relação como seres humanos, sociedade e máquinas, com narrativas fortes e de prender a atenção do telespectador. A terceira temporada estreou cheia de expectativas sobre o salto na trama e em sua mitologia, ainda mais com a entrada de Aaron Paul no elenco com seu personagem Caleb e a saída do parque temático.

Nas duas primeiras temporadas da série da HBO fomos apresentados a Dolores (Evan Rachel Wood) uma robô, chamada de anfitrião que fazia parte de um parque de diversões controlado pela empresa Delos. Tudo corre bem até que o criador Ford (Anthony Hopkins) resolve fazer um grande último ato antes de sua aposentadoria. Inicialmente apresentada como uma narrativa (histórias nas quais os anfitriões são inseridos) mas que, na verdade, era um plano para libertar e dar consciência aos robôs humanoides. Esse foi o grande mote do final da primeira temporada, que foi exibida em 2016.

Dr Ford em seu laboratório na primeira temporada (Foto: Reprodução)

Na segunda temporada, seguimos Dolores em sua jornada de vingança e libertação dos anfitriões. em paralelo à personagem de Evan Wood, acompanhamos Bernard (Jeffrey Wright) na busca de entender quem é, e o porquê está ali. A outra ponta do ano 2 é Maeve (Thandie Newton) à procura de sua filha. E é no núcleo da mulher que entendemos um pouco do que é o Além do Vale e o plano de Ford, cada episódio é focado em um personagem com ótimo desenvolvimento e com as tramas se ligado ao final desse ciclo, que acabou em 2018.

Na terceira temporada, a coisa mudou. Dessa vez, de forma inédita, ficamos com a sensação que faltou algo a mais nessa trama criada por Jonathan Nolan e Lisa Joy. Muitos dos longos episódios levam a lugar nenhum, além de não agregado sentido para o miolo da história em si. Começamos a ligar os pontos e a trama se desenvolve a partir do sexto episódio, com mais da metade do novo ano tendo passado batido. O lado positivo dos capítulos inéditos é a coligação entre Serac (Vincent Cassel), Dolores e Caleb (Aaron Paul), além dos reais objetivos da Delos na sociedade serem descascados.

Seria Caleb o futuro da humanidade que Dolores procurava? (Foto: Reprodução)

A jornada de Dolores é fechada com maestria. Aos poucos vamos vendo quais suas intenções escondidas, como cada movimento que foi feito ao longo da temporada foi friamente calculado, inclusive sua conexão com Caleb. O personagem se revela parte fundamental do plano da robô e  vital para o futuro da humanidade nessa distopia realidade futurista. Seu plano inclusive traz perspectivas boas para o futuro da série, não somente por conta de Caleb, mas por conta de sua versão de Charlotte (Tessa Thompson) que, aos poucos, se despe, revelando uma das múltiplas versões das consciências que Dolores adquiriu saindo do parque de Westworld, no final da 2ª temporada.. Seu último ato, ao contrário do que muitos esperavam, mostra uma Dolores que ainda acredita na humanidade.

O ano 3 demonstra que algumas jornadas não foram bem desenvolvidas, como as de Bernard e Maeve. Esses desvios narrativos geraram mais perguntas do que respostas propriamente ditas em Westworld. O que Bernard descobriu no Além do Vale? Maeve e Caleb se uniram na luta contra o sistema? Qual é o plano da Charlotte “Dolores”? Qual a finalidade do Homem de Preto daqui para frente? Questões que esperamos que possam ser dadas na quarta temporada e que essa mitologia da série se estique cada vez mais para nos fazer refletir.

Maeve deve ser tornar a protagonista de Westworld, daqui para frente (Foto: Reprodução)

Série original da HBO, a terceira temporada de Westworld está concorrendo a 11 prêmios Emmy. Esse ano a cerimônia do Oscar da TV vai acontecer no próximo dia 20 e de modo virtual, tudo consequência da pandemia., Porém, pela primeira vez desde seu lançamento, Westworld não está concorrendo à Melhor Série Dramática e nem Evan Rachel Wood foi indicada para Melhor Atriz.

Nas principais categorias de atuação concorrem apenas com Thandie Newton, pelo episódio 02, The Winter Line e Jeffrey Wright pelo oitavo, Crisis Theory., Os dois estão na disputa nas categorias coadjuvantes em Drama. Newton, que já venceu esse troféu em 2018, agora bate de frente com nomes grandes: Julia Garner, de Ozark, Helena Bonham Carter em The Crown e a dupla dinâmica de Big Little Lies, Laura Dern e Meryl Streep. O esquecimento de Westworld no prestígio do Emmy 2020 é mais uma prova de como essa temporada foi aquém das anteriores., A série, já renovada, deve estrear sua quarta temporada em meados de 2022.

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