Projeto Flórida: o sonho da infância no capitalismo

n.v.z

O fato de o Oscar dar mais atenção à produções de menor sucesso comercial que seu primo musical ainda não é (nem nunca será) sinônimo de plena igualdade – ou representatividade, para usar um termo em voga. A mísera indicação na categoria de Melhor Ator Coadjuvante pela atuação de Willem Dafoe em Projeto Flórida (The Florida Project) é prova cabal. Continue lendo “Projeto Flórida: o sonho da infância no capitalismo”

Trama Fantasma: a graça desconfortável de Paul Thomas Anderson

Lucas Marques dos Santos

O cineasta Paul Thomas Anderson comentou recentemente, em conversa com o jornalista Bill Simmons, que não entende por que as pessoas ficam tão sérias assistindo a seus filmes. O diretor não consegue conter a risada, por exemplo, nas conversas melodramáticas do último ato de O Mestre, enquanto o público coça a cabeça em busca de interpretações. Se o humor cruel e escondido na essência é uma marca na estética de Anderson, sua última obra, Trama Fantasma, retira lentamente os fios dramáticos do novelo que se mostra cada vez mais sombrio e absurdo. Não por coincidência o pano de fundo social é a aristocracia e seus rituais, normas e camadas de aparência prontas para serem reveladas. Continue lendo “Trama Fantasma: a graça desconfortável de Paul Thomas Anderson”

Corpo e Alma: sentimento, a todo custo

#nv

Dentre os indicados à Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2018, The Square talvez seja o mais distante do perfil da premiacão – curiosamente, a vitória da Palma de Ouro em Cannes o torna favorito para arrebatar a estatueta no próximo domingo. Interessante notar, porém, que a selecão na categoria este ano é tao boa que até filmes “do jeito que a academia gosta” são marcantes. Corpo e Alma, representante húngaro, é um bom exemplo. Continue lendo “Corpo e Alma: sentimento, a todo custo”

Ray of Light: Madonna de alma lavada

Leonardo Teixeira

“Troquei fama por amor sem pensar duas vezes”, é como Madonna abre os trabalhos aqui. Anos-luz longe da material girl que se tornara onipresente nas rádios na década anterior, em 1998 a Rainha do Pop não se contentava apenas com o êxito comercial. Aventuras da cantora por terrenos desconhecidos, como o teatro musical e gêneros que emergiam do underground, indicavam que seu tato artístico amadurecia.

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Três Anúncios para um Crime e a banalidade da violência

n.v.z.

Considerando o aspecto politizado que cada vez mais toma conta das discussões sobre arte, não é de se espantar que Três Anúncios para um Crime (Three Billboards Over Ebbing, Missouri) seja pauta quente nas conversas cinéfilas de 2018. O filme foi indicado em sete categorias do Oscar e retrata a saga de Mildred Hayes (vivida pela ótima Frances McDormand), uma mãe que resolve questionar a incompetência da polícia local (em especial, do xerife Bill Willoughby) por meio de três outdoors – colocados em uma estrada pouco movimentada do município de Ebbing. Continue lendo “Três Anúncios para um Crime e a banalidade da violência”

Viva! mostra que a Disney não cansa de produzir clássicos da animação

Guilherme Hansen

Que a parceria Disney/Pixar é garantia de sucesso, isso já é fato conhecido por todos. A fusão de boas histórias com qualidade visual faz com que grandes animações sejam produzidas e agradem a todos os públicos. O mais novo sucesso dos dois estúdios é Viva – A vida é uma festa, lançada no Brasil em 4 de janeiro deste ano.

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A insuficiência de Lady Bird

Gabriel Leite Ferreira

Lady Bird pode parecer um nome deslocado no Oscar 2018. Em um ambiente dominado por veteranos, a estreia da atriz Greta Gerwig como diretora não inspira tanta confiança quanto seus concorrentes. A aposta em uma atriz em ascensão para a protagonista também parece pouco ambiciosa. É um filme simples, na trama e na execução. Seria o suficiente para levar o prêmio mais cobiçado da noite?

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Pantera Negra: uma mensagem de diversidade

Em seis dias, o filme já conquistou a quinta maior bilheteria de estreia da história (Reprodução)

Pedro Fonseca E. Silva

Há 10 anos, a Marvel Studios iniciou um projeto ousado que renderia bilhões nas bilheterias mundiais com o filme Homem de Ferro (2008). Desde então, a empresa já conta com mais de uma dezena de filmes sobre super-heróis, conquistando um espaço único para si com sua famosa “Fórmula Marvel”. Enquanto muitos esperam a consagração de toda essa jornada com Vingadores: Guerra Infinita, recebemos um presente antecipado com a estreia de Pantera Negra, que traz consigo um ar revigorante para as adaptações de quadrinhos.

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In The Aeroplane Over the Sea: os fantasmas de Jeff Mangum

Álbum do Neutral Milk Hotel faz 20 anos com fama de clássico cult moderno, adorado principalmente em círculos da internet. Se hoje as piadas e o status de intocável podem afastar pessoas do álbum, é interessante lembrar porque a visão do compositor Jeff Mangum repercutiu em primeiro lugar.

Lucas Marques

No livro de Kim Cooper sobre In The Aeroplane Over the Sea há uma anedota que coloca o disco em uma casca de noz: os membros do Neutral Milk Hotel estavam em uma costumeira visita a um museu de penny-arcade (antigas máquinas de entretenimento, que vão desde os primeiros jogos de pinball até cartomantes e bonecos assustadores de tecnologia analógica), quando o soprista Scott Spillane olha para trás e leva um susto, de gelar a espinha. O motivo da surpresa era uma menina de 10 anos, muito parecida com Anne Frank. Spillane então chama o vocalista e compositor Jeff Mangum e ambos ficam atônitos, perguntando se estavam vendo um fantasma. Continue lendo “In The Aeroplane Over the Sea: os fantasmas de Jeff Mangum”

Vendi minha alma para Kate Bush

Diferentona: a perfomance de Kate Bush foi bastante influenciada por Lindsay Kemp, mímico e dançarino famoso por seus trabalhos com David Bowie (Peter Still/Rolling Stone)

Leonardo Teixeira

De Frank Ocean a Björk, de vez em quando a indústria musical esbarra em um tipo único de artista. É raro, mas acontece. Artistas que navegam perfeitamente entre suas ambições criativas e os desejos do público; que de um jeito ou de outro, conseguem realizar quaisquer que sejam seus experimentos musicais e, ainda assim, manter a atenção da audiência. Continue lendo “Vendi minha alma para Kate Bush”